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quinta-feira, 18 de abril de 2013

EAD-Estudo aprofundado da Doutrina Espírita Livro 1 - Módulo 2 - Roteiro 8 " Os discípulos de Jesus"

1. Os discípulos do Cristo
O termo
discípulo, significando literalmente “aluno”, aparece no Novo
Testamento
somente nos evangelhos e em Atos dos Apóstolos. De emprego,
em particular, para identificar os doze apóstolos, designa, em geral, a ampla
variedade dos seguidores de Jesus. Entretanto, nem todos os seguidores do
Cristo se constituíram em seus legítimos discípulos, aceitando a mensagem
cristã e colocando-se a serviço de Jesus. Grande parte da população seguia o
Mestre em busca de alívio dos problemas que lhes afligiam a existência.
Em virtude dos seus postulados sublimes de fraternidade, a lição do Cristo representava
o asilo de todos os desesperados e de todos os tristes. As multidões dos aflitos pareciam
ouvir aquela misericordiosa exortação: — “Vinde a mim, vós todos que sofreis e tendes
fome de justiça e eu vos aliviarei.” — e da cruz chegava-lhes, ainda, o alento de uma es
perança
desconhecida. A recordação dos exemplos do Mestre não se restringia aos povos
da Judéia, que lhe ouviram diretamente os ensinos imorredouros. Numerosos centuriões
e cidadãos romanos conheceram pessoalmente os fatos culminantes das pregações do
Salvador. Em toda a Ásia Menor, na Grécia, na África, e mesmo nas Gálias, como em
Roma, falava-se d’Ele, da sua filosofia nova que abraçava todos os infelizes, cheia das
claridades sacrossantas do reino de Deus e da sua justiça. Sua doutrina de perdão e de
amor trazia nova luz aos corações e os seus seguidores destacavam-se do ambiente corrupto
do tempo, pela pureza de costumes e por conduta retilínea e exemplar.
6
Ao lado das criaturas que seguiam o Mestre em busca de alívio para os
seus males, havia os servidores fiéis, que abraçaram de corpo e alma a causa
do Cristo, conforme rezam as escrituras e a tradição. Em todas as épocas
SUBSÍDIOS
MÓDULO II
Roteiro 8
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Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
EADE - Roteiro 8 - Os discípulos de Jesus
renasceram no Planeta discípulos sinceros de Jesus, almas valorosas que, em
razão do trabalho por elas desenvolvido, se constituíram em guardiões e dis
seminadores
da mensagem cristã, estimulando o progresso da humanidade,
ao longo dos séculos.
Deus [...] só confia missões importantes aos que ele sabe capazes de as cumprir, porquanto
as grandes missões são fardos pesados que esmagariam o homem carente de forças para
carregá-los. Em todas as coisas, o mestre há de sempre saber mais do que o discípulo; para
fazer que a Humanidade avance moralmente e intelectualmente, são precisos homens
superiores em inteligência e em moralidade. Por isso, para essas missões são sempre escolhidos
Espíritos já adiantados, que fizeram suas provas noutras existências, visto que,
se não fossem superiores ao meio em que têm da atuar, nula lhes resultaria a ação.
1
Neste sentido, o verdadeiro missionário, justifica-se «[...] pela sua supe
rioridade,
pelas suas virtudes, pela grandeza, pelo resultado e pela influência
moralizadora de suas obras, a missão de que se diz portador.»
1 E como poderemos
nos transformar em legítimos discípulos do Cristo? O que é necessário
fazer? É o próprio Jesus que nos ensina:
Ama a Deus, Nosso Pai [...], com toda a tua alma, com todo o teu coração e com todo o
teu entendimento. Ama o próximo como a ti mesmo. Perdoa ao companheiro quantas
vezes se fizerem necessárias. Empresta sem aguardar retribuição. Ora pelos que te per
seguem
e caluniam. Ajuda os adversários. Não condenes para que não sejas condenado.
A quem te pedir a capa cede igualmente a túnica. Se alguém te solicita a jornada de mil
