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sexta-feira, 2 de agosto de 2013

A psicologia da oração

A psicologia da oração

Convencionou-se, ao longo do tempo, que a oração é um recurso emocional e psíquico para rogar e receber benefícios da Divindade, transformando-a em instrumento de ambição pessoal, realmente distante do seu alto significado psicológico.
A oração é um precioso recurso que faculta a aquisição da autoconsciência, da reflexão, do exame dos valores emocionais e espirituais que dizem respeito à criatura humana.
Tornando-se delicado campo de vibrações especiais, faculta a sintonia com as forças vivas do Universo, constitui veículo de excelente qualidade para a vinculação da criatura com o seu Criador.
Todos os seres transitam vibratoriamente em faixas especiais que correspondem ao seu nível evolutivo, ao estágio intelecto-moral em que se encontram, às suas aspirações e aos seus atos, nos quais se alimentam e constroem a existência.
A oração é o mecanismo sublime que permite a mudança de onda para campos mais sensíveis e elevados do Cosmo.
Orar é ascender na escala vibratória da sinfonia cósmica.
Em face desse mecanismo, torna-se indispensável que se compreenda o significado da prece, sua finalidade e a maneira mais eficaz pela qual se pode alcançar o objetivo desejado.
Inicialmente, orar é abrir-se ao amor, ampliar o círculo de pensamentos e de emoções, liberando-se dos hábitos e vícios, a fim de criar-se novos campos de harmonia interior, de forma que todo o ser beneficie-se das energias hauridas durante o momento especial.
A melhor maneira de alcançar esse parâmetro é racionalmente louvar a Divindade, considerando a grandeza da Criação, permitindo-se vibrar no seu conjunto, como seu filho, assimilando as incomparáveis concessões que constituem a existência.
Considerar-se membro da família universal, tendo em vista a magnanimidade do Pai e Sua inefável misericórdia, enseja àquele que ora o bem-estar que propicia a captação das energias saudáveis da vida.
Logo depois, ampliar o campo do raciocínio em torno dos próprios limites e necessidades imensas, predispondo-se a aceitar todas as ocorrências que dizem respeito ao seu processo evolutivo, mas rogando compaixão e ajuda, a fim de errar menos, acertar mais, e de maneira edificante, o passo com o bem.
Nesse clima emocional, evitar a queixa doentia, a morbidez dos conflitos e exterioridades ante a magnitude das bênçãos que são hauridas, apresentando-se desnudado das aparências e circunlóquios da personalidade convencional.
Não é necessário relacionar sofrimentos, nem explicitar anseios da mente e do coração, porque o Senhor conhece a todos os Seus filhos, que são autores dos próprios destinos e ocorrências, mediante o comportamento mantido nas multifárias experiências da evolução.
Por fim, iluminado pelo conhecimento da própria pequenez ante a grandeza do Amor, externar o sentimento de gratidão, a submissão jubilosa às leis que mantêm o arquipélago de astros e a infinitude de vidas.
*   *   *
Tudo ora no Cosmo, desde a sinfonia intérmina dos astros em sua órbita, mantendo a harmonia das galáxias, até os seres infinitesimais no mecanismo automático de reprodução, fazendo parte do conjunto e da ordem estabelecidos.
Em toda parte vibra a vida nos aspectos mais complexos e simples, variados e uniformes.
Sem qualquer esforço da consciência, circula o sangue por mais de 150 mil quilômetros de veias, vasos, artérias, em ritmo próprio para a manutenção do organismo humano tanto quanto de todos os animais.
Funções outras mantidas pelo sistema nervoso autônomo obedecem a equilibrado ritmo que as preserva em atividade harmônica.
As estações do tempo alternam-se facultando as variadas manifestações dos organismos vivos dentro de delicadas ondas de luz e de calor que lhes possibilitam a existência, a manifestação, o desabrochar, o adormecimento, a espera.
O ser humano, enriquecido pela faculdade de pensar e dotado do livre-arbítrio, que lhe propicia escolher, atado às heranças do primarismo da escala animal ancestral pela qual transitou, experiencia mais as sensações do imediato do que as emoções da beleza, da harmonia, da paz, da saúde integral,
Reconhece o valor incalculável do equilíbrio, no entanto, estigmatizado pela herança do prazer hedonista, entrega-se-lhe à exorbitância pela revolta nos transtornos de conduta, como forma de imposição grotesca.
Ao descobrir a oração, logo se permite exaltar falsas ou reais necessidades, desejando respostas imediatas, soluções mágicas para atendê-las, distantes do esforço pessoal de crescimento e de reabilitação.
É claro que aquele que assim procede não alcança as metas propostas, pois que elas ainda não podem apresentar-se por nele faltarem os requisitos básicos para o estabelecimento da harmonia interior.
A oração é campo no qual se expande a consciência e o Espírito eleva-se aos páramos da luz imarcescível do amor inefável.
Quem ora ilumina-se de dentro para fora, tornando-se uma onda de superior vibração em perfeita consonância com a ordem universal.
O egoísmo, os sentimentos perversos não encontram lugar na partitura da oração.
Torna-se necessário desfazer-se desses acordes perturbadores, para que haja sincronização do pensamento com as dúlcidas notas da musicalidade divina.
A psicologia da oração é o vasto campo dos sentimentos que se engrandecem ao compasso das aspirações dignificadoras, que dão sentido e significado à existência na Terra.
Inutilmente, gritará a alma em desespero, rogando soluções para os problemas que lhe compete equacionar, mesmo que atraindo os numes tutelares sempre compadecidos da pequenez humana.
Desde que não ocorre sintonia entre o orante e a Fonte exuberante de vida, as respostas, mesmo quando oferecidas, não são captadas pelo transtorno da mente exacerbada.
*   *   *
Quando desejares orar, acalma o coração e suas nascentes, assumindo uma atitude de humildade e de aceitação, a fim de que possas falar àquele que é o Pai de misericórdia, que sempre providencia todos os recursos necessários à aquisição humana da sua plenitude.
Convidado a ensinar aos seus discípulos a melhor maneira de expressar a oração, Jesus foi taxativo e gentil, propondo a exaltação ao Pai em primeiro lugar, logo após as rogativas e a gratidão, dizendo:
- Pai Nosso, que estais nos Céus...
Entrega-te, pois, a Deus, e nada te faltará, pelo menos tudo aquilo que seja importante à conquista da harmonia mediante a aquisição da saúde integral.
 
Joanna de Ângelis
Psicografia de Divaldo Pereira Franco, na manhã de 29 de
outubro de 2012, em Sydney, Austrália.

Em 24.5.2013.

