Ao tempo
em que as informações se multiplicam, oferecendo o conhecimento de muitas
ocorrências simultaneamente, aquelas que têm primazia nos veículos de
comunicação — tragédias, excentricidades, violências e crimes, sexo em
desvario, ameaças de morte e de guerra — deixam o indivíduo inseguro.
Porque
não dispõe de tempo para digerir e bem absorver as notícias, selecionando-as,
abate-se com facilidade ou excita-se, armando-se emocionalmente para os
enfrentamentos.
[...]Deixando-se arrastar pelo volume,
massifica-se e perde o contato com a própria identidade, passando a ser apenas
mais um no grupo, no qual se movimenta —trabalho, recreios, estudos, em
quaisquer atividades submetendo-se ao estabelecido, ao gosto geral, à vontade
alheia, às necessidades que os organizadores definem, sem o consultarem
anteriormente.
[...] A massificação deságua na desumanização, reconduzindo o
ser ao anterior estágio dos impulsos e instintos básicos[...]Nela, não há
liberdade plena, nem harmonia gratificante, porquanto é artificial, ruidosa,
agressiva, propondo contínuo, exaustivo estado de alerta contra os seus métodos
e membros igualmente violentos. A massa humana, como ser grupal, é destituída
de alma, de sensibilidade.
(...)Porque os seus membros perderam a capacidade de
ser indivíduos, estouram a qualquer voz de comando, arrastados pelos que os
sediciam, e assim agem, para não ficarem esmagados. Os seus tornam-se os
interesses coletivos, e tudo é programado, extinguindo no homem a
espontaneidade, que lhe expressa a individualidade, o nível psicológico e de
consciência, no qual se encontra. [...]O ser humano é um universo com as suas
próprias leis e constituição embora em harmonia com todos os demais, formando
imensa família. Massificado, perde a capacidade, ou lhe é impedida, de
expressar-se, de anelar e viver, conforme o seu paradigma de aspiração e
progresso, pois que, do contrário, é expulso do grupo, onde não mais tem
acesso. Marginalizado, deprime-se, aflige-se. Cabe-lhe, porém, amadurecer
reflexões para viver no grupo sem pertencer-lhe; para estar em sociedade sem
perder a sua identidade; para encontrar-se neste momento com os demais, porém,
não se permitir os arrastamentos insensatos e compulsivos da massificação. [...]A
aquisição da consciência de si, porém, é resultado de um esforço individual
concentrado.[...]Quando defrontado com o Si profundo, o indivíduo opta por
controlar e bem direcionar a máquina orgânica ao invés de ser conduzido pelos
instintos prevalecentes. Esse empenho racional converte-se de imediato em
desafio que o engrandece, oferecendo-lhe significado existencial, por cujo
termo lutará com denodo[...]A massa absorve, devora as expressões individuais e
consolida as paixões perversas. [...]Vivendo-se uma atualidade globalizadora ,
inevitável, pode-se
no entanto, evitar a massificação, preservando-se a individualidade, sendo-se
autêntico consigo mesmo, enfrentando as imposições do ego e harmonizando-as com
o Self.
Fonte: Trechos do Livro "Amor Imbatível Amor" do tema Massificação.
Autor espiritual: Joana de Angelis psicografado por Divaldo Pereira Franco