Caros amigos leitores , gostaríamos, na medida do possível ,contar com a interação de todos ,através de comentários , tornando se seguidores deste blog divulgando para seus conhecidos ,para que assim possamos estudar e aprendermos juntos , solidários e fraternos. Inscrevam-se no blog!

domingo, 16 de julho de 2017

Ponderações sobre resgate coletivo ( acidente áereo) [...]O socorro no avião sinistrado é distribuído indistintamente, contudo, não podemos esquecer que se o desastre é o mesmo para todos os que tombaram, a morte é diferente para cada um. No momento serão retirados da carne tão somente aqueles cuja vida interior lhes outorga a imediata liberação.[...]Quanto mais chafurdamos o ser nas correntes de baixas ilusões, mais tempo gastamos para esgotar as energias vitais que nos aprisionam à matéria pesada e primitiva de que se nos constitui a instrumentação fisiológica, demorando-nos nas criações mentais inferiores a que nos ajustamos[...]as entidades que necessitam de tais lutas expiatórias são encaminhadas aos corações que se acumpliciaram com elas em delitos lamentáveis, no pretérito distante ou recente ou, ainda, aos pais que faliram junto dos filhos, em outras épocas, a fim de que aprendam na, saudade cruel e na angústia inominável o respeito e o devotamento, a honorabilidade e o carinho que todos devemos na Terra ao instituto da família. A dor coletiva é o remédio que nos corrige as falhas mútuas.