Vazio existencial

Vazio existencial

A alucinação midiática, a serviço do mercantilismo de tudo, vem, a pouco e pouco, dessacralizando o ser humano, que perde o sentido existencial, tombando no vazio agônico de si mesmo.
Numa cultura eminentemente utilitarista e imediatista, o tempo-sem-tempo favorece a fuga da autoconsciência do indivíduo para o consumismo tão arbitrário quão perverso, no qual o culto da personalidade tem primazia, desde a utilizaçào dos recursos de implantes e programas de aperfeiçoamento das formas, com tratamentos especializados e de alto custo, até os sacrifícios cirúrgicos modificando a estrutura da organização somática.
O belo, ou aquilo que se convencionou denominar como beleza, é um dos novos deuses do atual Olimpo, ao lado das arbitrariedades morais e emocionais em decantado culto à liberdade, cada vez mais libertina.
A ausência dos sentimentos de nobreza, particularmente do amor, impulsiona o comércio da futilidade e do ilusório, realizando-se a criatura enganosamente nos objetos e utensílios de marca, que lhe facultam o exibicionismo e a provocação da inveja dos menos favorecidos, disputando-se no campeonato da insensatez.
Em dias de utopia, nos quais se vale pelo que se apresenta e não pelo que se é, o eto convencional, os ideais que dignificam e trabalham as forças normais cedem lugar aos prazeres ligeiros e frustrantes que logo abrem espaço a novas mentirosas necessidades.
O cárcere do relógio, impedindo que se vivencie cada experiência em sua plenitude e totalidade, sem saltar-se de uma para outra apressadamente, torna os seus prisioneiros cada vez mais ávidos de novidades, por se lhes apresentar o mundo assinalado pela sua fugacidade.
Exige-se que todos se encontrem em intérmino banquete de alegrias, fingindo conforto e bem-estar nas coisas e situações a que se entregam, distantes embora da realidade e dos significados existenciais.
A tristeza, a reflexão, o comedimento já não merecem respeito, sendo tidos como transtornos de conduta, numa exaltação fantasiosa e sem limite em relação aos júbilos destituídos de fundamentos.,
Certamente, não fazemos apologia desses estados naturais, mas eles constituem pausas necessárias para refazimento emocional nas extravagâncias do cotidiano.
Sempre quando são recalcados e não logram conscientização, inevitavelmente se transformam em problemas orgânicos pelo fenômeno da somatização.
Muito melhor é a vivência da tristeza legítima e necessária, em caráter temporário, do que a falsa alegria, a máscara da felicidade sem conteúdos válidos.
Nesse contubérnio infeliz, tudo é muito rápido e passa quase sem deixar vestígio da sua ocorrência.
O agora, em programação de longo alcance, elaborado ao amanhecer, logo mais, à tarde, transforma-se em passado distante, sem recordações ou como impositivo de esquecimento para novas formulações prazerosas.
Quando não se vivencia o presente em sua profundidade, perdem-se as experiências que ficaram arquivadas no passado. E todo aquele que não possui o passado nos arquivos da memória atual é destituído de futuro, por faltarem-lhe alicerces para a sua edificação.
Nessa volúpia hedonista, o egotismo governa as mentes e condutas, produzindo o isolamento na multidão e a solidão nos escaninhos da alma.
Todo prazer que representa alegria real impõe um alto preço pela falta de espontaneidade, pela comercialização dos seus valores e emoções.
* * *
Não seja de estranhar-se que a juventude desorientada, sempre arrebatada pela música de mensagem rebelde e agressiva, de conteúdo deprimente e aterrorizante, com a INTERNET exibindo as imagens de adolescentes suicidas em demonstração de coragem e desprezo pela vida, ignore as possibilidades de um futuro risonho, que lhe parece falacioso.
Os esportes que os gregos cultivavam, assim como outros povos, como meios de recreação, arte e beleza – exceção feita aos espetáculos grosseiros nos circos de Roma imperial – vemos alguns deles hoje transformados em campos de batalha, nos quais os seus grupos de aficionados armam-se para rudes refregas com os opositores e em que os atletas não têm outro vínculo com os seus clubes, senão o interesse pelos altos rendimentos, favorecem a brutalidade e a barbárie com a destruição de imóveis, veículos e vidas, quando um deles perde na disputa nem sempre honorável...
Aprendendo com os adultos a negar as qualidades do bem e da paz, na azáfama exclusiva do desfrutar, essa aturdida mocidade entrega-se à drogadição, em busca do êxtase que logo passa trazendo-a à realidade decepcionante. O desencanto, que se lhe instala, de imediato deve ser diminuído no tempo e no espaço, facultando-lhe buscar novos estimulantes ou entorpecentes para esquecer ou para gozar.
Nesse particular, a comercialização do sexo aviltado com os ingredientes do erotismo tecnicista, exaure os seus dependentes, consumindo-os.
É inevitável, nesta cultura pagà e perversa, a presença do vazio existencial nas criaturas humanas, suas grandes vítimas.
Apesar da ocorrência mórbida, bem mais fácil do que parece é a conquista dos objetivos da reencarnação.
Pessoa alguma encontra-se na indumentária carnal por impositivo do acaso ou por injunção de um destino cego e cruel.
Existe uma finalidade impostergável no renascimento do Espírito na organização carnal, que se constitui da oportunidade para o autoburilamento por colisões e atritos, qual ocorre com as gemas preciosas que necessitam da lapidação para libertar a luminosidade adormecida no seu interior.
Uma releitura atenta dos códigos de ética e de justiça de todos os tempos proporciona o reencontro com os reais valores que devem nortear a vida humana.
O tecido social ora esgarçado e tênue ante uma revisão sistêmica dos objetivos de elevação moral em favor da aquisição da alegria real, sem as máscaras da mistificação, adquiriria resistência para os enfrentamentos, abrindo espaço para a justiça social, para o auxílio recíproco.
Esse ser biopsicossocial é, antes de tudo, imortal, criado por Deus para viver em plena harmonia durante a viagem orgânica.
Indispensável, pois, se torna a elaboração de programas educacionais e labores que propiciem a autoconsciência.
As conquistas tecnológicas e midiáticas são neutras em si mesmas, considerando-se os inestimáveis benefícios oferecidos à sociedade terrestre, que saiu da treva e da ignorância para a luz e o conhecimento.
A ganância e os tormentos interiores de alguns dos seus executivos e multiplicadores de opinião respondem pela fabricação de líderes da alucinação, de exibidores da rebeldia, de fanáticos da agressividade e da promiscuidade.
Usadas de maneira adequada, encaminhariam com saudável conduta os milhões de vítimas que arrasta, especialmente na inexperiência da juventude rica de sonhos que se transformam em hórridos pesadelos.
O vazio existencial consome o ser e atira-o na depressão, empurrando-o para o suicídio.
Em uma cultura saudável, a alegria nào impede a tristeza, nem essa atormenta, por constituir-se um fenômeno psicológico natural do ser, profundo em si mesmo.
* * *
Se experimentas esse vazio interior, desmotivado para viver ou para laborar em favor do bem-estar pessoal, abre-te ao amor e deixa-te conduzir pelas suas desconhecidas emoções que te plenificarão com legítimas aspirações, oferecendo-te um alto significado psicológico e humano.
Reflexiona, pois, na correria louca para lugar nenhum e considera a vida a oportunidade de sorrir e produzir, descobrindo-te útil a ti mesmo e à comunidade.
Mas, se insistir essa estranha sensação, faze mais e melhor, esquecendo-te de ti mesmo, auxilia outrem a lograr aquilo por que anela, e descobrirás que, ao fazê-lo feliz, preenchido de paz, estarás ditoso também.
Página psicografada pelo médium Divaldo Pereira Franco, do Espírito Joanna de Ângelis, na reunião mediúnica de 29 de outubro de 2008, no Centro Espírita Caminho da Redenção, em Salvador, Bahia.
Em 26.02.2009.