passos, segue com ele dois mil. Não procures o primeiro lugar nas assembléias, para que
a vaidade te não tente o coração. Quem se humilha será exaltado. Ao que te bater numa
face, oferece também a outra. Bendize aquele que te amaldiçoa. Liberta e serás libertado.
Dá e receberás. Sê misericordioso. Faze o bem ao que te odeia. Qualquer que perder a
sua vida, por amor ao apostolado da redenção, ganhá-la-á mais perfeita, na glória da
eternidade. Resplandeça a tua luz. Tem bom ânimo. Deixa aos mortos o cuidado de enterrar
os seus mortos. Se pretendes encontrar-me na luz da ressurreição, nega a ti mesmo,
alegra-te sob o peso da cruz dos próprios deveres e segue-me os passos no calvário de
suor e sacrifício que precede os júbilos da aurora divina!
16
Percebemos, assim, que a existência de cada servidor fiel se resume na
adoção de um determinado tipo de conduta que o caracteriza como homem
de bem.
A [...] vida de cada criatura consciente é um conjunto de deveres para consigo mesma,
para com a família de corações que se agrupam em torno dos seus sentimentos e para
com a Humanidade inteira. E não é tão fácil desempenhar todas essas obrigações com
aprovação plena das diretrizes evangélicas. Imprescindível se faz eliminar as arestas do
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Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
EADE - Roteiro 8 - Os discípulos de Jesus
próprio temperamento, garantindo o equilíbrio que nos é particular, contribuir com
eficiência em favor de quantos nos cercam o caminho, dando a cada um o que lhe pertence,
e servir à comunidade, de cujo quadro fazemos parte. Sem que nos retifiquemos,
não corrigiremos o roteiro em que marchamos. [...] Se buscamos a sublimação com o
Cristo, ouçamos os ensinamentos divinos. Para sermos discípulos dele é necessário nos
disponhamos com firmeza a conduzir a cruz de nossos testemunhos de assimilação do
bem, acompanhando-lhe os passos.
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2. Os discípulos e sua missão
2.1 - A missão dos setenta discípulos da Galiléia
Lucas nos relata que, após a transfiguração no Tabor e a cura de um
epilético obsidiado, Jesus designou setenta discípulos (alguns códices, como
a Bíblia de Jerusalém, mencionam setenta e dois), que deveriam anunciar os
ensinamentos de Jesus, fornecendo-lhes instruções precisas de como deveriam
agir.
• Primeiramente “mandou-os adiante da sua face, de dois em dois, a
todas as cidades e lugares aonde ele havia de ir.” (Lc 10:1)
• Asseverou que os enviava “como cordeiros ao meio de lobos.” (Lc
10:3)
• Orientou-lhes: “Não leveis bolsa, nem alforje, nem sandálias; e a nin
guém
saudeis pelo caminho.” (Lc 10:4)
• Instruiu-os a como proceder ao chegar a uma residência: “onde entrardes,
dizei primeiro: Paz seja nesta casa. E, se ali houver algum filho de paz,
repousará sobre ele a vossa paz; e, se não, voltará para vós. E ficai na mesma
casa, comendo e bebendo do que eles tiverem, pois digno é o obreiro de seu
salário. Não andeis de casa em casa.” (Lc 10: 5-7)
• Esclareceu-lhes agir como hós-pedes educados: “E, em qualquer cidade
em que entrardes e vos receberem, comei do que vos puserem diante.” (Lc10: 8)
• Pediu-lhes: “E curai os enfermos que nela houver e dizei-lhes: É chegado
a vós o Reino de Deus. Mas, em qualquer cidade em que entrardes e vos não
receberem, saindo por suas ruas, dizei: Até o pó que da vossa cidade se nos
pegou sacudimos sobre vós. Sabei, contudo, isto: já o Reino de Deus é chegado
a vós.” (Lc10: 9-11)
• Informou-lhe, ainda: Quem vos ouve a vós a mim me ouve; e quem
vos rejeita a vós a mim me rejeita; e quem a mim me rejeita, rejeita aquele que
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Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
