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sábado, 27 de fevereiro de 2021

DA LEI DE IGUALDADE

 1 - PRIMITIVISMO OU SUBNUTRIÇÃO:


"Perante Deus, são iguais todos os bomens?"


"Sim, todos tendem para o mesmo fim e Deus fez suas leis para todos. Dizeis frequentemente: "O Sol é luz para todos" e enunciais assim uma verdade maior e mais geral do que pensais. " Questâo n° 803 (Da Lei de Igualdade).


Partindo do princípio de que Deus é a equidade perfeita, a justiça sem mácula, é evidente que considera iguais todos os homens. Fomos criados para um mesmo fim: a Perfeição. Mais cedo ou mais tarde lá chegaremos, quer queiramos ou não, porquanto essa é a vontade do Criador, que não falha jamais em seus objetivos.


Dentro de milhares ou milhões de anos - espaço de tempo vasto para os padrões humanos, mas insignificante diante da Eternidade - teremos desenvolvido plenamente nossas potencialidades criadoras, ajustando-nos adequadamente as Leis Divinas. Seremos, então, prepostos do Senhor, co-partícipes na obra da Criação, e embora as limitações do relativo diante do Absoluto, da criatura diante do Criador, seremos deuses, segundo expressão do salmista, citada por Jesus (João, 10;34).


Nessa longa jornada rumo aos objetivos finais de nossa existência, não partimos todos ao mesmo tempo. Há, por isso, Espíritos em variadas faixas de evolução. Natural, portanto, que os encontremos na Terra, encarnados ou desencarnados, revelando profunda diversificação de entendimento, compreensão, inteligência, vocação, moralidade.


O assunto exige cuidado para não incorrermos no engano de avaliar a condição evolutiva do indivíduo pela posição que ocupa na sociedade. Há Espíritos altamente cultos e intelectualizados que ressurgem na Terra em situação de penúria, experimentando limitações que os ajudarão a vencer sentimentos inferiores de ambição, orgulho, vaidade ...


Por outro lado, há Espíritos de mediana evolução que, por força de experiências necessárias ao seu aprendizado, reencarnam no seio de classes abastadas, onde terão amplas facilidades de aprendizado e ação no meio social, detendo valiosos patrimônios materiais.


Encontramos nas camadas mais pobres uma incidência significativa de indivíduos sem iniciativa, inspirando-nos a impressão de que, nesse vasto segmento da população, em países subdesenvolvidos, localizam-se Espíritos primitivos ... Visitadores de organizações assistenciais defrontam-se, frequentemente, com famílias que parecem absolutamente incapazes de melhorar sua condição social, ainda que orientadas, ajudadas e estimuladas.


São Espíritos primitivos ou estamos diante de problemas decorrentes da própria situação em que se encontram? Até que ponto o Espírito de mediana evolução conseguiria superar condicionamentos psicológicos e culturais impostos pela pobreza?


Consideremos outro fator importante: a nutrição.


Sabe-se que durante a gestação e nos primeiros anos de vida é de fundamental importância que a criança tenha uma alimentação sadia, enriquecida principalmente por proteínas, a fim de que sua estrutura orgânica e, particularmente, suas células cerebrais, tenham um desenvolvimento adequado. Caso contrário, poderá sofrer danos irreparáveis, tornando-se apática, sem iniciativa, com dificuldade de raciocínio e atenção. Salvo em circunstâncias especiais, envolvendo Espíritos altamente evoluídos, as leis biológicas não serão contrariadas.


Recordamos o clássico exemplo do exímio violinista, usando instrumento defeituoso. Por mais se esforce, não conseguirá emprestar brilho a execução. Da mesma forma, Espíritos reencarnados de razoável desenvolvimento mental e intelectual terão imensas dificuldades em exercitar suas potencialidades, se houverem sofrido carências nutritivas nos primeiros anos de vida.


O renascimento em lares extremamente pobres pode ocorrer por uma questão de disponibilidade. À falta de portas melhores para o retorno a carne, Espíritos preementemente necessitados da experiência física reencarnam em lares paupérrimos, onde as portas jamais se fecham.


Mas, se a Providência faculta essa Possibilidade, não é pela vontade de Deus que o indivíduo seja subnutrido, faminto, miserável... A Vida é dádiva do Criador; a condição de vida é obra da criatura. O Homem é responsável pela existência de pessoas que morrem de fome, de crianças condenadas a um futuro problemático em face da subnutrição. Semelhantes limitações não podem ser debitadas a inamovíveis desígnios divinos - nenhum pai deseja isso para seu filho - mas à omissão de uma sociedade regida pelo egoísmo, onde cada um cuida de si e "o resto que se dane".


A compreensão de que somos todos iguais perante Deus implica na responsabilidade de oferecermos idênticas oportunidades aos Espíritos que reencarnam, não à custa de simples medidas governamentais, sempre omissas e limitadas, nem de revoluções armadas, que repetem velhos enganos e fomentam eternas ambições, perpetuando injustiças e desigualdades, mas por iniciativa da própria sociedade, daqueles que, em situação melhor, se disponham a ajudar os seus irmãos.


Imaginemos que prodígios de promoção humana, de recuperação da pobreza operaríamos com a simples mobilização das classes sociais mais bem aquinhoadas, a procurar os lares humildes para oferecer aos Espíritos que ali iniciam sua romagem terrena condições para um desenvolvimento físico e mental sadio !


Aos que supõem que semelhante esforço é mera utopia, recordamos que Jesus não foi um visionário empolgado por sonhos irrealizáveis. Ao empenhar seu apostolado no esforço em favor dos humildes, deixou bem claro que verdadeira utopia é pretender que o Reino de Deus se estabeleça no Mundo por decreto divino, sem adesão da criatura humana aos princípios de solidariedade e fraternidade que o fundamentam.


2 - MOBILIZAÇÃO


"Há pessoas que, por culpa sua caem na miséria. Nenhuma responsabilidade caberá disso à sociedade?"

"Mas, certamente. Já dissemos que a sociedade é muitas vezes a principal culpada de semelhante coisa. Demais, não tem ela que velar pela educação moral dos seus membros? Quase sempre, é a má educação que lhes falseia o critério, ao invés de sufocar-lhes as tendências perniciosas." Questão n° 813 (Da Lei de Igualdade)


A idéia do determinismo, o "malktub" (estava escrito), da filosofia oriental, está profundamente arraigada no espírito religioso. Não são poucos os profitentes a conceberem que Deus sabe o que faz, e se há miséria, infelicidade e sofrimento no Mundo, é porque deve ser assim.


Os espíritas nem sempre fazem melhor. O princípio da Reencarnação inspira a muitos companheiros a impressão de que, se estamos todos resgatando dívidas cármicas e se cada indivíduo se movimenta em faixa evolutiva própria, com suas tendências e necessidades, não será lícito pretender grandes mudanças, o que, hipoteticamente, somente ocorrerá quando a Terra for promovida na sociedade dos, mundos, deixando a condição de planeta de expiação e provas.


Isto equivale a dizer que os males do Mundo são obra de Deus, o que está fundamentalmente errado. Eles são produzidos pelo Homem, que, com suas ambições, sua incúria, seus preconceitos, gera os desníveis sociais, as crises econômicas, as guerras destruidoras, a crônica infelicidade.


Quando Jesus proclama que não cai uma folha da árvore sem que seja pela vontade de Deus, isto não significa que Deus derrube as folhas. O Criador sustenta a vida, que se perpetua no transformismo incessante da Natureza, segundo as leis por Ele instituídas.


Da mesma forma, Deus não gera os males humanos, mas permite que aconteçam para que o Homem aprenda, com a força ele suas experiências, o que é melhor para ele, no incessante transformismo da moral em evolução, igualmente orientada por leis divinas.


Imperioso, portanto, superar a atitude contemplativa ou de indiferença que marca o comportamento humano. É preciso mobilizar os homens pela palavra e pelo exemplo, demonstrando ser indispensável estabelecer dos de solidariedade entre os componentes da sociedade, a fim de que possamos, efetivamente, superar as misérias da Terra.