Mães abnegadas, filhos ingratos

Mães abnegadas, filhos ingratos

Entre os graves comportamentos destrutivos que caracterizam a inferioridade humana, a ingratidão destaca- se, infeliz, sendo, porém, a dos filhos em relação aos pais, uma ulceração moral das mais perturbadoras.
A gratidão é o sentimento nobre que enriquece o Espírito de bênçãos, proporcionando-lhe saúde e bem-estar.
Exorna o caráter com os valiosos tesouros da fidelidade e da alegria de viver, facultando a visão otimista para uma existência de eloquente significado. A ingratidão é chaga moral que decompõe os sentimentos, trabalhando-os no processo degenerativo.
Pergunta-se: por que mães abnegadas, cujas existências são assinaladas pela ternura e devotamento, padecem a crueza de filhos ingratos que as crucificam nas traves invisíveis do martírio?
Essas carinhosas genitoras, mesmo sem o conhecimento consciente, identificam, nesses rebeldes rebentos da sua carne, seres que necessitam de amor, e, por mais sejam maltratadas, não diminuem, pelo contrário, aumentam a capacidade de resignação e de sacrifício para com eles.
São, esses filhos ingratos, aves que tiveram no passado as asas cortadas pela crueldade de parceiros infiéis, que os atiraram ao abismo do desespero e da loucura.
Algumas outras mães trazem inscritos na consciência os remorsos e as culpas defluentes de delitos cometidos contra eles em existências pregressas, de que não se reabilitaram, assinalando-os com mágoas e sentimentos doentios, de que hoje se utilizam para encontrarem uma paz mentirosa.
Certamente, a conduta odienta a que se entregam, em processo de vingança, não encontra justificativa em relação ao delito de que foram vítimas na anterior oportunidade, porque é da Lei divina o impositivo do perdão, e quando isso não seja possível, prevalece o dever de compreensão em referência à queda moral do seu próximo.
Elas, no entanto, durante a lucidez recuperada na Espiritualidade, conscientizando-se do clamoroso erro praticado, suplicam a Deus a oportunidade de recebê-los como filhos, sabendo que somente o poder do amor será suficiente para sanar-lhes as mágoas profundas e neles edificar os dons da amizade e do devotamento verdadeiros.
Santa Mônica, por exemplo, a cristã modelo, maltratada pelo filho ingrato, Agostinho de Hipona, suportou as suas diatribes e agressões, orando por ele e o amando sem cessar, por vinte e sete longos anos, até o momento em que aconteceu a conversão que o levou a Jesus.
O algoz acalmou-se e a mãe feliz retornou à pátria ditosa, legando o cristão invulgar encarregado de servir à Humanidade desde o recuado século IV.
À sua semelhança, incontáveis mães sofridas conseguiram erguer os filhos rebeldes dos abismos aos quais se atiraram até às elevadas esferas do amor e da alegria de viver.
Mães abnegadas! Tende coragem e mantende a fé na divina Justiça, perseverando, animosas, ao lado desses filhos ingratos. Eles estão enfermos e  preferem ignorá-lo.
Sois a luz na treva da desdita em que se debatem, recusando- -se à claridade libertadora.
Não vos aflijais em demasia, tendo em conta que eles são também filhos de Deus como vós próprias e não estão esquecidos...
Filhos! Refleti enquanto ao vosso lado se encontra o anjo maternal dando-vos amparo e carinho.
Se o desdenhais hoje e a vossa arrogância o pune injustamente, amanhã, quando ele houver partido da Terra, valorizá-lo-eis tardiamente no percurso solitário pelo deserto do arrependimento e da angústia.
Recomponde a paisagem mental e cuidai de aproveitar a santa oportunidade do convívio com o seu amor, a fim de vos encontrardes a vós próprios.
No jubiloso dia dedicado às mães, na Terra, embora todos os dias lhes pertençam, sede felizes, mulheres abnegadas, evocando e refugiando-vos na incomparável Mãe de Jesus, tornada sublime genitora de todas as criaturas!
 
 
Anália Franco
Psicografia de Divaldo Pereira Franco, na sessão
mediúnica da noite de 13 de março de 2013, no Centro Espírita
Caminho da Redenção, em Salvador, Bahia.
Em 27.5.2013.

Vida e Valores (Conflitos existenciais)

Vida e Valores (Conflitos existenciais)

