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quarta-feira, 22 de setembro de 2021

QUE É A VERDADE? "Qualquer elucidação sobre a verdade também não interessava aos Espíritos trevosos, interessados na consumação do hediondo sacrifício da cruz."



''Disse-lhe Pilatos: Que é a verdade ?" (João, 18:38)


Afirma o Evangelho de João que, ao entrar Pilatos na audiência, após um ligeiro colóquio com Jesus Cristo, perguntou-lhe: "Logo tu és rei?", indagação que mereceu do Mestre a seguinte resposta: "Tu dizes que eu sou rei. Eu para isso nasci, e para isso vim ao mundo, a fim de dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade ouve a minha voz".


Face a uma resposta de tamanha grandeza, Pilatos limitou-se a perguntar-lhe: "Que coisa é a Verdade?".


Entretanto, como o obscurantismo e os interesses mundanos sempre foram os maiores inimigos da verdade, houve naquela hora um início de tumulto no pátio do Pretório, provocado pelos fanáticos que ali estavam sob a égide dos escribas, dos fariseus e daqueles que tinham nas mãos os poderes religiosos, todos eles interessados na crucificação do tão esperado Messias.


A pergunta ficou, portanto, sem resposta, uma vez que as trevas se fazem sentir sempre, nos momentos psicológicos, em todos os lugares onde a luz do esclarecimento ameaça brilhar.


Talvez o Mestre não quisesse discorrer sobre a verdade com um homem que não a podia compreender, pois, minutos após, apesar de não ver em Jesus qualquer crime, não trepidou em entregá-lo nas mãos dos seus detratores para que o levassem ao sacrifício. Qualquer elucidação sobre a verdade também não interessava aos Espíritos trevosos, interessados na consumação do hediondo sacrifício da cruz.


Evidentemente, Pilatos não tinha qualquer noção sobre o que fosse a verdade. A verdade apregoada pelos judeus não calava bem aos olhos do procônsul romano. O representante do Império não podia aceitar como expressão da verdade os seguintes ensinamentos ministrados pelos escribas:


- Teria o mundo sido criado em seis dias?


- Teriam Adão e Eva sido os primeiros habitantes da Terra?


- Teria realmente Josué conseguido parar o movimento do sol para poder completar um morticínio?


- Como poderia Moisés receber do Alto um mandamento que ordenava o "não matarás", e ele mesmo ordenava verdadeiras matanças de criaturas humanas?


- Se Caim matou Abel e saiu pelo mundo, não existindo qualquer outra mulher, como poderia ele constituir família e ter descendentes?


- Teria realmente Jonas vivido três dias e três noites no ventre de uma baleia?


- Poderia a mulher de Lot transformar-se numa estátua de sal?


Com que técnica poderia Noé ter construído uma arca tão descomunal que pudesse abrigar em seu interior um casal de cada espécie vivente na Terra? Como poderia ele conciliar dentro dela animais tradicionalmente inimigos bem como alimentá-los durante quarenta dias?


Desconhecendo Pilatos a interpretação dessas narrativas o bafejo do Espírito, é evidente que não podia também aceitar como verdadeiras .


De forma idêntica, não podia o Procônsul entender como poderia ser "eleita" de Deus uma casta sacerdotal eivada de sentimentos felinos e de interesses profundamente político mundanos.


Como conciliar os atos, maus e cheios de rapinagem desses homens, com os resplendores da verdade? Uma religião que se baseava nas tradições inócuas, nos atos exteriores do culto, no ódio e na vingança, jamais poderia ter qualquer parentesco com o que é apregoado como verdade. Se Jesus chamou os escribas e fariseus de hipócritas, como poderiam eles ser lídimas expressões dessa mesma verdade?


O Espiritismo representa o advento do Consolador prometido e, como tal, o seu papel é de restabelecer na Terra as primícias da verdade. Evidentemente, quando ele se consolidar definitivamente no seio dos povos, ruirão por terra todos os sistemas e métodos alicerçados sobre a mentira, Tudo aquilo que não for representativo da verdade, será removido dos seus pedestais.