Resgates coletivos




[...]Apelo urgente da Terra pedia auxílio para as vítimas de um desastre aviatório.
Sem alongar-se em minúcias, informou que a solicitação se repetiria, dentro de alguns instantes, e conviria, esperar a fim de examinarmos o assunto com a eficiência precisa.
Com efeito, mal terminara o apontamento e sinais algo semelhantes aos do telégrafo de Morse se fizeram notados em curioso aparelho. Druso ligou tomada, próxima e vimos um pequeno televisor em ação, sob vigorosa lente, projetando imagens movimentadas em tela próxima, cuidadosamente encaixada na parede, a pequena distância.
Qual se acompanhássemos curta notícia em cinema sonoro, contemplamos, surpreendidos, a paisagem terrestre.
Sob a crista de serra alcantilada e selvagem, destroços de grande aeronave guardavam consigo as vítimas do acidente. Adivinhava-se que o piloto, certamente enganado pelo traiçoeiro oceano de espessa bruma, não pudera evitar o choque com os picos graníticos que se salientavam na montanha, silenciosos e implacáveis, à maneira de medonhos torreões de fortaleza agressiva.
Em pleno quadro inquietante, um ancião desencarnado, de semblante nobre e digno, formulava requerimento comovedor, rogando à Mansão a remessa de equipe adestrada para a remoção de seis das catorze entidades desencarnadas no doloroso sinistro.
[...]A cena aflitiva parecia desenrolar-se ali mesmo.
Oito dos desencarnados no acidente jaziam em posição de choque, algemados aos corpos, mutilados ou não; quatro gemiam, jungidos aos próprios restos, e dois deles, não obstante ainda enfaixados às formas rígidas, gritavam desesperados em crises de inconsciência.
Contudo, amigos espirituais, abnegados e valorosos, velavam ali, calmos e atentos.[...]
Em poucos instantes, diversos operários da casa puseram-se em marcha, na direção do local minuciosamente descrito.[...]
Foi então que Hilário e eu indagamos se não nos seria possível a participação na obra assistencial que se processava, no que Druso, paternalmente, não concordou, explicando que o trabalho era de natureza especialíssima, requisitando colaboradores rigorosamente treinados.
Cientes de que o generoso mentor poderia dispensar-nos mais tempo, aproveitamos o ensejo para versar a questão das provas coletivas.
Hilário abriu campo livre ao debate, perguntando, respeitoso, por que motivo era rogado o auxílio para a remoção de seis dos desencarnados, quando as vítimas eram catorze.
Druso, no entanto, replicou em tom sereno e firme:
— ue tomO socorro no avião sinistrado é distribuído indistintamente, contudo, não podemos esquecer que se o desastre é o mesmo para todos os qbaram, a morte é diferente para cada um. No momento serão retirados da carne tão somente aqueles cuja vida interior lhes outorga a imediata liberação. Quanto aos outros, cuja situação presente não lhes favorece o afastamento rápido da armadura física, permanecerão ligados, por mais tempo, aos despojos que lhes dizem respeito.
— Quantos dias? — clamou meu colega, incapaz de conter a emoção de que se via possuído.
— Depende do grau de animalização dos fluidos que lhes retêm o Espírito à atividade corpórea — respondeu-nos o mentor. — Alguns serão detidos por algumas horas, outros, talvez, por longos dias… Quem sabe? Corpo inerte nem sempre significa libertação da alma. O gênero de vida que alimentamos no estágio físico dita as verdadeiras condições de nossa morte. Quanto mais chafurdamos o ser nas correntes de baixas ilusões, mais tempo gastamos para esgotar as energias vitais que nos aprisionam à matéria pesada e primitiva de que se nos constitui a instrumentação fisiológica, demorando-nos nas criações mentais inferiores a que nos ajustamos, nelas encontrando combustível para dilatados enganos nas sombras do campo carnal propriamente considerado. E quanto mais nos submetamos às disciplinas do espírito, que nos aconselham equilíbrio e sublimação, mais amplas facilidades conquistaremos para a exoneração da carne em quaisquer emergências de que não possamos fugir por força dos débitos contraídos perante a Lei. Assim é que “morte física” não é o mesmo que “emancipação espiritual”.
[...]— Todavia — reparou Hilário —, não serão atraídos por criaturas desencarnadas, de inteligência perversa, já que não podem ser resguardados de imediato?
Druso estampou significativa expressão facial e ponderou:
— Sim, na hipótese de serem surdos ao bem, é possível se rendam às sugestões do mal, a fim de que, pelos tormentos do mal, se voltem para o bem. No assunto, entretanto, é preciso considerar que a tentação é sempre uma sombra a atormentar-nos a vida, de dentro para fora. A junção de nossas almas com os poderes infernais verifica-se em relação com o inferno que já trazemos dentro de nós.
[...]— Parece-me que não seríamos capazes de comentar um desastre de grandes proporções, no campo dos homens, sem lhes insuflar o vírus do medo, tanta vez portador do desânimo e da morte.
A palavra do orientador, serena e evangélica, reajustava-nos os impulsos menos edificantes.
Inegavelmente, a Terra jaz repleta de criaturas, tanto quanto nós, algemadas a escabrosos compromissos, carentes de ação contínua para o necessário reequilíbrio. Não seria justo atormentá-las com pensamentos de temor e flagelação, quando através do bem, sentido e praticado, podemos cada hora arredar de nossos horizontes as nuvens de sofrimentos prováveis.
Assinalando-nos a atitude inequívoca de compreensão e de obediência, como não podia deixar de ser, o chefe da instituição continuou em tom afável, depois de ligeira pausa:
— Imaginemos que fossem analisar as origens da provação a que se acolheram os acidentados de hoje… Surpreenderiam, decerto, delinquentes que, em outras épocas, atiraram irmãos indefesos do cimo de torres altíssimas, para que seus corpos se espatifassem no chão; companheiros que, em outro tempo, cometeram hediondos crimes sobre o dorso do mar, pondo a pique existências preciosas, ou suicidas que se despenharam de arrojados edifícios ou de picos agrestes, em supremo atestado de rebeldia, perante a Lei, os quais, por enquanto, somente encontraram recurso em tão angustioso episódio para transformarem a própria situação. Quantos milhares de irmãos encarnados possuímos nós, em cujas contas com os Tribunais Divinos figuram débitos desse jaez? Entretanto, não desconhecemos que nós, consciências endividadas, podemos melhorar nossos créditos, todos os dias. Quantos romeiros terrenos, em cujos mapas de viagem constam surpresas terríveis, são amparados devidamente para que a morte forçada não lhes assalte o corpo, em razão dos atos louváveis a que se afeiçoam!… Quantas intercessões da prece ardente conquistam moratórias oportunas para pessoas cujo passo já resvala no cairel do sepulcro?!… quantos deveres sacrificiais granjeiam, para a alma que os aceita de boamente, preciosas vantagens na Vida Superior, onde providências se improvisam para que se lhes amenizem os rigores da provação necessária?! Bem sabemos que, se uma onda sonora encontra outra, de tal modo que as “cristas; de uma ocorram nos mesmos pontos dos “vales” da outra, esse meio, em consequência aí não vibra, tendo-se como resultado o silêncio. Assim é que, gerando novas causas com o bem, praticado hoje, podemos interferir nas causas do mal, praticado ontem, neutralizando-as e reconquistando, com isso, o nosso equilíbrio. Desse modo, creio mais justo incentivarmos o serviço do bem, através de todos os recursos ao nosso alcance. A caridade e o estudo nobre, a fé e o bom ânimo, o otimismo e o trabalho, a arte e a meditação construtiva constituem temas renovadores, cujo mérito não será lícito esquecer, na reabilitação de nossas ideias e, consequentemente, de nossos destinos.

