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sexta-feira, 3 de setembro de 2021

Se hoje abandonassem o veículo de matéria densa, quem diz que seriam felizes? Reflexão em torno da mensagem no Livro Entre a Terra e o Céu.

Trecho retirado do Livro,Entre o Céu e a Terra,no capítulo 8, intitulada"Deliciosa Excursão". Uma linda mensagem para refletirmos acerca de nossos compromissos com o trabalho em pró de nossa evolução e da necessidade missionária de servirmos ao próximo.


...Antonina, porém, como se estivesse irradiando insopitável curiosidade, mesclada de alegria, voltou a exclamar:

Ah! se morrêssemos hoje!... se a carne não nos pesasse mais!...

( Nota  do Blog: nesta altura, as irmãs encarnadas estavam junto ao mentor espiritual, após o sono, para reverem seus filhos ,já desencarnados, em uma col
ônia , observando, maravilhadas, a beleza do plano Espiritual , com sentimento de permanecerem nesta região.)


O Ministro, contudo, imprimindo mais grave entonação à voz, mas sem perder a brandura que lhe era peculiar, considerou, de imediato:

Se hoje abandonassem o veículo de matéria densa, quem diz que seriam felizes? Quem de nós obterá a suprema ventura, sem a perfeita sublimação pessoal?

E, fitando Antonina com bondade misturada de compaixão, observou:
Agora, vocês visitarão filhinhos abençoados que a morte lhes arrebatou temporariamente ao convívio terrestre. Vocês se sentem como que num palácio dourado, em pleno paraíso de amor, mas, e os filhinhos que ficam? Haverá Céu sem a presença daqueles que amamos? Teremos paz sem alegria para os que moram em nosso coração? Imaginemos que as algemas do cárcere físico se partissem agora... O atormentado lar humano cresceria de vulto na saudade que as tomaria de assalto... A lembrança dos filhos aprisionados no Planeta acorrentá-las-ia ao mundo carnal, à maneira de forte raiz retendo a árvore no solo escuro. Os rogos e os gemidos, as lutas e as provas dos rebentos menos felizes da existência lhes falariam ao espírito mais imperiosamente que os cânticos de bem-aventurança dos filhos afortunados e, naturalmente, desceriam do Céu para a Terra, preferindo a posição de angustiadas servas invisíveis, trocando a resplendente glória da liberdade pelos dolorosos padecimentos da prisão, de vez que a ventura maior de quem ama reside em dar de si mesmo, a favor das criaturas amadas...

( Notas do Blog:nesta altura, Clarêncio,o mentor espiritual, se referia a felicidade de nossas irmãs, naquela ocasião, por estarem indo de encontro aos seus filhos, já desencarnados, fazendo-as refletirem,quanto ao desejo de renunciar a vida,sobre as consequências , onde estariam algemadas aos entes queridos, no plano físico, caso elas desencarnassem, naquele instante, por conta de não haverem  conquistado, ainda, a evolução espiritual , assim sendo seriam elementos de perturbação aos seus familiares levando angústias ao invés de os ajudarem de forma consciente , com amor e zelo ,sem paixões)

As duas mulheres ouviram as sensatas ponderações sem dizer palavra.
Finda a pausa ligeira, o instrutor continuou:
— Somos devedores uns dos outros!... Laços mil nos jungem os corações. Por enquanto, não há paraíso perfeito para quem volta da Terra, tanto quanto não existe purgatório integral para quem regressa ao humano sorvedouro! O amor é a força divina, alimentando-nos em todos os setores da vida e o nosso melhor patrimônio é o trabalho com que nos compete ajudar-nos mutuamente.

Na paisagem banhada de luz, experimentei mais alta veneração pela Natureza, que, em todas as esferas, é sempre um livro revelador da Eterna Sabedoria...
Nossas irmãs, tocadas por júbilo inexprimível, afiguravam-se-me formosas madonas de sonho, repentinamente vivificadas, diante de nós.

É pelo trabalho — prosseguiu o orientador — que nos despojamos, pouco a pouco, de nossas imperfeições. A Terra, em sua velha expressão física, não é senão energia condensada em época imemorial, agitada e transformada pelo trabalho incessante, e nós, as criaturas de Deus, nos mais diversos degraus da escada evolutiva, aprimoramos faculdades e crescemos em conhecimento e sublimação, através do serviço... O verme, arrastando-se, trabalha em benefício, do solo e de si mesmo; o vegetal, respirando e frutescendo, ajuda a atmosfera e auxilia-se. O animal, em luta perene, é útil à gleba em que se desenvolve, adquirindo experiências que lhe são valiosas, e nossa alma, em constantes peregrinações, através de for-mas variadas, conquista os valores indispensáveis à sublime ascensão... Somos filhos da eternidade, em movimentação para a glória da verdadeira vida e só pelo trabalho, ajustado à Lei Divina, alcançaremos o real objetivo de nossa marcha!