Uma das coisas mais comuns no ser humano é a insatisfação. Esse espinho da insatisfação acompanha o homem, desde as mais longínquas idades e costuma gerar conflitos.
Mas, ao lado da insatisfação, existem dúvidas que geram insatisfações. Há ansiedades em função das insatisfações. Em verdade, percebemos na criatura humana, um número muito grande de conflitos.
Esses conflitos vazam da intimidade do ser e acabam contaminando as coisas feitas por esse ser.
Encontramos nas criaturas humanas, em cada um de nós, os mais variados tipos de conflitos, que costumam se manifestar nas intensidades mais diversas.
Encontramos aqueles que têm, por exemplo, conflitos relativamente ao seu biótipo.
Há pessoas que se acham feias e, porque se acham feias, passam a se punir, a se castigar ou a buscar uma série de supostas atenuantes para sua suposta feiura.
Por causa desse sentimento de feiura, elas têm autoestima baixa, porque a criatura que se julga feia, não tem coragem de sair, de se arrumar, de encontrar um namorado, uma namorada, de ir a festas porque estará sempre supondo que alguém não gosta da sua expressão.
Há aqueloutros que sofrem conflitos, que vivem conflitos, ainda por causa do biótipo, não propriamente por se acharem feios, mas por se acharem gordos, magros demais, baixos demais, altos demais.
Por mais incrível que isso possa parecer, os indivíduos se atormentam por quaisquer dessas situações.
Aqueles que são gordos demais ou que se acham gordos demais poderiam bem imaginar-se numa outra situação. Entre as classes melhor aquinhoadas, não se diz que alguém está gordo, se diz que alguém está forte e a simples palavra mudada de gordo para forte dá uma outra expressividade.
Aquelas criaturas que se acham gordas demasiadamente passam a usar preto, se vestem de preto, porque se diz nos mundos da moda, nos campos da moda, que preto emagrece.
Se isso fosse verdade não se venderiam outras cores no mundo. Em realidade, a cor escura diminui a visão do contorno, mas a criatura continua portando a mesma massa.
Desse modo por que se atormentar porque o corpo é maior do que o convencional?
Mas, qual é o convencional? Estabelecemos que o convencional é ser magro e aí temos os problemas das anorexias com as modelos, com os modelos. Encontramos tantos problemas porque as pessoas desejam ser magras e outras porque são magras.
Quem é magro se acaba de tomar substâncias, de comer alimentos, na tentativa de mudar o processamento glandular, celular e engordar.
E quem é gordo se acaba de fazer dietas da lua, do sol, da água, de Beverly Hills para perder massa.
Os conflitos são os mais variados. Mas há aqueles que têm conflitos porque são baixinhos e usam saltos tenebrosos. Saltos que lhes deformam a coluna vertebral, que lhes causam problemas gravíssimos de postura.
Aqueles que são altos ficam tão complexados que começam a se envergar. Na Inglaterra, uma familiar real mandou cortar parte dos ossos das pernas para baixar um pouco a sua estatura. Conflitos.
Contudo, esses conflitos estão ao nível do corpo, das coisas externas, daquilo que se vê, daquilo que se observa, mas há diversos outros conflitos que estouram no íntimo da alma, se manifestam nas atitudes das criaturas e que ninguém sabe como é que eles nascem, de onde é que eles vêm e o que é que provocarão.
*   *   *
Nesse território dos conflitos, encontramos conflitos de outras ordens. Imaginemos o que vem a ser o conflito sexual nas pessoas. Terrível.
É muito comum que os indivíduos se debatam e isso é uma característica da Humanidade em geral, entre as pressões da sua libido, as pressões da sua imaginação, das suas fantasias, as pressões do seu passado, das suas bagagens, do seu passado espiritual, da sua bagagem ético-moral. Há aqueles que vivem o conflito da definição quanto à sua orientação sexual. Sentem pressões internas para a homossexualidade, mas têm horror porque a sociedade castiga a homossexualidade.
Pretendem ficar no território da heterossexualidade, mas fazendo fantasias homossexuais, bissexuais, multissexuais. Porque tudo isso corresponde a etapas no desenvolvimento da criatura humana.
Não é feio ser hetero, ser homo, ser bi. A criatura se encaixa no seu momento evolutivo.
Não é bonito ser hetero, ser homo, ser bi. O importante é que dirijamos a própria mente para o que precisamos fazer na Terra.
A dignidade, a honestidade, o trabalho por nós mesmos, a ajuda às pessoas e vamos disciplinando da maneira como conseguimos, como nos é mais fácil a expressividade da sexualidade.
É muito comum imaginar-se que a sexualidade está na genitália, na expressão genital. A sexualidade é uma força que está na mente, na alma, no íntimo das criaturas.
Muita gente que se manifesta exteriormente segundo uma característica sexual, digamos, da heterossexualidade, na sua fantasia interna onde a verdade existe, ela vibra em outra sintonia, lida com outras realidades e isso lhe gera conflito.
Devo ficar no armário? Como se diz popularmente, devo sair do armário? Devo me apresentar na praça pública? Pintar-me, não pintar-me, vestir-me opostamente?
Nada disso é sexualidade. Tudo isso faz parte do exibicionismo das pessoas. Porque há mulheres que se vestem de homens, há homens que se vestem de mulheres. Tudo isso faz parte do seu gosto por se fantasiar.
A nossa roupa é uma fantasia, é uma maneira que se escolhe para se apresentar no mundo.
Eu quero me vestir de roxo, de preto, de amarelo. Eu quero com mangas compridas, com mangas curtas. Eu quero com dez botões, com quinze botões. São fantasias.
A realidade mais verdadeira é a que pulsa dentro do ser. Os conflitos sexuais vão desde os problemas meramente psicológicos, que um analista ajudaria resolver, aos homicídios, aos suicídios, à suposição de que está sendo violado, de que está sendo traído, de que está sendo enganado.
Há os conflitos de ordem religiosa: Eu devo ou  não devo ser religioso? O que é ser religioso? Adoto a religião A, a religião B ou a C? Curvo-me aos meus líderes religiosos, faço o que eles me mandam fazer e perco a minha liberdade de escolha? Será que eles de fato conversam com Deus?
Será que realmente eles são intermediários entre mim e Deus? Afinal de contas, devo repetir o que se diz na minha crença ou devo pensar por mim mesmo e ter a minha cabeça baseando-me na minha crença? Os conflitos.
Devo ser fanático? Aqueles que não creem como eu estão no inferno, estão perdidos? Mas os outros que creem diferente de mim alegam que eu também estou perdido. Em que patamar eu fico? Em que patamar me estabeleço?
É muito importante pensar nesses conflitos. De acordo com sua intensidade, eles precisam de um socorro, de uma ajuda. Às vezes, de uma ajuda profissional, de um psicólogo bem recomendado, bem estruturado, porque há vários muito desestruturados.
Precisamos do apoio de um médico, de um psiquiatra. O psiquiatra não é médico de loucos, é um médico que nos ajuda a não ficar loucos ou a tratar a insanidade que surja.
Muitas vezes, precisamos de um apoio do nosso líder religioso, uma conversa, um diálogo para que ele nos ajude a equilibrar as próprias tensões internas. No mundo, não há uma única pessoa que não viva conflitos, de quaisquer ordens.
Há aqueles conflitos que são do cotidiano: se como ou se não como, se vou ou se não vou. Mas há conflitos de ordem grave, que exigem uma resposta séria, uma busca por solução, seja em nível médico, em nível social, em nível psicológico mas, fundamentalmente, que seja uma resolução dentro de nós.

Transcrição do Programa Vida e Valores, de número 160, apresentado por Raul Teixeira, sob coordenação da Federação Espírita do Paraná. Programa gravado em julho de 2008. Exibido pela NET, Canal 20, Curitiba, no dia 22.11.2009.
Em 31.01.2010.

