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sexta-feira, 17 de agosto de 2012

O Reino Transitório e o Permanente (*)


As notícias voavam céleres de bocas a ouvidos ansiosos, informando os acontecimentos que
tinham lugar por toda a Galiléia.
Os viajantes, que atravessavam o Jordão na direção do Oriente, levavam as informações do
que estava se sucedendo naquela região.
Ainda não havia sido silenciada a voz do Batista, e o Seu encanto atraía outras multidões
esfaimadas de amor e de esperança, que Ele nutria com ternura como dantes jamais se vira igual.
Era Profeta, porém se situava acima dos profetas do passado; ensinava o amor, no entanto
vivia-o em clima de harmonia; referia-se a Deus com respeito, entretanto comungava com
Ele em doce convívio.
Jesus era o Messias esperado, que começara na humilde Galiléia, onde os corações eram
mais afetuosos e os afazeres mais cativos: a pesca, o pastoreio, a agricultura...sem espaços
mentais para as celeumas intermináveis em torno da Lei, a respeito da governança ignóbil
disputada pelo romano desdenhoso e pelo Sinédrio arbitrário, todos porém, esmagando o
povo, de que se utilizavam para explorar e afligir...
Aquela região, fresca e romanesca, tinha o seu espelho líquido onde o Sol diariamente se
banhava entre os perfumes que se evolavam dos rosais silvestres misturados com as
madressilvas miúdas que enxameavam na relva verdejante.
Oliveiras antigas desenhavam arabescos variados nos troncos retorcidos, enquanto as ondas
se arrebentavam incessantemente entre seixos e conchas espalhados sobre a areia de
tonalidade creme.
À orla do lago Genesaré, também conhecido como mar da Galiléia, as aldeias, habitadas por
gentes simples, se multiplicavam entre as cidades de maior porte como Magdala, Dalmanuta,
Cafarnaum... À noite, quando as lâmpadas de barro vermelho acendiam suas luzes, o
poema da Natureza se apresentava em tonalidades bruxuleantes e festivas constratando
com as estrelas alvinitentes que fulgiam no zimbório escuro e cheio de mistérios...
Naquelas regiões, entre as vozes humanas e as onomatopéias, o Cantor entoava o Seu hino
à vida em poemas de inefável amor que arrebatava, enquanto Suas mãos cariciosas
limpavam as rudes penas que explodiam em pústulas virulentas, que afligiam os infelizes que
dele se acercavam. O Seu querer alterava os acontecimentos e os fenômenos da
misericórdia de Deus se tornava realidade, produzindo júbilo e encantamento.
Os anciãos, por quase todos desdenhados, sentiam-se apoiados no cajado da Sua palavra
vigorosa; as crianças, bulhentas e pouco compreendidas, silenciavam enquanto eram
atraídas pela luz dos Seus olhos, e os Espíritos perversos fugiam da Sua presença.
Mesmo aqueles que se haviam tornado Seus adversários, movidos pela inveja doentia e pela
perversidade em que se compraziam, ao enfrentarem-no receavam o Seu poder, ante o qual
se sentiam amesquinhados.
E Ele falava a respeito do reino dos céus em uma dimensão a que não estavam
acostumados aqueles que o buscavam.
Não obstante, as criaturas humanas, afligidas pelas próprias infinitas necessidades,
pensavam exclusivamente nas questiúnculas do dia-a-dia, nos problemas da sobrevivência
física e do conjuntos social.
Faltava-lhes amplitude mental e largueza de visão para penetrar nas propostas libertadoras
que a Boa Nova lhes trazia.
Ele, no entanto, não se incomodava, ensinando sem cessar.
Naquela oportunidade, a multidão se fizera superior a qualquer expectativa, de tal forma que,
reunida em alguns milhares, estavam a ponto de se pisarem uns aos outros, quando Ele
começou a ensinar, despertando para as realidades profundas do ser espiritual.
- Acautelai-vos do fermento dos fariseus, que é a hipocrisia. Nada há encoberto que não
venha a descobrir-se nem oculto que não venha a conhecer-se.
Havia na voz enérgica uma ressonância de advertência a respeito da conduta que se deveria
manter. A hipocrisia é morbo da alma que contamina e deixa seqüelas devastadora por onde
passa, e se tornara característica predominante no comportamento dos fariseus, que se
perdiam em discussões estéreis a proveito próprio, sem nenhuma consideração por quem
quer que seja.
Todos os comportamentos hediondos, mesmo aqueles que ficam desconhecidos e são
mascarados pelos processos perversos do poder transitório dos homens, tornam-se
conhecidos e malsinam aqueles mesmos que se lhes entregaram. A vida é uma canção de
luz, sempre renovadora e rica de realidades.
Prosseguindo, acentuou com a mesma energia:
- Por isso, tudo quanto tiverdes falado nas trevas ouvir-se-á em plena luz, e o que tiverdes
dito ao ouvido em lugares retirados, será proclamado sobre os telhados. Digo-vos: Meus
