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sábado, 1 de fevereiro de 2014

EADE: Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita-Livro:1 Módulo:2 'O Cristianismo" Roteiro 23:A IGREJA CATÓLICA APOSTÓLICA ROMANA E ORTODOXA

MÓDULO II - O CRISTIANISMO
• Retirando-se para Salona, exausto da tarefa governista, ocorre a rebelião militar
que aclama Augusto a Constantino [...]. Junto dele, o Cristianismo ascende à
tarefa do Estado, com o edito de Milão. Emmanuel: A caminho da luz. Cap. 15,
item: Constantino.
• Mas, por volta do ano 381, surge a figura de Teodósio, que declara o Cristianismo
religião oficial do Estado, decretando, simultaneamente, a extinção dos
derradeiros traços do politeísmo romano. Emmanuel: A caminho da luz. Cap.
16, item: Vitórias do Cristianismo.
• A Igreja católica [...], deturpando nos seus objetivos as lições do Evangelho,
se tornou uma organização política em que preponderaram as características
essencialmente mundanas. Emmanuel: Emmanuel. Cap. 3.
• A Igreja Ortodoxa, uma das três grandes divisões do Cristianismo, [...] também
denominada Igreja do Oriente (ou Igreja Ortodoxa do Oriente), designa o grupo
de igrejas que se consideram depositárias da doutrina e do ritual dos padres
apostólicos [guardiões da moral cristã]. Enciclopédia mirador, vol. 11, p.
5969.
IGREJA CATÓLICA APOSTÓLICA ROMANA E ORTODOXA

Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
1. Igreja Católica Apostólica Romana
Os Anais de Tacitus nos informam que na noite de 18 para 19 de julho do
ano de 64, três quartos da cidade de Roma foram devastados por um incêndio
que só seria dominado seis dias depois. Acusado da autoria do incêndio, o
imperador Nero não só nega como responsabiliza os cristãos pelo atentado.
Assim, na noite de 15 de agosto de 64, vários cristãos são punidos no circo
de Nero — situado no local onde hoje se ergue a basílica de São Pedro —,
reduzidos a tochas vivas que serviram de iluminação à realização dos jogos e
das diversões que se seguiram ao suplício.
A partir desse acontecimento, as perseguições se tornaram corriqueiras
por mais de dois séculos consecutivos, nos governos de Domiciano (81-96) a
Diocleciano (184-302). A despeito dos suplícios e toda a sorte de infelici-dades,
o número de cristãos aumentava, dia após dia, ao longo dos anos. Em meados
do século III, mais de um funcionário do Império é convertido ao Cristianismo.
“Nós enchemos os campos, as cidades, o Fórum, o Senado, o Palácio”, escrevia
o orgulhoso Tertuliano.
É importante considerar que nessa época começou a surgir a palavra
católico associada aos cristãos. O cognitivo católica (ou católico), significando
universal, foi incorporado às ações e aos escritos das igrejas do Ocidente
(romana) e do Oriente (ortodoxa).
O termo “católico’’ foi utilizado antes da era cristã por alguns escritores (Aristóteles,
Zanão, Políbio), com o sentido de universal, oposto a particular. Não aparece na Bíblia
nem no Antigo nem no Novo testamento, embora nela se encontre, como conceito
fundamental, a idéia de universalidade da salvação [...]. Aplicado à Igreja [romana e
ortodoxa], o termo aparece, pela primeira vez, por volta do ano 105 d.C., na carta de
Inácio, bispo de Antioquia, aos erminenses. 6
Os escritores cristãos posteriores passaram a empregar o substantivo
catholica como sinônimo de igreja cristã, associando a essa palavra as idéias
de universalidade geográfica e de unidade de fé. Entretanto, somente com o
concílio ecumênico de Constantinopla (no ano 381) foi, oficialmente, aplicada
às igrejas romana e ortodoxa a designação “católica”. Este qualificativo, considerado
como artigo de fé, assim deve ser entendido e aceito pelos fiéis: Creio
na una, santa, católica e apostólica Igreja. Com a reforma protestante, e pela
determinação do concílio de Trento (em 1571), restringiu-se o significado à
expressão “católica’’, que passou a designar, especialmente, a igreja de Roma.
À denominação “igreja católica’’ acrescentou-se a palavra “romana’’. 6
As primeiras raízes do catolicismo surgem, provavelmente, no governo
do imperador Valeriano (253-260) que promoveu impiedoso ataque contra as
comunidades cristãs, buscando atingir, em especial, os seus líderes religiosos
— bispos, padres e diáconos —, com o propósito de eliminar a fé cristã do
império.
A doutrina cristã, todavia, encontrara nas perseguições os seus melhores recursos de
propaganda e de expansão. Seus princípios generosos encontravam guarida em todos
os corações, seduzindo a consciência de todos os estudiosos de alma livre e sincera.
Observa-se-lhe a influência no segundo século, em quase todos os departamentos da
atividade intelectual, com largos reflexos na legislação e nos costumes. Tertuliano apresenta
a sua apologia do Cristianismo, provocando admiração e respeito gerais. Clemente
de Alexandria e Orígenes surgem com a sua palavra autorizada, defendendo a filosofia
cristã, e com eles levanta-se um verdadeiro exército de vozes que advogam a causa da
verdade e da justiça, da redenção e do amor. 12
O trauma resultante das perseguições impeliu os cristãos a desenvolverem
estratégias que, de certa forma, pudessem neutralizar os constantes ataques de
que eram vítimas. Delineia-se, então, a partir desse período, uma organização
institucional que será conhecida como a monarquia papal. Importa considerar
que a organização da Igreja Católica nos conduz, necessariamente, à organização
da igreja cristã primitiva, em Roma, que, por sua vez, reflete a estrutura
organizacional das sinagogas. Originalmente, a igreja cristã consistia de uma
constelação de igrejas independentes cujos adeptos se «[...] reuniam nas casas
dos membros abastados da comunidade. Cada uma dessas casas contava com
seus próprios líderes, os anciãos ou “presbíteros”. 3
Os membros da igreja eram, na maioria, imigrantes, escravos e pessoas
livres. Essa diversidade cultural favorecia a existência de uma malha de rituais e
de doutrinas confusas e conflitantes, ortodoxas e heréticas (pagãs). Diante desse
panorama – perseguições de um lado, conflitos doutrinários de outro –, foi
natural a aceitação, pelos cristãos de Roma, do “episcopado monárquico”.
Esse episcopado, que antecede a monarquia papal, determinou que a
direção da igreja romana caberia a um bispo, sistema oposto ao existente de
administração da igreja por um colégio de anciãos, comuns nas demais igrejas
cristãs do Império. A administração por parte dos anciãos estava fundamentada
nos preceitos da assembléia (ecklesia), herdados das tradições judaicas. 4
2. O Cristianismo como religião do Estado
No século III, o império Romano estava dilacerado pela guerra civil, pela
epidemia da peste e pela vertiginosa sucessão de imperadores, todos apoiados
num exército esgotado pelos ataques inimigos. A instabilidade política
chegou ao extremo de, em quarenta e sete anos, elevar ao poder vinte e cinco
imperadores.
As forças espirituais que acompanham todos os movimentos do orbe, sob a égide de
Jesus, procuram dispor os alicerces de novos acontecimentos, que devem preparar a
sociedade romana para resgates e para a provação. A invasão dos povos considerados
bárbaros é então entrevista. Uma forte anarquia militar dificulta a solução dos problemas
de ordem coletiva, elevando e abatendo imperadores de um dia para outro. Sentindo a
aproximação de grandes sucessos e antevendo a impossibilidade de manter a unidade
imperial, Diocleciano organiza a Tetrarquia, ou governo de quatro soberanos, com quatro
grandes capitais. Retirando-se para Salona, exausto da tarefa governativa, ocorre a
rebelião militar que aclama Augusto a Constantino [285-337], filho de Constâncio Cloro,
contrariando as disposições dos dois Césares, sucessores de Diocleciano e Maximiano.
A luta se estabelece e Constantino vence Maxêncio às portas de Roma, penetrando a
cidade, vitorioso, para ser recebido em triunfo. Junto dele, o Cristianismo ascende à
tarefa do Estado, com o edito de Milão. 13
A história registra que Constantino foi proclamado imperador na Bretanha,
em 306, enquanto Maxêncio conspirava em Roma. Constantino prosseguiu
com suas campanhas na Gália e entrou em Roma com seu exército em
312, derrotando Maxêncio às margens do rio Tibre. Em 324 fez-se imperador
do Ocidente e do Oriente. Em 330 converteu a cidade grega de Bizâncio em
capital do império, com o nome de Constantinopla (em 1453, sob o domínio
turco, foi rebatizada de Istambul).
Embora não fosse cristão, pois só foi batizado em seu leito de morte, Constantino declarava-
se protetor da Igreja. O Cristianismo foi declarado religião oficial do império.
O Concílio de Nicéia (o primeiro concílio ecumênico) foi convocado pelo imperador e
realizou-se, em 325, numa sala do palácio imperial de veraneio. As conclusões do concílio,
compendiadas no símbolo de fé, foram promulgadas como lei do império. 15
Transformar o Cristianismo em religião foi um ato político do imperador,
amparado por suas percepções psíquicas.
O imperador Constantino era pessoalmente dotado de faculdades mediúnicas e sujeito
à influência dos Espíritos. Os principais sucessos de sua vida [...] assinalam-se por intervenções
ocultas. [...] Quando planejava apoderar-se de Roma, um impulso interior
o induziu a se recomendar a algum poder sobrenatural e invocar a proteção divina,
com apoio das forças humanas. [...] Caiu, então, em absorta meditação das vicissitudes
políticas de que fora testemunha. Reconhece que depositar confiança na “multidão dos
deuses’’ traz infelicidade, ao passo que seu pai Constâncio, secreto adorador do Deus
único, terminara seus dias em paz. Constantino decidiu-se a suplicar ao Deus de seu pai
que prestasse mão forte à sua empresa. A resposta a essa prece foi uma visão maravilhosa,
que ele próprio referia, muitos anos depois, ao historiador Eusébio, afirmando-a
sob juramento e com as seguintes particularidades: “Uma tarde, marchando à frente das
tropas, divisou no céu, acima do sol que já declinava para o ocaso, uma cruz luminosa
com esta inscrição: “Com este sinal vencerás’’. Todo o exército e muitos espectadores, que
o rodeavam viram com ele, estupefatos, esse prodígio. Logo foram chamados ourives e
o imperador lhes deu instruções para que a cruz misteriosa fosse reproduzida em ouro
e pedras preciosas. 2
Foi assim que Constantino, em seu caminho de realizações, consegue
proteger o Cristianismo e os cristãos das perseguições.
Consegue [...] levar a efeito a nova organização administrativa do Império, começada no
governo de Dioclesiano, dividindo-o em quatro Prefeituras, que foram as do Oriente,
da Ilíria, da Itália e das Gálias, que, por sua vez, eram divididas em dioceses dirigidas
respectivamente por prefeitos e vigários. [...] Findo o reinado de Constantino, aparecem
os seus filhos, que lhe não seguem as tradições. [...] Mas, por volta do ano 381, surge a
figura de Teodósio, que declara o Cristianismo religião oficial do Estado, decretando,
simultaneamente, a extinção dos derradeiros traços do politeísmo romano. É então
que todos os povos reconhecem a grande força moral da doutrina do Crucificado, pelo
advento da qual milhares de homens haviam dado a própria vida no campo do martírio
e do sacrifício. 16
3. A monarquia papal
Durante o governo de Constantino os bispos de Roma alcançaram um
prestigio jamais imaginado.
Eles [...] se tornaram celebridades comparáveis aos mais prestigiados senadores da cidade.
Era de se esperar que os bispos de todo o mundo romano assumissem, agora, o papel de
juízes, governadores, enfim, de grandes servidores do Estado. [...] No caso do bispo de
Roma, tais funções se tornavam ainda mais complexas, pois se tratava de liderar a Igreja
numa capital pagã que era o centro simbólico do mundo, o foco do próprio sentido de
identidade do povo romano. Constantino lavou as mãos com relação a Roma, em 324,
e tratou de criar uma capital no Leste. Caberia aos papas criar uma Roma cristã. Eles
deram início a tal empreendimento construindo igrejas, transformando os modestos
tituli (centros eclesiásticos comunitários) em algo mais grandioso e criando edifícios
novos e mais públicos, se bem que a princípio em nada rivalizassem com as grandes
basílicas imperiais de Latrão e de São Pedro [esta mandada construir por Constantino].
Nos cem anos seguintes, as igrejas se espalharam pela cidade [...]. 5
Emmanuel, na obra A caminho da luz, nos esclarece o seguinte:
A [...] indigência dos homens não compreendeu a dádiva do plano espiritual, porque,
logo depois da vitória, os bispos romanos solicitavam prerrogativas injustas sobre os
seus humildes companheiros de episcopado. O mesmo espírito de ambição e de imperialismo,
que de longo tempo trabalhava o organismo Império, dominou igualmente a
igreja de Roma, que se arvorou em suserana e censora de todas as demais do planeta.
Cooperando com o Estado, faz sentir a força das suas determinações arbitrárias. Trezentos
anos lutaram os mensageiros do Cristo, procurando ampará-la no caminho do
amor e da humildade, até que a deixaram enveredar pelas estradas da sombra, para
o esforço de salvação e experiência, e, tão logo a abandonaram ao penoso trabalho de
aperfeiçoar-se a si mesma, eis que o imperador Focas favorece a criação do Papado, no
ano 607. A decisão imperial faculta aos bispos de Roma prerrogativas e direitos até então
jamais justificados. Entronizam-se, mais uma vez, o orgulho e a ambição da cidade dos
Césares. Em 610, Focas [imperador romano que viveu entre 602 e 610] é chamado ao
mundo dos invisíveis, deixando no orbe a consolidação do Papado. 15
4. A tradução da Bíblia para o latim
Aproveitando-se das costumeiras disputas políticas existentes entre as
igrejas do Ocidente e as do Oriente, e desejoso de estabelecer a hegemonia do
Cristianismo, segundo as orientações da igreja de Roma, o papa Dâmaso deter345
mina ao seu secretário que traduza para o latim a Bíblia, pois, no seu entender,
‘’era necessário que a Igreja do Ocidente se tornasse latina’’.
O secretário de Dâmaso era Eusebius Hieronymus Sophronius, embora
fosse mais conhecido na igreja por Jerônimo. Ele foi treinado nos clássicos
em latim e grego e repreendia severamente a si mesmo por sua paixão pelos
autores seculares. Jerônimo já havia se tornado um dos maiores estudiosos na
época em que começou a trabalhar para Dâmaso. Desse modo, Dâmaso sugeriu
que seu secretário produzisse uma tradução latina da Bíblia, que eliminasse as