Não tendo Jesus Cristo a oportunidade de esclarecer Pilatos sobre o que é a verdade, o Espiritismo vem agora, na hora propícia, quando os tempos são chegados, fazer com que a luz da verdade possa iluminar os horizontes do mundo, onde, até agora, somente tem prevalecido a mentira, o mistério, o orgulho, a vaidade, o fanatismo, a hipocrisia, a intolerância e o ódio.


O Cristo poderá, então, através das vozes que emanam dos Espíritos, responder não somente a Pilatos, mas a todos os homens o que é a verdade.


Paulo A. Godoy

sábado, 10 de abril de 2021

EU VENCI O MUNDO: O poder da carne é sempre precário. A vitória do número e das armas é ilusória, efêmera e bastarda. Só o Espírito vence em definitivo, pelo amor e pela dor, com altruísmo e nobreza. O seu triunfo, uma vêz alcançado, consolida-se na eternidade. Jamais oscila nas bases em que se assenta. Sua superioridade se revela em todo o terreno, mesmo naquele que parece inadequado à sua manifestação.[....] Jesus venceu com a verdade, triunfou pelo amor. Felizes daqueles que já perceberam em sua mente e sentiram em seu coração esse acontecimento"






EU VENCI O MUNDO

Jesus, conforme atestam os fatos que com Ele se passaram, sucumbiu no madeiro infamante após haver suportado uma série de afrontas, insultos e flagelações. Os seus o abandonaram; as autoridades civis, cedendo às imposições da clerezia, arrastaram-no ao patíbulo da cruz, depois de publicamente açoitado.

Não obstante, ou apesar disso, o Filho de Deus ousa afirmar categoricamente: Eu venci o mundo! Como, Senhor, se o mundo tripudiou sobre ti e o teu Verbo? Que singular vitória é essa que proclamas? Como devemos entendê-la?

Sim, Mestre e Senhor, realmente venceste, como jamais alguém soube vencer com tamanha glória. Teu objetivo nunca foi o extermínio dos teus adversários, por isso que eles, nas trevas em que se achavam, não sabiam o que faziam.

Os mesmos sacerdotes, que foram os teus ferozes inimigos, não podiam compreender-te, dentro do materialismo religioso em que viviam. O povo aproximava-se de ti atraído pelos benefícios materiais que distribuías.
Ignorava, por completo, quem eras e qual a missão que vinhas desempenhar na Terra. Estavas, portanto, isolado no seio duma geração ignara, adúltera e incrédula. Tudo isso não constituía surpresa nem novidade, pois de tudo tinhas pleno conhecimento.

A materialidade própria e inerente aos mundos expiatórios reinava infrene entre os habitantes deste orbe. Só uma razão, um poder e um direito os homens conheciam: a força.

Competia-te ensinar-lhes, pela palava e pelo exemplo, a descobrir o poder por excelência, a força nobre e soberana que sobrepuja todas as manifestações de valor e fortaleza, expressas no número e nas armas: a força da Verdade e o poder do Amor, que, entrelaçados, representam o reduto inexpugnável do Espírito. 

Para lograres êxito no desempenho do programa que a ti próprio te traçaras, só havia um meio: a renúncia progressiva de ti mesmo, culminando com o sacrifício! Assim o fizeste, atingindo, em cheio, o alvo colimado. Portanto, venceste de fato, triunfaste em toda a linha, podendo, com justeza, proclamar a tua incomparável vitória, dizendo: Eu venci o mundo!

O poder da carne é sempre precário. A vitória do número e das armas é ilusória, efêmera e bastarda. Só o Espírito vence em definitivo, pelo amor e pela dor, com altruísmo e nobreza. O seu triunfo, uma vêz alcançado, consolida-se na eternidade. Jamais oscila nas bases em que se assenta. Sua superioridade se revela em todo o terreno, mesmo naquele que parece inadequado à sua manifestação.

A prova desta assertiva deu a Jesus sobejamente no momento em que, apresentando-se à corte romana, que o procurava no Jardim das Oliveiras, disse: Aqui estou ! Ao proferir, porém, esta frase, exteriorizou o fulgor do seu Espírito a cujo desusado brilho caíram por terra os quadrilheiros, de armas em punho!