Não se trata, simplesmente, de beneficiar o semelhante, mas, essencialmente, a nós mesmos com esse empenho. Se moramos no campo e observamos o mato crescer em torno de nossa casa, invadindo a lavoura, podemos dizer: "O mato cresce pela vontade de Deus." No entanto, se nos acomodarmos, embalados por essa convicção, o mato continuará a crescer, sufocará a plantação, favorecerá o aparecimento de répteis e insetos nocivos. Viveremos miseravelmente, com ameaças à própria integridade física. O que diremos depois? "Foi a vontade de Deus?"


Os bolsões de miséria crescem em toda parte, como mato insidioso, gerado por injustiças sociais. Dali sai a grande maioria dos crimes, dos roubos, dos assassinatos, das prostituições, males que assolam a sociedade. Imperioso derrubar esse matagal, ajudando de forma efetiva aqueles que enfrentam problemas dessa natureza, a fim de que não sejam tentados pela tendência humana de resolvê-las na marginalidade criminosa.


Fala-se muito em mudanças nas estruturas sociais.


Há revoluções, sucedem-se os regimes e sistemas - comunismo, socialismo, parlamentarismo, fascismo, presidencialismo, monarquismo, totalitarismo, capitalismo, - enquanto se perpetuam a miséria e o infortúnio. No entanto, qualquer "ismo" funcionaria bem, resolveria os problemas sociais, se conseguíssemos eliminar um outro "ismo", presente em todos eles: o egoísmo, o culto a própria personalidade.


A vida em sociedade implica em responsabilidades, a começar pela mais elementar: trabalhar pelo bem comum, ideal inatingível enquanto considerável parcela da sociedade estiver marginalizada pela enfermidade, pela penúria, por problemas de comportamento.


Há dois mil anos o Cristo deixou na Terra os fundamentos do Reino de Deus. Outros tantos milênios poderão passar sem que seja edificado, se não desenvolvermos o espírito de serviço no campo da Fraternidade, ensaiando desprendimento e boa vontade.


Em todas as cidades há grupos de trabalho de variadas denominações religiosas, despertos para semelhante realidade, cujos membros estão tentando viver a mensagem de Jesus, participando de organizações de assistência e promoção humanas, motivados por sagrado idealismo.


Se esses poucos abnegados produzem tanto, imaginemos que prodígios seriam feitos, se houvesse uma ampla mobilização de todos os segmentos da população em condições de participar !


Um dia todos compreenderemos que a Vida vem de Deus, mas à qualidade de vida vem do Homem.


O Cristo mostra-nos o caminho, mas não pode caminhar por nós. Oferecendo-nos orientação e exemplo, o Mestre deixou bem claro que o serviço da redenção humana, de erradicação do Mal, da miséria, do infortúnio, é trabalho impostergável de todos os homens.


3 - O HOMEM E A MULHER


"São iguais perante Deus o bomem e a mulher e têm os mesmos direitos? "


"Não outorgou Deus a ambos a inteligência do bem e do mal e a faculdade de progredir?" Questão n° 817 (Da Lei de Igualdade).


"Conservem-se as mulheres caladas nas igrejas, porque não lhes é permitido falar; mas estejam submissas como também a lei o determina. Se, porém, querem aprender alguma cousa, interroguem, em casa, a seus próprios maridos, porque para a mulher é vergonhoso falar nas igrejas."


Estas preconceituosas recomendaçôes, que reduzem a mulher a mera ouvinte nas atividades religiosas, surpreendentemente foram feitas pelo apóstolo Paulo, em sua Primeira Epístola aos Coríntios (capítulo 13, versículos 34 e 35). Não obstante sua inteligência e lucidez, o grande arauto do Cristianismo não conseguiu superar as limitaçôes de seu tempo em relação a mulher, considerada então um ser inferior, mera serva do homem, que podia, dentre outras prerrogativas, dispensá-la como esposa, se não a desejasse mais, obriga-la a coabitar com concubinas ou mandá-la apedrejar se suspeitasse de sua fidelidade.


Ela era marginalizada até mesmo em razão de suas funções biológicas. A menstruação a tornava impura. O mesmo ocorria no nascimento de filhos, obrigando-a a severas disciplinas e a indispensáveis rituais de purificação.


Nem mesmo a gloriosa mensagem do Cristo, combatendo todos os preconceitos, foi suficiente para libertar a mulher de discriminações que perduraram até o início deste século.


Em 1857, quando foi lançado "O Livro dos Espíritos", era inconcebível qualquer pretensão de igualdade entre os sexos. Estavam por ser articulados os movimentos feministas que garantiriam a mulher o direito de votar, de exercer profissão liberal, de gerir seus próprios negócios, de exercitar o livre-arbítrio. Nesta como em muitas outras questões, a Doutrina Espírita situava-se numa vanguarda de idéias renovadoras em favor de uma sociedade mais justa.


Nem poderia ser diferente, partindo do princípio doutrinário segundo o qual o Espírito não tem sexo. Tanto pode encarnar em corpo masculino ou feminino. Iguais quanto à origem e destinação, inteligentes e perfectíveis, o homem e a mulher devem exercitar direitos idênticos.


Estão distantes os tempos em que "filósofos" discutiam se a mulher tem alma e somente em sociedades primitivas pode persistir a concepção de que ela é inferior ao homem.


Contribuíram para essa desejada igualdade os imperativos da sociedade atual, em que a mulher é convocada a exercer uma atividade profissional, não simplesmente por uma necessidade de auto-afirmação, mas, sobretudo, em decorrência de um problema econômico, a fim de auxiliar na formação de renda que atenda às necessidades de subsistência da família. Raros os lares que podem dispensar tal iniciativa.


Há quem afirme que a liberação feminina, longe de representar um progresso, transformou-se em instrumento de conturbação da sociedade, favorecendo o aumento da infidelidade conjugal, o negligenciamento dos filhos e a dissolução da família.


Apesar do caráter machista que acompanha críticas dessa natureza, forçoso reconhecer que o processo de liberação da mulher não se faz de forma pacífica, gerando dificuldades no relacionamento familiar e inspirando perturbadoras iniciativas na alma feminina.


Muitos lares estão em crise porque a mulher não admite ser contestada em sua disposição de fazer o que julga conveniente, em favor de sua auto-realização, não vacilando em partir para a separação se encontra resistência no cônjuge.


Semelhantes problemas são passageiros, situando-se como tremores de superfície que acompanham modificaçôes nas profundezas, e serão superados na medida em que a Humanidade assimilar plenamente um princípio fundamental, enunciado na questão número 822-a, de "O Livro dos Espíritos", quando Kardec interroga se uma legislação perfeitamente justa deve consagrar a igualdade de direitos entre o homem e a mulher. Respondem os Mentores:


"Dos direitos, sim; das funçôes, não. Preciso é que cada um esteja no lugar que lhe compete" ...


Pretender absoluta igualdade envolvendo as funções é contrariar a própria biologia. O homem foi estruturado para o trabalho mais pesado, no esforço da subsistência familiar; a mulher é convocada às responsabilidades do lar, particularmente no cuidado dos filhos.


O progresso moral iguala ambos quanto aos direitos.


O progresso material os aproxima no desempenho de funções, na medida em que o trabalho se torna menos pesado na atividade profissional e mais prático no lar, com as conquistas da tecnologia. Ambos podem dividir parte de suas atribuições.


No entanto, é preciso reconhecer que à mulher está afeta a mais sublime nisso, o mais elevado ideal, a tarefa redentora por excelência: a preparação do ser humano para a Vida. Edificaremos um mundo melhor na medida em que a criança for convenientemente orientada. E esse serviço, por mais o neguem as feministas intransigentes, compete muito mais a mulher. Ela é a preceptora por excelência, a educadora mais eficiente. A maternidade é, talvez, a mais sacrificial e árdua de todas as missões, mas, se exercitada em plenitude é, também, a mais gloriosa de todas as realizações humanas.


Não pretendemos a reinstituição das Amélias, o retorno da mulher à condição de escrava do lar. Ela tem o direito e, mais que isso, a necessidade de desenvolver atividades na comunidade. Mas é preciso reconhecer que acima dos sucessos no campo social e profissional, está a suprema realização feminina como esposa e mãe, sustentando o lar, que é reconhecidamente a célula básica da civilização.