Vida e Valores (A televisão)

Vida e Valores (A televisão)

Na Universidade do Texas, em Austin, o notável doutor Daniel Buss, desenvolveu um estudo muito interessante a respeito da televisão e dos meios de comunicação de massa.
E nesses estudos, o professor Buss se deu conta de que a televisão tem o condão de modificar os critérios de status e de prestígio no mundo.
Consegue criar ídolos instantaneamente. Transformar pessoas insignificantes em heróis, da noite para o dia.
Ao mesmo tempo a televisão é capaz de derrubar líderes, ídolos com esse mesmo poder de interferir na mentalidade coletiva.
Ao mesmo tempo em que a televisão foi capaz, e vem sendo capaz de produzir essa fenomenologia social, psicossocial, também altera os padrões de vivência psicológica das criaturas. Passa a aumentar a autoestima baixa dos indivíduos porque, cada vez que a criatura vê na telinha um artista, um dos seus ídolos, de determinada maneira vestido, penteado, com o corpo mais ou menos emagrecido, esculturado, malhado, sarado, o telespectador vai se sentindo humilhado por aquele estado de coisas. Ele vai sentindo necessidade de se igualar, de se equiparar ao seu ídolo.
Por causa disso nós vemos que, se numa telenovela, por exemplo, um personagem aparecer vestido de determinada forma, o comércio impõe às massas usar aquela mesma vestimenta.
Determinada joia, corte de cabelo, penteado e lá está a população perfeitamente entrosada com seus ídolos. E a televisão então vai moldando os caracteres dos indivíduos, que nela encontram as suas referências, seu norte, seu prumo.
Por causa disso é que vale a pena cada vez que estejamos pensando, falando na questão televisiva, tomarmos cuidado com a influência que ela esteja desempenhando sobre nossas vidas. Exatamente porque os meios de comunicação visuais que nós conhecemos têm esse poder de mexer na criatura. O índice de insatisfações vai se ampliando.
Cada vez que eu vejo, na televisão, alguma coisa que eu ainda não sou, que eu ainda não tenho, que eu ainda não adquiri, advém-me um desejo muito grande de ter, de ser daquela forma, de fazer daquele modo.
Desde as nossas crianças. Vemo-las dançando como seus ídolos da telinha, jovens desejosos de cantar, de bailar, de fazer as mímicas, as interpretações, em consonância com os seus ídolos. Cada qual vai perdendo a referência de si mesmo e tomando para si a referência do outro.
Naturalmente que para a sociedade, para o desenvolvimento do indivíduo, isso é pernicioso porque nem todos os exemplos, nem todos os padrões que nos são apresentados pelos meios de comunicação visual, são salutares, são saudáveis.
Quantas vezes encontramos artistas falando verdadeiros impropérios contra a honra familiar, ao narrar seus casos pessoais, quase sempre indevidos. E vemos que há uma leva de criaturas que passa a copiá-los. Logo, há que se ter cuidado com esse poder influenciador da televisão.
Mas, quais são as pessoas que a TV consegue influenciar com essa força?
Não são os indivíduos bem educados emocional, moralmente, eticamente. Quase sempre, faz parte esse contingente da leva da Humanidade que não tem outras referências ou não fixou outros valores que não tenham sido esses apresentados pela televisão.
*   *   *
Conforme os estudos do professor Daniel Buss, a televisão e as mídias visuais impõem uma maior importância à aparência física.
Ninguém pode se apresentar diante das câmeras sem que tenha uma boa aparência e, naturalmente, isso mobiliza mil e uma providências, a aparência fisionômica. E surgem as necessidades plásticas, as cirurgias plásticas, os implantes, tudo isso para melhorar a aparência.
Os cabelos, os cortes, as tinturas, as vestimentas, as roupas, a própria expressão do corpo físico... O indivíduo tem que ser magro para fazer sucesso. Ou o indivíduo tem que ser gordo para fazer sucesso. Ele não pode ser como queira, ele tem que obedecer a um padrão de sucesso.
Encontramos, ao lado disto, a diminuição do bem estar psicológico, diz o professor Daniel Buss. E essa diminuição da satisfação psicológica se deve a isso que já cogitamos. Cada coisa que eu vejo que está melhor do que eu, eu a desejo. Cada situação que o artista está vivendo e que eu nunca vivi, eu almejo.
Desse modo vão surgindo as possibilidades de nos enfararmos um com o outro, no caso dos casais. Aquele modelo da telinha, homem ou mulher, começa a falar profundamente à desarmonia que já trazemos na nossa intimidade.
Então queremos encontrar uma pessoa com aquele padrão, conforme aquele ator, aquela atriz, aquele cantor, aquela cantora, aquele atleta. E a nossa infelicidade vai crescendo, tudo porque assistimos à programação televisiva sem o devido ajustamento interior.
Não conseguimos essa educação que nos diz que o valor não é uma coisa que trazemos de fora. O valor é uma construção que fazemos por dentro.
Não importa se, na mídia televisiva, um artista se vista assim ou assado, eu vou me vestir como eu possa.
Não me importa se o galã seja magro ou seja gordo. Eu vou ter o corpo que eu devo ter, que eu preciso ter ou que eu posso ter.
Não nos deve impressionar se aquele artista, aquele astro tenha olhos azuis, verdes, amarelos para que eu me desespere para conseguir uma lente de contato da mesma cromação.
Tudo isso vai fazendo com que passemos a viver para fora de nós, passemos a ver a nossa vida como alguma coisa exterior e não como uma realidade íntima.
É feliz na Terra, não quem está na televisão, não quem aparece na telinha, mas quem consegue viver no mundo as Leis da vida, as Leis de Deus, onde quer que se encontre.
É válido que admiremos a beleza plástica desse ator, dessa atriz, desse cantor, desse bailarino, desse ídolo. É válido. As coisas bonitas são bonitas porque são bonitas.
No entanto, essa educação que vamos impondo a nós próprios, vai fazendo com que vejamos que tudo aquilo não passa de uma grande fantasia. Não conhecemos a vida real desses indivíduos que, à frente das câmeras, são personagens. A realidade do indivíduo que eles são nós desconhecemos totalmente.
Por isto, vale a pena pensarmos em quem é que faz a televisão, quem é que organiza a sua programação, quem é que estrutura seus plantéis de astros e estrelas, homens e mulheres atormentados no mundo como quaisquer outros, com suas deficiências morais, com suas grandezas morais, com suas facilidades emocionais, com suas dificuldades emocionais, com suas carências afetivas, com seu orgulho, sua vaidade. Certamente que esse veículo, tão importante como é a televisão, vai sofrendo os mareios ou vai recebendo as virtudes daqueles que estão por trás da máquina que faz tudo isso acontecer.
É um grande teatro. Mas nós todos proviemos do grande Além para a Terra com um compromisso, não de seguir os passos dos modelos humanos, mas os Bons Espíritos estabelecem que o maior Espírito, que Deus deu ao mundo, para servir de Modelo e de Guia, é o Homem de Nazaré.

Transcrição do Programa Vida e Valores, de número 199, apresentado por Raul Teixeira, sob coordenação da Federação Espírita do Paraná.
Programa gravado em agosto de 2009.
Exibido pela NET, Canal 20, Curitiba, no dia 11 de julho de 2010.
Em 11.10.2010.