EADE - Roteiro 8 - Os discípulos de Jesus
me enviou.” (Lc10: 16)
Lucas nos esclarece também que o empreendimento dos setenta discípulos
foi coroado de êxito, que retornaram felizes, dizendo: “Senhor, pelo teu nome,
até os demônios se nos sujeitam. E disse-lhes: Eu via Satanás, como raio, cair do
céu. Eis que vos dou poder para pisar serpentes, e escorpiões, e toda a força do
Inimigo, e nada vos fará dano algum.” (Lc 10: 17-19) Jesus, porém, os alertou:
“Mas não vos alegreis porque se vos sujeitem os espíritos; alegrai-vos, antes,
por estar o vosso nome escrito nos céus.” (Lc 10: 20)
Percebe-se nesse texto do Evangelho que a despeito de ser Jesus o Governador
Espiritual do Planeta, não dispensa a cooperação de servidores que, à
semelhança de “batedores”, seguem à frente anunciando as
Boas Novas.
Jesus [...] não prescinde da participação de outros Espíritos de condição espiritual inferior
a dele para o desenvolvimento de sua tarefa. [...] Em tarefa de redenção espiritual de
elevado porte, faz-se acompanhar de uma falange invisível e de um punhado de homens
e mulheres carregando consigo conquistas e débitos espirituais. Atua em conjunto, investindo
no potencial do grupo, ainda que reconhecesse suas fragilidades. Dá o apoio,
mas deixa que cada um cumpra a cota de serviço necessária ao processo de crescimento
individual e coletivo.
3
Outro ponto relevante, evidenciado nessa passagem evangélica, diz respeito
às instruções que Jesus transmitiu aos seus discípulos. O Mestre não se limita a
dizer-lhes “o que fazer” mas, também, “o como fazer”, tendo em vista as diferentes
situações que surgiriam na execução do trabalho. O êxito da missão foi,
assim, garantido tanto pelas sábias orientações prestadas pelo Senhor quanto
pelo esforço dos discípulos em cumpri-las.
Os [...] os grandes operários da Espiritualidade; cheios de coragem e de austeridade,
sulcaram as estradas de vila em vila, de aldeia em aldeia, sem se preocuparem com haveres,
com roupas, com bolsas, com alforjes nem com sandálias, no cumprimento das
ordens que receberam, já curando enfermos e levando a paz às multidões sufocadas pelas
tribulações, já anunciando à viva voz e sem desejar outros valores, a chegada do Reino
de Deus, que, deveria dominar os corações.
4
É, pois, necessário o desenvolvimento de valores morais para sermos considerados
discípulos de Jesus: «desinteresse, abnegação, sacrifício, mansidão,
coragem, dignidade, humildade, amor [...]».
4
A lição evangélica nos faz refletir também sobre a carência de liderança
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Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
EADE - Roteiro 8 - Os discípulos de Jesus
positiva no mundo atual. As pessoas, em geral, estão muito envolvidas com
aquisição de bens transitórios.
A ausência de objetivos superiores é um dos grandes males humanos. Estacionados
na rotina, os homens tendem a preocupar-se com ninharias, emprestando demasiada
importância a acontecimentos banais, a fenômenos naturais de desgaste orgânico e ao
procedimento alheio, transformando-se em eternos inquietos, em doentes crônicos e
amigos da maledicência. Quando resolvem mudar, não cogitam de olhar para o Alto.
Preferem descer ao rés-do-chão, resvalando para a inconseqüência e o vício.
5
Em razão da nossa acanhada evolução, moral e intelectual, ainda nos
empenhamos em servir a Jesus por meio de práticas exteriores, adiando para
o grande amanhã a verdadeira transformação íntima.
Também nós, sensibilizados com os propósitos de elevação, permanecemos vinculados
aos dispositivos da Boa Nova. No entanto, aguarda o Mestre que as atitudes exteriores
de seus seguidores possam, um dia, acionarem-se objetivamente, desprendendo seus
corações das imantações milenares, mediante decisiva disposição de se elevarem espiritualmente.