(Nota
 do Blog:A felicidade dos nossos grandes Missionários é o trabalho incessante em favor dos que necessitam, auxiliando nos para que possamos crescer espiritualmente, além de zelar pelo progresso de nosso planeta)

Antonina, que parecia mais acordada que a sua companheira, para a contemplação do excelso quadro que nos circundava, perguntou, com enlevo:
- Porque não guardamos a viva recordação de nossas existências anteriores? não seria bendita felicidade o reencontro consciente com aqueles que mais amamos?...
— Sim, sim... — confirmava Clarêncio, enquanto nossa deliciosa excursão prosseguia, célere — mas, na condição espiritual em que ainda nos situamos, não sabemos orientar os nossos desejos para o melhor. Nosso amor ainda é insignificante migalha de luz, sepultada nas trevas do nosso egoísmo, qual ouro que se acolhe no chão, em porções infinitesimais, no corpo gigantesco da escória. Assim como as fibras do cérebro são as últimas a se consolidarem no veículo físico em que encarnamos na Terra, a memória perfeita é o derradeiro altar que instalamos, em definitivo, no templo de nossa alma, que, no Planeta, ainda se encontra em fases iniciais de desenvolvimento. É por isso que nossas recordações são fragmentárias... Todavia, de existência a existência, de ascensão em ascensão, nossa memória gradativamente converte-se em visão imperecível, a serviço de nosso espírito imortal...

( Nota do Blog:Diante de nossas emoções desequilibradas, se soubéssemos do nosso passado, fatalmente, seríamos influenciados, sucumbindo. O objetivo  da reencarnação é o da  possibilidade  de construirmos uma nova história,onde possamos conquistar nossa evolução moral , nos redimindo do passado delituoso, reunindo com nossos irmãos ,de outrora, os nossos desafetos, e reconciliarmos , como nos recomenda o Evangelho, sem rancor e mácula, com Amor e Perdão.)

Mas se pudéssemos reconhecer no mundo os nossos antigos afetos, se pudéssemos rever os semblantes amigos de outras eras, identificando-os... — aventurou Antonina, reverente.
Retomar o contacto com os melhores, seria recuperar igualmente os piores — atalhou Clarêncio, bondoso — e, indiscutivelmente, não possuímos até agora o amor equilibrado e puro, que se consagra aos desígnios superiores, sem paixão. Ainda não sabemos querer sem desprezar, amparar sem desservir. Nossa afetividade, por enquanto, padece deploráveis inclinações. Sem o esquecimento transitório, não saberíamos receber no coração o adversário de ontem para regenerar-nos, regenerando-o. A Lei é sábia. De qualquer modo, porém, não olvidemos que nosso espírito assinala todos os passos da jornada que lhe é própria, arquivando em si mesmo todos os lances da vida, para formar com eles o mapa do destino, de acordo com os princípios de causa e efeito que nos governam a estrada, mas somente mais tarde, quando o amor e a sabedoria sublimarem a química dos nossos pensamentos, é que conquistaremos a soberana serenidade, capaz de abranger o pretérito em sua feição total...
O Ministro fez ligeiro intervalo, sorriu paternalmente para nós e rematou:
— A Lei, contudo, é invariavelmente a Lei. Viveremos em qualquer parte, com os resultados de nossas ações, assim como a árvore, em qualquer trato do solo, produzirá conforme a espécie a que se subordina.
O firmamento parecia responder às sugestões da palestra admirável.
Bandos de aves mansas pousavam na ramaria que brilhava não longe de nós.
O Sol apresentava perceptíveis raios diferentes, até agora desconhecidos à apreciação comum na Terra, provocando indefiníveis combinações de cor e luz.
Por abençoada e colorida colméia de amor, harmonioso casario surgiu ao nosso olhar.
Centenas de gárrulas crianças brincavam entre fontes e flores de maravilhoso jardim...

Fonte: Livro “Entre a Terra e o Céu” – Psicografia de Francisco Cândido Xavier pelo Espírito de André Luiz

quinta-feira, 28 de abril de 2016

Lições da tristeza."tristeza não é o inverso da alegria, mas a sua ausência momentânea. É um estado que conduz à reflexão e não ao desinteresse pela vida... A tristeza, porém, é um fenômeno natural que ocorre com todas as pessoas, mesmo aquelas que vivenciam os mais extraordinários momentos de alegria. Pode ser considerada como uma pausa para a compreensão da existência".

ALESSANDRO VIANA VIEIRA DE PAULA
vianapaula@uol.com.br
Itapetininga, SP(Brasil)
 