Vida e Valores (A Internet)

Vida e Valores (A Internet)

Quem poderia imaginar que o invento de Norberto Wainer desse para o mundo os resultados que vem dando.
Norberto Wainer pensou, demoradamente, numa forma de criar uma máquina que pudesse realizar tudo o que o cérebro humano é capaz de realizar. Com uma vantagem: sem a inércia característica da criatura humana.
Quando precisamos apertar um botão, por exemplo, temos a vontade, a mente aciona o nosso sistema nervoso, que atua sobre a musculatura. Então, apertamos o botão. É um lapso de segundo, mas o suficiente para errarmos o alvo.
Dessa maneira, Wainer pensou numa máquina que fizesse isso: apertasse o botão, sem essa movimentação neurológica, até realizar o fato. Surge, então, o cérebro eletrônico.
Válvulas, cabos, peças diversas compuseram o primeiro cérebro eletrônico, que ocupava quase um edifício de dois andares, para que toda aquela parafernália mecânica pudesse funcionar.
Na medida em que o tempo se passou, graças aos implementos que foram sendo adicionados àquele conhecimento básico, o nosso cérebro eletrônico se transformou no computador.
E, hoje, qualquer criança tem o seu computador, através do qual atua no que quiser, desde jogos, games até compras, negócios, investimentos, que são feitos através do computador.
Tudo graças a esse conjunto de coisas que antecederam esse progresso: o conhecimento da eletricidade, a invenção do telefone ou o tubo de raios catódicos, conhecido como CRT. Também a construção das redes, o surgimento do conceito de redes e a invenção dos chips.
Quando se juntou tudo isso, passamos a conhecer a Internet.
Graças à Internet que, por sua vez, só existe por causa do computador,  vivemos num mundo em que já não se imagina sem ela, Internet.
Tudo que fazemos hoje é através da Internet. Nossas inscrições em concursos, os diários universitários, tudo pela Internet.
Para fazermos compras, para pagarmos contas, para recebermos cartas, mandarmos cartas, mensagens variadas, tabelas, gráficos, desenhos, programas, livros: Internet.
Num breve lapso de tempo, nos comunicamos com o outro lado do mundo, imageticamente. Passamos a usar determinadas câmeras, as famosas Webcam, para projetar para quem se comunica conosco onde quer que esteja, a nossa imagem, a imagem do que quisermos e os outros nô-las remeterem.
Fazemos reuniões empresariais, estudantis, políticas, através da Internet. A partir disso, o mundo é outro mundo.
Percebemos como, gradativamente, a Divindade, que ama a Terra e os terrestres, vai permitindo que se abram portas de progressos inimagináveis antes.
Como é que nós vivemos tanto tempo sem a Internet?
Não sentíamos falta dela. O gênio de um homem é que começou a maquinar que, sem a ajuda de um aparelho que suprimisse a nossa inércia, seria muito difícil continuar a fazer coisas grandes no mundo.
A Internet vem sendo um instrumento que, à semelhança do poder, do ouro, do dinheiro, é usado a nosso bel prazer.
Por causa disso, vale a pena considerar como usamos a Internet.
*   *   *
Esse instrumento notável que é a Internet, bênção de Deus para o nosso progresso humano, também vem sendo usado por muita gente de má índole.
A Internet permite o anonimato. Não somos obrigados a aparecer, de rosto nu, nas telas que nos registram as mensagens.
Acompanhamos a ação de indivíduos inteligentes, que poderiam trabalhar para o bem, mas preferem prestar serviço ao mal, ao equívoco, ao desequilíbrio, à treva humana.
Temos os hackers, por exemplo, que são verdadeiros gênios da eletroeletrônica, da informática e que poderiam usar esses conhecimentos para fins nobilitantes. Contudo, usam-no para delinquir, para penetrar indevidamente em programas alheios.
Ao lado disso, encontramos os que se valem da Internet para o cometimento de crimes variados, para a calúnia. O indivíduo joga na rede misérias, horrores do pensamento, incriminando pessoas, atirando na lama nomes, covardemente, porque pode se valer de um pseudônimo. Não precisa assinar a mensagem, pode fazer de conta que é quem não é, em verdade.
Quantos problemas com crianças, adolescentes têm sido criados na Internet, exatamente porque o adulto se faz passar por outra criança ou adolescente, usa seu jargão, fala sua linguagem e aí estão os crimes de pedofilia... pela Internet.
Crianças são seduzidas a darem endereços, nome dos pais, dados pessoais e, na sua ingenuidade, desorientadas pelos próprios pais, vão passando, imaginando que estejam conversando com outra criança.
Os problemas de bullying, quando crianças escolares, alunos são bombardeados por colegas ou por professores, diminuindo a sua autoestima, determinando problemas psicológicos ou mesmo psiquiátricos de grave repercussão.
Mas, encontramos aqueles que fazem bom uso porque, graças à Internet,  podemos entrar nos conhecimentos da Ciência, dos filósofos, no mundo das artes, da cultura em geral.
Podemos viajar, através de programas que nos levam a conhecer as ruas e avenidas do mundo. Podemos encontrar telas de museus, os mais famosos, penetrar nos salões notáveis desses museus e contemplar a beleza que ali é exposta para quem viaja, para vê-los.
A Internet, nas mãos do bem, tem patrocinado cursos acadêmicos, cursos escolares à distância, com rigor, com controles.
É claro que há também pilhérias, brincadeiras de mau gosto, chamadas de cursos. No entanto, há coisas sérias, coisas graves, coisas belas, realizadas via Internet.
Dessa maneira, nos damos conta de que todas as bênçãos que Deus permite chegar ao mundo, a criatura humana, na sua impetuosidade, no seu estilo excitado de ser, deseja lançar mão, deseja se assenhorear. E, porque o nosso lado ético-moral não anda assim tão bem desenvolvido, muitos querem tirar proveito, ainda que por meios escusos, dessas bênçãos que Deus nos envia. A Internet não escapou disto.
Cabe a você, cabe a todos nós, a observância da ética, da moralidade, no uso desse veículo importante para a nossa vida social.
Sabermos que aquilo que estamos plantando na Internet e que se espalha pelo mundo inteiro, de bom ou de ruim, um dia, mais cedo ou mais tarde, teremos que voltar para recolher.
Se forem coisas boas, recolheremos esses frutos doces da felicidade. Se negativas, teremos que amargar a reconstrução do bem na Terra.

Transcrição do Programa Vida e Valores, de número 206, apresentado por Raul Teixeira, sob coordenação da Federação Espírita do Paraná.
Programa gravado em agosto de 2009.
                                                                         Em 24.01.2011.