Evocando as funções redentoras da alma feminina, Victor Hugo tece significativas comparações entre o homem e a mulher:


"O homem é a mais elevada das criaturas. A mulher o mais sublime dos ideais. Deus fez para o homem um trono; para a mulher um altar. O trono exalta; o altar santifica.


O homem é o cérebro; a mulher o coração. O cérebro produz a luz; o coração o amor. A luz fecunda. O amor ressuscita.


O homem é um gênio; a mulher um anjo. O gênio é imensurável; o anjo indefinível. A aspiração do homem é a suprema glória; a aspiração da mulher a virtude extrema. A glória traduz grandeza; a virtude traduz divindade.


O homem tem a supremacia; a mulher a preferência. A supremacia representa a força; a preferência o direito. O homem é forte pela razão; a mulher é invencível pela lágrima. A razão convence, a lágrima comove.


O homem é capaz de todos os heroísmos; a mulher de todos os martírios. O heroísmo enobrece; o martírio sublima. O homem é o código; a mulher o evangelho. O código corrige; o evangelho aperfeiçoa. O homem é um templo; a mulher um sacrário. Ante o templo, nós nos descobrimos; ante o sacrário, ajoelhamo-nos.


O homem pensa; a mulher sonha. Pensar é ter cérebro; sonhar é ter na fronte uma auréola. O homem é um oceano; a mulher um lago. O oceano tem a pérola que o embeleza; o lago tem a poesia que o deslumbra. O homem é uma águia que voa; a mulher um rouxinol que canta. Voar é dominar os espaços; cantar é conquistar a alma. O homem tem um fanal: a consciência. A mulher tem uma estrela: a esperança. O fanal guia e a esperança salva.


Enfim, o homem está colocado onde termina a Terra. A mulher onde começa o Céu.


Richard Simonetti

APRENDENDO COM O LIVRO DOS ESPÍRITOS Q.821 - LEI DE IGUALDADE - IGUALDADE DOS DIREITOS DO HOMEM E DA MULHER

 821. As funções a que a mulher é destinada pela Natureza terão importância tão grande quanto as deferidas ao homem?


“Sim, maior até. É ela quem lhe dá as primeiras noções da vida.”




COMENTÁRIOS DE MIRAMEZ


FUNÇÕES DA MULHER



As funções da mulher são grandiosas, por vezes até maiores que as do homem, pois é ela que gera filhos na sua intimidade, alimentando-os com o seu amor.


A geração de um filho, pode-se dizer que é a maravilha das maravilhas. Quem não vê Deus neste fenômeno, é cego, por não querer examinar os processos da vida. Isso é a manifestação da própria Divindade dentre os seres encarnados, que opera nos animais, nas aves e mesmo no reino vegetal, em se observando os frutos e as flores.


A função da mulher no lar é divina, mesmo tendo expressão humana. Quando se diz que a mulher é parte fraca, é por força de expressão; diante do corpo do homem, é um complexo humano aprimorado que o futuro espera para grandes realizações. Não se quer aqui desprezar o seu companheiro, que ocupa na vida funções grandiosas também; cada um no seu lugar, onde Deus põe as criaturas para a co-realização de muitas coisas, buscando sua própria paz. Se Deus fez o homem e a mulher, qual de nós poderemos menosprezar a vontade do Criador? A razão do Espírito tem pouco alcance no que tange à verdade. Somente Deus sabe de tudo; sendo onisciente e onipresente, gera a vida sem erro.


Os seres humanos têm olhos e não vêem; têm ouvidos e não ouvem; são dotados de muitos sentidos, mas dormem pela ignorância, por isso não se interessam pela verdade. Os que sabem mais um pouco, reconhecem com isso que nada sabem ante a presença do Criador. A humanidade se encontra caminhando para melhores dias em tudo, até e mesmo no que se refere ao aperfeiçoamento do instrumento físico, que ainda deixa muito a desejar, quando o comparamos ao de um mundo altamente evoluído; no entanto, o corpo de carne na Terra é uma bênção de Deus, instrumento divino para o aperfeiçoamento das almas.


Em João, capítulo seis, versículo quarenta e oito, se vê narrado assim:


Eu sou o pão da vida.


Mas, como encontrar esse pão da vida, para que não tenhamos mais fome? Somente a reencarnação pode nos despertar para essa procura, porque as provações despertam as criaturas para tais interesses. Jesus é o pão da vida, mas como encontrar Jesus? é pelas vidas sucessivas, pois, por elas, recordamos e fixamos na consciência o que a teoria nos ensinou no mundo espiritual. Não podemos esquecer que foi a Doutrina Espírita que mais explicou e revelou essa verdade aos homens que, conscientes dela, entendem a libertação física mais próxima do Pão da Vida, que se aproxima mais de nós, a saciar a nossa fome.


Se a mulher é que dá aos homens as primeiras noções de vida, ela merece o respeito de todos e a devida atenção para cumprir ainda melhor sua missão, que beneficiará a todos.


Nós, do plano espiritual, falando às mulheres, tornamos a dizer que elas são o ponto alto para nós, onde poderemos derramar os elevados conceitos no silêncio para os seus corações sensíveis, e que possam direcionar todos eles para a educação daqueles que as rodeiam. Que não percam a paciência, pois ninguém perde em ser dócil aos ensinamentos de Jesus. Preparem-se para os dias de amanhã, onde os próprios homens enriquecerão seus valores na condição de companheiros e irmãos na mesma jornada, e que o terceiro milênio seja abençoado por Deus pelos canais de Jesus Cristo, para que a Terra seja o paraíso prometido e esperado pelos homens de fé. No entanto, isso é conquista de todas as criaturas reunidas.


Que Deus abençoe o homem e a mulher, para que os dois se tornem um.



Filosofia Espírita  Volume XVIII - cap. 5

João Nunes Maia em parceria com Espírito Miramez


terça-feira, 23 de fevereiro de 2021

O CEGO DE NASCENÇA : O CASO NÃO ERA EXPIAÇÃO[...]PORÉM SIGNIFICATIVA MISSÃO[...] O MOÇO CEGO ASSUMIRA O COMPROMISSO [...] A FIM DE DAR TESTEMULHO PÚBLICO DE QUE JESUS É A LUZ DO MUNDO[...]ELE VEIO(JESUS) ...ABRIR OS OLHOS DA ALMA AOS QUE TÊM FOME E SEDE DE LUZ , PONDO AO MESMO TEMPO, A DESCOBERTO, A CEGUEIRA DOS ORGULHOSOS QUE DOGMATIZAM DE SUAS CÁTEDRAS,BLASFEMANDO DO QUE IGNORAM.

 


O CEGO DE NASCENÇA


"Jesus, passando, viu um homem cego de nascença. Perguntaram-lhe os discípulos: Mestre, quem pecou para que este homem nascesse cego, ele ou seus pais? Respondeu Jesus: Nem ele pecou nem seus pais, mas isto se deu para que as obras de Deus nele sejam manifestas..

Tendo assim falado, misturou saliva com terra e, fazendo barro, aplicou-o nos olhos do cego dizendo: Vai lavar-te no tanque de Siloé. Ele foi, lavou-se e voltou com vista." - João, 9:1-7.


A pergunta dos discípulos sobre os motivos da cegueira daquele homem não foi descabida, No entanto, o caso não era de expiação para o padecente, nem de provação para seus pais. Tratava-se de modesta, porém significativa missão.


O Espírito encarnado no moço cego assumira, no Além, o compromisso de nascer privado da vista a fim de dar testemunho público de que Jesus é a luz do mundo, o Messias prometido.


Após haver respondido à interpelação que lhe foi dirigida, o Mestre aproximou-se do cego, e, untando-lhe os olhos com barro, composto de saliva e terra, disse-lhe: Vai lavar-te no tanque de Siloé. Ele foi, lavou-se e voltou vendo.


Porque teria o Senhor usado aquela original terapêutica? Não poderia operar a cura independente do processo empregado? Ele agiu assim para completar o testemunho que o moço havia de dar, por isso que a denominação Siloé quer dizer Enviado.