  A criatura humana, normalmente, combate e evita a tristeza, como se esse sentimento fosse algo proibido ou que nos situasse num nível evolutivo primário, inferior, bem como pelo medo que se tem da instalação da depressão.
Essa conceituação equivocada leva o indivíduo a dissimular, porque, em muitos momentos existenciais, estará enfrentando um problema grave e tenderá a esconder a tristeza interior, apresentando falsos sorrisos, o que lhe trará um desgaste físico e emocional, na medida em que conviverá com essa dualidade, a aparência exterior diversa da realidade íntima.
O espírito Joanna de Ângelis, na obra “Atitudes Renovadas” (Capítulo 5), através do médium Divaldo Pereira Franco, escreve uma bela mensagem sobre a tristeza, apresentando-nos seu real conceito e efeitos.
A referida benfeitora assevera-nos que a tristeza não é o inverso da alegria, mas a sua ausência momentânea. É um estado que conduz à reflexão e não ao desinteresse pela vida... A tristeza, porém, é um fenômeno natural que ocorre com todas as pessoas, mesmo aquelas que vivenciam os mais extraordinários momentos de alegria. Pode ser considerada como uma pausa para a compreensão da existência.
Dessa forma, mostra-se perfeitamente natural que nós, os cristãos (espíritas, católicos, evangélicos, protestantes...), diante de algumas situações da vida, vivenciemos a emoção da tristeza.
Haverá, basicamente, dois tipos de situações que nos propiciam a experimentar a tristeza.
A primeira situação decorre dos problemas existenciais, como, por exemplo, a traição do cônjuge ou de um amigo, um filho nas experiências da droga, o diagnóstico de uma doença grave, a perda de um emprego, a morte de um ente querido e outras.
Há algumas pessoas que diante dessas ocorrências buscam as fugas psicológicas através do álcool, das drogas ilícitas ou do sexo casual. Haverá outros que mantêm um estado de alegria permanente, sorrindo para tudo, o que representa um quadro patológico de alienação da realidade.
Em ambas as situações, haverá um agravamento do estado espiritual e emocional do indivíduo, que lhe trará comprometimentos morais e profunda infelicidade.
Por mais equilibrado que estejamos, é natural que a tristeza apareça quando enfrentamos as citadas situações externas e permaneça até a resolução parcial ou total do impasse.
A segunda situação, de âmbito interno, se desdobra a partir do momento em que identificamos que aquilo que estamos fazendo da nossa vida não é o correto ou o que se gostaria de realizar.
Normalmente isso ocorre quando se desperta para os valores do evangelho, para o verdadeiro sentido da vida, e percebe-se o tempo perdido e os equívocos, a nos trazer certa tristeza.
Também pode ocorrer quando se percebe a falha na escolha da atividade profissional, que nos faz infeliz, triste, e deseja-se mudar de área, o que, para muitos, constitui-se num desafio incomum.
Anote-se que nas duas hipóteses, externas e internas, a tristeza, para ser produtiva e eficiente, deve apresentar algumas características.
Deve ser transitória, isto é, não devemos nos acomodar na tristeza, porque, com o decorrer do tempo, essa emoção poderá intensificar-se e converter-se num estado depressivo, com danos existenciais mais graves, podendo culminar no suicídio direto ou indireto, ou no denominado suicídio moral, quando a pessoa se nega a viver e não se permite qualquer conquista na esfera do bem.
Assim sendo, ao experimentar a tristeza, devemos continuar a frequentar o templo religioso, mantendo nossa vinculação com Deus através da prece, da reflexão religiosa, do bem ao próximo, da fé no futuro, o que nos fortalecerá para o enfrentamento dos problemas.
É comum as pessoas se afastarem da religião quando se deparam com o sofrimento, abrindo campo para a ampliação da tristeza e para a maior dificuldade na resolução dos desafios pessoais.
À luz do Espiritismo, não podemos ignorar a interferência espiritual inferior, pois Espíritos ainda imperfeitos poderão criar sintonia conosco a partir da tristeza descontrolada, criando maiores embaraços em nossa vida.
Registre-se, ainda, que podemos nos socorrer dos médicos da mente, nos ramos da psicologia e da psiquiatria, que nos ajudarão no enfrentamento da situação desafiadora, prescrevendo remédios, se necessário.   
A terapia dos passes, do evangelho no lar, da água fluidificada também se constituirão em hábitos eficientes a nos fortalecer o ânimo e a resignação.
A tristeza transitória, enquanto dure, não pode ser o quadro emocional predominante, haveremos de buscar momentos de esperança, de confiança em Deus, de alegria por outras conquistas, de convivência social saudável, sob pena de descontrole da situação, porquanto a tristeza se intensificará de tal forma, que passará a ser um estado permanente.
Com o Espiritismo também aprendemos a manter a fé na vida futura, pois certos problemas não dependem apenas de nós para serem solucionados. Por exemplo, um filho na droga que insiste em manter essa escolha. Obviamente que isso trará certa tristeza, mas também haveremos de ter alegrias na vida, e agiremos como semeadores, amando esse filho sem cessar, confiando que nenhum investimento de amor é perdido, de forma que nesta ou em futuras reencarnações, essa alma querida despertará para a verdade e o bem.
Fica evidente que a visão da reencarnação minimiza nossa tristeza, ante a confiança no futuro.
Convém destacar, também, que a tristeza bem compreendida trará efeitos positivos e saudáveis.
Na destacada lição do livro “Atitudes Renovadas”, Joanna de Ângelis fala acerca das reflexões positivas da tristeza, que nos permitirão refazer experiências... , trabalhando o indivíduo para a renovação interior e a conquista de valores mais profundos e significativos do que os existentes e consumidores... Fenômeno psicológico transitório, deve ceder lugar à reflexão, ao despertamento e à valorização dos tesouros morais, culturais e espirituais. A tristeza sem lamentações, sem queixas, sem ressentimentos, é, pois, psicoterapêutica...
Com efeito, ao vivenciarmos essa tristeza nas lidas cotidianas, devemos fazer uma pausa acompanhada de silêncio interior, para que as reflexões terapêuticas possam fluir do íntimo, convidando-nos à renovação moral e comportamental.
É de bom alvitre enfatizar que não se deve cultivar a tristeza como necessária para o discernimento a cada instante ou em toda parte. Não estamos estimulando a tristeza, mas apenas compreendendo seu verdadeiro significado, até porque a mensagem do evangelho é de alegria.
Ademais, Joanna de Ângelis nos lembra que Jesus, em algumas ocasiões, chorou de tristeza ao contemplar a loucura humana e o seu desequilíbrio, mas sorriu, também, quando choraram aqueles que O foram ver no sepulcro.
A tristeza serena de Jesus revelava que Ele veio para auxiliar a criatura humana a encontrar o caminho do amor, da autoiluminação, ciente de que a terapia do tempo e da dor a todos corrigirá.
Finalizo o artigo com uma frase de Joanna para nossa reflexão: Não cultives a tristeza nem fujas dela, aceitando-a, quando se te apresentar e retirando o melhor resultado da oportunidade de reflexão que te proporcione. Com esse comportamento estarás experienciando atitudes renovadas.  

