Raul, como fazer para acabar com a "praga" das drogas?
Raul - Nós vivemos num planeta em fase de transformação e os Espíritos que aqui vivemos somos portadores de infinito conjunto de carências, de medos, de tormentos e, naturalmente, somos animais curiosos, por excelência.
Raul - Nós vivemos num planeta em fase de transformação e os Espíritos que aqui vivemos somos portadores de infinito conjunto de carências, de medos, de tormentos e, naturalmente, somos animais curiosos, por excelência.
Esse conjunto de situações vem fazendo com que as pessoas enveredem pelos caminhos das drogas sem que se apercebam disso.
Umas, pelo simples desejo de experimentar uma coisa
nova. Acabam gostando, acabam ficando dependentes organicamente,
psicologicamente falando, se tornam drogaditos.
Outras, para fugir de si mesmas, de conflitos, de lutas íntimas que não conseguem solucionar.
Outras, ainda, para fugir de problemas sociais, familiares.
Outros porque têm medo da bomba, da bomba de nêutron, da aids e de tantas outras coisas.
Há indivíduos com medo de ter medo e, então, cada um tem uma razão para ir fugindo, buscando esconderijos.
Naturalmente, é preciso pensarmos que nós temos uma
preocupação muito grande com a drogadição, com as chamadas drogas
pesadas, socialmente abominadas, mas costumamos dar muita guarida e
elogiar mesmo as drogas socialmente aceitas. É muito raro encontrarmos
um lar cristão que não tenha o seu barzinho, o seu uísque, a sua Vodka.
No Brasil tem uns que resolveram esse problema
fazendo uma cachaça espírita, a cachaça São Francisco, para poder tomar
seus golinhos.
A gente não sabe dar uma festinha em casa, mesmo que
seja o aniversário das crianças, sem o alcoólico. E a gente justifica de
todas as maneiras dizendo que é para comemorar, é para festejar, é pela
alegria, é por tudo.
Mas também a gente não dispensa - ¬hoje graças a Deus
muita gente já o dispensa - o tabaquinho, o cigarrinho, que é charmoso.
Mulher elegante fuma.
E ela fica cancerosamente elegante...
Homem elegante fuma. E nós vamos percebendo que a
participação da família no processo de educação das novas gerações tem
deixado muito a desejar.
Ora, que autoridade terá um pai para dizer ao seu
filho que não fume a marijuana, a maconha, se ele fuma o tabaco comum,
que os técnicos dizem que é tão ou mais prejudicial do que a marijuana
ou a maconha? As opiniões dos técnicos divergem num ou noutro ponto, mas
todos dizem que as duas coisas são terríveis para a saúde humana.
Como é que um pai que chega alcoolizado em casa, ou
que bebe em casa para não beber na rua, dando esse exemplo ao filho,
poderá criticá-lo quando este chegar embriagado, cambaleante, lambendo
os lábios ressecados?
Então, nós precisamos saber que só poderemos o mínimo quando ao mínimo nos dedicarmos.
Comecemos o trabalho de eliminar a drogadição da
Terra eliminando os nossos vícios domésticos. Falamos dos vícios
materiais como o tabaco, o álcool, o excesso de todo tipo para que,
gradativamente tenhamos autoridade moral para propor aos filhos uma
conduta diferente.
E então nós vamos verificando que todos os vícios,
toda drogadição será gradativamente eliminada à medida que a educação
não seja apenas artigo de livros, mas uma proposta de vida. A partir daí
estaremos trabalhando para que as pessoas se fortifiquem, se
fortaleçam, saiam dos medos, das fobias, das paúras, ou o que quer que
chamemos, tenham confiança, não queiram fugir dos seus próprios
problemas, aprendendo a faceá-los, a arrostá-los com a dignidade que a
vida nos permite ter.
Se nós erramos, se cometemos algum desatino, não será
fugindo através das drogas que resolveremos o problema, será
enfrentando-o.
Se a gente tiver que pedir desculpas ao mundo, que a
gente peça desculpas ao mundo, mas que não nos desnorteemos buscando uma
porta falsa para tentar fugir daquilo de que não fugiremos.
Só existe uma pessoa da qual não conseguiremos fugir: a gente mesmo.
Quando eu me olho de manhã no espelho, eu me assusto é
comigo; a única pessoa com quem não posso deixar de dormir é comigo
mesmo. Então não tem jeito de fugir de mim. Se eu usar uma droga, seja o
álcool ou o LSD, seja a cocaína, seja a heroína, quando eu volto a mim,
dos seus efeitos, eu sou a mesma criatura atormentada, com a agravante
de ter me viciado, de ter me drogado, de ter violentado a minha
estrutura organopsíquica.
Então, a proposta para se eliminar isso da Terra, não
é uma coisa para amanhã, mas é para o amanhã. Não é objetivo,
didaticamente falando, já que os objetivos são as coisas que a gente
quer conseguir hoje, mas é o fim, uma finalidade: alcançar a libertação
dos indivíduos, gradativamente, pouco a pouco. Com a mesma paciência com
que Deus nos trata, sabendo que nós caímos e levantamos, erramos e
acertamos, mas estamos na marcha, para frente e para o Alto.
Resposta dada em Workshop promovido durante o 2º
Congresso Espírita Mundial, em Lisboa, conforme a gravação feita em
vídeo, sob o tema A educação
Nenhum comentário:
Postar um comentário