   

Vida e Valores (A importância da educação)



Há uma questão fundamental, na vida da sociedade, que tem sido alvo de muitas discussões, tanto em nível de família, em nível governamental, em nível geral.  Essa questão é a que se relaciona à educação. Ninguém pode imaginar que uma sociedade se construa e se mantenha em boas bases, longe dos princípios educacionais.
Mas, o que temos visto costumeiramente é que a educação não tem sido bem trabalhada, bem desenvolvida por aqueles responsáveis por ela. Exatamente por uma deficiência básica, uma questão conceitual. O que se vem chamando de educação? O que é que nós entendemos por educação? O que as classes sociais admitem seja a educação?
A partir dessa questão conceptiva, todas as coisas começam a ganhar mais ou menos expressividade. Quando pensamos em educação, costumeiramente pensamos em instrução. As tradições culturais norteamericanas e europeias trataram de chamar de educação ao aprendizado intelectual.
Uma criatura muito bem instruída, dizia-se e afirma-se, ainda hoje, que é muito bem educada. Por terem estudado nos melhores colégios, por terem tido excelentes professores, por terem feito bons cursos, diz-se que essas pessoas têm ou tiveram uma boa educação.
Não resta dúvida que a questão educacional passa por esse viés instrucional, mas educação não é propriamente a instrução. Se a instrução representasse a educação, a Humanidade estaria um pouco melhor. Mas há dúvidas relativamente a isso exatamente porque, quando se fala em educação, se está referindo a essa arte ou a esse ofício de plasmar o caráter dos indivíduos.
Sempre que se trabalha o caráter das pessoas se está trabalhando a sua educação. Educar é a arte de moldar ou de formar os caracteres. Se se pensa a partir disso, temos que admitir que teremos boa educação e teremos má educação.
Se é a arte de formar o caráter dos indivíduos, encontramos indivíduos cujo caráter é muito mal formado. Ele foi educado para isso, recebeu implementos para isso, obteve incrementos para isso. Uma criança mal educada quase sempre nós dizemos que é sem educação. Ninguém é sem educação. Pode ter uma má educação mas tem educação.
É aquela criança que foi recebendo no seu habitat, no seu meio ambiente, de seus pais, dos adultos, das pessoas que com ela conviveram esses elementos que reforçaram as deficiências próprias. Cada vez que um pai, que uma mãe diga para o seu filho: Não me traga desaforo para casa, se apanhou bata também, está criando um violento deseducado. Não me traga desaforos para casa é crucial porque seria importante que os pais dissessem: Traga para casa, porque em casa conversamos, dialogamos, explicamos e desaguamos as pressões, as tensões daquilo que se viveu na rua.
Os antigos diziam que Quando um não quer dois não brigam. Essa é uma verdade. Então, é muitíssimo importante que verifiquemos que essa criatura violenta, muitas vezes aprendeu a ser violenta na contextualidade da sua família ou do seu grupo social.
São muitos os pais que ensinam aos filhos a tirar vantagem de tudo, a explorar as pessoas parvas, as pessoas tolas. Isso começa de casa, quando os próprios pais contratam servidores domésticos de baixo nível intelectual para lhes pagar salários de fome. A  criatura trabalha como um boi ladrão, trabalha como um animal de tração e ganha salários de fome. Essa exploração, que as crianças vão aprendendo, desde sua própria casa, é deseducação ou, se quisermos, uma má educação.
Estaremos formando os nossos pequenos, nossos jovens para que sejam adultos exploradores. Daí começarmos a pensar, a refletir maduramente na importância do fenômeno educativo. Jamais teremos uma sociedade bem posta, jamais encontraremos uma sociedade bem estruturada, bem ordenada sócio- politicamente, sócioeconomicamente, sócio-políticoeconomicamente, longe das bases da educação.
*   *   *
A partir do momento que se der atenção ao fenômeno educacional, começaremos a plasmar uma nova estrutura da sociedade. Os nobres guias da Humanidade estabeleceram que, enquanto as instituições não mudarem seus valores estruturais, não adotarem posturas éticas, ético-morais de boa qualidade, será muito difícil que a Humanidade se modifique, uma vez que tudo conspira para manutenção do egoísmo.
A fim de que o egoísmo bata em retirada e que possamos pensar numa sociedade plural, com pessoas diferentes, de variados níveis, de variadas culturas, de múltiplos interesses, ao respeitarem-se reciprocamente, o fenômeno educacional ter-se-á implantado.
Uma das grandes deficiências do processo educativo está no educador. O educador, seja pai, mãe, professor, seja quem for é uma pessoa que carrega em si seus próprios conflitos, suas aberrações, suas insanidades, suas perversões. É muito difícil não deixar que essas coisas vazem, no momento ou durante o processo em que se elabore a educação.
Como é que se vai educar crianças ou jovens sem que esses valores estejam devidamente assentados na sua própria intimidade? Quando se falar para a criança ou para o jovem a respeito desses elementos educativos não se falará com verdade, não se falará com convicção, não se terá a crença necessária para que o ouvinte admita e assimile.
Será fácil para o educando ler na voz, na tremura da voz, no desvio do olhar do educador que aquilo que ele está propondo, aquilo que ele está falando, aquilo que ele está dizendo, não corresponde à verdade. Daí, a educação precisar trabalhar desde a figura do educador para que haja transparência na relação educador - educando, para que haja verdade, uma vez que temos entregue aos nossos jovens, às nossas crianças uma herança discurso muito bonita porque todos os governantes candidatos falam na grandeza, na importância da educação.
Ainda que eles estejam pensando na escolaridade, ainda que estejam admitindo essa educação escola, ainda assim é um discurso vazio porque eles não acreditam que a educação valha, porque uma vez que as comunidades estejam bem educadas nunca mais votarão neles. Uma vez que as comunidades estejam devidamente bem formadas, não aceitarão as falcatruas, as corrupções, toda essa vilania que estamos encontrando no mundo, nas estruturas sócio- políticas, econômicas, religiosas a que temos acesso.
É muito importante o fenômeno da educação, mas a educação mais eficaz não pode ser admitida, não pode ser tida como um mero verniz social. Não é educada a pessoa que fala manso, que dobra o pescoço para falar, que tem um monte de maneirismos, de trejeitos, de salamaleques ou de mis em scène.
Essa é uma pessoa maneirosa. A pessoa educada é aquela que vive de maneira educada, que imprime essa boa educação à sua vida, à sua relação com seus filhos, à sua relação com seu esposo, à sua relação com a família como um todo e, gradativamente, à sua relação com a sociedade.
É muito triste, é lamentável mesmo encontrarmos pessoas bem formadas academicamente, intelectualmente, mas que dizemos que tem pavio curto. Elas não conseguem ouvir nenhuma discordância, são incapazes de suportar alguém que não as aplauda, que não lhes apoie as ideias.
Não adianta ter uma boa cultura acadêmica se não consegue fazer bom uso dessa cultura acadêmica. Daí encontramos médicos, pneumologistas tabagistas! Como é que ele passa a verdade para o seu paciente ao pedir-lhe para que pare de fumar?
Encontramos pessoas que dão classe de moral, cuja língua é uma verdadeira chibata do comportamento alheio, da vida alheia. Encontramos pessoas que têm um discurso completamente alienado, distanciado do curso de sua vida.
A importância da educação é que para que banhemos o outro com as suas águas cristalinas é indispensável que nos banhemos primeiro. A educação é profundamente importante, por isso precisamos enfatizar que, sem as bases de uma educação - mudança de comportamento, uma educação que nos ensine a viver na Terra e a nos relacionar com os outros, muito dificilmente a nossa sociedade encontrará o desfecho feliz a que faz jus e que espera.