Só depois que a Luz do Mundo se encobriu no seu envoltório, é que a soldadesca logrou voltar a si, prendendo o indigitado criminoso. Jesus, pois, não foi capturado: entregou-se voluntariamente à prisão. Um só instante de irradiação da sua potência espiritual fora bastante para demonstrar cabalmente a inanidade de todo o poderio de César, caso o humilde Cordeiro de Deus quisesse prevalecer-se da sua imensa reserva psíquica.

E não se diga que Jesus dissimulou, deixando de usar em sua defesa tamanha força. Como Mestre, o que lhe interessava era exemplificar.

A edificante exemplificação aí está, para os que têm olhos de ver e inteligência capaz de assimilar o que ela significa. O poder verdadeiro reside no Espírito, como resultado do conhecimento adquirido. Jesus manejava os próprios elementos, porque conhecia as leis que os regem sob todas as suas particularidades.

Para Ele não há mistérios na Natureza, nem segredos inescrutáveis no coração dos homens. Seu poder está na razão direta do seu saber. Suas obras dizem o grau da sua evolução intelectual e moral. A maior demonstração de sua grandeza está em fazer-se pequeno, sendo grande; insipiente, sendo sábio; fraco, sendo forte; vencido, sendo vencedor!

A convicção íntima do próprio valor torna o indivíduo paciente, tolerante e longânimo. A Verdade não tem pressa. O amor tudo suporta, tudo espera, tudo sofre.

Jesus venceu com a verdade, triunfou pelo amor. Felizes daqueles que já perceberam em sua mente e sentiram em seu coração esse acontecimento, o maior por certo e o mais significativo que a história humana registrou em suas páginas, por isso que é a vitória do Espírito sobre a carne, da Vida sobre a morte!

Autor : Vinícius
Na Escola do Mestre

quinta-feira, 10 de dezembro de 2020

A VERDADE : A REFLEXÃO, A INSPIRAÇÃO E A REVELAÇÃO.

 


"[...]O Espírito humano se move e se agita sob a influência de três causas, que são: a reflexão, a inspiração e a revelação.[...]reflexão é a riqueza de vossas lembranças, que agitais voluntariamente.[...] A inspiração é a influência dos Espíritos extraterrenos, que se mistura mais ou menos às vossas próprias reflexões[...] A revelação é a mais elevada das forças que agitam o espírito humano, porque ela vem de Deus e só se manifesta por sua vontade expressa; ela é rara, por vezes mesmo inapreciável"

 

A verdade, meu amigo, é uma dessas abstrações para as quais tende o espírito humano incessantemente, sem jamais poder atingi-la. É preciso que ele tenda para ela, pois é uma das condições do progresso, mas sua natureza imperfeita, e é só por isso que ela é imperfeita, não poderia alcançá-la. Seguindo a direção que segue a verdade em sua marcha ascendente, o espírito humano está na rota providencial, mas não lhe é dado ver o seu termo.


Compreender-me-ás melhor quando souberes que a verdade é, como o tempo, dividida em duas partes, pelo momento inapreciável que se chama o presente, a saber: o passado e o futuro. Assim, também há duas verdades, a verdade relativa e a verdade absoluta. A verdade relativa é o que é; a verdade absoluta é o que deveria ser. Ora, como o que deveria ser sobe por graus até a perfeição absoluta, que é Deus, segue-se que, para os seres criados e seguindo a rota ascensional do progresso, só há verdades relativas. Mas por que uma verdade relativa não é imutável, não é menos sagrada para o ser criado.

Vossas leis, vossos costumes, vossas instituições são essencialmente perfectíveis, e por isto mesmo imperfeitas, mas suas imperfeições não vos libertam do respeito que lhes deveis. Não é permitido adiantar-se ao seu tempo e fazer leis fora das leis sociais. A Humanidade é um ser coletivo, que deve marchar, senão em seu conjunto, ao menos por grupos, para o progresso do futuro. Aquele que se destaca da sociedade humana para avançar como criança perdida, para verdades novas, sofre sempre em vossa Terra a pena devida à sua impaciência. Deixai aos iniciadores, inspirados pelo Espírito de Verdade, o cuidado de proclamar as leis do futuro, submetendo-vos às do presente. Deixai a Deus, que mede vosso progresso pelos esforços que houverdes feito para vos tornardes melhores, o cuidado de escolher o momento que ele julga útil para uma nova transição, mas não vos subtraiais nunca a uma lei senão quando ela for derrogada.