Autoria de Alessandro de Viana, retirado do site o consolador
 http://www.oconsolador.com.br/ano5/241/alessandro_paula.html

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

GARIMPO DE AMOR "...As vidas possuem o amor no seu imo, mas não o conhe­cem. Necessitam de alguém que as desperte para o significa­do profundo e o valor incomparável desse tesouro."

GARIMPO  DE AMOR
 

Narra antiga lenda persa que um homem residia em prós­pera herdade, na cidade de Golconda, com sua família, al­guns camelos e outros animais, um pomar generoso e um rio de águas cantantes que lhe passava pelos fundos da proprie­dade.
 
A existência sorria-lhe bênçãos e nenhuma outra preo­cupação o afligia.
 
Oportunamente passou pela sua vivenda um homem re­ligioso, que viajava convidando as almas à reflexão e à fé. Pediu-lhe hospedagem e foi recebido com carinho.
 
Após o jantar, na primeira noite da sua estada, o visi­tante indagou-lhe:
 
- És feliz, homem? Observo que sorris e desfrutas de algumas regalias da vida. Gostaria de saber se possuis dia­mantes ou pedras outras preciosas, que são as bases da felicidade?
 
O anfitrião, algo surpreendido, respondeu-lhe:
 
- Em realidade, sinto-me muito feliz. Tenho uma família saudável, que amo e pela qual sou amado, desfrutamos to­dos de saúde e confiamos em Deus. Sou negociante próspero, mas não ambicioso, dispondo do necessário para prover o lar de tudo quanto se faz indispensável. Mas não tenho jóias, nem mesmo quaisquer outras pedras preciosas. Apesar dis­so, sim, sou feliz.
 
- Lamento decepcionar-te - redargüiu o vicejante. - Se não possuis diamantes, talvez jamais os hajas visto, não sabes o que é a felicidade, tampouco és realmente fe­liz.
 
Passando a outros temas, logo depois, recolheram-se ao leito.
 
O homem, que se sentia feliz, começou a pensar na in­formação que recebera, e pôs-se a ponderar a respeito do valor dos diamantes. Passou uma noite maldormida.
 
No dia seguinte, o hóspede foi-se adiante, e, ao despe­dir-se, insistiu, sugerindo:
 
- Pensa nos diamantes, conforme te falei.
 
A partir dali, o homem tranqüilo passou a cobiçar dia­mantes. Procurou conhecer alguns, e perdeu a paz.
 
Resolveu, por fim, vender a propriedade, deixou uma grande parte do dinheiro com um cunhado, a quem confiou a família, enquanto seguiu em longa viagem na busca de diamantes.
 
Vadeou rios, atravessou florestas, visitou montanhas e vales, venceu desertos, buscando sempre diamantes, sem ja­rnais os conseguir.
 
Passaram-se os anos, ele envelheceu procurando dia­mantes, a enfermidade o vitimou e a morte arrebatou-o, sem que houvesse alcançado a felicidade através das pedras famosas.
 
Sua família, que houvera perdido o contato com ele, dis­persou-se e sofreu amargamente o abandono, a miséria, a separação...
 
Aquele que lhe houvera comprado a propriedade, vivia feliz e era generoso para com todos.
 
Mais de um decênio transcorrido, o religioso viajante retornou à propriedade e procurou informar-se a respeito do antigo generoso anfitrião. Foi informado de que já não resi­dia ali, de que houvera vendido a casa e as terras, sem que se soubesse do destino que elegera.
 
Convidado a pernoitar na mesma residência, após o jan­tar, enquanto conversava com o senhor que o hospedava, observou sobre a lareira algumas pedras que brilhavam no crepitar das labaredas. Levantou-se, segurou algumas delas, aproximou-as da claridade, e perguntou, emocionado:
 
- Onde encontraste estas gemas?
 
- Entre os seixos e outras pedras no riacho - respondeu-­lhe o anfitrião, desinteressado. - Os animais pisam-nas, en­quanto sorvem a água transparente, e porque me pareceram muito originais, trouxe algumas para decorar a lareira.
 
- Homem de Deus! - exclamou o religioso, trêmulo, quase a desvairar. - Estas pedras são diamantes. Amanhã, muito cedo, leva-me ao córrego...
 
... E passou uma noite inquieta, aflito.
 
Pela alva, seguiu com o proprietário na direção do rega­to, e quando lá chegaram, o religioso, com olhar- de lince, constatou que as águas transparentes deslizavam sobre um leito de diamantes brutos, negros, brancos, amarelos, des­prestigiados entre calhaus sem valor.
 
Desse modo, descobriu-se uma das maiores minas de diamantes do mundo, de onde saíram pedras, fábulosas, al­gumas denominadas como Príncipe Orloff, Ko-i-Noor, etc., que dormem em museus famosos do mundo ou brilham nas coroas de muitos reis.
 
O homem, que era feliz sem conhecer diamantes, dei­xou-os no quintal da residência para ir procurá-los, mundo afora, sem nunca os encontrar...
 
 
*
 
 
O mesmo fenômeno ocorre com o amor.
 
As vidas possuem o amor no seu imo, mas não o conhe­cem. Necessitam de alguém que as desperte para o significa­do profundo e o valor incomparável desse tesouro. No entan­to, muitos se referem ao amor como algo que está em tal ou qual lugar, apresenta-se nesta ou naquela situação, sob uma ou outra condição, indicando lugares onde raramente pode ser encontrado.
 