Se os homens daquele tempo, e de todos os tempos, dispondo, embora, de vista física, tivessem "olhos de ver", por certo se convenceriam de que Jesus, de fato, é o Filho de Deus. Sendo, porém, cegos de espírito, nenhuma conclusão tiraram outrora, nem tiram na atualidade, dos prodígios e das maravilhas por Ele levadas a efeito.


Nada obstante, o milagre em apreço causou escândalo. A testemunha do Enviado foi levada à presença dos fariseus, que a interrogaram minuciosamente. O caso foi narrado com simplicidade e firmeza. Não havia negá-lo. Era evidente.


Mas, alegaram os sofistas adversários do Senhor: Esse que te curou não é de Deus, não guardou o sábado. E, obstinados em sua incredulidade, mandaram vir os pais do mancebo e os interpelaram: E' este o vosso filho, que dizeis haver nascido cego? Como, pois, ele agora vê?


Sim, este é nosso filho que nasceu cego; como, porém, agora vê, não sabemos; interrogai-o diretamente, já tem idade, falará por si. Assim disseram os pais, temendo serem expulsos da sinagoga, porque estava já estabelecida aquela pena para os que confessassem ser Jesus, o Cristo.


De novo, pois, é chamado o ex-cego, a quem disseram: Dá glória a Deus; nós sabemos que aquele que te curou é pecador. Redarguiu o mancebo: Se é pecador, não sei; de uma coisa estou bem certo: eu era cego, e agora vejo; desde que há mundo, nunca , se soube que alguém abrisse os olhos a um cego de nascença.


Mas, como foi isso? objetaram os fariseus. Já vo-lo disse, retrucou o humilde instrumento da Verdade porque desejais ouvir de novo? Quereis, acaso, tornar-vos discípulos de Jesus? Discípulo dele és tu, revidaram os fariseus; nasceste todo em pecados, e queres ensinar-nos? E, injuriando-o, expulsaram-no. O Mestre, tendo ciência do sucedido, procurou-o e a ele revelou-se, dizendo:


— Crês tu no Filho

— Quem é ele, Senhor, para que eu nele creia?

— Já o viste, e é ele quem fala contigo.

— Creio, Senhor. E o adorou.


Concluiu, então, Jesus: Eu vim a este mundo para um juízo, a fim de que os que não vêem, vejam; e os que vêem, se tornem cegos. Assim, realmente, tem acontecido. No desempenho de sua missão, o divino Enviado vai iluminando os simples que intimamente se confessam inscientes, e confundindo os vaidosos e presumidos que se julgam sábios.


Ele veio, de fato, abrir os olhos da alma aos que têm fome e sede de luz, pondo, ao mesmo tempo, a descoberto, a cegueira dos orgulhosos que dogmatizam de suas cátedras, blasfemando do que ignoram.


A história se repete. O que se passou com o Enviado, quando no desempenho das exemplificações que realizou no cenário terreno, passa-se, agora, com relação à fenomenologia e à ética espíritas.


O farisaísmo hodierno continua sofismando e negando. Um grande número, temendo excomunhão, não reflete em público a luz que bruxuleia em seu íntimo.


Todavia: Veritas vincit.


Vinícius

sábado, 20 de fevereiro de 2021

APRENDENDO COM O LIVRO DOS ESPÍRITOS Q.820 - LEI DE IGUALDADE - IGUALDADE DE DIREITOS DO HOMEM E MULHER ===(A vida deu à mulher menos força física, entretanto, dotou-a de sensibilidade maior, como que buscando, nas regiões espirituais, idéias e condições elevadas, como uma ponte da Terra ao Céu, para que pudesse educar seus filhos com o amor que lhe compete doar.)



 820. A debilidade física da mulher não a coloca naturalmente na dependência do homem?

— Deus deu a força a uns para proteger o fraco e não para o escravizar.

AK:Deus apropriou a organização de cada ser às funções que ele deve desempenhar. Se deu menor força física à mulher, deu-lhe ao mesmo tempo maior sensibilidade, em relação com a delicadeza das funções materiais e a debilidade dos seres confiados aos seus cuidados.


COMENTÁRIO DE MIRAMEZ:


DEPENDÊNCIA


 


Deus deu a força a uns para defenderem aos fracos, e não para maltratá-los, nem explorá-los. Quem assim o faz, responderá pelas conseqüências. Já dissemos que homem e mulher se completam para a felicidade dos dois que, unidos, percebem com mais profundidade a beleza da vida.


O casal troca energias, na sutileza da vida, que nenhuma ciência da Terra pode igualar, com a mesma eficiência. Neste caso, somente o coração pode servir de laboratório divino, na divina ascensão dos Espíritos, transformando a força de Deus em amor, no quilate que necessita para viver em plena harmonia, que se expressa em alegria superior.


Aquilo que se chama de dependência não é escravidão e, sim, situação indispensável para o complemento da aquisição do estado de felicidade da Terra. O homem, no que tange à fortaleza, não é, e não poderemos considerá-lo, como bruto ou violento; ele passa por um estado de vida temporário na arregimentação de valores para o equilíbrio da sua vida diante dos compromissos assumidos. A vida deu à mulher menos força física, entretanto, dotou-a de sensibilidade maior, como que buscando, nas regiões espirituais, idéias e condições elevadas, como uma ponte da Terra ao Céu, para que pudesse educar seus filhos com o amor que lhe compete doar.


Mas, como se encontram no mundo, o homem tem a razão mais apurada para as devidas atividades de que necessita um lar; o homem tem a razão e a mulher, intuição. A mulher que, geralmente, é dada à renúncia em favor dos filhos e do lar em paz, ganha muito em Espírito. Aparentemente, mostra pobreza de Espírito, como se diz no mundo, no entanto, vejamos o que Jesus fala neste sentido, conforme anotado por Mateus, no capítulo cinco, versículo três:


Bem-aventurado os humildes de Espírito, porque deles é o reino dos céus.


Vejamos, também, na carta de Tiago, no capítulo um, versículo doze:


Bem-aventurado o homem que suporta com perseverança a provação; porque, depois de ter sido aprovado, receberá a coroa da vida, a qual o Senhor prometeu aos que o amam.


O dever do homem é suportar todas as adversidades do mundo, vencendo-as, para receber a coroa da vida no mundo espiritual. E os dois juntos novamente, no mundo dos Espíritos, serão abençoados para novas etapas, buscando vencer as provas que eliminam os resíduos da velha consciência.


Não existe dependência, em se referindo ao aspecto negativo, quando o indicado para ser dependente ama e serve em nome de Jesus. Deus nos coloca em lugares apropriados para o devido despertamento dos valores imortais da vida. Quem abusar das oportunidades, responde pelas distorções que praticar, seja homem ou mulher.


Mas, Jesus, pela Doutrina dos Espíritos, veio por misericórdia ensinar às criaturas como proceder ante a sociedade e Deus, limpando os caminhos que devem percorrer e preparar o campo aonde forem chamados para servir.


A felicidade tem começo no próprio coração, que é a sala de visita da consciência.


FONTE: FILOSOFIA ESPÍRITA -VOLUME XVII-CAP.4 
AUTORES : JOÃO NUMES MAIA EM PARCERIA COM ESPÍRITO MIRAMEZ

APRENDENDO COM O LIVRO DOS ESPÍRITOS Q.819 -LEI DE IGUALDADE - IGUALDADE DOS DIREITOS DO HOMEM E DA MULHER--("A mulher é mãe, tendo no coração o amor mais acentuado; o homem é pai, que gera nos sentimentos mais energia no que se refere à disciplina. Todavia, os pais de um lar, não devem entrar em discórdia, pois deste modo desarmonizam a casa e desajustam os filhos que receberam para educar.)

 


819. Com que fim a mulher é fisicamente mais fraca do que o homem?

— Para lhe assinalar funções particulares. O homem se destina aos trabalhos rudes, por ser mais forte; a mulher aos trabalhos suaves; e ambos a se ajudarem mutuamente nas provas de uma vida cheia de amarguras.


COMENTÁRIO DE MIRAMEZ:


FRAGILIDADE FÍSICA


 

Homem e mulher certamente que não poderiam ser iguais nas suas estruturas físicas; não haveria razão de ser, porque cada um tem funções diferentes, que se completam na união entre os dois. Enquanto a alma não despertar todas as suas qualidades espirituais, um precisa do outro, e os dois necessitam de todos os amigos na troca de valores indispensáveis à vida e, ao mesmo tempo, de olvidar o egoísmo.