amigos ! Não temais aqueles que matam o corpo e, depois, nada mais podem fazer. Vou
mostrar-vos a quem deveis temer: Temei Àquele que, depois de matar, tem o poder de
lançar na Geena. Sim, eu vo-lo digo, a esse é que deveis temer.
*
O relacionamento humano e social exige lealdade de uns indivíduos para com os outros, de
respeito e comportamento de cada qual, buscando-se sempre a própria melhor conduta e a
imensa tolerância para com as defecções do próximo, porquanto aquele que erra fica
assinalado em si mesmo a sua aflição, não necessitando de maior carga de punição.
Por isso mesmo, a maledicência, a calúnia, a informação malsã não têm lugar na convivência
saudável, naquela que é inspirada pelo Evangelho, porquanto tudo se torna conhecido e
desvelado.
Nesse sentido, a divulgação da verdade, não pode ser prejudicada pelos temores
injustificados em torno das ocorrências punitivas aplicadas pelos homens, que são
transitórios e não vão além das fronteiras do corpo. No entanto, Aquele que é o Poder e que
acompanha o ser após o decesso celular, este sim, merece respeito e consideração,
porquanto é Quem julga as condutas, encaminhando os infratores para as regiões de
sombras e sofrimentos.
No silêncio que se faz natural, Ele se proclamou Filho de Deus, exigindo fidelidade a quantos
desejassem segui-lo, declarando a sua convicção na Mensagem e na entrega total ao novo
padrão de vida.
Definiu rumos do futuro e as vicissitudes que aguardam os idealistas e semeadores da
esperança nos solos castigados pela canícula das paixões selvagens e perversas.
Também os animou com a promessa de que sempre e em qualquer situação os Espíritos
sublimes inspirariam aos Seus seguidores, jamais os deixando a sós e sempre oferecendolhes
os recursos de sabedoria e paz.
Pairava no ar uma dúlcida consolação que pulsava nos sentimentos emocionados.
No obstante, alguém, rompendo do silêncio natural, gritou:
- Mestre, diz a meu irmão que reparta comigo a herança!
Não poderia ser mais inusitada e absurda a solicitação, destituída de conteúdo nobre,
porquanto as propostas diziam a respeito a outro reino, distante do mundo fugaz, e a criatura
se encontrava encurralada no interesse mesquinho e imediato do poder e do prazer.
Conhecedor da alma humana e do labirinto pelo qual transita, o Mestre respondeu sem
perturbar-se:
- Homem, quem me constitui juiz ou repartidor entre vós? Olhai, guardai-vos de toda a
cobiça, porque mesmo que um homem viva na abundância, a sua vida não depende dos
seus bens.
Silenciou por um pouco e narrou, comovido, uma incomparável parábola:
- Havia um homem rico, cujas terras lhe deram uma grande colheita. E pôs-se a discorrer,
dizendo consigo: Que hei de fazer, pois não tenho onde guardar a minha colheita? Depois
continuou: Já sei o que vou fazer, deitarei abaixo os meus celeiros e construirei uns maiores
e guardarei lá o meu trigo e todos os meus bens. Depois direi à minha alma: Alma, tens
muitos bens em depósito para muitos anos; descansa, come, bebe e regala-te. Deus, porém
disse-lhe: - Insensato! Nesta mesma noite pedir-te-ei a alma: e o que acumulaste para quem
será? - Assim acontecerá ao que entesoura para si e não é rico em relação a Deus.
Um sentido exclusivo tem a existência humana: a preparação para a sua imortalidade
espiritual. Todos quantos transitam no carro físico, deixam-no e seguem com os valores
amealhados emocionalmente, sejam quais forem.
A Vida estua além da dimensão do corpo carnal, exuberante e luminosa, aguardando todos
que a enfrentarão.
Amealhar para as necessidades humanas constitui um dever, porém repartir e multiplicar
através da divisão em favor dos outros que padecem carência, é tornar-se rico de plenitude e
de recursos que nunca se consomem, porque de sabor eterno.
Jesus não é juiz iníquo, nem severo julgador para impor aos outros o que devem fazer e a
programação das leis já estabeleceu o que é indispensável a uma existência harmônica.
É o Embaixador de Deus, que veio despertar a consciência humana para a realidade imortal.
Ainda por muitos anos Ele será buscado para solucionar pendengas e paixões, atender a
caprichos e resolver problemas, que são necessários para o crescimento individual do ser
como na coletividade na qual se encontra. Não obstante, a Sua mensagem pairará
soberanamente acima das dissidências e dos caprichos das criaturas e grupos, seitas e
doutrinas, trabalhando pela fraternidade legítima e pela união de todas as pessoas que
anelam pela felicidade total.
Mesmo desfigurados Seus ensinos, rejeitadas Suas lições, subestimados Seus conceitos
pela presunção de alguns, Ele permanecerá como o grande divisor dos tempos, aguardando
e inspirando.
(*) Lucas 12- 1 a 21
Nota da Autora espiritual.