O amor radica-se no imo de todos os seres pensantes, esperando somente ser identificado, para realizar o mister para o qual se destina.
 
Não exige sacrifício nem qualquer imposição externa, pois que pulsa, mesmo quando ignorado, realizando o seu mister até o momento em que estua de beleza e harmonia, dominando as paisagens que o agasalham.
 
La Fontaine escreveu que "nada tem poder sobre o amor; o amor tem-no sobre todas as coisas."
 
O amor converte os sentimentos humanos e sublima-os, tornando-os santificados e libertadores.
 
Gandhi afirmava que "por mais duro que alguém seja, der­reterá no fogo do amor; se não derreter, é porque o fogo não é bastante forte."
 
O amor espera pacientemente no leito do rio existencial humano até o momento em que seja descoberto, passando pelo período de desbaste da ganga externa, a fim de que a sua luminescência esplenda em toda a sua glória estelar.
 
Não surge completo, acabado. Necessita ser trabalha­do, aprimorado, bem orientado.
 
Quanto mais é aplicado, mais se aformoseia, e quanto mais é repartido, mais se multiplica em poder, valor e signifi­cado.
 
É o grande desafio para a existência humana, para a conquista do Espírito imortal.
 
 
*
 
 
O amor é um garimpo de diamantes estelares que deve ser explorado.
 
Possui gemas de diferentes qualidades e valores muito diversos.
 
De acordo com a coragem e a decisão de quem busca encontrar as suas riquezas insuperáveis, sempre oferece no­vos matizes e configurações especiais.
 
Assim pensando, ocorreu-nos compor uma pequena obra na qual pudéssemos apresentar- o amor sob diferentes enfo­ques, relacionando-o com variadas situações e em relação a alguns desafios existenciais.
 
Não se trata de um trabalho original, nem de profundidade, pois que não foram esses os objetivos a que nos propumos.
 
Buscamos expressar o nosso pensamento conforme as propostas de Jesus exaradas no Seu Evangelho, em atual colocação psicológica, com caráter terapêutico para o cor­po, para a emoção, para a mente, para o ser eterno que somos todos nós.
 
Esperando haver alcançado a meta que desenhamos, exoramos as bênçãos de Deus para todos nós, guardando a certeza de que os amáveis leitores que viajarem conosco através das páginas que lhes trazemos, concluí-las-ão certamen­te renovados e confiantes na vitória do amor em qualquer contingência existencial.
 
Joanna de Ângelis
 
Maia (Portugal), 1º de novembro de 2002.
 
(prefácio da obra Garimpo de Amor - Editora LEAL)

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

A AVAREZA




Dissertação moral ditada por São Luís à Srta. Ermance Dufaux.

6 de janeiro de 1858

1

Tu que possuis, escuta-me. Um dia dois filhos do mesmo pai receberam cada um seu alqueire[1] de trigo. O mais velho fechou o seu num lugar retirado. O outro encontrou no caminho um pobre que pedia esmolas, correu para ele a despejar em seu manto a metade do trigo que recebera. Depois, seguiu seu caminho e foi semear o resto no campo paterno.
Por esse tempo veio uma grande fome e as aves do céu morriam à beira dos caminhos. O irmão mais velho correu ao seu esconderijo, mas ali só encontrou poeira. O caçula ia tristemente contemplar seu trigo seco no pé, quando deparou com o pobre que havia ajudado. - Irmão, disse-lhe o mendigo, eu estava morrendo e tu me socorreste; agora que a esperança secou em teu coração, segue-me. Teu meio alqueire rendeu cinco vezes em minhas mãos. Matarei a tua fome e viverás em abundância.

2

Escuta-me, avarento! Conheces a felicidade? Sim, não é? Teus olhos brilham com reflexos sombrios nas órbitas que a avareza tornou mais profundas; teus lábios se cerram; tuas narinas se dilatam e teus ouvidos ficam atentos. Sim, eu escuto: é o tinir do ouro que tua mão acaricia, ao se derramar no teu escaninho. Tu dizes: que suprema volúpia! Silêncio, vem gente! Fecha depressa! Oh! Como estás pálido! Teu corpo todo estremece. Domina-te! Os passos se afastam. Abre! Olha ainda o teu ouro. Abre! Não tremas. Estás perfeitamente só. Ouves? Não é nada. É o vento que geme nas frestas. Olha! Quanto ouro! Mergulha as mãos; faze soar o metal. Tu és feliz.
Feliz, tu! Mas a noite não te dá repouso, e teu sono é povoado de fantasmas.
Tens frio! Aproxima-te da lareira. Aquece-te a esse fogo que crepita tão alegremente. Cai neve; o viajante friorento envolve-se em seu manto; o pobre tirita sob os andrajos. A chama da lareira diminui; atira mais lenha. Não; para! É o teu ouro que consomes com essa madeira; é o teu ouro que queimas!
Tens fome! Olha, toma, sacia-te. Tudo isto é teu. Pagaste com o teu ouro. Com o teu ouro! Esta abundância te revolta; este supérfluo será necessário para manter-se a vida? Não, este pedaço de pão será bastante; ainda é muito. Tuas roupas caem em frangalhos; tua casa se fende e ameaça ruína; sofrerás frio e fome; mas que importa! Tens ouro!
Infeliz! A morte vai separar-te deste ouro. Deixá-lo-ás à borda de teu túmulo, como a poeira que o viajante sacode à soleira da porta, onde a família querida o espera para festejar o regresso.
Teu sangue enfraquecido, envelhecido por tua voluntária miséria, gelou-se em tuas veias. Os herdeiros ávidos atiram teu corpo a um recanto de cemitério; eis-te face a face com a eternidade. Miserável! Que fizeste desse ouro que te foi confiado para aliviar o pobre? Ouves estas blasfêmias? Vês estas lágrimas? Vês este sangue? São as blasfêmias dos sofrimentos que terias podido acalmar; são as lágrimas que fizeste correr; é o sangue que derramaste. Tens horror a ti mesmo; desejarias fugir e não podes. Sofres, desesperado! Tu te contorces no teu sofrimento. Sofre! Não haverá compaixão para contigo! Não tiveste entranhas para o teu irmão infeliz. Quem teria para ti? Sofre! Sofre sempre! Teu suplício não terá fim. Para te punir, Deus quer que assim o creias.