 Exemplo de processo de resgate coletivo

Entregara-se o chefe a mais longa pausa e, movido pelo propósito de aprender, indaguei de Druso se ele mesmo não teria acompanhado algum processo de resgate coletivo, em que os Espíritos interessados não teriam outro recurso senão a morte violenta, como remate aos dias do corpo denso, ao que o instrutor respondeu, presto:
— Guardo em minha experiência alguns casos expressivos que seria justo relacionar, no entanto, reportar-nos-emos simplesmente a um deles, pois nossas obrigações são inadiáveis.
Depois de momentos rápidos em que naturalmente apelava para a memória, comentou, benevolente:
— Há trinta anos, desfrutei o convívio de dois benfeitores, a cuja abnegação muito devo neste pouso de luz. Ascânio e Lucas, Assistentes respeitados na Esfera Superior, integravam-nos a equipe de mentores valorosos e amigos… Quando os conheci em pessoa, já haviam despendido vários lustros no amparo aos irmãos transviados e sofredores. Cultos e enobrecidos, eram companheiros infatigáveis em nossas melhores realizações. Acontece, porém, que depois de largos decênios de luta, nos prélios da fraternidade santificante, suspirando pelo ingresso nas Esferas mais elevadas, para que se lhes expandissem os ideais de santidade e beleza, não demonstravam a necessária condição específica para o voo anelado. Totalmente absortos no entusiasmo de ensinar o caminho do bem aos semelhantes, não cogitavam de qualquer mergulho no pretérito, por isso que, muitas vezes, quando nos fascinamos pelo esplendor dos cimos, nem sempre nos sobra disposição para qualquer vistoria aos nevoeiros do vale… Dessa forma, passaram a desejar ardentemente a ascensão, sentindo-se algo desencantados pela ausência de apoio das autoridades que lhes não reconheciam o mérito imprescindível. Dilatava-se o impasse, quando um deles solicitou o pronunciamento da Direção Geral a que nos achamos submissos. O requerimento encontrou curso normal até que, em determinada fase, ambos foram chamados a exame devido. A posição imprópria que lhes era característica foi carinhosamente analisada por técnicos do Plano Superior, que lhes reconduziram a memória a períodos mais recuados no tempo. Diversas fichas de observação foram extraídas do campo mnemônico, à maneira das radioscopias dos atuais serviços médicos no mundo e, através delas, importantes conclusões surgiram à tona… Em verdade, Ascânio e Lucas possuíam créditos extensos, adquiridos em quase cinco séculos sucessivos de aprendizado digno, somando as cinco existências últimas nos Círculos da carne e as estações de serviço espiritual, nas vizinhanças da arena física; no entanto, quando a gradativa auscultação lhes alcançou as atividades do século XV, algo surgiu que lhes impôs dolorosa meditação… Arrebatadas ao arquivo da memória e a doer-lhes profundamente no espírito, depois da operação magnética a que nos referimos, reapareceram nas fichas mencionadas as cenas de ominoso delito por ambos cometido, em 1429, logo após a libertação de Orleães, quando formavam no exército de Joana d’Arc… Famintos de influência junto aos irmãos de armas, não hesitaram em assassinar dois companheiros, precipitando-os do alto de uma fortaleza no território de Gâtinais, sobre fossos imundos, embriagando-se nas honrarias que lhes valeram, mais tarde, torturantes remorsos além do sepulcro. Chegados a esse ponto da inquietante investigação, pela respeitabilidade de que se revestiam foram inquiridos pelos poderes competentes se desejavam ou não prosseguir na, sondagem singular, ao que responderam negativamente, preferindo liquidar a dívida, antes de novas imersões nos depósitos da subconsciência. Desse modo, em vez de continuarem insistindo na elevação a níveis mais altos, suplicaram, ao revés, o retorno ao campo dos homens, no qual acabam de pagar o débito a que aludimos.
— Como? — indagou Hilário, intrigado.