Livro: Até o Fim dos Tempos
Divaldo Franco/ Amélia Rodrigues

Anúncio do Reino (*)


As anêmonas marchetavam a orla dos caminhos com verdadeiras explosões de delicadas e
volumosas flores de tons variegados.
As folhas de tabaco verdejantes compunham as paisagens exuberantes, na qual as árvores
frutíferas apresentavam os seus frutos abundantes aguardando a colheita.
A Primavera entoava hinos de luz e cor em toda parte, enquanto o casario à margem
noroeste do lago de Tiberíades em pequenos e volumosos aglomerados, que se estendiam
por quase vinte quilômetros, falavam sem palavras da expansão humana, política e social na
região.
A sinagoga de Cafarnaum, erguida aproximadamente um século antes de Jesus, era o
referencial para o culto religioso, estudos e resoluções administrativas da cidade.
Tiberíades, logo adiante, com as características helênicas, esplendia com as suas
majestosas construções em homenagem ao imperador Tibério César.
Mas entre as cidades grandiosas, os povoados, os aglomerados de casebre de agricultores,
pescadores e vinhateiros, salpicavam os caminhos movimentados à beira-mar ou entre
sebes oscilantes ao vento.
O Mestre dera início ao ministério e atraía multidões que se avolumavam ao seu lado, com
curiosidade, interesses pessoais, necessidade de todo tipo.
Eles a todos atendia, ampliando, porém, os Seus ensinamentos, a fim de que os indivíduos
se libertassem da miséria mais grave, a ignorância sobre si mesmos, a verdade e a vida.
Por isso, as lições se assemelhavam a pérolas que fossem sendo distendidas por todos os
lugares a fim de que, em momento próprio, pudessem ser enfeixadas em um grande colar
que unisse todos os indivíduos em um tesouro de amor.
Inicialmente, porque as obsessões fossem cruéis e inumeráveis, em intercâmbio de
impiedade que resultava da ignorância, o Mestre convidou os discípulos e deu-lhes poder de
expulsar os Espíritos impuros, assim como a energia curativa para os males do corpo e da
alma de todos quantos viessem até eles martirizados pelas doenças.
A seguir, enviou-os a diferentes partes para que pudessem preparar os alicerces do reino
que viria a ser implantado nos corações.
Recomendou-lhes prudência e coragem, generosidade e inteireza moral, a fim de que não se
imiscuíssem em questiúnculas descabidas, nem se perturbassem com os gentios, com os
discutidores inúteis, mas que fizessem todo o bem possível, curando as doenças, afastando
as perturbações, mas anunciando a Era que logo mais se iniciaria.
Era como a apoteótica Abertura de uma Sinfonia de incomparável beleza, anteriormente
jamais ouvida.
- Eu vos envio - disse Ele - como ovelhas para o meio dos lobos; sede prudentes como as
serpentes e simples como as pombas. Tende cuidado com os homens: hão de entregar-vos
aos tribunais...Mas não os temais, porque o Pai falará por vossas bocas.
Os amigos partiram emocionados, cantando esperanças no coração, sem ter idéia de como
reagiriam as criaturas à nova proposta.
Ensinaram pelos caminhos e veredas, detiveram-se nas praças e nas praias, narraram o que
haviam visto e ouvido, expuseram o pensamento do Rabi, mas não foram tomados em
consideração.
Somente quando as palavras foram coroadas pelos feitos, arrancando das traves invisíveis
das doenças, aqueles que as padeciam, é que lhes concediam alguma atenção, dando-lhes
as costas de imediato e sugerindo que viesse pessoalmente o Messias...para que o vissem e
pudessem testificá-lo.
Por sua vez, Jesus foi também pregar em outras cidades, especialmente a respeito de João,
o Batista, causando espanto a sua coragem, em razão do filho de Zebedeu e Isabel
encontrar-se prisioneiro na Peréia por ordem de Herodes, insuflado por sua mulher e
cunhada Herodíades, com quem vivia em concubinato.
Os ventos generosos da estação perfumada levaram a Mensagem de boca-a-boca,
disseminado-a por toda a parte até os confins das fronteiras no além Jordão.
Uma grande calmaria emocional passou a viger nas almas em expectativa. Os comentários
se faziam freqüentes e as interrogações levantavam-se nos grupos que se reuniam nos
diferentes lugares.
A música do Seu verbo iria inflamar os corações e provocar incêndios nos sentimentos e nas
mentes apaixonadas, que não estavam preparadas para a mudança radical de
comportamento que Ele propunha.
Já agora não era mais possível deter a odisséia em pleno desenvolvimento.
Quando os discípulos retornaram e relataram os acontecimentos que tiveram lugar à sua
volta, o Mestre definiu que aquele era o momento de dar curso ao messianato.
Ergueu-se como um gigante e se expôs por amor, arrostando todas as conseqüências dos
Seus severos sermões, Suas graves admoestações, Suas generosas concessões.
Esclareceu que o reino de Deus se encontrava dentro da criatura humana, que deverá
alcançá-lo com muito empenho e arrojada decisão, negociando tudo que é transitório para a
aquisição eterna.
Abrindo os braços às multidões que sempre o cercariam, naquela oportunidade abençoou o
mundo e os seus habitantes, compondo a mais notável sinfonia de todos os tempos,
musicada pelas Suas palavras e atos ao compasso do inefável amor.
_____________________
(*) Mateus : 10 - 1 e seguintes
Nota da autora espiritual

Livro : Até o Fim dos Tempos- Amélia Rodrigues/Divaldo

Entre Amigos


            Ao final de mais um ciclo de tarefas no calendário terreno, é com a alma repleta de reconhecimento e gratidão que nos dirigimos a vocês, reformando votos de sucesso e bom ânimo ante os compromissos abraçados.

            É fundamental que o trabalho em curso encontre sustentação na fraternidade incondicional, não apenas em relação aos necessitados de esclarecimentos e consolação, mas também entre nós, os tarefeiros, a fim de nos sentirmos devidamente apoiados uns nos outros, em qualquer circunstância.

            Manter abertos as portas da Casa para quem busca abrigo espiritual, mas também abrir nossos corações de uns para os outros, na atmosfera de camaradagem saudável, para consolidarmos os vínculos que fortalecem e ampliam nossa família espiritual.

            Ensinar e divulgar os postulados espíritas por meio de cursos e conferencias, mas também aquecer a alma uns dos outros com o diálogo despretensioso e amigo, a fim de que a informalidade nos auxilie a vencer obstáculos pelos caminhos da simpatia e da compreensão.

            Participar do intercambio mediúnico no atendimento aos enfermos da alma, mas também sermos intermediário do otimismo e da alegria entre aqueles que nos compartilham a experiência.

            Exemplificar e vivenciar a caridade por meio de ações humanitárias no campo da assistência social, mas também promovermos o crescimento e o bom ânimo naqueles com os quais convivemos, oferecendo-lhes esse ou aquele gesto de incentivo no bem, a fim de que o bem colhido nos atos ocultos e cotidianos, lhes refrigere o espírito e fortaleça o ideal.

            Com essas palavras queremos, ao mesmo tempo, destacar a importância da tarefa em curso e o clima de fraternidade sincera em que deve transcorrer.
            Na Terra ou na Espiritualidade, é importante nos sentirmos entre amigos, a fim de que a confiança irrestrita de uns para com os outros nos fortaleça e nos impulsione para frente, sem o peso do medo sem a sombra da dúvida.

            Encontramo-nos, todos, no momento e no lugar exato em que as experiências existenciais nos possibilitarão o despertamento necessário e a necessária renovação.

            Sigamos de mãos dadas e corações unidos, apoiando-nos, compreendendo-nos e fortalecendo-nos uns aos outros, na certeza de que o Mais Alto nos sustenta e guia, esperando apenas que a renovação do mundo comece pela mudança de cada um de nós, alimentada pela consciência pacificada e pelo amor irrestrito.

Gustavo Marcondes
Mensagem psicográfica recebida por Clayton Levy, em reunião
da noite de 5/12/2010, do C.E. “Allan Kardec”, de Campinas-SP.

Instruir e Educar




Ninguém discute a importância do conhecimento para o desenvolvimento econômico, social e cultural.