ORSERVAÇÃO: Ouvindo o fim destas eloquentes e poéticas palavras, estávamos surpreendidos por ouvir São Luís falar da eternidade dos sofrimentos, quando todos os Espíritos superiores são concordes em combater tal crença, quando as últimas palavras: para te punir, Deus quer que assim o CREIAStudo explicaram. Nós as reproduzimos nos caracteres gerais dos Espíritos da terceira ordem. Com efeito, quanto mais imperfeitos os Espíritos, mais restritas e circunscritas as suas ideias. Para eles o futuro é vago, e não o compreendem. Eles sofrem; seus sofrimentos são longos, e para quem sofre há muito tempo, isto é sofrer sempre. Este pensamento, por si só, é um castigo.
Num próximo artigo citaremos fatos de manifestações que poderão esclarecer-nos quanto à natureza dos sofrimentos de além-túmulo. (Publicada na Revista Espírita de fevereiro de 1858).

[1] No francês: “boisseau” - Antiga medida de capacidade para grãos e outros sólidos granulados, equivalente a aproximadamente 36 litros. (N.T)

terça-feira, 4 de setembro de 2012

Vida e Valores (Felicidade)


Costumeiramente, a felicidade é considerada a partir de valores de ordem material. É bem compreensível que assim seja no mundo em que nós vivemos. Afinal, vivemos num mundo cujas referências são todas elas, ou quase todas elas, a partir de coisas do mundo físico.

Nada obstante, em todos os tempos se haja falado que nós somos seres espirituais, ainda que as religiões hajam dito, desde sempre, que nós somos filhos de Deus e somos seres espirituais, essas informações, essas referências, quase sempre, deixaram a desejar. Elas não eram bem exatas, não eram bem completas.

A Humanidade passou a ter, a respeito das coisas espirituais, uma reflexão um tanto inadequada, porque passamos a associar o Espírito a fantasmas, às almas doutro mundo, a esses seres que são forjados na mente coletiva, na mente humana e, por causa disso, são fantasias que as mentes costumam criar.

Sempre que se fala em alma, em Espírito, se imaginam seres vestidos de lençois brancos, ou arrastando correntes ou uivando pelas noites, ou coisas desse gênero.

Poucas vezes se pensou na realidade nossa como Espíritos, em termos intelectuais, em termos mentais, em termos morais. Desse modo, as referências da felicidade estão atreladas a essas questões do mundo físico.

Costuma se pensar que felicidade está vinculada às posses que se tem. Muita gente imagina que só será feliz quando tiver o carro, quando tiver a casa, quando tiver dinheiro no banco, quando puder viajar, quando comprar roupas de grife, quando, quando, quando... Vamos sempre jogando a felicidade para patamares mais distantes.

Jamais fruímos a felicidade agora, já, no momento em que estamos vivendo. Há sempre um ritual intelectual que nos faz arremessar essa felicidade ou encontro com essa felicidade, para os dias do futuro.

Os discursos nossos, os discursos de todos ou de quase todos, estão sempre vinculados a: Quando eu tiver, quando eu comprar, quando eu for....

Então, a riqueza é uma das referências para a felicidade. No dia em que o indivíduo ganhar na loteria, no dia que conseguir uma herança, no dia em que ficar rico, ele será feliz.

Até conseguir ganhar na loteria, que dificilmente acontecerá; até o dia em que lhe surgir uma herança, que é uma coisa quase inabordável; até o dia em que ficar rico através do seu trabalho comum, o que também é, francamente, muito difícil, ele não consegue ser feliz.

O indivíduo não consegue ser feliz no momento em que está, com as pessoas com quem está, na realidade em que vive. Está sempre procrastinando, empurrando para trás, retardando a felicidade.

É muito interessante, porque Vicente de Carvalho, um poeta nosso, brasileiro, santista escreveu, um dia, que a felicidade é como um pomo, que nunca o pomos onde nós estamos, e nunca estamos onde nós o pomos.

Ele fez um jogo de palavras francamente verdadeiro, porque nunca pomos a felicidade onde estamos.

A felicidade está sempre além, num lugar, numa situação, numa condição social, numa condição de vida que não é aquela que estamos usufruindo agora. E onde pomos a felicidade, nós nunca estamos lá, porque a projetamos para somente quando determinadas coisas aconteçam.

É muito comum que o menino diga que ele será feliz quando fizer dezoito anos, e com dezoito anos, ele terá a chave da casa, ele poderá guiar carros, ele poderá fazer muitas coisas. Até chegar aos dezoito anos ele se impede de ser feliz aos treze, aos quatorze, aos quinze, etc.