— Já que podiam escolher o gênero de provação, em vista dos recursos morais amealhados no mundo íntimo — informou o orientador —, optaram por tarefas no campo da aeronáutica, a cuja evolução ofereceram as suas vidas. Há dois meses regressaram às nossas linhas de ação, depois de haverem sofrido a mesma queda mortal que infligiram aos companheiros de luta no século XV.
— E o nosso caro instrutor visitou-os nos preparativos da reencarnação agora terminada? — inquiri com respeito.
— Sim, por várias vezes os avistei, antes da partida. Associavam-se a grande comunidade de Espíritos amigos, em departamento específico de reencarnação, no qual centenas de entidades, com dívidas mais ou menos semelhantes às deles, também se preparavam para o retorno à carne, abraçando, assim, trabalho redentor em resgates coletivos.
— E todos podiam selecionar o gênero de luta em que saldariam as suas contas? — perguntei, ainda, com natural interesse.
— Nem todos — disse Druso, convicto. — Aqueles que possuíam grandes créditos morais, qual acontecia aos benfeitores a que me reporto, dispunham desse direito. Assim é que a muitos vi, habilitando-se para sofrer a morte violenta, em favor do progresso da aeronáutica e da engenharia, da navegação marítima e dos transportes terrestres, da ciência médica e da indústria em geral, verificando, no entanto, que a maioria, por força dos débitos contraídos e consoante os ditames da própria consciência, não alcançava semelhante prerrogativa, cabendo-lhe aceitar sem discutir amargas provas, na infância, na mocidade ou na velhice, através de acidentes diversos, desde a mutilação primária até a morte, de modo a redimir-se de faltas graves.
— E os pais? — inquiriu meu colega, alarmado. Em que situação surpreenderemos os pais dos que devem ser imolados ao progresso ou à justiça, na regeneração de si mesmos? a dor deles não será devidamente considerada pelos poderes que nos controlam a vida?
— Como não? — respondeu o orientador — as entidades que necessitam de tais lutas expiatórias são encaminhadas aos corações que se acumpliciaram com elas em delitos lamentáveis, no pretérito distante ou recente ou, ainda, aos pais que faliram junto dos filhos, em outras épocas, a fim de que aprendam na, saudade cruel e na angústia inominável o respeito e o devotamento, a honorabilidade e o carinho que todos devemos na Terra ao instituto da família. A dor coletiva é o remédio que nos corrige as falhas mútuas.
Estabelecera-se longa pausa.
A lição como que nos impelia a rápidos mergulhos no mundo de nós mesmos.
Hilário, contudo, insatisfeito como sempre, perguntou, irrequieto:
— Instrutor amigo, imaginemos que Ascânio e Lucas, após a vitória de que nos dá notícia, continuem anelando a subida aos Planos mais altos… Precisarão, para isso, de nova consulta ao passado?
— Caso não demonstrem a condição específica indispensável, serão novamente submetidos à justa auscultação para o exame e seleção de novos resgates que se façam precisos.
— Isso quer dizer que ninguém se eleva ao Céu sem quitação com a Terra?
O interlocutor sorriu e completou:
— Será mais lícito afirmar que ninguém se eleva a pleno Céu, sem plena quitação com a Terra, porquanto a ascensão gradativa pode verificar-se, não obstante invariavelmente condicionada aos nossos merecimentos nas conquistas já feitas. Os princípios de relatividade são perfeitamente cabíveis no assunto. Quanto mais Céu interior na alma, através da sublimação da vida, mais ampla incursão da alma nos Céus exteriores, até que se realize a suprema comunhão dela com Deus, Nosso Pai. Para isso, como reconhecemos, é indispensável atender à justiça, e a Justiça Divina está inelutavelmente ligada a nós, de vez que nenhuma felicidade ambiente será verdadeira felicidade em nós, sem a implícita aprovação de nossa consciência.
O ensinamento era profundo.
Cessamos a inquirição e, como serviço urgente requer-ia a presença de Druso, em outra parte, retiramo-nos em demanda do Templo da Mansão, com o objetivo de orar e pensar.