A escola que instrui porém, não prescinde da escola que educa.

A primeira se expressa nos institutos de ensino.
A segunda se materializa na intimidade do lar.

Uma abrilhanta o cérebro com a riqueza dos compêndios;

A outra modela o caráter com o cinzel do exemplo.

Esta tem seu alcance limitado no tempo e no espaço;

Aquela pode prolongar-se pelo infinito da eternidade.

Nunca antes tantos conquistaram número tão expressivo de títulos acadêmicos e, paradoxalmente, nunca antes a sociedade esteve tão carente de paz e orientação.

Não que os títulos do saber sejam desprezíveis, mas é inegável que o abandono dos valores morais tem lesado comunidades inteiras.

Entre o vazio materialista e a competição nociva, perambula o grande cortejo dos incautos que se esqueceram de alimentar a alma enquanto se intoxicavam com ilusões passageiras.

É por esse motivo que a visão imortalista da vida representa importante contribuição no resgate da paz social.

Por constituir uma mudança de paradigma mediante a qual se rompe a cegueira materialista para vislumbrar a realidade do espírito, essa nova postura impulsiona o indivíduo a melhorar-se por dentro, a fim de que o indivíduo melhorado em seu mundo íntimo transforme toda a sociedade.

É por essa razão que o Espiritismo, apoiando-se na ciência que investiga e na filosofia que discerne e reflete, tem como principal objetivo à renovação moral das consciências, num processo de reeducação, cujos resultados se conectam ao ideal de um mundo não apenas mais instruído, mas também junto e solidário.

O tema nos interessa a todos, mas em especial aos pais, uma vez que, no processo educacional dos espíritos, são eles os primeiros e mais importantes mestres.

Não tanto pela palavra, que muitas vezes se perde no vento, mas, sobretudo pela conduta na convivência cotidiana.

Nesse particular, é preciso ser franco sem querer ser alarmista.

Não são poucos os pais que aportam no plano do espírito acusando consciência deficitária por não ter oferecidos aos filhos os valores morais que só o exemplo pode consolidar.

Como exigir uma conduta saudável, quando não se preocupou em eliminar hábitos doentios?

Principalmente no momento conturbado pelo qual passa o planeta, todos nós, que já fomos pais na Terra ou nos encontremos nessa tarefa hoje, somos chamados a uma reflexão honesta, no sentido de analisarmos nossos passos no campo da formação moral daqueles cujos destinos encontram-se momentaneamente sob nossa responsabilidade enquanto educadores por que o desequilíbrio, muitas vezes involuntário, entre instrução e educação poderá representar a diferença entre o sucesso ou o fracasso de uma existência inteira.

Gustavo Marcondes
Mensagem psicográfica recebida por Clayton Levy, em reunião
da noite de 30/01/2011, do C.E. “Allan Kardec”, de Campinas-SP.

Mensagens de Gustavo Marcondes



Queridos amigos.
É com alegria que nos dirigimos a vocês para breves palavras de incentivo e gratidão.

A obra prossegue, conforme o planejamento estabelecido pelo Mais Alto e todos nos  encontramos na condição de beneficiários da Misericórdia Divina na medida em que nos são concedidas as oportunidades de trabalho no bem do nosso próximo.

Não percamos de vista, porém, que não há progresso sem interesse sincero pelo bem do próximo.

Busquemos, ao lado dos resultados suscetíveis de serem contabilizados no plano material, a renovação necessária de nossas tendências e objetivos, colocando-nos um pouco mais no lugar daqueles que enfrentam dificuldades maiores que as nossas a fim de aprendermos a servir por amor e trabalhar pela causa.

Não lamentemos inutilmente as dificuldades e tropeços.

Sem as dificuldades não teríamos como fortalecer nosso ideal e, sem eventuais tropeços não teríamos como apurar a nossa perseverança na tarefa que nos reeduca e redime.

Sigamos juntos e unidos, passo a passo, ombro a ombro, nos apoiando e compreendendo mutuamente porque o Mestre segue nos compreendendo e apoiando a fim de que o trabalho coroe nossos esforços por uma sociedade mais espiritualizada e pela nossa vinculação definitiva com o Evangelho.


Gustavo Marcondes
Mensagem psicográfica recebida por Clayton Levy, em reunião
da noite de 17/02/2011, do C.E. “Allan Kardec”, de Campinas-SP.

Entrevista com Raul Teixeira sobre atividade de desobsessão


Escrito por Raul Teixeira   
Seg, 31 de Agosto de 2009 19:32
Entrevista em Quartera – Portugal
Pergunta - Há necessidade de fazer passes sobre os centros de força ou basta fazê-lo sobre o coronário, aplicando as mãos sobre a cabeça da pessoa?
Raul Teixeira - Há sempre validade nos passes sobre os centros de força embora não haja necessidade de se impor as mãos sobre esses centros de força. Uma vez que nós espalmamos as mãos sobre o centro coronário (sobre o alto da cabeça das pessoas) isso funciona como uma estação de água, um vaso comunicante, porque as energias absorvidas por esse centro irão alcançar os variados centros onde haja necessidade de elas realizarem o seu mister. Não há nenhum caso em que seja necessário uma coisa ou outra: o aplicar passes diretamente sobre o centro de força considerado ou sobre simplesmente o alto da cabeça. Cabe ao bom senso das pessoas; se elas sentem-se mais confiantes estendendo as mãos sobre o centro considerado, que elas o façam, não haverá nenhum problema. No entanto, não há nenhuma necessidade de que esta prática esteja em vigor.