Mas, depois que ele faz dezoito anos, a felicidade será quando ele conseguir uma namorada ou quando se casar. E ele vai empurrando isso. Quando se casa e não consegue a felicidade com o casamento, ele projeta quando tiver filhos. Desse modo, vamos empurrando para trás a felicidade que é como um pomo, como um fruto, nós nunca o pomos onde estamos, e jamais estamos onde nós o pomos.

É por causa disto que deveremos começar a refletir e a pensar que somos seres espirituais e que a felicidade não pode ser uma coisa projetada para longe, ela deve estar bem junto a nós.

* * *

É natural pensar que todo esse conforto material perseguido pelas pessoas, perseguido por nós, de fato nos dá uma gama de satisfação.

Quem é que não gostaria de ter dinheiro, quem é que não gostaria de ter uma boa posição social, econômica? Quem é que não gostaria de ser famoso e ser conhecido, de desfrutar dessas considerações do mundo, ainda que passageiras?

Poucas seriam as pessoas que responderiam que não.

No entanto, a felicidade decorre da maneira como nós encaramos a vida. Sim, a felicidade tem dimensões psicológicas.

Por isso, visitamos, muitas vezes, hospitais onde as pessoas sofrem, lugares de padecimentos, de dores, às vezes atrozes. Vamos visitar essas pessoas, cheios de angústias, com os nossos problemas cá de fora, do mundo e ao lhes perguntar como estão, elas nos surpreendem com uma bofetada de luvas: Eu estou bem, estou muito bem. E nós não conseguimos entender como é que uma pessoa operada, muitas vezes esperando morrer, com uma doença incurável ou com um mal grave, possa nos dizer que está bem.

Tudo com ela está bem, exatamente porque ela não está considerando o seu estado de felicidade a partir do corpo físico, embora o corpo físico também faça parte da nossa felicidade, ou deva fazer. Mas ela está além dessa consideração material. Porque é o modo como a gente vive por dentro que estabelece como é que vamos considerar a vida de fora.

Como o Cristo disse que o reino dos céus não tem aparências exteriores, está dentro de cada um de nós, é verdade que muitas vezes nós, ainda que passemos apertos materiais, carregamos uma certa satisfação interna, não por passar dificuldades, isso seria masoquismo, mas pela maturidade com que passamos essas dificuldades.

Daí encontrarmos pessoas pobres contentes e acharmos pessoas ricas desgraçadas.

É por isso que, ao pensarmos na felicidade como uma dimensão psicológica, uma dimensão psíquica, uma dimensão espiritual, verificamos que muitas pessoas que vivem dificuldades materiais conseguem extrair dessa dificuldade, alegrias íntimas, alegrias para sua vida, capazes de causar inveja a muita gente rica.

É por isso que muita gente rica, nada obstante tenha muito dinheiro, tenha posição social, tenha todas as facilidades, vive infeliz.

No meio dos ricos, quantas vezes achamos suicídios incompreensíveis a princípio, porque as pessoas dizem: Mas tinha tudo, tinha poder, tinha riqueza, tinha beleza! Mas não tinha harmonia íntima. Muitas vezes não tinha objetivo de vida. Então, a saída para esses indivíduos foi a tentativa de se autodestruir.

Encontramos, por vezes, nos meios ricos, homicídios. Mas como?

Pessoas às quais não faltava nada, pelo menos na suposição do vulgo. Faltava-lhes quase sempre o essencial, a harmonia interior. A felicidade nasce dessa harmonia.

Quantas vezes achamos no meio de gente rica a prostituição, de todos os sentidos. A prostituição dos costumes, a prostituição sexual. Encontramos a drogadição, no meio de gente que pode pagar caro pelas doses de cocaína, de heroína e de tudo mais que infelicita a vida.

Podemos garantir sim, como estabelece o brocardo popular que o dinheiro, a fortuna material não traz a felicidade. Indubitavelmente, ajuda no conforto, ajuda na harmonia material, mas não resolve os nossos enigmas da alma.

Desse modo, a felicidade vai sempre depender da nossa visão de mundo, da maturidade com que nós experimentamos o mundo.

Se estou no mundo como quem se acha numa penitenciária, a minha vida será um tormento, uma infelicidade. Se eu estiver no mundo como quem se acha numa escola, eu farei das dificuldades elementos de progresso, de crescimento, de harmonia.

Se eu me sentir na Terra como quem está num lar, entenderei que todas as dificuldades me são necessárias para que eu as supere, porque eu estou rodeado de irmãos, de criaturas com as quais eu posso interagir positivamente.

A felicidade não é, de fato, uma regalia deste mundo, ela está dentro de nós.

É por isto que Allan Kardec perguntou se no mundo se poderia experimentar a felicidade no grau maior, e os Seres Imortais responderam-lhe que não, porque a Terra é um mundo de provas e expiações. No entanto, poderemos ser tão felizes quanto a Terra permite que sejamos. Vamos buscar essa felicidade maior, que o mundo nos enseja.

Transcrição do Programa Vida e Valores, de número 142, apresentado por Raul Teixeira, sob coordenação da Federação Espírita do Paraná. Programa gravado em abril de 2008. Exibido pela NET, Canal 20, Curitiba, no dia 1º de março de 2009.
Em 25.06.2009.