Quando a criatura dominar todas as suas paixões, sentir o amor puro no coração e amar verdadeiramente, a sua dependência será somente em relação a Deus. Com os outros companheiros do seu nível tornar-se-ão um todo, sem, contudo, dar lugar nos sentimentos ao egoísmo e ao orgulho. Será aquele Espírito que já se unificou com Jesus, sentindo-se permanentemente filho de Deus.


A mulher, sendo mais fraca fisicamente, deve cuidar dos trabalhos mais leves, aquele exercício sublimado do lar, enquanto o homem tem estrutura mais grosseira para os trabalhos da sua espécie. Eis aí como um completa o outro para a paz e o bem-estar da família.


O casamento é a porta pela qual as almas começam a trabalhar e a compreender a si mesmas. Nada se pode fazer sozinho na Terra, e mesmo no céu se agrupam Espíritos com os mesmos ideais; assim não sendo, não realizarão o grande ideal de servir com mais eficiência. No entanto, esses grupos de almas têm sempre um que os dirige, em se apresentando mais livre, com mais experiências, comandando com destreza aqueles de boa vontade.


Em tudo na natureza podemos notar agrupamentos para melhor servir na função a que se foi chamado a cooperar, desde os átomos até os mundos. A libertação começa no Espírito e cresce nele de maneira que pode chegar a raias inconcebíveis aos que se movimentam na Terra envolvidos na carne.


A mulher dos dias que correm, por motivo de testemunhos a que deve se submeter, está se envolvendo nos trabalhos dos homens, e eles, por vezes, nos das mulheres, por motivos que eles mesmos desconhecem. No entanto, o tempo mostrará que essas necessidades desaparecerão com o tempo, deixando cada um em seu verdadeiro lugar. Desde quando se pode trocar de vestes, de homem ou de mulher, acabam as necessidades de um fazer o trabalho do outro, quando se tem uma sociedade justa, que assiste todos nos seus devidos lugares. Não há, imperiosamente, necessidade de a mulher ocupar o lugar do homem, ela que foi feita especialmente para o lar, em primeiro lugar, bem como de o homem ocupar-se com as obrigações da mulher, já que foi abençoado por Deus para os trabalhos mais rudes, na responsabilidade de enfrentá-los, recolhendo experiências no ramo que precisa para viver. Isto não quer dizer que, sendo o corpo da mulher mais fraco, o Espírito também o é, o mesmo ocorrendo em relação ao homem.


A mulher é mãe, tendo no coração o amor mais acentuado; o homem é pai, que gera nos sentimentos mais energia no que se refere à disciplina. Todavia, os pais de um lar, não devem entrar em discórdia, pois deste modo desarmonizam a casa e desajustam os filhos que receberam para educar.


Lembremos João, no capítulo seis, versículo quarenta e três, que assim registrou:


Respondeu-lhes Jesus: Não murmureis entre vós.


O casal não deve murmurar; é de seu dever compreender um ao outro em todos os aspectos da vida, para que a vida em casa possa entrar em sintonia com o Evangelho de Jesus. Os filhos têm muita facilidade de copiar os pais, condicionando o que vêem e ouvem dos seus genitores. A responsabilidade é muito grande, ante a paternidade maior.


A vida na Terra é cheia de amargor. Os problemas e sacrifícios são sem conta. Sabemos disso por experiências, contudo, Deus não se esquece dos Seus filhos, principalmente daqueles em exercício na Terra, carregando um corpo físico. O forte e o fraco se completam para notarem que existe a felicidade depois das inúmeras tempestades.


FONTE: FILOSOFIA ESPÍRITA-VOLUME XVII-CAPÍTULO 3/ AUTORES: JOÃO NUNES MAIA EM PARCERIA COM O ESPÍRITO MIRAMEZ.

http://www.olivrodosespiritoscomentado.com/fev17q819c.html

O ESCÂNDALO E SEUS INSTRUMENTOS: "Os homens se assemelham a certos reservatórios dágua. Olhando-se esta, superficialmente, decantada como está, parece límpida, cristalina e pura; mas, tomando-se uma vara e revolvendo o fundo do tanque, eis que se turva, escurece[...] O indivíduo que se estuda e se analisa, procurando sondar os arcanos profundos do seu ser, fica conhecendo as tendências e as inclinações viciosas que lhe são próprias. De posse desse importante dado, o homem, vigiando e orando, como recomenda o Condutor por excelência da Humanidade, pode perfeitamente afastar de si as possibilidades de provocar escândalo. É de grande sabedoria o prolóquio que diz: É melhor prevenir que remediar"".


         





           O ESCÃNDALO E SEUS INSTRUMENTOS





Comecemos por trasladar, a propósito deste tema de grande interesse para todos nós, o texto evangélico de Mateus, Cap. XVII, v. 7 a 9.


"Ai do mundo por causa dos escândalos ! porque é necessário que haja escândalos; mas aí daquele homem por quem vem o escândalo! Portanto, se a tua mão, ou o teu pé, te escandaliza, ou te serve de tropeço, corta-o e lança-o fora de ti; melhor é entrares na vida manco ou aleijado do que, tendo duas mãos ou dois pés, seres lançado no fogo eterno. Se o teu olho te serve de pedra de tropeço, arranca-o e lança-o fora de ti; é preferível entrares na vida com um olho só do que, tendo dois, seres lançado na Geena de fogo".


Só mesmo que conhece a fundo as fraquezas e as mazelas humanas pode nos proporcionar um ensinamento tão eloquente e de tanta relevância.


Aí do mundo por causa dos escândalos ! Porque é necessário que haja escândalos; mas, ai daquele homem por quem vem o escândalo!


O Mestre quer dizer com estas palavras que o mundo está na contingência de ser, como realmente é, teatro de escândalos. Habitada por Espíritos atrasados, tanto na esfera dos encarnados, como no seu ambiente exterior, onde pululam as almas daquela mesma categoria, aguardando o ensejo de vestirem a libré da carne, a Terra tem sido, e ainda é, cenário de lutas fratricidas, de rivalidades soezes, de inveja com seu cortejo de perfídias; de orgulho, sempre melindrado, assumindo aspectos, ora de ferocidade, ora de ridicularia, ora, ainda, de estupidez; de ambições desaçaimadas, provocando a ruína de uns para gáudio de outros, a pobreza e a miséria para o enriquecimento de poucos; finalmente, da hipocrisia e da filáucia dos intrujões de baixo e alto coturnos, agindo por conta própria, ou como representantes de instituições poderosas e, porque poderosas, privilegiadas.


Assim, pois, como orbe expiatório, não admira que os escândalos se sucedam, sem solução de continuidade, em seu seio. O escândalo, como é sabido, se caracteriza nos atos indecorosos, nas atitudes impudicas e até mesmo na conduta ou procedimento que destoa do uso e das convenções adotadas pela maioria. Pondo de parte esta última modalidade, a qual nada tem que afete a moral, o escândalo nada mais é que a exteriorização das sujidades morais ocultas no interior dos homens.


É do coração, diz o Evangelho, em sua linguagem simples e concisa, que vem o roubo, o adultério, o homicídio, a inveja, o dolo e as loucuras. O escândalo, portanto, é a manifestação daquilo que jazia oculto nos meandros dos corações, nas profundezas da alma humana. Uma circunstância qualquer, um momento azado, um choque inesperado se incumbe de pôr a descoberto o que se achava encoberto, tornando do domínio público o que estava em segredo. O escândalo, pois, é a revelação de um mal existente no indivíduo, revelação provocada pelos atritos da vida de relação, pelos entrechoques de interesses e vaidades, ou por simples circunstâncias ocasionais.


Daí a sábia observação do Instrutor da Humanidade: É preciso que haja escândalos, mas ai daquele por quem o escândalo vem! Sim, é necessário que os homens se revelem, que mostrem o que realmente são, que se venha a saber e conhecer as suas intenções e pensamentos reservados. Provocando o escândalo e suportando as consequências que do mesmo decorrem, o homem acaba corrigindo-se, mudando de atitude e de proceder. Este fato justifica plenamente a moralidade da sentença: É necessário que haja escândalos.