2
2.2 - A missão dos quinhentos discípulos da Galiléia
Depois do Calvário, verificadas as primeiras manifestações de Jesus no cenáculo singelo
de Jerusalém, apossara-se de todos os amigos sinceros do Messias uma saudade imensa de
sua palavra e de seu convívio. A maioria deles se apegava aos discípulos, como que que
rendo
reter as últimas expressões de sua mensagem carinhosa e imortal. [...] Foi quando
Simão Pedro e alguns outros salientaram a necessidade do regresso a Cafarnaum, para os
labores indispensáveis da vida. Em breves dias, as velhas redes mergulhavam de novo no
Tiberíades, por entre as cantigas rústicas dos pescadores. [...] Mas, ao pé do monte onde
o Cristo se fizera ouvir algumas vezes, exalçando as belezas do Reino de Deus e da sua
justiça, reuniam-se invariavelmente todos os antigos seguidores mais fiéis, que se haviam
habituado ao doce alimento de sua palavra inesquecível. [...] Numa tarde de azul profundo,
a reduzida comunidade de amigos do Messias, ao lado da pequena multidão, reuniu-se em
preces, no sítio solitário. João havia comentado as promessas do Evangelho, enquanto na
encosta se amontoava a assembléia dos fiéis seguidores do Mestre. Viam-se, ali, algumas
centenas de rostos embevecidos e ansiosos. Eram romanos de mistura com judeus desco
nhecidos,
mulheres humildes conduzindo os filhos pobres e descalços, velhos respeitáveis,
cujos cabelos alvejavam da neve dos repetidos invernos da vida.
10
As tradições cristãs nos relatam que, naquele dia, Jesus apareceu a aproximadamente
quinhentas pessoas — denominadas, mais tarde, de
Os Quinhentos
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Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
EADE - Roteiro 8 - Os discípulos de Jesus
da Galiléia
—, prestando-lhes os seguintes esclarecimentos:
Amados [...], eis que retorno a vida em meu Pai para regressar à luz do meu Reino!...
Enviei meus discípulos como ovelhas ao meio de lobos e vos recomendo que lhes sigais
os passos no escabroso caminho. Depois deles, é a vós que confio a tarefa sublime da
redenção pelas verdades do Evangelho. Eles serão os semeadores, vós sereis o fermento
divino. Instituo-vos os primeiros trabalhadores, os herdeiros iniciais dos bens divinos.
Para entrardes na posse do tesouro celestial, muita vez experimentareis o martírio da
cruz e o fel da ingratidão... Em conflito permanente com o mundo, estareis na Terra,
fora de suas leis implacáveis e egoísticas, até que as bases do meu Reino de concórdia e
justiça se estabeleçam no espírito das criaturas. Negai-vos a vós mesmos, como neguei
a minha própria vontade na execução dos desígnios de Deus, e tomai a vossa cruz para
seguir-me.
11
Assinalando na mente e no coração os seus ensinamentos imorredouros,
e voltando o olhar para o futuro o Mestre lhes alerta:
Séculos de luta vos esperam na estrada universal. É preciso imunizar o coração contra
todos os enganos da vida transitória, para a soberana grandeza da vida imortal. Vossas
sendas estarão repletas de fantasmas de aniquilamento e de visões da morte. O mundo
inteiro se levantará contra vós, em obediência espontânea às forças tenebrosas do mal, que
ainda lhes dominam as fronteiras. Sereis escarnecidos e aparentemente desamparados;
a dor vos assolará as esperanças mais caras; andareis esquecidos na Terra, em supremo
abandono do coração. Não participareis do venenoso banquete das posses materiais,
sofrereis a perseguição e o terror, tereis o coração coberto de cicatrizes e de ultrajes. A
chaga é o vosso sinal, a coroa de espinhos o vosso símbolo, a cruz o recurso ditoso da
redenção. Vossa voz será a do deserto, provocando, muitas vezes, o escárnio e a negação
da parte dos que dominam na carne perecível. Mas, no desenrolar das batalhas incruentas