P. - O doutrinador deve fazer passes ao médium durante a manifestação de uma entidade desequilibrada? Por quê?
R. T. - Naturalmente que o doutrinador deve fazer passes no médium durante as manifestações de entidades sofredoras, de obsessoras, sempre que isso se mostre necessário. Quando a comunicação com a entidade torna-se difícil, quando o médium apresenta algum sofrimento durante alguma comunicação ou antes de propriamente dá-la, ou depois da entidade se desprender naturalmente caberá ao bom senso do doutrinador ou do aplicador de passes observar e poder utilizar os recursos da fluidoterapia para ajudar tanto ao desencarnado como ao encarnado. A questão dos passes dispersivos que são aplicados sobre os médiuns ao cabo das manifestações mais difíceis são eficazes. O mundo espiritual, naturalmente, poderia realizar esse trabalho. No entanto, quem necessita de crescimento somos nós e eles dão¬-nos essa possibilidade de trabalharmos, para angariarmos os méritos, as virtudes necessárias. A partir daí nós sentiremos a importância do nosso esforço de aplicadores de passes. Todo esse trabalho que realizamos não significa que o mundo espiritual, os nossos benfeitores, não o possam realizar mas dão-nos ensejo de retirar a melhor aprendizagem, o melhor proveito de tudo isto.

P. - O médium, numa sessão de desobsessão por exemplo, deve sentar-se sempre no mesmo lugar?
R. T. - Numa sessão de desobsessão não há nenhuma necessidade do médium sentar-se sempre no mesmo lugar. Geralmente isso acontece, isto é, os médiuns ocupam sempre o mesmo lugar, por questão de comodidade, porque se ajustaram mais àqueles lugares e ficam mais facilmente acomodados ali. Mas se num dia ou noutro houver necessidade de o trocar nada será negativo para a reunião, porque isso não é fundamental.

P. - E o doutrinador? Deve sentar-se sempre no mesmo lugar e com o mesmo médium?
R.T. - Não há nenhuma necessidade de que o doutrinador, por sua vez, também se sente sempre no mesmo lugar. Deve sentar-se num lugar onde tenha uma visão geral da mesa, dos companheiros que estão a trabalhar, para facilitar-lhe a atuação. Principalmente quando eles não tem auxiliares e ele mesmo é o dirigente da reunião e que doutrina as entidades. Os doutrinadores não precisam trabalhar sempre com os mesmos médiuns. Quando existe mais que um doutrinador é mesmo recomendável que se troquem.

P. - Que pensar dos médiuns e/ou doutrinadores que não gostam de trabalhar com este ou aquele?
R.T. - Os médiuns e doutrinadores que não gostam de trabalhar uns com os outros já estão demonstrando que não estão aptos para o trabalho da doutrinação de espíritos, uma vez que não se doutrinaram a si mesmos. Todos esses sentimentos negativos, sentimentos de falta de afinidade, falta de encaixe vibratório são altamente prejudiciais ao desenvolvimento da reunião mediúnica. No Livro dos Médiuns, Allan Kardec diz-nos que a reunião é um ser coletivo; todos aqueles que dela fazem parte são responsáveis pela influência que sobre ela recai. Será bom que todos os médiuns e doutrinadores estejam afinados entre si e nas mesmas reuniões das quais participam.

P. Quanto tempo deve durar uma reunião de desobsessão?
R.T. - A reunião mediúnica deve durar cerca de hora e meia, incluindo todos os elementos que dela fazem parte: as leituras, as orações e o tempo da comunicação dos espíritos. Não deverá, por isso, ultrapassar, em casos bastante especiais, às duas horas de realização. Duas horas de trabalho mediúnico é bastante tempo para que se faça um trabalho sem excessivo desgaste dos médiuns e sem perder as qualidades da reunião. Admitimos, com os nossos benfeitores, que entre 1h30 e 2 horas é um tempo bastante razoável para que se realize a tarefa de desobsessão.

P. – Podem os membros duma reunião mediúnica mudar de equipe de desobsessão ora hoje, ora amanhã?
R.T. – Os médiuns que freqüentam uma reunião mediúnica em certo dia da semana estão sob uma certa estrutura psíquica, do grupo ao qual se acham afinados. Se ele participa de várias reuniões de mediunidade, certamente terá poucas possibilidades de ser útil em todas elas, porque ele terá de encaixar vibratoriamente em cada uma dessas reuniões, no caso de serem reuniões com equipes diferentes. Se forem reuniões com o mesmo grupo, nada impede que ele participe num dia ou noutro; é o mesmo grupo, a mesma equipe que está em ação. Mas se são equipes diferentes e ele vai trocando de equipe certamente não terá a mesma produtividade. E não há nenhuma necessidade disto.

P. – Que fazer com os membros de uma equipe de desobsessão que ora aparecem ora não aparecem?
R.T. – Os membros da reunião mediúnica, principalmente da desobsessão, que aparecem num dia e desaparecem depois já indicam que eles não foram bem selecionados para participarem desse mister, porque não se pode imaginar que um trabalho dessa índole tenha bom proveito com elementos que não se responsabilizam por estar ali com a freqüência que se exige, comumente uma vez por semana. Se um compromisso de uma vez por semana não permite a este ou aquele indivíduo estar ali sempre presente é sinal que ele não deverá fazer parte dessa atividade. Há muitas outras coisas que se podem fazer no centro espírita fora das reuniões mediúnicas. A reunião mediúnica exige basicamente disciplina, o cumprimento dos deveres, dos horários, etc.

P. – E aqueles membros que só aparecem quando não estão bem? Devem freqüentar a reunião mediúnica?
R.T. – Os médiuns que só aparecem quando não estão bem é mais um motivo para não fazerem parte da mesa, dos trabalhos de mediunidade. Que os dirigentes responsáveis conversem com eles para que eles percebam que não estão a agir de acordo com as recomendações da Doutrina Espírita. Pensando assim, não se lhes deve permitir o acesso a essas reuniões quando eles fizerem dessas mesmas reuniões, ponto de encontro, quando têm necessidade, ou uma fonte de água para quando tenham sede, não atuando como um verdadeiro enfermeiro ao serviço do Cristo, com a disposição que o trabalho exige.