Os homens se assemelham a certos reservatórios dágua. Olhando-se esta, superficialmente, decantada como está, parece límpida, cristalina e pura; mas, tomando-se uma vara e revolvendo o fundo do tanque, eis que se turva, escurece, assumindo aparência desagradável e até repugnante. Por quê? Simplesmente porque veio à tona a imundície que se achava acamada nas paredes do reservatório. Este é o meio e o processo de limpá-los: não existe outro. É o que sucede com as nossas almas. Sua purificação se processa, agitando-se, pondo em suspensão as espurcícias que ela traz escondida em seus escaninhos mais íntimos.


As impurezas do Espírito são ainda comparáveis àquelas de que a lues impregna o sangue, originando enfermidades várias, chagas e tumores que se localizam nesta ou naquela região do corpo. Esses tumores devem ser abertos e drenados para que o pus escoe até a derradeira gota, embora escandalize a vista e o olfato dos circunstantes.


S. Paulo, no seu zelo pelas igrejas que fundava, dirigiu à de Corinto uma epístola da qual extratamos o seguinte trecho, que muito se relaciona com o assunto em apreço: Sei que há contendas e dissídios em vossa igreja... Pois é necessário mesmo que haja divisões e até heresias entre vós, para que os aprovados fiquem manifestos. (Aos Coríntios, 11-18 e 19). Aqui se trata do escândalo no seio de uma comunidade. Paulo não estranha o caso. Reputa como acontecimento natural, mostrando seu prisma favorável, através da seleção que determina, separando os aprovados daqueles que o não são. Esse método seletivo é benéfico às instituições que colimam ideais nobres e elevados, escoimados dos elementos inconvenientes e irredutíveis que perturbam e embaraçam a sua marcha.


É assim que o ânimo varonil de Paulo não se abatia diante dos escândalos verificados nas igrejas que ia organizando, no desempenho de sua missão evangelizadora. Ele via nesses escândalos um processo salutar de expurgo, contribuindo para desenvolvimento e progresso das comunidades cristãs.


No decurso dos três anos de seu messianato, Jesus teve ocasião de constatar, entre os apóstolos, alguns escândalos que certamente repercutiram dolorosamente sobre ele. Tal foi o proceder de Pedro, negando-o por três vezes, abertamente. Dessa culpa, o velho Pescador se penitenciou depois, amargamente, tornando-se firme e vigilante durante o resto de sua existência. Colheu, portanto, um proveito da própria queda, do mesmo ato de pusilanimidade em que incorreu.


Escândalo maior, de larga repercussão, cujos rumores atravessaram os séculos, perdurando ainda, foi por certo o de Judas Iscariotes, entregando o seu Mestre aos esbirros romanos, mediante o preço de 30 dinheiros, recebido dos sacerdotes judeus. Esse grave delito produziu consequências dolorosíssimas, determinando em Judas, arrependido, tamanho remorso, que o arrastou ao suicídio. Sua razão, então confusa e atrabiliária, conturbada e aflita, entendeu de punir aquele crime com a pena de morte, aplicando-a em si mesmo.


No paroxismo da mais veemente contrição, Judas se fez juiz em causa própria, reconhecendo a gravidade de sua culpa e contra ela lavrando e executando a pena máxima. De um transe tão penoso e amargurado resultou, como é natural, o aniquilamento do homem velho, com suas paixões inconfessáveis, ressurgindo uma criatura nova, purificada no cadinho da dor, redimida pelo batismo de fogo e reintegrada no desempenho da missão para a qual fora escolhida pelo próprio Cristo de Deus. De um grande mal resultou um grande bem.


E assim se justificam estas sábias palavras do inigualável Pedagogo, do incomparável Sociólogo e Psicólogo — Jesus de Nazaré: É necessário que haja escândalos, mais ai daqueles por quem o escândalo vem!


É conveniente deixarmos bem assinalados estes esclarecimentos: pois não estamos fazendo apologia, mas estudo dos escândalos e suas consequências. O escândalo é um mal, porém um mal necessário, como as cadeias, os presídios, o divórcio, etc., dadas as condições dos Espíritos que se encarnam neste planeta de provas e expiação. Assim pensando, disse o poeta espírita, Alarico Cunha: Que importa a intemperança, a orgia, a bebedeira, Se for para solver a taça derradeira!


Quem realiza o Amor, embora seja rude, Reconhece no Vício a sombra da virtude.


Que importa a luta armada, a monstruosa guerra, Se for para trazer a Paz à Terra!


Que importa a inclinação que temos para errar, Se o erro nos ensina a regra de acertar!


Se Paulo não persegue o exército cristão, Talvez não lhe sorrisse a Santa Conversão: Tão sublime, tão grande e cheia de heroísmo, Que o seu nome fundiu-se ao do Cristianismo. E eis porque Jesus, por muito nos amar. Vedou-nos o direito e o voto de julgar.


Prosseguindo na dissecação do texto evangélico, meditemos ainda sobre a seguinte alegoria que faz parte dele: "Se a tua mão, ou o teu pé, te serve de escândalo, corta-o e lança-o fora de ti; pois é preferível entrar na vida manco ou aleijado do que, tendo dois pés e duas mãos, ser lançado no fogo. Se o teu olho te serve de escândalo, arranca-o e lança-o fora de ti, porque é melhor possuir a vida com um só olho, do que tendo dois, ser lançado na Geena".


A figura acima nos ensina que devemos empregar todos os meios ao nosso alcance, mesmo aqueles mais rígidos e penosos, a fim de não nos tornarmos motivos ou instrumentos de escândalo. É possível, por certo, evitar o escândalo. O sábio Educador não prescreve aos seus educandos doutrinas e preceitos inexequíveis. Para fugirmos do escândalo, é bastante alcançarmos a condição expressa no velho aforismo socrático: Conhece-te a ti mesmo.


O indivíduo que se estuda e se analisa, procurando sondar os arcanos profundos do seu ser, fica conhecendo as tendências e as inclinações viciosas que lhe são próprias. De posse desse importante dado, o homem, vigiando e orando, como recomenda o Condutor por excelência da Humanidade, pode perfeitamente afastar de si as possibilidades de provocar escândalo. É de grande sabedoria o prolóquio que diz: É melhor prevenir que remediar.


O já citado Paulo, escrevendo aos núcleos de crentes, assim os aconselhava: Examine-se, pois, cada um a si mesmo. Se nós nos examinássemos a nós próprios, por certo não seríamos condenados. (l.a Coríntios, XI - 28 e 31). Quem se conhece, porque analisa e controla o seu interior, percebe e sente em si mesmo as fraquezas da carne, os impulsos das paixões e os arrastamentos da animalidade ainda não dominada pelas forças do Espírito. É nessa íntima confissão de inferioridade, inerente ao nosso estado evolutivo atual, que se assentam a segurança e a consolidação do bom terreno já conquistado, e de futuros surtos de progresso a conquistar.


Naturalmente, meditando nesta contingência, extensiva a todos os homens, é que o inspirado converso de Damasco se exprime desta maneira: Quando me sinto fraco, aí sou forte. A minha fortaleza se aperfeiçoa na fraqueza. Quando esse gigante da fé confessa peremptoriamente a precariedade de sua humana condição, que diremos nós, míseros calcetas, cumprindo, na penitenciária da carne, a nossa expiação? O citado apóstolo das gentes foi ainda mais longe na exposição sincera do seu estado de alma, dizendo: Que infeliz homem que eu sou: aquilo que quero não faço: aquilo que não quero, isso faço!


É com humildade de Espírito que havemos de vencer as nossas imperfeições, as nossas misérias morais, palmilhando, sem vacilações, com passo firme, a senda infinita da evolução em obediência ao profundo imperativo de Jesus: Sede perfeitos como vosso pai celestial é perfeito. Aquele célebre — vigiai e orai — de que Ele nos fala, encerra um conselho que só poderia ser dado por quem nos conhece em nossas mais íntimas particularidades e nas minúcias mais secretas do nosso coração. Quem vigia desconfia; e quem ora confia. Confiar em Deus, na sua justiça entrosada em sua misericórdia, e desconfiar de nós mesmos, do nosso pseudo valor, do nosso presumido saber e poderio — tal o programa evangélico, tal o critério preconizado pelo Espiritismo.