do coração, quando todos os horizontes estiverem abafados pelas sombras da crueldade,
dar-vos-ei da minha paz, que representa a água viva. Na existência ou na morte do corpo,
estareis unidos ao meu Reino.
12
Prosseguindo nas suas orientações, Jesus enfatiza:
Amados, eis que também vos envio como ovelhas aos caminhos obscuros e ásperos.
Entretanto, nada temais! Sede fiéis ao meu coração, como vos sou fiel, e o bom ânimo
representará a vossa estrela! Ide ao mundo, onde teremos que vencer o mal! Aperfeiçoemos
a nossa escola milenária, para que aí seja interpretada e posta em prática a lei de
amor do Nosso Pai, em obediência feliz à sua vontade augusta!
13
Esclarece-nos o Espírito Humberto de Campos que, a partir daquela «[...]
noite de imperecível recordação, foi confiado aos quinhentos da Galiléia o
serviço glorioso da evangelização das coletividades terrestres, sob a inspiração
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Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
EADE - Roteiro 8 - Os discípulos de Jesus
de Jesus-Cristo.»
14
Mal sabiam eles, na sua mísera condição humana, que a palavra do Mestre alcançaria
os séculos do porvir. E foi assim que, representando o fermento renovador do mundo,
eles reencarnaram em todos os tempos, nos mais diversos climas religiosos e políticos do
planeta, ensinando a verdade e abrindo novos caminhos de luz, através dos bastidores
eternos do Tempo. Foram eles os primeiros a transmitir a sagrada vibração de coragem
e confiança aos que tombaram nos campos do martírio, semeando a fé no coração
pervertido das criaturas. Nos circos da vaidade humana, nas fogueiras e nos suplícios,
ensinaram a lição de Jesus, com resignado heroísmo. Nas artes e nas ciências, plantaram
concepções novas de desprendimento do mundo e de belezas do céu e, no seio das mais
variadas religiões da Terra, continuam revelando o desejo do Cristo, que é de união e de
amor, de fraternidade e concórdia. Na qualidade de discípulos sinceros e bem-amados,
desceram aos abismos mais tenebrosos, redimindo o mal com os seus sacrifícios purifi
cadores,
convertendo, com as luzes do Evangelho, à corrente da redenção, os Espíritos
mais empedernidos. Abandonados e desprotegidos na Terra, eles passam, edificando no
silêncio as magnificências do Reino de Deus, nos países dos corações e, multiplicando
as notas de seu cântico de glória por entre os que se constituem instrumentos sinceros
do bem com Jesus-Cristo, formam a caravana sublime que nunca se dissolverá.
14
Cedo ou tarde a Humanidade terá que optar por Jesus, mantendo-se fiel
ao seu Evangelho.
Na [...] causa de Deus, a fidelidade deve ser uma das primeiras virtudes. Onde o filho e o
pai que não desejam estabelecer, como ideal de união, a confiança integral e recíproca?
Nós não podemos duvidar da fidelidade do Nosso Pai para conosco. Sua dedicação nos
cerca os espíritos, desde o primeiro dia. Ainda não o conhecíamos e já ele nos amava.
E, acaso, poderemos desdenhar a possibilidade da retribuição?
7
A respeito deste assunto, relata ainda o Espírito Humberto de Campos
que, em diálogo com Jesus, Judas Tadeu inquiriu do Mestre: «[...] de que modo
se há de viver como homem e como apóstolo de reino de Deus na face deste
mundo?»
8
A resposta de Jesus, luminosa e firme, como não poderia deixar de ser,
foi:
Em verdade, [...] ninguém pode servir, simultaneamente, a dois senhores. Fora absurdo
viver ao mesmo tempo para os prazeres condenáveis da Terra e, para as virtudes sublimes
do céu. O discípulo da Boa Nova tem de servir a Deus, servindo à sua obra neste mundo.
Ele sabe que se acha a laborar com muito esforço num grande campo, propriedade de seu
Pai, que o observa com carinho e atenta com amor nos seus trabalhos. [...] É certo que as