P. – Por vezes existe a “febre” das obras assistenciais, entre os portugueses. Espiritismo é isso, ou é educar, libertar consciências, auxiliando-as é claro?
R.T. – A chamada febre de construir ou criar as obras de assistência, materialmente falando, não caracteriza propriamente uma postura espírita, mas o interesse de muitas pessoas. O trabalho espírita por excelência é aquele da reconstituição das almas, de levantar os indivíduos caídos nas estradas morais do mundo. Mas muitas vezes esses indivíduos caídos existem entre aqueles que sofrem necessidades variadas e de diverso porte, a nível material... Aqui, em Portugal, quando não existam essas necessidades, tipicamente materiais, todos os esforços deverão voltar-se para as necessidades morais, para os problemas de ordem ética... Quando um centro espírita não dispõe de uma obra material, um lar de crianças, de idosos, uma creche, um hospital, isso não diminui o seu mérito diante da obra da educação e de esclarecimento das almas que esteja a realizar. Até porque o movimento espírita deve expandir-se calcando sempre nessa necessidade que a doutrina tem de chegar aos corações, de fazer com que as pessoas libertem-se da ignorância... Não perderemos de vista, no entanto, a importância do socorro material àquelas pessoas que estejam nessa faixa de necessidade... mas com certeza de que não cabe ao trabalhador espírita, à Instituição Espírita manter um quadro de criaturas miseráveis improdutivas em nome do seu esforço de caridade. O trabalho assistencial espírita visa promover a criatura. O objetivo do Espiritismo é fazer o homem crescer, fazer o homem levantar-se, alcançando os objetivos da sua reencarnação.

P. – Acha plausível dirigentes espíritas que não se dêem bem?
R.T. – Lamentavelmente encontramos dirigentes, no Movimento Espírita, que não se dão bem, que não se ajustam, que não se afinam. É lamentável, mas temos que convir que isto existe porque vivemos no mundo. Triste é constatar-se que tais dirigentes, sejam eles quais forem, não estão a dar-se conta que desmentem com as atitudes aquilo que pregam com as palavras. Sendo a Doutrina Espírita uma doutrina de bom senso, de razão, uma doutrina que prega o amor acima de todas as coisas, como ensinou Jesus, não se justifica que esses elementos não tivessem coragem de lavar as suas diferenças nas águas da fraternidade, de dialogar, de chegarem a uma conclusão, mas isto, conforme nos diz “O livro dos espíritos”, demonstra a predominância do personalismo, do egoísmo, do homem velho sobre as estruturas frágeis do homem novo sobre a Terra. Lamentamos, mas ainda encontraremos os indivíduos que acham muito bonito falarem de Jesus mas que ainda não tiveram a coragem de saírem de si mesmos para viverem como o Mestre recomendou.

Entrevista concedida em 30.10.1993.
Revista Fraternidade/Portugal/ fevereiro/1994.
Jornal Mundo Espírita/ março/1994.
http://www.raulteixeira.com/noticias.php?not=81

Entrevista com Raul Teixeira sobre família .


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Escrito por Raul Teixeira   
VIOLÊNCIA NO LAR
Por que tanta violência entre pais e filhos?

Raul – No capítulo da violência entre pais e filhos, deparamo-nos com adversários que reencarnam-se no mesmo conjunto doméstico, para atenderem ao serviço da recuperação de si mesmos, desfazendo rastros odientos e frustrações afetivas com o esforço devido; no entanto, ao lado desta realidade, conhecemos a indiferença e o abandono a que muitos filhos são relegados por seus pais, despertando velhos antagonismos, de conseqüências imprevisíveis.

Há que buscar-se o equilíbrio que o Evangelho de Jesus ensina. Aquele que mais compreender, sirva, oriente, perdoe, a fim de diminuir-se a onda de violência entre pais e filhos. Não esqueçamos, entretanto, que o abandono dos filhos, o ato de relegar-se sua orientação a escolas e a terceiros, a imposição sem explicação educativa, o fato de permitir aos filhos usos perigosos; apenas para não incomodar-se, não deixam de ser, à luz do Espiritismo, tenebrosos atos de violência, com os que atraiçoamos a confiança da Divindade, e que deveremos ajustar em tempos do futuro, e muitas vezes, de um futuro a iniciar-se hoje mesmo.

FILHOS ADOTIVOS
Os filhos adotivos: quando e como os pais devem falar a verdade?

Raul – Desde que são adotados, deverão sabê-lo. Não há porque aguardar que cresçam. Os filhos adotivos convivem muito bem com a revelação que lhes é feita, se feita com atenção e com ingredientes de carinho, sem a intenção de magoar, de ferir. Alegar-se-á a desencarnação dos verdadeiros pais ou a impossibilidade deles para criá-los, por insuperáveis dificuldades. Deixem-nos sentir que são amados, respeitados como filhos realmente, e nenhum problema advirá além das marcas com que a provação já os assinalou.

SEPARAÇÕES NO MATRIMÔNIO
A que se deve o número cada vez maior de separações no matrimônio?

Raul – Deve-se ao fato de não ter sido levado em conta a lei divina, conforme anota Allan Kardec, no “Evangelho Segundo o Espiritismo”, capítulo XXII, item 5.

Os problemas de intolerância, a liberalidade da formação do caráter, o despreparo para as responsabilidades do casamento, o orgulho soez e seus afins, representam elementos danosos a atentarem contra os lares de fracos alicerces.

DIVÓRCIO E FILHOS
Quando o divórcio é iminente como fica a situação dos filhos?

Raul – A situação do divórcio do casal, com raríssimas exceções, perturba muito os filhos. Seja pela divisão emocional que se processa, seja pelo caráter odiento em que se estriba, os filhos ficam como que sufocados num clima desestruturador, desde a iminência, desde as conversas, as querelas, as friezas ou os desrespeitos.

Melhor seria que os casais se pudessem compreender melhor, evitando que essas aves implumes e dependentes, que são os filhos, caiam do ninho desfeito ou mal mantido, perturbando-se ao invés de avançar para Deus, em clima de segurança.

FILHOS ENVOLVIDOS COM DROGAS
Qual deve ser o comportamento dos pais, quando os filhos estão envolvidos com drogas?