imprecisões das traduções mais antigas. 5
Em 382 Jerônimo inicia a sua obra, terminando a tradução em 405, não
sendo esta, porém, a única.
Durante aqueles 23 anos, ele também produziu comentários e outros escritos. [...] Jerônimo
começou sua tradução trabalhando a partir da Septuaginta, versão grega do Antigo
Testamento. Porém, logo estabeleceu um precedente para todos os bons tradutores do
Antigo Testamento: passou a trabalhar a partir dos originais em hebraico. Jerônimo
consultou muitos rabinos e procurava com isso atingir um alto grau de perfeição. Jerônimo
ficou surpreso com o fato de as Escrituras hebraicas não incluírem os livros que
chamamos hoje apócrifos. Por terem sido incluídos na Septuaginta, Jerônimo foi compelido
a incluí-los também em sua tradução, mas deixou sua opinião bastante clara: eles
eram liber ecclesiastici (livros da igreja), e não liber canonici (livros canônicos). Embora
os canônicos pudessem ser usados para a edificação, não poderiam ser utilizados para
estabelecer doutrina alguma [...]. 1
A biblioteca divina, termo pelo qual Jerônimo se referia à Bíblia, foi finalmente disponibilizada
em uma versão precisa e muito bem escrita, na linguagem usada comumente
nas igrejas do Ocidente. Ficou conhecida por Vulgata (do latim vulgus, comum). [...]
Ironicamente, a tradução da Bíblia no idioma que toda a igreja ocidental pudesse usar,
provavelmente, fez com que a igreja tivesse um culto de adoração e uma Bíblia que nenhum
leigo podia entender [...]. 15
5. As cruzadas
As Cruzadas, tradicionalmente, são conhecidas como expedições de caráter
militar, mas que foram organizadas pela Igreja, com o objetivo de combaterem
os inimigos do Cristianismo. Esse movimento teve início no final do século XI
e se estendeu até meados do século XIII. Os Espíritos superiores relatam que
esse processo começou, na verdade, em séculos anteriores onde a vaidade e o
orgulho contaminaram os responsáveis pelo catolicismo.
Em todo o século VI, de acordo com as deliberações efetuadas no plano invisível, aparecem
grandes vultos de sabedoria, contratando a vaidade orgulhosa dos bispos católicos,
que em vez de herdarem os tesouros da humildade e amor do Crucificado, reclamam
para si a vida suntuosa, as honrarias e prerrogativas dos imperadores. Os chefes eclesiásticos,
guindados à mais alta preponderância política, não se lembravam da pobreza
e da simplicidade apostólica, nem das palavras do Messias, que afirmara não ser o seu
reino ainda deste mundo. 18
O movimento cristão passa então a contar com uma série de modificações,
fundamentadas nas interpretações pessoais dos padres que procuravam adequar
a religião cristã aos seus interesses.
O Cristianismo [...] não aparecia com aquela mesma humildade de outros tempos. Suas
cruzes e cálices deixavam entrever a cooperação do ouro e das pedrarias, mal lembrando
a madeira tosca, da época gloriosa das virtudes apostólicas. Seus concílios, como os de
Nicéia, Constantinopla, Éfeso e Calcedônia, não eram assembléias que imitassem as
reuniões plácidas e humildes da Galiléia. A união com o Estado era motivo para grandes
espetáculos de riqueza e de vaidade orgulhosa, em contraposição com os ensinos
dAquele que não possuía uma pedra para repousar a cabeça dolorida. As autoridades
eclesiásticas compreendem que é preciso fanatizar o povo, impondo-lhe suas idéias e
suas concepções, e, longe de educarem a alma das massas na sublime lição do Nazareno,
entram em acordo com a sua preferência pelas solenidades exteriores, pelo culto fácil
do mundo externo, tão do gosto dos antigos romanos pouco inclinados às indagações
transcendentes. 17
Dessa forma, com a expansão muçulmana, entre 622-1089, iniciam-se
as cruzadas, guerra religiosa estabelecida para combater, inicialmente, os seguidores
do Islã, mas que atingiu todos os povos não-cristãos, cognominados
infiéis. As cruzadas foram em número de oito.
A primeira, decidida no concílio de Clemont, sob a direção do papa Urano
II, em abril de 1096, foi comandada por Pedro, o Eremita, e Gautier Sans
Avoir, produzindo o massacre dos judeus na Renânia. A segunda, realizada em
14 de dezembro de 1145, por ordem do papa Eugénio III, é coordenada pelo
rei da França Luis VII e pelo imperador alemão Conrado III. Surge a figura
muçulmana de Saladino, que muito trabalho deu aos cruzados. A terceira cruzada
foi organizada em 1188, por Frederico Barba-Roxa, imperador alemão,
Filipe Augusto, rei de França, e Ricardo Coração de Leão, rei da Inglaterra, a
pedido do papa Gregório VIII. A quarta cruzada, proclamada em 1198 pelo
papa Inocêncio III, é dirigida por Bonifácio I de Montferrat e Balduíno IX de
Flandres. A quinta cruzada inicia-se em 1215, após apelo do papa Inocêncio III,
no quarto concílio de Latrão. Foi dirigida por João de Brienne, rei de Jerusalém
e André II, rei da Hungria. A sexta cruzada, sob o domínio do papa Gregório
IX, começa em novembro de 1225, tendo como comandante o imperador
Frederico II, de Hohenstaufen. A sétima cruzada é decidida no concílio de
Lyon, em 1248, e tem o comando do rei francês Luís IX (São Luis). A última
cruzada, iniciada em março de 1270 , também é comandada por Luís IX, mas
o exército cruzado, em três meses, é arrasado pela peste, e o que sobrou, foi
dizimado por uma tempestade. 19
A igreja de Roma, [...] herdando os costumes romanos e suas disposições multisseculares,
procurou um acordo com as doutrinas consideradas pagãs, pela posteridade, modificando
as tradições puramente cristãs, adaptando textos, improvisando novidades injustificáveis
e organizando, finalmente, o Catolicismo sobre os escombros da doutrina deturpada. [...]
É assim que aparecem novos dogmas, novas modalidades doutrinárias, o culto dos ídolos
nas igrejas, as espetaculosas festas do culto externo, copiados quase todos os costumes
da Roma anticristã. 15
6. Igreja Católica Apostólica Ortodoxa
Nos começos do Cristianismo havia cinco Patriarcas. Cada um deles era o cabeça de
um centro de expansão da nova fé, e cada um deles tinha como função expandir o cristianismo
numa certa direção geográfica. Primeiro o Patriarca de Jerusalém, no Centro,
onde Jesus morreu e ressuscitou. Ao norte, o Patriarca de Constantinopla. Ao sul, o
Patriarca de Alexandria, no Egito. Ao Oriente, o Patriarca de Antioquia. E a Ocidente,
o Patriarca de Roma. 20
O Patriarca de Roma, nos séculos posteriores, passou a ser chamado de
Papa. A Igreja Ortodoxa, uma das três grandes divisões do Cristianismo, «[...]
também denominada Igreja do Oriente (ou Igreja Ortodoxa do Oriente), designa
o grupo de igrejas que se consideram depositárias da doutrina e do ritual
dos padres apostólicos [guardiões da moral cristã].» 9 Foram eles: Clemente de
Roma, Inácio de Antioquia, Policarpo de Esmirna, Hermes de Roma e Barnabé
de Alexandria.
Representando a fé histórica da cristandade oriental a Igreja Ortodoxa é mais limitativa
do que as Igrejas orientais, não somente por excluir os cristãos orientais que se reuniram
à Igreja Católica Apostólica Romana uniatas, como também por não compreender as
Igrejas que se separaram no século V por motivos doutrinários (nestorianismo, monofisismo).
Oficialmente chamada Igreja Católica Apostólica Ortodoxa, ou Igreja grega, em
oposição à Igreja latina, católica e romana. A Igreja Ortodoxa abrange os grupos que
se originaram do grande cisma de 1054 e que dependem historicamente de Bizâncio
(Constantinopla). 9
As igrejas orientais se subdividem, por sua vez, em três grupos: a Ortodoxa
do Oriente, as igrejas nestorianas e as dos monofisistas. As igrejas orientais,
embora se aglutinem em torno da igreja Romana, apresentam diferenças quanto
aos ritos e às normas disciplinares.
As igrejas orientais nestorianas têm como base as interpretações de Nestor
(ou Nestório), patriarca de Constantinopla no ano de 428. Nestor afirmava
que em Jesus havia dois “Eu” ou duas pessoas: uma divina, com a sua natureza
divina, e outra, humana, com a sua natureza humana.
Ele rejeitava a utilização do termo Theotokos, uma palavra muito usada para referir-se
a Maria e que significa literalmente Mãe de Deus. Nestor se opôs ao termo não porque
exaltasse a pessoa da Virgem Maria, mas porque abordava a divindade de Cristo de tal
maneira que poderia ofuscar sua natureza humana. Para solucionar o problema Nestor
sugeriu um novo termo – Cristotokos (Mãe de Cristo), querendo com isso afirmar que
Maria não era progenitora da divindade mas apenas da humanidade de Cristo. A discussão
promoveu intrigas e manobras políticas que terminaram na convocação do terceiro
concílio ecumênico, que ocorreu em Éfeso no dia 7 de junho de 431. A polemica ficou
mais uma vez em torno dos alexandrinos e antiocanos, estes apoiavam Nestor enquanto
os primeiros se opuseram fortemente. O concílio terminou em 433 com parecer favorável
a Alexandria, quando o patriarca de Constantinopla foi exilado e posteriormente
transferido para um oásis no deserto do Líbano onde ficou até o fim de sua vida. O
termo Theotokos, designado a Virgem Maria, se tornou dogma da igreja, como sinal de
ortodoxia, tanto para a igreja do oriente quanto à do ocidente. 21
Os monofisistas representavam uma corrente — ainda relativamente
numerosa nos dias atuais — de teólogos cristãos, dirigida por Dióscoro de
Alexandria, que propôs (século quinto) uma doutrina contrária à de Nestor:
que em Jesus haveria um só Eu divino e uma só natureza divina. A sua tese foi
rejeitada, em 451, pelo Concílio de Calcedônia, que decretou: em Jesus há uma
só Pessoa Divina, ou um só Eu, mas duas naturezas (a divina e a humana). 22
Historicamente, essas igrejas têm origem nas comunidades cristãs de Antioquia,
Alexandria, Corinto e Tessalônica. A cisão, ocorrida definitivamente
no século XI, se deu pelo fato de os cristãos orientais não aceitarem a supremacia
dos bispos de Roma, quando a sede do Império romano foi transferida
para Constantinopla, no ano 330. As divergências se acentuam doutrinária
e politicamente, sobretudo nos séculos V e VI. Após o segundo concílio de
Nicéia (em 787), os orientais não aceitam mais o ecumenismo dos concílios, o
celibato dos padres nem a santíssima trindade. 10
A hierarquia sacerdotal é composta de diáconos, padres, bispos, arcebispos,
metropolitas e patriarcas. O celibato é obrigatório apenas para os bispos, não
para os padres, embora o casamento deva ocorrer antes da ordenação. A Igreja
Ortodoxa tem claustros e monges. Costuma ser chamada de Igreja da Ressurreição,
porque dá ênfase à ressurreição do Cristo, em suas prédicas. Tem sete
sacramentos e acredita no Dia do Juízo Final. Os serviços religiosos atraem a
curiosidades popular pela beleza que oferecem. As igrejas são construídas como
o Templo de Salomão, em Jerusalém: há um vestíbulo com a pia batismal; a
nave, onde a congregação permanece durante o ofício religioso; o santuário,
oculto atrás de um biombo, e que corresponde ao «Santo dos santos» do templo
judaico. Apenas o padre tem permissão de entrar no santuário. Durante o serviço
religioso a congregação pode ver, a distância, o santuário. O biombo que
oculta o santuário se chama iconostas (parede de imagens), porque é coberto
de pinturas religiosas, ou ícones, típicos da Igreja Ortodoxa. 11
350
Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
1. CURTIS. A. Kenneth, J. Stephen Lang, Randy Petersen. Os 100 acontecimentos
mais Importantes da história do cristianismo. Tradução de Emirson
Justino. 1 ed. São Paulo: Editora Vida, 2003. Ano 405, p. 51-52.
2. DENIS, Léon. Cristianismo e espiritismo. Tradução de Leopoldo Cirne. 12.
ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004. Cap. 5 (Relação com os espíritos dos mortos),
p. 63-64.
3. DUFY, Eamon. Santos e pecadores; história dos papas. Tradução de Luiz
Antônio Araújo.São Paulo: Cosac e Naify, 1998. Cap. 1 (Sobre esta pedra),
item 1: de Jerusalém a Roma, p.6.
4. _______. Item 2: Os bispos de Roma, p.9.
5. _______. Item 4: O nascimento da Roma papal, p. 28-29.
6. ENCICLOPÉDIA MIRADOR INTERNACIONAL. São Paulo, 1995. Vol.
5. Itens 1 e 2, p. 2176.
8. ______. Item 11, p. 2178.
9.______. Vol. 11, p 5969.
10.______. p. 5969-5970.
11. HELLEN, V., NOTAKER, H. E GAARDER,J. O livro das religiões. Tradução
de Isa Mara Lando. São Paulo: Companhia das Letras, 2000, item:a igreja
ortodoxa, p.191-194.
12. XAVIER, Francisco Cândido. A caminho da luz. Pelo Espírito Emmanuel.
34. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Cap. 15 (A evolução do Cristianismo),
item: Os apologistas, p. 135-136.
13. ______. Item: Constantino, p. 137.
14. ______. Item: o papado, p.138.
15. ______. Cap. 16 (A Igreja e a invasão dos bárbaros), item: vitórias do
Cristianismo, p. 139-140.
16. ______. item: Primórdios do catolicismo, p. 140-141.
17 . ______. Item: A igreja de Roma p.141-142.
18. ______. cap. 17 (A idade medieval), item: Os mensageiros de Jesus, p.
147
19. http://www.arqnet.pt/portal/universal/cruzadas/
20. http://www.eduquenet.net/ritoscristianismo.htm
21. http://pt.wikipedia.org/wiki/Nest%C3%B3rio
22. 18 http://www.veritatis.com.br/artigo.asp?pubid=1670
REFERÊNCIAS