.André Luiz

Trechos retirados do Livro Ação e Reação cap. 18 Resgate Coletivo . André Luiz /Chico Xavier

Aprendendo com o Livro dos Espíritos questão 202

 
Comentário de Miramez
 
Em toda época de fechamento de ciclo, como a que se aproxima da Terra, aparecem grandes tribulações. É a concessão de Deus aos Espíritos, de várias qualidades morais, que descem à Terra, e muitos deles se melhoram no ambiente de esperança. Também no mundo espiritual a movimentação é muito grande nesse sentido. Os benfeitores já sabem o que vai acontecer e estão preparando lugar para a avalanche de Espíritos que irão desencarnar de uma vez, dentro de provações coletivas, preparando Espíritos para trabalharem no socorro espiritual. O trabalho é gigantesco, mas a casa é grande e Deus é sempre Pai amoroso. Nas proximidades do planeta, já se encontram milhares de pronto-socorros espirituais preparados. É nesse sentido que o amor cresce, e a fraternidade toma caráter amplo, na sua amplitude de ser a caridade em ação permanente.
  Fonte:http://www.olivrodosespiritoscomentado.com/fev4q202c.html

Aprendendo com o Livro dos Espíritos questão 201

 
Comentário de Miramez
 
=====================================================================
 Conversas familiares de além-túmulo - Sra. Ida Pfeiffer, célebre viajante
(SOCIEDADE, 7 DE SETEMBRO DE 1859)

O relato seguinte foi extraído da Segunda Viagem ao Redor do Mundo, da Sra. Ida Pfeiffer, pág. 345:
“Já que vou falar de coisas muito estranhas, é preciso mencionar um acontecimento enigmático, passado em Java, há alguns anos, e que causou tal sensação que chegou a chamar a atenção do governo.
“Na residência de Chéribon havia uma casinha, na qual, segundo dizia o povo, apareciam Espíritos. Ao cair da noite, chovia pedras no quarto, vindas de todas as direções e por todos os lados cuspiam siri[1]. Tanto as pedras quanto as cusparadas caiam junto às pessoas que estavam no aposento, mas nem as atingiam, nem as feriam. Parece que tudo isso era dirigido particularmente contra uma criança. Tanto se falou desse caso inexplicável que o governador holandês encarregou um oficial superior de sua confiança de examiná-lo.
O oficial determinou que se postassem em torno da casa homens sérios e fiéis, com ordem de vedar a entrada e a saída de quem quer que fosse. Examinou tudo, escrupulosamente e, tomando em seu colo a criança designada, sentou-se na sala fatal. Ao anoitecer começou, como de costume, a chuva de pedras e de siri. Tudo caía perto do oficial e do menino, sem atingi-los. Novamente examinaram cada recanto, cada buraco. Nada, porém, foi descoberto. O oficial não podia compreender. Mandou juntar as pedras, marcá-las e escondê-las num recanto bem afastado. Foi tudo em vão. As mesmas pedras caíram novamente na sala, à mesma hora.
“Por fim, e para pôr termo a essa história inconcebível, o governador mandou demolir a casa”.
A pessoa que colheu este fato em 1853 era uma senhora realmente superior, menos por sua instrução e por seu talento do que pela incrível energia de seu caráter. Além dessa ardente curiosidade e dessa coragem indômita, que a tornaram a mais admirável viajante que jamais existiu, a Sra. Pfeiffer nada tinha de excêntrico. Era uma senhora de uma piedade suave e esclarecida e que provou muitas vezes estar longe de ser supersticiosa. Tinha como lei só contar aquilo que ela mesma tivesse visto, ou captado em fonte insupeita. (Veja-se a Revue de Paris, de 1º de setembro de 1856 e o Dictionnaire des Contemporains, de Vapereau).