Transcrição do Programa Vida e Valores, de número 159, apresentado por Raul Teixeira, sob coordenação da Federação Espírita do Paraná.
Programa gravado em julho de 2008.
Exibido pela NET, Canal 20, Curitiba, no dia 21.02.2010.
Em 05.04.2010.

Músicas nas Instituições Espíritas com Raul Teixeira.


     Músicas nas Instituições Espíritas
Pergunta: O que você tem a dizer, à luz da fidelidade espírita, sobre o fato de músicas do contexto doutrinário católico e outros serem trazidas para o meio espírita?

Resposta: Eu tenho encontrado, nos últimos tempos, essa preocupação e me alegra, porque antes a gente engolia tudo sem nenhum questionamento. Felizmente, já existem pessoas questionando!...
Sempre que possível, mantenhamos as bases da nossa Doutrina.
Não há necessidade de adotarmos evocações de outras crenças para o Espiritismo. Há músicas que foram criadas no catolicismo, mas a mensagem é universal. Nenhum problema! Há músicas que são cantadas e foram criadas no ambiente protestante que igualmente são universais. Não têm nenhuma ideia catequética, doutrinária, mas há outras que têm! Trazem mensagens que não são da Doutrina Espírita. Portanto, sempre que possível incentivemos aos espíritas, principalmente aos jovens que componham as músicas, que façam as letras...
Estimulemos os torneios de jovens. Por exemplo: vamos estudar a reencarnação em nosso seminário com a juventude; e, numa segunda parte, abrimos uma atividade lúdica, ou seja: um grupo para fazer poesia sobre a reencarnação, outro para compor música temática sobre a reencarnação, outros vão criar peças teatrais com textos, esquetes, sobre reencarnação, para nós podermos mobilizar o poder criativo dos nossos jovens, das nossas crianças, dos nossos adultos. E aí aquele grupo que fez a letra se junta com a turma que fez a música, tenta encaixar... E no final da atividade nós vamos ter surpresas agradabilíssimas! Muita coisa boa sai daí... Nossos jovens cantarão a música e a letra que eles próprios produziram.
Há algum tempo, eu tive ensejo de ter contato espiritual com o Espírito Sebastião Lasneau, que desencarnou em 1969. Ele era de Barra do Piraí, no sul do Estado do Rio de Janeiro. Era um poeta de mão cheia! Repentista... Mas o Lasneau gostava muito de fazer paródias: ele pegava uma música conhecida e colocava uma letra evangélica numa composição dele.
Nesse contato espiritual,  nos disse o Benfeitor quanto tempo perdeu, quando podia ter incentivado a outros espíritas de sua época a compor e a fazer letras... Mas ele não teve essa habilidade. Achava bonita determinada música, colocava letra evangélica...
Só que quando cantamos uma paródia, a tendência é ficarmos nos lembrando da letra original.
Sebastião Lasneau tem uma paródia muito conhecida que ele fez com a música Recuerdos del Ypacarai: Contam que Jesus, certo dia, andou junto ao lago azul de Genesaré... Eu canto isso, desde o meu tempo de mocidade, mas estou no Paraguai! Eu estou vendo o lago azul de Ypacarai... Não tem jeito! As pessoas estão cantando uma coisa bonita, mas o inconsciente está buscando a letra original. Até porque, muitas vezes, a palavra espírita não dá a rima musical devida, e a original dava, então a gente muda para a original. Quer dizer: esse tipo de coisa deve-se evitar.
As músicas de hoje são muito sensuais.Coloca-se uma letra evangélica, mas a original nos remete a outras propostas... E estaremos derramando, no ambiente espírita, essa outra proposta...

Noutra cidade , o povo cantou, também num evento, uma música que era o plágio de um jingle da cerveja Brahma e, no final, todo mundo cantando de mão para trás, segurando uma mão recortada em cartolina. Levei um susto quando todo mundo botou a mão recortada em cartolina para a frente, onde se lia  a frase: Porque Jesus é o número 1! Era o jingleda Brahma!De modo que vejo sempre com muita preocupação o que as pessoas, os espíritas, trabalham para criar. Quando se vê e ouve letra e música de João Cabete, (eu conheci Cabete encarnado) era ele que escrevia as letras que compunham as músicas lindíssimas, com motivação espiritual e maduras.
 Há certas letras cantadas no meio espírita (criadas por espíritas) que são chatas, feias, melosas e mentirosas! Ora, vamos fazer uma letra que nos impulsione, que nos anime, que nos dê essa energia de viver o Bem, de viver a esperança...
 A minha turma fala em amor o tempo todo: amor, amor, amor...amor... amor...AMOR! Igualzinho a Roberto Carlos!Mas, e a contextualização desse amor?Está baseado em quê?
 Vamos fazer uma letra que se goste de cantar, pela sua coerência, pela sua beleza! Daí, vamos ter cuidado com músicas que venham de outros credos e que carreguem a marca desse credo.
 Como o povo está cantando hoje nos Centros Espíritas!
 Músicas populares, dos compositores populares, vai-se podando o que vai chegando em termos de novidade musical.
 A turma está cantando as músicas de Djavan no Centro! Ah! Porque ele fala de Natureza! Cantam músicas de Roberto Carlos que até nas missas já cantaram. Roberto Carlos tem lá sua parte religiosa, então vou pôr Jesus Cristo e Nossa Senhora...
Nossa Senhora, então, cantam numa procissão que vejo da minha janela... Mas, nós não temos que copiar aquilo que não precisamos copiar. Se pudermos fazer, vamos fazer! E se tivermos que cantar alguma composição que não seja do nosso meio, que seja uma composição espiritualmente neutra, que não traga proposta doutrinária de outros contextos, para que os espíritas cantem. Da mesma forma, nenhum católico ou protestante cantará nossas canções espíritas sobre a reencarnação, sobre isso, sobre aquilo do contexto espírita porque elas têm conteúdo doutrinário na sua proposta.
Então, é muito importante que tenhamos esse cuidado...
Não há nada contra as músicas, mas temos que tomar cuidado com a nossa proposta, visto que estamos trabalhando para enfatizar as ideias espíritas.
Vamos fazer isso e respeitar a todos os outros que não sejam espíritas, mas que estão na faixa do Bem; cada um trabalhando com a sua ferramenta...

Extraído de Pinga Fogo, realizado com
Raul Teixeira, na cidade de Santo Antonio
da Glória, Minas Gerais, no ano de 2004.