forças destruidoras reclamarão a indiferença e a submissão do filho de Deus; mas, o filho
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Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
EADE - Roteiro 8 - Os discípulos de Jesus
de coração fiel a seu Pai se lança ao trabalho com perseverança e boa vontade. Entrará
em luta silenciosa com o meio, sofrer-lhe-á os tormentos com heroísmo espiritual, por
amor do reino que traz no coração plantará uma flor onde haja um espinho; abrirá uma
senda, embora estreita, onde estejam em confusão os parasitos da Terra; cavará pacien
temente,
buscando as entranhas do solo, para que surja uma gota d’água onde queime
um deserto. Do íntimo desse trabalhador brotará sempre um cântico de alegria, porque
Deus o ama e segue com atenção.
8
Esses edificantes esclarecimentos nos conduzem a outro diálogo de Jesus
com um dos apóstolos, no caso, com André. Este apóstolo perguntou a Jesus:
“como poderei ser fiel a Deus, estando enfermo?” Obteve do Senhor a seguinte
resposta à sua indagação:
Nos dias de calma é fácil provar-se fidelidade e confiança. Não se prova, porém, dedicação,
verdadeiramente, senão nas horas tormentosas, em que tudo parece contrariar e
perecer. [...] André, se algum dia teus olhos se fecharem para a luz do Terra, serve a Deus
com a tua palavra e com os teus ouvidos; se ficares mudo, toma, assim mesmo, a charrua,
valendo-te das tuas mãos. Ainda que ficasses privado dos olhos e da palavra, das mãos e
dos pés, poderias servir a Deus com a paciência e a coragem, porque a virtude é o verbo
dessa fidelidade que nos conduzirá ao amor dos amores!
9
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Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
EADE - Roteiro 8 - Os discípulos de Jesus
1. KARDEC, Allan.
O evangelho segundo o espiritismo. Tradução de Guillon
Ribeiro. 125. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Cap. 21, item 9, p. 366-367.
2. GRUPO ESPÍRITA EMMANUEL.
Luz imperecível. Estudo interpretativo
do evangelho à luz da doutrina espírita. Coordenação de Honório Onofre
de Abreu. Edição comemorativa aos 40 anos do Grupo Espírita Emmanuel,
Belo Horizonte: Grupo Espírita Emmanuel, 1997. Cap. 171 (Trabalho e
redenção), p. 469.
3. PEREIRA,Sandra B.
Refletindo sobre Jesus e os recursos humanos. http://
www.fern.org.br/artigoago.htm
4. SCHUTEL, Cairbar.
O espírito do cristianismo. 8. ed. Matão: O Clarim, 2001,
Cap. 15 (A missão dos setenta), p. 106.
5. SIMONETTI, Richard.
Para viver a grande mensagem. 7. ed. Rio de Janeiro:
FEB, 1998. Item: Para abrir alas., p. 103.
6. XAVIER, Francisco Cândido.
A caminho da luz. Pelo Espírito Emmanuel.
32 ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005. Cap. 14 (A edificação cristã), item: Os
primeiros cristãos, p. 121-122.
7. ______.
Boa nova. Pelo Espírito Humberto de Campos (Irmão X). 33. ed.
Rio de Janeiro, 2005. Cap. 6 (Fidelidade a Deus), p.44.
8. ______. p. 47.
9. ______. p. 48.
10. ______. Cap. 29 (Os quinhentos da Galiléia), p. 190-191.
11. ______. p. 192-193.
12. ______. p. 193.
13. ______. p. 194.
14. ______. p. 195.
15. ______.
Fonte viva. Pelo Espírito Emmanuel. 34. ed. Rio de Janeiro: FEB,
2006. Cap. 58 (Discípulos), p. 145-146.
16. ______.
Roteiro. Pelo Espírito Emmanuel. 11. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004.
Cap. 13 (A mensagem cristã), p. 60-61.
REFERÊNCIAS
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Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
EADE - Roteiro 8 - Os discípulos de Jesus
Solicitar aos participantes que se organizem em
grupos, cabendo-lhes a tarefa de elaborar um mural,
de forma que os grupos apresentem as principais ca
racterísticas:
a) dos verdadeiros discípulos de Jesus;
b)da missão dos
Setenta Discípulos; c) da missão dosQuinhentos Discípulos da Galiléia.