Raul – O do esclarecimento lúcido, sem emoções desequilibradas, mostrando que eles, os filhos, são os primeiros e grandes lesados. A persistir o envolvimento, nenhum pai responsável e que ame seus filhos, deverá negar-se a conduzi-los a tratamento médico, ou médico e psicológico, com profissionais de comprovada confiança e, se necessário, pelo nível de descontrole a que cheguem ou pelos perigos para os implicados ou para a própria família, a internação em competente clínica. É bom que lembremos que, em tais casos, o paciente não tem que decidir se vai ou não internar-se, uma vez que já demonstrou não estar sabendo utilizar seu livre-arbítrio para o bem de si e dos que o rodeiam.

Ao lado do atendimento de profissionais, a oração e o tratamento da fluidoterapia espírita, em muito contribuirá para desfazer-se o quadro tormentoso, considerando-se a insuflação obsessiva que costuma estar presente em situações desse gênero.

INFLUÊNCIA DA TV
Como você vê a influência da televisão no lar?

Raul – Na atualidade são poucas as emissoras e programações de televisão que apresentam material de boa qualidade educativa ou divertimentos saudáveis para quem os vê. Quando não é o noticiário tendencioso e escandaloso, é a violência que, como um vírus, penetra e adoece o organismo doméstico, acompanhado por algumas novelas que apresentam tanta “realidade”, que conseguem desequilibrar, transtornar os de mentalidade mais frágil. Urge adotemos uma postura analítica perante as programações.

O costume de dialogarem os esposos, pais e filhos, os irmãos entre si, discutindo esse ou aquele aspecto do que viram e ouviram, auxiliará, sobremaneira, a que se forme um critério seletivo, seja individual, seja da equipe familiar, quando se chegue a um consenso positivo.

Por outro lado, percebemos que os indivíduos que põem no ar a ganga intelectual em forma de programas e atrações, são os elementos das famílias perturbados em si mesmos, vaidosos ou de moralidade cediça, o que nos permite destacar a importância, ainda mais, da educação que a família pode oferecer.

FAMÍLIA ATUAL
Sob que aspecto a família atual está mais descuidada?

Raul – Ao que podemos contemplar, a família acha-se, de um modo geral, descuidada nos mais diversificados aspectos da vida, considerando-se o seu papel de “escola das almas”, e a primeira escola por sinal dos que chegam no mundo terreno. Entretanto, as raízes atormentadoras de tanto desajuste familiar, vemos na vivência materialista, sem as noções básicas quanto ao Espírito imortal, a descrença em Deus, embora a maioria professe rituais e cultos variados e vazios de conteúdo mais profundo acerca da vida.

É aí que o conhecimento da reencarnação, da lei de causa e efeito, conforme ensina o Espiritismo, pode despertar os pais, os filhos, esposos, para que reflitam acerca das responsabilidades graves que têm, em face das relações familiares, com vistas ao futuro de alegrias e de paz.

MÃES QUE TRABALHAM
Mãe que trabalha fora do lar prejudica a educação dos filhos?

Raul – Em “O Livro dos Espíritos”, Allan Kardec recebe dos Espíritos a informação de que a paternidade é uma verdadeira missão e, mais do que isto, que é um grandíssimo dever e que envolve, mais do que pensa o homem, a sua responsabilidade quanto ao futuro, conforme notamos na questão 582. Acredito que a questão grave não seja a situação em que a mãe precisa trabalhar fora do lar, mas sim, como fará ela a necessária compensação, quando ao lar retorna.

É certo que admitimos que a ausência da mãe sempre provocará, sobre os filhos pequenos, processos de carências que ninguém suprirá devidamente. De acordo com o tipo de Espírito, essas carências poderão atingir índices altos de transtornos na formação da personalidade infantil, a desaguar nos desajustes da adolescência, quando não corrigidos a tempo.

Faze-se, assim, importante que a mãe que trabalhe fora de casa, empreenda maiores esforços para envolver a criança, atendê-la, entendê-la, ajudá-la em seus trabalhos escolares, dialogando sempre. Enfim, torna-se imprescindível que os pais, e particularmente a mãe, conversem com as crianças sobre as razões ponderáveis.

Não deverão os pais, em chegando ao lar, fixarem-se nas intermináveis novelas, em leituras de jornais delongadas, irritando-se com a aproximação ou solicitação dos pequenos, aos quais, antes deveriam buscar para aconchegá-los.

Nesses casos, depois que os pais cheguem em casa, eles próprios superarão o cansaço para cuidarem, com atenção e carinho, dos filhos que ficaram sem eles durante todo o dia, ou grande parte do dia. Os finais de semana, igualmente, deverão ser passados junto dos filhos, aproveitados na companhia deles, salvo em casos de necessidade imperiosa que determina o contrário.

Necessário se faz renunciar a alguns prazeres e divertimentos, enquanto os filhos disto careçam, a fim de formá-los no equilíbrio para o futuro, agindo dentro da orientação espírita, de acordo com o que nos lembra a Codificação Espírita.

EDUCAÇÃO SEXUAL
No mundo atual vemos aumentar o desequilíbrio no campo sexual. Até que ponto os pais têm influência na educação do sexo?

Raul – O sexo, representando uma das potências das quais se vale o Espírito, para progredir e cooperar com Deus na Obra universal, não encontrará equilíbrio, enquanto outras áreas do ser não forem bem trabalhadas pela educação superior. Jamais encontraremos sexualidade equilibrada em indivíduos egoístas, vaidosos, irascíveis, orgulhosos, violentos, mentirosos e usurpadores. Assim, no dizer do Espírito Joanna de Ângelis, a família deve educar seus filhos para Deus, para que, então, o todo se encaminhe para a faixa da harmonia.

A morigeração dos hábitos, o respeito à vida em todas as suas dimensões, o cuidado de si mesmo, a sinceridade de uma religião profunda, farão com que a família cresça conduzindo seus filhos para Deus, com suas energias de criação, de características sexuais, ajustadas ao respeito, à dignidade, ao bem geral.

FILHOS E CENTRO ESPÍRITA
Qual a atitude dos pais, quando os filhos não aceitam o encaminhamento ao Centro Espírita?