Não é fácil a vitória, sabemos disso. O que muito vale muito há de custar. A nossa redenção encerra o supremo Bem; portanto custará o supremo esforço. Por isso aconselha o Mestre e Senhor que eliminemos as mãos e os pés, se estes forem causa de escândalo. Que arranquemos os olhos de suas órbitas, se se tornarem motivo de tropeço.


A posse da vida eterna, dessa vida isenta das contingências que se verificam com o nascimento e a morte, compensa todos só esforços, justifica todos os sacrifícios. Tal aquisição importa na vitória do último inimigo a vencer, que é a morte, integrando-nos na imortalidade, em sua acepção positiva e concreta. O doente permite que se lhe ampute a mão, o pé, a perna ou o braço, desde que dessa intervenção cirúrgica resulte a conservação da sua vida corpórea. Consente e se sujeita à ablação de órgãos internos, uma vez que tal medida extrema possa advir probabilidade de cura dos males físicos de que seja acometido. Assim, pois, cumpre também que, no plano espiritual, se empregue o mesmo processo, a fim de evitar as quedas desastrosas das quais o homem venha a ser vítima.


Corta-se virtualmente a mão, deixando de apoderar-se do alheio, deixando de lesar o próximo e afastando as oportunidades de o fazer, desde que percebamos em nós as fascinações ou os pendores que nos poderiam arrastar à prática de atos desonestos; deixando, outrossim, de empregar as mãos para magoai ou agredir o nosso próximo, empunhando armas fratricidas.


O dia em que os homens cortarem as mãos, neste sentido, não haverá mais guerras cruentas e devastadoras, como essa que ora ensanguenta o Velho Mundo. Aliás, as conflagrações deflagradas entre os povos são, a seu turno, explosão monstro de escândalo cujos fatores, acumulados no seio das nações, irrompem, em dado momento, semelhantemente aos vulcões, quando entram em atividade. As lavas da ambição e da cobiça, e mais o fumo negro de ódios recalcados começam então a ser vomitados pela cratera do canhão e pelo bojo dos aviões, que do alto semeiam a morte e a ruína sobre a terra. Amputa-se o pé ou mesmo a perna, não frequentando os meios corruptos, as sociedades dissolutas, as casas de tolerância, os lupanares, ou mesmo as reuniões cujas finalidades seja equívocas e indefensáveis.


Arrancam-se os olhos, evitando as leituras licenciosas, as literaturas enervantes, eivadas de descrições indecorosas; arrancam-se os olhos, não assistindo aos espetáculos e filmes onde se desenrolam cenas impudicas, indecentes e livres, arrancam-se, enfim, os olhos, deixando de utilizá-los na concupiscência, na cobiça da mulher e dos bens de outrem e na maliciosa interpretação de tudo que cai sob o seu domínio. Nesta mesma ordem de considerações, podemos acrescentar, mantendo-se dentro do pensamento do Divino Mestre, mais o seguinte: Se os teus ouvidos te servem de escândalo, rompe, desde logo, os seus tímpanos, pois é melhor ser surdo que ouvir blasfêmias, heresias, contos imorais e pilhérias obscenas, visto como as más conversações corrompem os bons costumes.


Se a tua língua te serve de escândalo, arranca-a e atira para longe de ti, pois é preferível ser mudo, a usar a palavra para caluniar ou denegrir a reputação alheia, para ofender o próximo, para espalhar a mentira e os boatos difamatórios; para ilaquear a boa fé dos simples e dos pequeninos; para iludir, fascinar e confundir a mente do povo, visando a objetivos dolosos; finalmente, para adulterar os próprios pensamentos, dizendo o que não sente, simulando e dissimulando, fingindo e disfarçando os mesmos sentimentos do seu coração, agindo, portanto, em completo desacordo com a seguinte regra áurea, preconizada por Aquele que é a imagem viva da Verdade: Seja o teu falar — sim, sim, não, não, pois tudo o que passa disto tem procedência maligna.


São assim os ensinamentos do incomparável Mestre e único condutor de homens digno de confiança: claros, concisos, isentos de subterfúgios e ambiguidades — fundados todos eles no pleno conhecimento das nossas necessidades. Os fatos se incumbem de dar testemunho, dentro de cada um de nós, da veracidade incontestável da palavra autorizada e sempre oportuna do Verbo Divino.


Não precisamos de intermediários ou intérpretes para essa palavra. A todos Deus concede as faculdades e os meios de perceber e sentir as verdades eternas reveladas do céu. Basta que o homem tenha boa vontade, seja sincero e deseje recebê-las, para que a fonte da água viva, derrame a cristalina linfa, inundando o seu coração, convertendo-o, por sua vez, em manancial, fluindo para a vida imortal, nos paramos celestes.


A lição do escândalo e seus instrumentos, que estudamos, é de grande alcance e importância. Consideremos, para finalizar, um dos seus aspectos mais eloquentes e de impressionante gravidade, ao qual ora nos vamos reportar e cuja evidência temos diante dos olhos, no meio em que vivemos.


Se nós não atendermos à sábia advertência de Jesus, mutilando-nos figuradamente, como Ele aconselha, essas mutilações podem se concretizar um dia, desde que assim determine a justiça imanente na exigência do resgate de culpas e crimes que tenhamos cometido. E assim se explicam os dolorosos casos de anomalia e de aleijões, infelizmente mais ou menos comuns neste mundo.


A cegueira de nascimento, a surdez e a mudez congênitas, a falta de membros inferiores ou superiores, e outras tantas deformidades com que nascem muitas crianças; a imbecilidade e a idiotia que acompanham certos rebentos do berço ao túmulo, que representam se não defeitos ou manifestações exteriores de causas íntimas, isto é, de delitos anteriormente praticados, cuja remissão é solicitada pelos próprios culpados?


A ciência explica essas anomalias como produto de hereditariedade, provenientes da lues, do alcoolismo, etc. Tem razão a Patologia médica em sua parte denominada Teratologia, naquela explicação. Todavia, a ciência se limita à matéria, às deformidades físicas. Quanto, porém, aos motivos por que determinados Espíritos se encarnam em corpos doentes, ela não cogita. A ciência não entra em tal indagação. A nós, porém, como deístas e espíritas, cumpre indagar a perquirir a questão através do prisma religioso do Espiritismo, visto como esta doutrina conjuga a ciência com a religião, aliando a razão à fé.


Deus, em sua justiça, não podia consentir que uma alma sã, isenta de culpas, viesse habitar um corpo enfermo ou deformado. Não concebemos a Divindade divorciada dos seus atributos de justiça e de misericórdia. Portanto, concluímos lógica e racionalmente, que os Espíritos encarnados em matéria impura e virulenta são aqueles que vêm expiar culpas outrora cometidas, pois que um só fio de cabelo não cai das nossas cabeças, se não pela vontade de Deus, conforme ensina o Mestre por excelência, cuja doutrina e cujos preceitos a Terceira Revelação vai revivendo em verdade, e em espírito. Esta particularidade, aliás, é confirmada pela comunicação das almas sofredoras que, arrependidas, reconhecem e confessam o seu passado culposo, respondendo pelos padecimentos da última encarnação que tiveram na terra.


Vinícius


terça-feira, 16 de fevereiro de 2021

CONHECENDO O LIVRO: O CÉU E O INFERNOS - CAP.VII-ESPÍRITOS ENDURECIDOS: UM ESPÍRITO ABORRECIDO------"A maioria dos Espíritos dessa categoria busca uma existência terrestre apenas como distração, e para romper a insuportável monotonia de sua existência espiritual; assim eles chegam aí muitas vezes sem resoluções tomadas para o bem, é por isso que devem recomeçar até que, enfim, o progresso real se faça sentir neles. ""

 

(Bordeaux, 1862.)

 

Este Espírito apresenta-se espontaneamente ao médium, e reclama preces.

 

1. O que vos leva a pedir preces?
– R. Estou cansado de vagar sem objetivo. 

P. – Há muito tempo que estais nessa posição? 

– R. Cento e oitenta anos aproximadamente. 