EADE: ESTUDO APROFUNDADO DA DOUTRINA ESPÍRITA-LIVRO:1-MÓDULO 2-ROTEIRO -22 " A IGREJA CRISTÃ PRIMITIVA"

MÓDULO II - O CRISTIANISMO
• De uso especificamente cristão, adotado pelas comunidades cristãs logo no seu
início, o termo “igreja” certamente queria dizer mais do que “reunião”, uma vez
que assinalava a diferença entre os adeptos que viam Jesus como Messias e os
judeus que não o aceitavam. Enciclopédia Mirador, vol. 11, p. 5962.
• Desde a fundação da igreja primitiva, em Jerusalém, percebe-se a existência
de duas correntes religiosas. Ambas aceitavam a aplicação da lei de Israel aos
cristãos de origem judaica, divergindo, no entanto, quanto à sua aplicação aos
gentios, convertidos ao Cristianismo.
• O Evangelho do Divino Mestre ainda encontrará, por algum tempo, a resistência
das trevas. A má-fé, a ignorância, a simonia, o império da força conspirarão
contra ele, mas tempo virá em que a sua ascendência será reconhecida.
Emmanuel: Emmanuel, cap. II.
A IGREJA CRISTÃ PRIMITIVA
Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
Introdução
A palavra “igreja” (do grego ekklesia e do latim ecclesia). Significa uma
assembléia que se reúne por força de uma convocação.
De uso especificamente cristão, adotado pelas comunidades cristãs logo no seu início, o
termo “igreja” certamente queria dizer mais do que “reunião”, uma vez que assinalava a
diferença entre os adeptos que viam Jesus como Messias, e os judeus que não o aceitavam.
O vocábulo relacionava-se com expressões do AntigoTestamento, sobretudo com
a palavra hebraica “gahal” (assembléia, congregação, multidão), que a versão grega dos
setenta (a septuaginta) traduz quase sempre para ekklesia. 2
A palavra ekklesia, porém, tem origem no Judaismo.
No Novo Testamento, onde ocorre cerca de 114 vezes (das quais 65 nas epístolas de são
Paulo), mostra a sua correlação histórica e lingüística com o judaísmo; a sua freqüência,
porém, corresponde ao desenvolvimento próprio e original de uma nova instituição —
cujo ponto de referência é agora Jesus de Nazaré, chamado o Cristo —, significa uma
ruptura com uma situação anterior [...]. De modo geral, a ekklesia para o Novo Testamento
foi essencialmente a vivência da fé dos primeiros grupos cristãos. Trata-se, no
início, de expressar a unidade no amor em vista da instauração do reino e do advento
iminente do Senhor. Cada igreja primitiva institucionalizava-se progressivamente em
função de condições concretas, em grande parte de significado local [...]. 2
É nítida a mudança de conceito de igreja nas epístolas de Paulo, indo
desde o significado elementar de assembléia ou reunião, evoluindo para o de
comunidade ou grupo, de forma concreta, até chegar ao sentido teológico de
SUBSÍDIOS
MÓDULO II
Roteiro 22
Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
EADE - Roteiro 22 - A igreja cristã primitiva
que Cristo é a cabeça do corpo que é a própria Igreja. (Epístola aos Colossenses,
1:18, 24).
Em Mateus, o conceito de uma Igreja estruturada parece evidente e é coerente com a “teologia
do povo” elaborada pelo evangelista. A idéia de ruptura com a oficialidade judaica
está claramente expressa na parábola dos viticultores homicidas. 2 (Mateus, 21:33-45)
Neste aspecto, a expressão o “reino dos céus” é retirado de um povo — o
judeu — e entregue a uma nova humanidade, formada de judeus e gentios.
João utiliza a palavra igreja de maneira diversa em seus escritos (evangelho,
epístolas e apocalipse). Apresenta um significado simbólico, mais espiritualizado,
de união com Jesus. Os cristãos são, para o apóstolo, testemunhas da mensagem
do Cristo. Somente em Atos dos Apóstolos iremos encontrar a palavra
igreja no sentido de um grupo de pessoas que se reúnem e que professam a fé
cristã. (Atos dos Apóstolos, 6:1-6; 15:22)
1. A igreja primitiva
A igreja primitiva começa com a fundação da igreja de Jerusalém, após o
pentecostes; abrange, em seguida, o trabalho realizado pelos doze apóstolos e
seus discípulos na difusão do Cristianismo, inclusive as atividades desenvolvidas
por Paulo; atravessa o período de grandes provações que os cristãos sofreram
durante a perseguição do estado imperial romano e se completa no início da
Idade Média com a constituição da igreja apostólica romana (Ocidental) e a
ortodoxa (Oriental).
A era apostólica é obscura, pois não há muitas informações a respeito. De
concreto, temos as informações de Lucas, inseridas em Atos dos Apóstolos.
A documentação existente sobre a igreja primitiva focaliza dois personagens:
Pedro e Paulo. Inegavelmente, muitas das informações que chegaram até nós
deve-se ao trabalho de Paulo. Percebe-se que, desde a constituição das primeiras
comunidades, as divergências entre os adeptos foram marcantes. Construíram
grupos separados e, muitos deles, rivais.
Logo após o martírio de Estevão a relativa paz dos cristãos foi perturbada por uma cruel
perseguição movida por Herodes Agripa I, em 44 d.C. O apóstolo Tiago foi decapitado,
enquanto Pedro era preso, o que o levou, posteriormente, a afastar-se de Jerusalém [...]. 3
Há fortes evidências de que tanto Pedro quanto Paulo tenham sido mar330
Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
EADE - Roteiro 21 - O apocalipse de João
tirizados em Roma, na época de Nero, na grande perseguição ocorrida no ano
64. No ano 100 morre o apóstolo João, possivelmente.
Desde a fundação da igreja primitiva, em Jerusalém, percebe-se a existência
de dois partidos religiosos.
Ambos aceitavam a aplicação da lei de Israel aos cristãos de origem judaica, divergindo
quanto à sua aplicação aos conversos do paganismo. Paulo afirmava que os cristãosgentios
deviam gozar de liberdade quanto à lei antiga, uma vez que não estavam a ela
obrigados. Tal problema, que se torna mais agudo com o estabelecimento da Igreja em
Antioquia, em Chipre e na Galácia, provocou a interferência do apóstolo Paulo, que se
reuniu com os líderes da Igreja em Jerusalém, onde se realizou um Concílio, de que não
resultaram possibilidades de acordo. Paulo, favorável a um cristianismo não-legalista,
passa a trabalhar em favor de uma Igreja universal, tornando-se um fundador de uma
teologia cristã. 3
Importa considerar que não existia, nos primeiros tempos do Cristianismo
nascente, uma coesão doutrinária entre os cristãos. As primeiras pregações
caracterizavam-se por depoimentos sobre a pessoa e os ensinamentos do Cristo.
Com a crucificação e ressurreição de Jesus, surge um novo elemento doutrinário:
o espírito santo, manifestado no dia de pentecostes. (Atos dos Apóstolos,
4,8-12) Com o pentecostes, começa, então, a expansão do Cristianismo para
o mundo pagão, a partir do foco inicial de Jerusalém. Os principais eventos
dessa expansão podem ser resumidos em dois:
• Fundação em Antioquia (Síria) de uma nova comunidade que acabou
por se transformar em um centro de divulgação da religião helenista, base da
organização da futura Igreja Católica Ortodoxa (Oriental). Foi nessa igreja que,
pela primeira vez, os galileus (Atos dos Apóstolos, 1:11) ou nazarenos (Atos
dos Apóstolos, 24:5) foram chamados de cristãos.
• Constituição do Cristianismo, em Roma, pelos judeus da diáspora
presentes aos acontecimentos de pentecostes. (Atos dos Apóstolos, 2:10)
No primeiro século da cristandade os conquistadores romanos não
fazem diferença entre cristãos e judeus, porém, quando começam a ter essa
percepção, institucionalizam as perseguições. Desta forma, a vida do cristão
se revelou muito difícil, uma vez que a nova religião era perseguida tanto por
judeus — que viam no Cristianismo uma grande ameaça aos privilégios dos
doutores da lei judaica — quanto pelos romanos, que não conseguiam aceitar
uma religião que pregava a liberdade, o respeito à dignidade do ser humano e

Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
EADE - Roteiro 21 - O apocalipse de João
o amor e o perdão como regras de conduta moral.
As classes mais abastadas não podiam tolerar semelhantes princípios de igualdade, quais
os que preconizavam as lições do Nazareno, considerados como postulados de covardia
moral, incompatíveis com a orgulhosa filosofia do Império, e é assim que vemos os cristãos
sofrendo os martírios da primeira perseguição, iniciada no reinado de Nero de tão
dolorosas quão terríveis lembranças. 7
Os cristãos, em conseqüência, passaram a viver longos períodos de tempo
às escondidas, mas preservando a união entre eles. Possuíam um sentimento
de irmandade, caridade e fé, inegavelmente muito maior do que se percebe no
cristão de hoje.
2. Os pais da Igreja
“Pais” ou “padres” foram, na Antigüidade, os guardiões da mensagem
cristã. Mais tarde, a expressão foi substituída por “patriarcas” e, na Idade Média,
por “doutores da Igreja”.
2.1 – Os pais apostólicos
São representados pelos doze apóstolos e por dedicados discípulos de Jesus,
como Paulo e Lucas. Historicamente, abrange os anos do primeiro século
da Era Cristã, de 30 a 100, fechando, possivelmente, com a morte de João, em
Éfeso, o último dos apóstolos a retornar ao mundo espiritual. As principais
características deste período são a difusão do Cristianismo e a construção da
igreja cristã. Além dos apóstolos, destaca-se, no Ocidente, a figura de Clemente
de Roma, e no Oriente, as de Inácio, Policarpo, Barnabé, Papias e Hermas.
Surge o Didaquê, uma espécie de catecismo, com prescrições litúrgicas para
o batismo, preceitos sobre o jejum, a oração e o dia de domingo. A tradição
apostólica de Hipólito, também deste período, trata dos ofícios e ministérios
na comunidade, como eleição e sagração de bispos e ordenação de presbíteros
e diáconos. 6
2.2 - Os apologistas
Compreende o período de 120 a 220 da Era Cristã, segundo e terceiro
séculos, respectivamente. Os apologistas foram pensadores cristãos que se
dedicavam à tarefa de escrever apologias do Cristianismo, com o intuito de
defendê-lo. Era preciso, nessa época, defender a doutrina cristã nascente de três
correntes distintas, que lhe faziam oposição: a religião judaica, o estado romano
332
Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita

EADE - Roteiro 21 - O apocalipse de João
e a filosofia pagã. Contra os judeus, era necessário afirmar, argumentativamente,
o messianismo de Jesus Cristo. Contra os romanos, era preciso convencer
o imperador quanto ao direito de legalização da prática do Cristianismo dentro
do Império, e contra os filósofos pagãos, a tarefa dos apologistas era a de
apresentar a religião cristã como uma verdade total, ao contrário dos erros ou
verdades parciais presentes, segundo esses autores, na filosofia helenística. Os
apologistas criaram um tipo de literatura denominada apologética, de cunho
científico e filosófico. Tertuliano se destaca, no Ocidente. Justino, o Mártir,
Taciano, Teófilo, Aristides e Atenágoras, no Oriente. 6
2.3 – Os polemistas
Os polemistas defendiam as idéias cristãs contra as várias doutrinas que
marcaram o período compreendido entre os anos 180 e 250 d.C. A principal
doutrina combatida por eles foi o gnosticismo, interpretação filosófica que
tem como base os ensinamentos de filósofos gregos, especialmente os neoplatônicos.
O gnosticismo se desenvolveu em mais de 30 sistemas diferentes,
mas quase todos eles tratam da oposição entre fé e razão, misturando conceitos
da filosofia grega com preceitos da cultura oriental e do Cristianismo. Os
polemistas mais proeminentes pertenciam à Escola de Alexandria, tais como:
Atanásio, Basílio de Cesaréia e Cirilo. 6
2.4 - Os teólogos científicos
Os teólogos científicos aparecem no quarto século (325 - 460) e têm a
intenção de explicar a Bíblia por meio da Ciência. Parece ser a primeira tentativa
de unir a Religião e a Ciência, ou a fé à razão. Os temas Deus, criação
dos seres, dos Espíritos e do universo são estudados de forma racional. São
vultos proeminentes deste grupo: no Ocidente, Jerônimo, Ambrósio e Agostinho.
No Oriente, Crisóstomo e Teodoro. Em Alexandria, Atanásio, Basílio
de Cesaréia e Cirilo. 6
3. Deturpações na mensagem cristã
Se, por um lado a integração do Cristianismo ao Estado livrara os cristãos
das perseguições, por outro obrigava a Igreja Cristã a fazer concessões
políticas que, como sabemos, se responsabilizaram pela desconfiguração da
mensagem cristã.
As fronteiras ideológicas do Cristianismo tornavam-se frágeis e se diluíam em tendências

Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
EADE - Roteiro 21 - O apocalipse de João
heterogêneas. Estas, ao se afirmarem, criaram uma confrontação inevitável entre as múltiplas
interpretações doutrinárias e as várias tradições cristãs. Como todas as correntes
reivindicavam a legitimidade apostólica, tratava-se de definir o que estaria de acordo
ou contra a pregação tradicional dos Apóstolos. Essa confrontação veio a caracterizar a
divisão entre elementos ortodoxos e heterodoxos no pensamento cristão elaborado. 6
No final do século I, a própria constituição da Igreja modificara-se substancialmente
e as primeiras formas litúrgicas aparecem, assim como o ascetismo
e o legalismo. Nesse mesmo período, a Igreja estava presente na Ásia Menor,
na Síria, na Macedônia, na Grécia, em Roma e talvez no Egito. Se por um lado
o Cristianismo se expandia geograficamente através da vivência das igrejas
organizadas, por outro perdia em profundidade [...]. 4
O ascetismo, entendido como uma prática filosófica ou religiosa, de desprezo
ao corpo e às sensações corporais, e que tende a assegurar, pelos sofrimentos
físicos, o triunfo do Espírito sobre os instintos e as paixões, revelou-se
como uma forma deprimente de viver o Cristianismo. O ascetismo, surgido
na igreja primitiva, serviu de base para o monasticismo, estabelecido nos
séculos posteriores. «Por trás do movimento monástico, achava-se o zeloso
cristão empenhando-se fervorosamente para conseguir a união de sua alma
com Deus [...].» 5
O ascetismo preconizava, e preconiza, uma vida solitária, de completa
renúncia às atividades existentes no mundo material, e aceitação voluntária
de privações e sofrimentos.
O [...] impulso para o ascetismo e o monasticismo não é peculiar ao Cristianismo [igrejas
cristãs]. Aparece em outras religiões, tanto antes como depois do tempo de Cristo, e entre
alguns indivíduos que não professam qualquer religião. No terceiro e quarto séculos,
outras influências deram acrescida força ao impulso para o ascetismo e o monasticismo
e levaram esses ideais a uma realização prática. Uma delas foi a influência das filosofias
dualistas do gnosticismo e do neoplatonismo [...]. 5
O legalismo é definido como um conjunto de regras ou preceitos rigorosos
que contrariam a vivência pura e simples de qualquer interpretação religiosa,
inclusive a cristã. O legalismo, em qualquer época, representa uma forma de
escravidão, que conduz ao fanatismo, e, sobretudo, afasta o homem da prática
da caridade. A seguinte passagem do Evangelho mostra o que Jesus tinha a
dizer sobre o legalismo judaico: “partindo dali, entrou na sinagoga deles. Ora,
ali estava um homem com a mão atrofiada. Então lhe perguntaram, afim de
acusá-lo: é lícito curar nos sábados?” Jesus respondeu: “quem haverá dentre

Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
EADE - Roteiro 21 - O apocalipse de João
vós que, tendo uma ovelha, e caindo ela numa cova em dia de sábado, não vai
apanhá-la e tirá-la dali? Ora, um homem vale muito mais do que uma ovelha!
Logo, é lícito fazer bem aos sábados.” (Mateus 12:9-12)
A hegemonia da Igreja de Roma, em relação à de Constantinopla, concedeu
àquela poder suficiente para se transformar numa monarquia papal. Se
na Idade Antiga os principais acontecimentos da história da Igreja se deram
no Mediterrâneo e no Oriente, na Idade Média os centros mais importantes
localizam-se na Itália, França, Inglaterra e Alemanha. A razão histórica é a
invasão islâmica no mediterrâneo e a adoção do Cristianismo pelos povos
germânicos e eslavos.
Em conseqüência, surgem no campo doutrinário sérias deturpações da
mensagem cristã pela incorporação de rituais pagãos, de preceitos filosóficos
e de deliberações conciliares, de natureza cada vez mais políticas e menos
evangélicas. Os principais desvios ocorridos na igreja primitiva foram:
• Trindade divina: é uma crença de que Deus é formado por uma trindade
representada como o Pai, o Filho e o Espírito Santo, sendo cada uma expressão
da perfeição.
• A natureza divina e humana de Jesus: como homem, Jesus era filho de
uma virgem e padeceu os martírios da crucificação. Como Deus, ofereceu-se
em sacrifício para redimir os homens dos seus pecados.
• Fora da Igreja não há salvação: todos os cristãos são membros de uma só
Igreja, que está sob a guarda divina. Revela nítido conflito com o ensinamento
de Jesus, fielmente interpretado por Paulo: “fora da caridade não há salvação.”
(ICoríntios, 13:1-7,13)
Enquanto a máxima — Fora da caridade não há salvação — assenta num princípio
universal e abre a todos os filhos de Deus acesso à suprema felicidade, o dogma — Fora
da Igreja não há salvação — se estriba, não na fé fundamental em Deus e na imortalidade
da alma, fé comum a todas as religiões, porém “numa fé especial”, em “dogmas
particulares”; é exclusivo e absoluto. Longe de unir os filhos de Deus, separa-os; em vez
de incitá-los ao amor de seus irmãos, alimenta e sanciona a irritação entre sectários dos
diferentes cultos [...]. 1
Emmanuel conclui, destacando o sublime consolo que a Humanidade
encontra no Evangelho de Jesus.

Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
EADE - Roteiro 21 - O apocalipse de João
O Evangelho do Divino Mestre ainda encontrará, por algum tempo, a resistência das
trevas. A má-fé, a ignorância, a simonia, o império da força conspirarão contra ele, mas
tempo virá em que a sua ascendência será reconhecida. Nos dias de flagelo e de provações
coletivas, é para a sua luz eterna que a Humanidade se voltará, tomada de esperança.
Então, novamente se ouvirão as palavras benditas do Sermão da Montanha e, através das
planícies, dos montes e dos vales, o homem conhecerá o caminho, a verdade e a vida. 8
336
Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
1. KARDEC, Allan. O evangelho segundo o espiritismo. Tradução de Guillon
Ribeiro. 125. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Cap. 15, item 8, p. 270-280.
2. ENCICLOPÉDIA MIRADOR INTERNACIONAL. Enccyclopaedia Britannica
do Brasil Publicações Ltda. São Paulo, 1995. Vol. 11, p.5961.
3. ______. p. 5962.
4. ______. p. 5963.
5. http://www.espirito.org.br/portal/artigos/geae/historia-do-cristianismo-08.
html
6. http://www.igrejahttp://www.sepoangol.org/biogra-p.htm
7. XAVIER, Francisco Cândido. A caminho da luz. Pelo Espírito Emmanuel.
32, ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Cap. 15 (A evolução do cristianismo),
item: Os mártires, p.134.
8. ______. Emmanuel. Pelo Espírito Emmanuel. 25. ed. Rio de Janeiro: FEB,
2005. Cap. 2 (A ascendência do evangelho), item: o Evangelho e o futuro,
p. 28.
REFERÊNCIAS
EADE - Roteiro 21 - O apocalipse de João

Aprendendo com o Livro dos Espíritos questão 135

 

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Comentário de Miramez:

 
Há um laço que prende o Espírito ao corpo, um intermediário entre as duas forças da vida, de natureza semimaterial e a Doutrina Espírita denominou-o perispírito. Existem outros laços que ligam o Espírito ao perispírito de modo mais seguro e que a evolução saberá desatá-lo na época conveniente. Queremos dizer com isso que a alma tem muitos corpos, os quais não cabe mencionar, por não ser esse o objetivo desta página, e todos eles estão ligados ao Espírito por leis que escapam ao raciocínio dos homens, porém, com um pouco de esforço poder-se-á notar a existência das coisas dos Espíritos e suas necessidades. A evolução dos Espíritos capacitará a inteligência para perceber, por exame indutivo, o vasto campo espiritual onde se movimentam bilhões de seres inteligentes, e daí se poderá partir para onde deveremos chegar; a espiritualidade superior.
Assim como não se pode ter nas residências a luz elétrica sem os fios devidamente ordenados, o Espírito, para iluminar o corpo na sua movimentação adequada, precisa dos fios tenuíssimos do cordão fluídico, de modo que as ordens desçam para o mundo celular, as idéias surjam na mente e a palavra saia para a audição, como veículo de desenvolvimento espiritual. O coração fluídico, que os antigos iniciados chamavam de “cordão de prata”, por ser a sua luz da cor deste metal, mas, com característica brilhante, serve de intermediário entre o Espírito e o corpo e é de natureza elástica sobremodo incompreensível para a ciência da Terra. A alma, durante o sono do corpo, fica mais leve e, de acordo com a sua evolução, pode fazer viagens longas, a ponto do “coração de prata” ficar da espessura de um fio de teia de aranha. Devido aos cuidados tomados pelos Espíritos Superiores, não há perigo algum, nessas viagens, desde quando o Espírito seja obediente ao comando dos benfeitores espirituais.
Cumpre-nos dizer, que, quando se está, como Espírito livre do corpo, mas, resguardado pelo corpo fluídico, deve-se cuidar dos sentimentos, da formação das idéias e educar as palavras, porque tudo que se pensa e se fala negativamente, fixa-se no campo sensível do corpo espiritual, como nódoa de difícil limpeza. A nossa aura apresenta o que somos, tanto encarnados como desencarnados. O que semeamos nos ouvidos alheios, colhemos nos corpos que usamos, apoiando-nos para a nossa missão na Terra. A reforma dos nossos sentimentos, de que tanto falamos, inspirados no Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo, objetiva a nossa felicidade. Quem ama sem distinção, está limpando seus próprios caminhos; quem perdoa as ofensas, está tranqüilizando a própria consciência e quem exercita a caridade por onde passa, saiba que ela salva o caridoso das investidas de todos os males. Não existe outro caminho para limpar o perispírito, e mesmo o cordão fluídico, das mazelas do mundo, a não ser o Amor em todas as suas feições de entendimento.

Aprendendo com o Livro dos Espíritos questão 134

 
“Sim, as almas não são senão os Espíritos. Antes de se unir ao corpo, a alma é um dos seres inteligentes que povoam o mundo invisível, os quais temporariamente revestem um invólucro carnal para se purificarem e esclarecerem.”

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Comentário de Miramez:



 

Aprendendo com o Livro dos Espíritos questão 133

 
Comentário de Miramez:
 
As provações são naturais em todo o mundo. Se por acaso Deus tirasse todas as dores da Terra, como pretendem os homens e se tivesse esse mundo em suas mãos, a humanidade voltaria às cavernas dentro de pouco tempo. Na fase evolutiva em que se encontra a coletividade, não pode existir plena felicidade, dado ao mau uso que o homem poderia fazer, dos recursos que Deus lhe emprestou. A doença constitui um freio, bem como favorece a expansão dos bons sentimentos moradores no coração. O Cristo abriu as portas para o entendimento, de sorte a educar as criaturas, e elas, educadas, poderão usar todos os valores e todas as forças por saberem como devem usar. A reencarnação é o melhor caminho para nos instruir e educar, de modo a sabermos viver no céu, obedecendo às leis naturais da vida, que sempre nos dão mais vida.