Raul – Se são filhos emancipados, com vida própria, caberá aos pais o respeito à sua condição e escolha. Entretanto, o mesmo não poderá ocorrer com os filhos menores, totalmente dependentes dos pais. É uma questão de coerência. Aos pais, neste caso, caberá persuadir, sem violência, mas com seriedade e severidade, para que participem da doutrina que auxilia o lar a manter-se em franco clima de progresso e de trabalho.

Os que perante Deus são incumbidos de dar o alimento, o calçado e a veste, a escola e o cobertor, por que não ensejariam aos filhos a opção do conhecimento espírita?

Mesmo que mais tarde, emancipados, se afastem do caminho espiritista, estarão lançadas as sementes da verdade, que um dia, germinarão, ainda que seja sob chuvas de testemunhos difíceis ou entre os ciclones de dores acerbas, ou, ainda, ante as exigências da alma, na sua sede de comunhão com Deus.


Entrevista concedida por Raul Teixeira em Catanduvas-SP, reproduzida pelo Jornal Mundo Espírita de agosto de 1986, retirada do endereço: http://www.raulteixeira.com/noticias.php

Raul Teixeira responde sobre as drogas.

Raul, como fazer para acabar com a "praga" das drogas?
Raul - Nós vivemos num planeta em fase de transformação e os Espíritos que aqui vivemos somos portadores de infinito conjunto de carências, de medos, de tormentos e, naturalmente, somos animais curiosos, por excelência.
Esse conjunto de situações vem fazendo com que as pessoas enveredem pelos caminhos das drogas sem que se apercebam disso.
Umas, pelo simples desejo de experimentar uma coisa nova. Acabam gostando, acabam ficando dependentes organicamente, psicologicamente falando, se tornam drogaditos.
Outras, para fugir de si mesmas, de conflitos, de lutas íntimas que não conseguem solucionar.
Outras, ainda, para fugir de problemas sociais, familiares.
Outros porque têm medo da bomba, da bomba de nêutron, da aids e de tantas outras coisas.
Há indivíduos com medo de ter medo e, então, cada um tem uma razão para ir fugindo, buscando esconderijos.
Naturalmente, é preciso pensarmos que nós temos uma preocupação muito grande com a drogadição, com as chamadas drogas pesadas, socialmente abominadas, mas costumamos dar muita guarida e elogiar mesmo as drogas socialmente aceitas. É muito raro encontrarmos um lar cristão que não tenha o seu barzinho, o seu uísque, a sua Vodka.
No Brasil tem uns que resolveram esse problema fazendo uma cachaça espírita, a cachaça São Francisco, para poder tomar seus golinhos.
A gente não sabe dar uma festinha em casa, mesmo que seja o aniversário das crianças, sem o alcoólico. E a gente justifica de todas as maneiras dizendo que é para comemorar, é para festejar, é pela alegria, é por tudo.
Mas também a gente não dispensa - ¬hoje graças a Deus muita gente já o dispensa - o tabaquinho, o cigarrinho, que é charmoso. Mulher elegante fuma.
E ela fica cancerosamente elegante...
Homem elegante fuma. E nós vamos percebendo que a participação da família no processo de educação das novas gerações tem deixado muito a desejar.
Ora, que autoridade terá um pai para dizer ao seu filho que não fume a marijuana, a maconha, se ele fuma o tabaco comum, que os técnicos dizem que é tão ou mais prejudicial do que a marijuana ou a maconha? As opiniões dos técnicos divergem num ou noutro ponto, mas todos dizem que as duas coisas são terríveis para a saúde humana.
Como é que um pai que chega alcoolizado em casa, ou que bebe em casa para não beber na rua, dando esse exemplo ao filho, poderá criticá-lo quando este chegar embriagado, cambaleante, lambendo os lábios ressecados?
Então, nós precisamos saber que só poderemos o mínimo quando ao mínimo nos dedicarmos.
Comecemos o trabalho de eliminar a drogadição da Terra eliminando os nossos vícios domésticos. Falamos dos vícios materiais como o tabaco, o álcool, o excesso de todo tipo para que, gradativamente tenhamos autoridade moral para propor aos filhos uma conduta diferente.
E então nós vamos verificando que todos os vícios, toda drogadição será gradativamente eliminada à medida que a educação não seja apenas artigo de livros, mas uma proposta de vida. A partir daí estaremos trabalhando para que as pessoas se fortifiquem, se fortaleçam, saiam dos medos, das fobias, das paúras, ou o que quer que chamemos, tenham confiança, não queiram fugir dos seus próprios problemas, aprendendo a faceá-los, a arrostá-los com a dignidade que a vida nos permite ter.
Se nós erramos, se cometemos algum desatino, não será fugindo através das drogas que resolveremos o problema, será enfrentando-o.
Se a gente tiver que pedir desculpas ao mundo, que a gente peça desculpas ao mundo, mas que não nos desnorteemos buscando uma porta falsa para tentar fugir daquilo de que não fugiremos.
Só existe uma pessoa da qual não conseguiremos fugir: a gente mesmo.
Quando eu me olho de manhã no espelho, eu me assusto é comigo; a única pessoa com quem não posso deixar de dormir é comigo mesmo. Então não tem jeito de fugir de mim. Se eu usar uma droga, seja o álcool ou o LSD, seja a cocaína, seja a heroína, quando eu volto a mim, dos seus efeitos, eu sou a mesma criatura atormentada, com a agravante de ter me viciado, de ter me drogado, de ter violentado a minha estrutura organopsíquica.
Então, a proposta para se eliminar isso da Terra, não é uma coisa para amanhã, mas é para o amanhã. Não é objetivo, didaticamente falando, já que os objetivos são as coisas que a gente quer conseguir hoje, mas é o fim, uma finalidade: alcançar a libertação dos indivíduos, gradativamente, pouco a pouco. Com a mesma paciência com que Deus nos trata, sabendo que nós caímos e levantamos, erramos e acertamos, mas estamos na marcha, para frente e para o Alto.
Resposta dada em Workshop promovido durante o 2º Congresso Espírita Mundial, em Lisboa, conforme a gravação feita em vídeo, sob o tema A educação