– O que fizestes na terra? 

– R. Nada de bom.

2. Qual é vossa posição entre os Espíritos? 

– R. Estou entre os entediados. 

P. – Isso não forma uma categoria. 

– R. Tudo forma categoria entre nós. Cada sensação encontra ou seus semelhantes, ou seus simpatizantes que se reúnem.

3. Por que, se não estáveis condenado ao sofrimento, permanecestes tanto tempo sem vos aperfeiçoardes? 

– R. Estava condenado ao tédio, é um sofrimento entre nós; tudo o que não é alegria é dor. 

P. – Fostes, portanto, forçado a permanecer errante contra vossa vontade? 

– R. São causas demasiado sutis para vossa inteligência material. 

P. – Tentai fazer-me compreendê-las; será um começo de utilidade para vós. 

– R. Eu não poderia, porque não tem termo de comparação. Uma vida extinta na terra deixa ao Espírito que não a aproveitou, o que o fogo deixa ao papel que consumiu: faíscas, que lembram às cinzas ainda unidas entre si o que foram e a causa do seu nascimento, ou se quiseres, da destruição do papel. Essas faíscas são a lembrança dos laços terrestres que percorrem o Espírito até que ele tenha dispersado as cinzas de seu corpo. Somente então ele se reencontra, essência etérea, e deseja o progresso.

4. Quem pode vos ocasionar o tédio de que vos queixais? 

– R. Consequência da existência. O tédio é o filho da ociosidade; eu não soube empregar os longos anos que passei na terra, sua consequência se faz sentir em nosso mundo.

5. Os Espíritos que, como vós, vagam atormentados pelo tédio, não podem fazer cessar esse estado quando querem? 

– R. Não, eles nem sempre podem, porque o tédio lhes paralisa a vontade. Eles sofrem as consequências de sua existência; foram inúteis, não tiveram nenhuma iniciativa, não encontram nenhuma ajuda entre si. Ficam abandonados a si mesmos até que a lassidão desse estado neutro os faça desejar mudar; então, à menor vontade que desperta neles, eles encontram apoio e bons conselhos para auxiliar seus esforços e perseverar.

6. Podeis dizer-me alguma coisa sobre a vossa vida terrestre? 

– R. Ah, bem pouca coisa, deves compreendê-lo. O tédio, a inutilidade, a ociosidade provêm da preguiça; a preguiça é mãe da ignorância.

7. Vossas existências anteriores não vos fizeram avançar? 

– R. Sim, todas, mas muito fracamente, pois todas foram o reflexo umas das outras. Sempre há progresso, mas tão pouco sensível, que é inapreciável para nós.

8. Aguardando que recomeceis uma outra existência, quereis vir mais frequentemente perto de mim? 

– R. Chama-me para me coagires a isso; prestar-me-ás um favor.

9. Podeis dizer-me por que vossa letra muda frequentemente? 

– R. Porque perguntas muito; isso me cansa, e preciso de ajuda.

 

O guia do médium

É o trabalho da inteligência que o cansa e que nos obriga a lhe prestar ajuda para que ele possa responder às tuas perguntas. É um desocupado do mundo dos Espíritos como o foi do mundo terrestre. Trouxemo-lo para tentar tirá-lo da apatia desse tédio que é um verdadeiro sofrimento, mais penoso às vezes do que os sofrimentos agudos, pois ela pode prolongar-se indefinidamente. Consegues imaginar a tortura da perspectiva de um tédio sem fim? A maioria dos Espíritos dessa categoria busca uma existência terrestre apenas como distração, e para romper a insuportável monotonia de sua existência espiritual; assim eles chegam aí muitas vezes sem resoluções tomadas para o bem, é por isso que devem recomeçar até que, enfim, o progresso real se faça sentir neles.

fonte: Livro O Céu e o Inferno - Allan kardec.
Segunda Parte- Cap. VII - Espíritos Endurecidos 

 

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2021

MEDO ---- [...]" Quanto mais pensarmos e voltarmos nossa atenção para as calamidades e desastres, mais teremos a impressão de que o mundo está limitado à nossa pessoal maneira catastrófica de vê-lo e senti-lo."



"O resultado do medo em nossas vidas será a perda do nosso poder de pensar e agir com espontaneidade".


Ao lançarmos mão de uma lanterna em uma noite escura e focalizarmos determinado lugar, vamos torná-lo evidente. Quando destacamos algo, convergimos todas as nossas percepções mais íntimas para o motivo de nossa atenção e, ao examiná-lo, estaremos estabelecendo profundas ligações mentais através de nosso olhar ligado a esse lugar específico.

Focalizar com a lanterna de nossas atenções os lugares, as pessoas, os fatos, os eventos e as coisas em geral significa que estaremos enfatizando, para nós mesmos, o que queremos que a vida nos mostre e nos forneça.

"O Espírito unicamente vê e ouve o que quer. Dizemos isto de um ponto de vista geral e, em partícular, com referência aos Espíritos elevados (...)"
A percepção é um atributo do espírito.

Quanto maior o estado de consciência do indivíduo, maior será sua capacidade de perceber a vida, que não se limita apenas aos fragmentos da realidade, mas sim à realidade plena .

Colocar nossa atenção nas coisas da vida é fator importante para o nosso desenvolvimento mental, emocional e espiritual, todavia, é necessário saber direcionar convenientemente nossa percepção e atenção no momento exato e para o lugar certo.

Quanto mais pensarmos e voltarmos nossa atenção para as calamidades e desastres, mais teremos a impressão de que o mundo está limitado à nossa pessoal maneira catastrófica de vê-lo e senti-lo.

Nas oportunidades de crescimento que nos oferecem nossas experiências, temos a possibilidade de validar e potencializar determinadas crenças e conceitos que poderão nos desestruturar psiquicamente, levando-nos a uma verdadeira hipnose mental. A partir disso, esquecemo-nos de visualizar o restante do mundo que nos cerca. Passamos a viver simplesmente voltados para a opinião que adotamos como "única verdade", assustados e amedrontados entre constantes atmosferas de receio e apreensão.

Em muitas ocasiões, ficamos parados à margem do caminho, focalizando nossos conflitos, dificuldades e problemas, deixando a vida girar em torno deles. 

Colocamos nossos dilemas como peças centrais e, quando essas forças conflitantes começam a nos ameaçar, sentimo-nos apavorados.

O resultado do medo em nossas vidas será a perda do nosso poder de pensar e agir com espontaneidade, pois quem decidirá como e quando devemos atuar será a atmosfera do temor que nos envolve.

Ancorados pelo receio e pela desconfiança, criamos resistências, obstáculos e tropeços que nos impedem de avançar. Passamos, então, a não viver novas experiências, não receber novos pensamentos e não fazer novas amizades, estacionando e dificultando nossa caminhada e progresso íntimo.

As sensações do medo sobrecarregam as energias dos "chakras" do plexo solar e do cardíaco, provocando, quase sempre, uma impressão de vácuo no estômago e um descontrole nas batidas do coração. Contudo, não seríamos afetados por nenhum acontecimento de maneira tão desgastante, se estivéssemos centrados em nós mesmos.

Nosso centro não é nossa mente, nem nossos sentimentos ou emoções, mas é, em verdade, nossa alma - a essência divina por meio da qual testemunhamos tudo o que ocorre dentro e fora de nós.

Cada um vê o universo das coisas pelo que é. Vemos o mundo e as criaturas segundo o nível de desenvolvimento da consciência em que vivemos. Quanto maior esse nível, mais estaremos centrados e vivendo estáveis e tranqüilos. Quanto menor, mais teremos um juízo primário de tudo e uma estreita visão dos fatos e das pessoas.

Aprendendo a focalizar e a desfocalizar nossas crises, traumas, medos, perdas e dificuldades, bem como os acontecimentos desastrosos do cotidiano - dando-lhes a devida importância e regulando o tempo necessário, a fim de analisá-los proveitosamente -, teremos metas sempre adequadas e seguras que favorecerão nosso progresso espiritual. Não devemos jamais subestimá-los ou ignorá-los.

Lembremo-nos de que "a beleza não está somente nas flores do jardim, mas, antes de tudo, nos olhos de quem as admira'.

Hammed