1. ─ Evocação da Sra. Pfeiffer.
─ Aqui estou.
2. ─ Estais surpresa pelo nosso chamado e por vos encontrardes entre nós?
─ Estou surpresa com a rapidez da minha viagem.
3. ─ Como fostes prevenida de que desejávamos falar-vos?
─ Fui trazida aqui sem o perceber.
4. ─ Entretanto deveríeis ter recebido um aviso qualquer.
─ Um arrastamento irresistível.
5. ─ Onde estáveis quando do nosso chamado?
─ Junto a um Espírito que tenho a missão de guiar.
6. ─ Tivestes consciência dos lugares que atravessáveis para vir até aqui, ou aqui vos encontrastes subitamente, sem transição?
─ Subitamente.
7. ─ Sois feliz como Espírito?
─ Sim. Não se pode ser mais feliz.
8. ─ De onde vinha o vosso pronunciado gosto pelas viagens?
─ Eu havia sido marinheiro numa vida precedente. O gosto adquirido pelas viagens naquela existência refletiu-se nesta, a despeito do sexo que eu havia escolhido para me subtrair a isso.
9. ─ As viagens contribuíram para o vossa progresso como Espírito?
─ Sim, porque eu as fiz com espírito de observação, que me faltou na existência anterior, em que não me ocupei senão do comércio e das coisas materiais. Eis porque supunha que pudesse progredir mais numa vida sedentária. Mas Deus, tão bom e tão sábio em seus desígnios para nós impenetráveis, permitiu que eu utilizasse as minhas inclinações em favor do progresso que eu solicitava.
10. ─ Das nações que visitastes, qual a que vos pareceu mais adiantada e qual preferis? Não dissestes em vida que colocáveis certas tribos da Oceania acima das mais civilizadas nações?
─ Era uma ideia errada. Hoje prefiro a França, porque compreendo sua missão e prevejo o seu destino.
11. ─ Que destino prevedes para a França?
─ Não vos posso dizer o seu destino, mas sua missão é de semear o progresso e as luzes e, portanto, o Verdadeiro Espiritismo.
12. ─ Em que vos pareciam os selvagens da Oceania mais adiantados que os americanos?
─ Eu via neles, abstraídos os vícios do estado selvagem, qualidades sérias e sólidas que não encontrava em outros lugares.
13. ─ Confirmais o fato passado em Java e relatado numa de vossas obras?
─ Confirmo-o em parte. O caso das pedras marcadas e novamente atiradas merece uma explicação. Eram pedras semelhantes, mas não as mesmas.
14. ─ A que atribuís esse fenômeno?
─ Não sabia a que atribuí-lo. Eu me perguntava se o diabo existiria de fato, e respondia para mim mesma que não. Não passei disso.
15. ─ Agora que percebeis a causa, poderíeis dizer-nos de onde vinham essas pedras? Eram transportadas ou fabricadas especialmente pelos Espíritos?
─ Eram transportadas. Para eles era mais fácil trazê-las do que aglomerá-las[2].
16. ─ E de onde vinha aquele siri? Era feito por eles?
─ Sim. Era mais fácil e mesmo inevitável, pois que impossível lhes era encontrá-lo já preparado.
17. ─ Qual era o objetivo dessas manifestações?
─ Como agora, atrair a atenção e fazer constatar um fato do qual se tinha de falar e procurar a explicação.

OBSERVAÇÃO: Alguém observa que tal constatação não poderia conduzir a nenhum resultado sério entre aquela gente. Pode-se responder que há um resultado real, pois que, pelo relato e testemunho da Sra. Pfeiffer, o mesmo chegou ao conhecimento de povos civilizados, que o comentam e lhe tiram as conclusões. Aliás, os holandeses é que foram chamados a constatá-los.

18. ─ Haveria nesse caso um motivo especial, sobretudo quanto à criança atormentada por esses Espíritos?
─ A criança possui uma influência favorável, eis tudo, pois pessoalmente não sofreu sequer um arranhão.
19. ─ Desde que esses fenômenos eram produzidos por Espíritos, por que cessaram quando a casa foi demolida?
─ Cessaram porque foi julgado inútil continuar, mas não iríeis decerto perguntar se eles teriam podido continuar.
20. ─ Agradecemos a vossa vinda e a bondade de responder às nossas perguntas.
─ Estou inteiramente às vossas ordens.


[1] Preparação que os javaneses mascam continuamente e que dá à boca e à saliva a cor do sangue.
O nome de siris, do hindustani siris e do sânscrito sirisa, é dado a várias plantas do gênero Albizzia, especialmente à A. Iebbek e à A. Julibrissin. (Nota original, complementada pelo Tradutor).
[2] A expressão “aglomerá-las” equivale, no caso, a “fabricá-las”. O Espírito se refere ao processo de aglomeração dos elementos materiais do espaço para a produção de objetos materiais no fenômeno de materialização. (N. do R.)



Fonte: Revista Espírita 1859 -Dezembro 

Aprendendo com o Livro dos Espíritos questão 200


========================================================== 
Comentado por Miramez

 

Fonte:http://www.olivrodosespiritoscomentado.com/fev4q200c.html