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Felicidade



 Felicidade
Existe a felicidade? Será ficção ou realidade? Se não existe, porque tem sido essa a aspiração detodas as gerações através dos séculos e dos milênios? Já não seria tempo de o homem desiludir-se? Se existe, porque não a encontram os que a buscam com tanto empenho?Que nos responda o poeta:"A felicidade está onde nós a pomos; e nunca a pomos onde nós estamos".Eis a questão. A felicidade é um fato desde que a procuremos onde realmente ela está, isto é,em nós mesmos.O desapontamento de muitos com relação à felicidade, desapontamento que tem geradoincredulidade e pessimismo, origina-se de a terem procurado no exterior, onde ela não está;origina-se ainda de a suporem dependendo de condições e circunstâncias externas, quando todo oseu segredo está em nosso foro íntimo, no labirinto dos refolhos de nosso ser.O problema da felicidade é de natureza espiritual. Circunscrito à esfera puramente material,jamais o homem o resolverá. O anseio de felicidade que todos sentimos vem do Espírito, sãoprotestos de uma voz interior.O erro está em querermos atender a esses reclamos por meio das sensações da carne e dagratificação dos sentidos. Daí a insaciabilidade, daí a eterna ilusão! O fracasso vem da maneiracomo pretendemos acudir ao clamor do Espírito. Ao rufiar de asas, respondemos com oescarvar de patas.A idéia da felicidade é tão real como a da imortalidade: aquela, porém, como esta, diz respeito àalma, não ao corpo. Ao Espírito cumpre alcançar a felicidade que está, como a imortalidade, -emsi mesmo, na trama da própria vida, dessa vida que não começa no berço nem termina notúmulo. A felicidade, neste mundo onde tudo é relativo, não exclui o sofrimento. Mesmo na dor, afelicidade legítima permanece atuando como lenitivo.De outra sorte, sofrer durante certo tempo e ver-se, depois, livre do sofrimento, já não seráfelicidade? O doente que recupera a saúde e o prisioneiro que alcança a liberdade já não sesentem, por isso, felizes? A saudade que nos crucia, não se transforma em gozo quando,novamente, sentimos palpitar, bem junto ao nosso, o coração amado?Não é bom sofrer para gozar? E' assim que, muitas vezes, a felicidade surge da própria dorcomo a aurora irrompe da noite caliginosa.O descanso é um prazer após o trabalho; sem este, que significação tem aquele? Assim afelicidade. Ela representa o fruto de muitos labores, de muitas porfias e de acuradas lutas. Venceré alcançar a felicidade. Podemos, acaso, conceber vitória sem refregas? Quanto mais árdua é apeleja, maior será a vitória, mais saborosos os seus frutos, mais virentes os seus louros.Para a felicidade fomos todos criados. "Quero que o meu gozo esteja em vós, e que o vosso gozoseja completo." As graças divinas estão em nós, mas não as percebemos. A vida animalizada quelevamos ofusca o brilho da luz íntima que somos nós mesmos. Vivemos como que perdidos,insulados, ignorando-nos a nós próprios. Encontrarmo-nos e nos reconhecermos como realmentesomos — eis a felicidade. Fugirmos da espiritualidade é fugirmos de nós mesmos. Querendo fruirprazeres sensuais, adulteramos nossa íntima natureza, resvalando para o abismo dairracionalidade. Desse desvirtuamento vem a dor, dor que nos chama à realidade da vida e nosconduz à felicidade.A alegria de viver é conseqüência natural de um certo estado de alma, e significa viverprofundamente ."Eu vim para terdes vida e vida em abundância". A verdadeira vida é sempre cheia de alegria; éum dia sem declínio, um sol sem ocaso. O céu é a região da luz sempiterna. A ele não iremos pelaestrada ensombrada de tristezas, luto e melancolia. O caminho que conduz à felicidade, resolvendoos problemas da vida, é estreito: não é escuro, nem sombrio. Estreito, no caso, significa difícil, masnão lúgubre.A alegria de viver nasce do otimismo, o otimismo nasce da fé. Sem fé ninguém pode ser feliz. Semfé e sem amor não há felicidade.As virtudes são suas ancilas. Haverá felicidade maior que nos sentirmos viver no coração deoutrem? "Pai, quero que eles (os discípulos) sejam um em mim, como eu sou um contigo." A fusão de nossa vida em outra vida é a máxima expressão da ventura. O egoísmo é o seu grandeinimigo. Alijá-lo de nós é dar o primeiro passo na senda da felicidade.Sendo a felicidade resultante de uma série de conquistas, é, por isso mesmo, obra de educação.Através da auto-educação de nosso Espírito, lograremos paulatinamente a felicidade verdadeira.O reino de Deus — que é o do amor, da justiça e da liberdade — está dentro de nós, disseJesus com o peso de sua autoridade. Descobri-lo, torná-lo efetivo, firmar em nós o império dessereino, vencendo os obstáculos e os embaraços que se lhe opõem — tal é a felicidade.Para finalizar, concedamos a palavra a Leon Denis, o grande apóstolo da Nova Revelação:Como a educação da alma é o senso da vida, importa resumir seus preceitos em palavras:Aumentar tudo quanto for intelectual e elevado. Lutar, combater, sofrer pelo bem dos homens edos mundos. Iniciar seus semelhantes nos esplendores de verdadeiro e do belo. Amar a verdade ea justiça praticar para com todos a caridade, a benevolência tal é o segredo da FELICIDADE , tal é oDever, tal é a Religião que o Cristo legou a Humanidade.

Livro: Em torno do Mestre- Vinícius