Federação Espírita Brasileira

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

MENSAGEM AO MUNDO PAGÃO


"E EU LHE MOSTRAREI QUANTO DEVE PADECER PELO MEU NOME". (ATOS, 9:16)
Decorrido algum tempo após a crucificação de Jesus Cristo, o pequeno grupo de apóstolos dedicou-se à tarefa de disseminação da Boa Nova, procurando levar a mensagem cristã a todo o povo judeu. Entretanto, a mensagem revelada, que os apóstolos julgavam ter um sentido local, que acreditavam ser apenas dirigida ao povo de Israel e jamais apregoada aos demais povos, tinha de ultrapassar os limites acanhados daquela nação, para ser projetada no tempo e no espaço, atingindo os povos do chamado mundo pagão.

Os apóstolos de Jesus não estavam em condições de encetar tarefa de tamanha envergadura, uma vez que não se haviam ainda desvencilhado de muitos dogmas e de antigas tradições, sendo isso suficiente para evitar que ultrapassassem os limites estreitos do judaísmo. A prova mais cabal dessa assertiva está contida em Atos, 11:1-3, onde vemos o apóstolo Pedro ser acerbamente criticado por seus companheiros, pelo fato de haver contribuído para a conversão de um gentio: o centurião Cornélio.

Apenas um homem estava em condições de levar a Mensagem do Cristo a esses povos: Paulo de Tarso. Entretanto, o jovem tarsense estava num campo oposto, e
o Cristo o convocou por meio de retumbante manifestação espiritual, na Estrada de Damasco.

O chamamento de Paulo foi decisivo e o convocado obedeceu sem hesitações, sem indagações e sem condições. Fez apenas uma interrogação: Senhor, que queres que eu faça? Não formulou nenhuma das perguntas que qualquer um de nós comumente faria, em condições idênticas:

— Como e onde começar?
— Com que facilidades contarei?
— Poderei confiar na ajuda irrestrita do Alto?
— Quem me assessorará?
— Como enfrentarei os meus antigos amigos do Sinédrio?
— Aceitarão os gentios as minhas palavras?
— Prestar-se-ão a ouvir-me os filósofos gregos?
— Não será a minha pregação obstada pelas autoridades romanas?
— Porventura serei preso? Nesse caso quem me libertará?
— Quem será o meu sucessor na eventualidade de um fracasso?
— Não será ousadia demais combater a circuncisão, a idolatria e outras tradições?
— Onde haurirei as instruções necessárias?

Após receber a visita de Ananias e ter sido introduzido por Barnabé no grupo de apóstolos, Paulo de Tarso passou a percorrer os núcleos cristãos. Fundou centros de divulgação onde eles não existiam e deu nova vida àqueles que estavam ainda incipientes, para tanto, enfrentou acerba resistência, foi ultrajado, perseguido, vilipendiado, chegando mesmo a ser apedrejado. Nada disso arrefeceu o seu ânimo.

Não bastasse a resistência dos homens, intensificou-se o trabalho pernicioso dos Espíritos do mal: e um mensageiro das trevas trespassou-o de forma idêntica a um espinho na carne, acerca do qual Paulo teve de orar a Jesus, por três vezes, para que fosse desviado do seu caminho (II Cor. 12:7-8).

E Paulo falou e escreveu aos Hebreus, aos Tessalonicenses, aos Colossenses, aos Filipenses, aos Efésios, aos Gálatas, aos Coríntios e aos Romanos.

— Defendendo a pureza doutrinária do Cristianismo, debateu-se com o próprio apóstolo Pedro (Epístola aos Gálatas, 2:11);
— A fim de revelar o Deus Verdadeiro, foi ao Areópago, para discutir com os filósofos epicureus e estóicos;
— Para combater o mediunismo descontrolado e interesseiro, desmascarou Élimas (Atos, 13:6-9);
— Demonstrando os inconvenientes do personalismo, profligou a atitude de Apoio (I Cor. 3:1-9);
— Tentando extirpar a idolatria do seio do povo, defrontou-se com Demétrio (Atos, 19:24-30);

— No afã de implantar as verdades de uma nova doutrina, atraiu sobre si o ódio e a inimizade dos seus antigos companheiros, inclusive dos principais dos sacerdotes;
— Com o objetivo de levar a palavra do Cristo até Roma, apelou para ser julgado na capital do Império.

E assim Paulo percorreu as cidades do mundo pagão, as comunidades dos gentios: foi à Beréia, à Macedônia, passou pela Síria, pela Cilicia, por Icônio, Listra, Derbe, Antioquia, Chipre e dezenas de outras cidades. Encetou três grandes viagens missionárias e voltou a Jerusalém, onde foi preso, julgado e remetido sob escolta até Roma, onde sofreu as agruras de úmidas prisões, frio e fome, e onde, por fim, foi sacrificado.

Na passagem evangélica sobre a Conversão na Estrada de Damasco, o vocábulo Vaso significa médium, intermediário, pois assim como o vaso recebe o perfume e irradia do seu odor para todos os lados, Paulo recebeu, via mediúnica, os consoladores ensinamentos de Jesus e os transmitiu a todos os povos.

Paulo de Tarso foi, portanto, o exemplo vivo do discípulo que obedece, sem aquilatar dos percalços do caminho, sem medir as oposições e sem temer as represálias e até a própria morte do corpo.
Paulo A. Godoy
Crônicas Evangélicas