Porque o Espiritismo foi revelado entre vós, não creiais num cataclismo das instituições sociais; até este dia ele realizou uma obra subterrânea e inconsciente para aqueles que eram seus instrumentos. Hoje, que ele aflora ao solo e chega à luz, a marcha do progresso não deve deixar de ter uma lenta regularidade. Desconfiai dos Espíritos impacientes, que vos impelem para as vias perigosas do desconhecido. A eternidade que vos é prometida deve levar-vos a ter piedade das ambições tão efêmeras da vida. Sede reservados a ponto de frequentemente suspeitardes da voz dos Espíritos que se manifestam.

Lembrai-vos disto: O Espírito humano se move e se agita sob a influência de três causas, que são: a reflexão, a inspiração e a revelação. reflexão é a riqueza de vossas lembranças, que agitais voluntariamente. Nela o homem encontra o que lhe é rigorosamente útil para satisfazer às necessidades de uma posição estacionária. A inspiração é a influência dos Espíritos extraterrenos, que se mistura mais ou menos às vossas próprias reflexões, para vos impelir ao progresso, é a ingerência do melhor na insuficiência da passagem; é uma força nova, que se junta a uma força adquirida, para vos levar mais longe que o presente; é a prova irrefutável de uma causa oculta que vos impele para a frente, e sem a qual ficaríeis estacionários, porque é regra física e moral que o efeito não poderia ser maior que a sua causa, e quando isto acontece, como no progresso social, é que uma causa ignorada, não percebida, juntou-se à causa primeira de vosso impulso. A revelação é a mais elevada das forças que agitam o espírito humano, porque ela vem de Deus e só se manifesta por sua vontade expressa; ela é rara, por vezes mesmo inapreciável, algumas vezes evidente para aquele que a experimenta a ponto de sentir-se involuntariamente tomado de santo respeito. Repito, ela é rara e ordinariamente dada como uma recompensa à fé sincera, ao coração devotado, mas não tomeis como revelação tudo quanto vos pode ser dado como tal. O homem exibe a amizade dos grandes; os Espíritos exibem uma permissão especial de Deus, a qual muitas vezes lhes falta. Algumas vezes eles fazem promessas que Deus não ratifica, porque só ele sabe o que é e o que não é preciso.

Eis, meu amigo, tudo quanto te posso dizer sobre a verdade. Humilha-te ante o grande Ser, pelo qual tudo vive e se move na infinidade de mundos que seu poder rege. Pensa que se nele se acha toda a sabedoria, toda a justiça e todo o poder, nele também se acha toda a verdade.

PASCAL

 

 

FONTE: REVISTA ESPÍRITA 1865- MAIO -DISSERTAÇÕES ESPÍRITAS - A VERDADE

 


sexta-feira, 7 de novembro de 2014

O Semeador por Amélia Rodrigues

Semente de Luz e Vida


Manhã de Sol. Jesus sai para semear e colher.

Respira fundo e lembra-se da Terra inculta.

"Eis que o semeador saiu a semear. E, quando semeava, uma parte da semente caiu ao pé do caminho."

"...E vieram as aves e comeram-na..."

O Reino dos Céus é semelhante.

O homem bom semeou a boa semente na boa terra; e cresceram trigo e joio. O joio em molhos foi queimado e o trigo ensacado foi posto no celeiro.

O grão de mostarda é o menos de todos, no entanto, cresce e a planta se torna grandiosa. As aves nela se alojam...

O fermento insignificante leveda a massa toda...

O tesouro que um homem encontrou é tão valioso que tudo quanto possuia vendeu, para tê-lo seu. Outro homem descobriu uma pérola de incomparável valor, e de tudo se desfez para consegui-la...

"Outra parte caiu em pedregais, onde não havia terra bastante. Vindo o Sol, queimou-se e secou-se, porque não tinha raiz..."

O pai disse ao filho: vem trabalhar em minha vinha.
- Não quero! - mas, arrependendo-se, foi.
Chamado o outro filho, este respondeu:
- Vou! - mas não deu importância.

Dez eram ao todo. Cinco eram noivas loucas. Gastaram o óleo e ficaram sem luz. Ao chegarem os noivos...

- Eu sei que és severo. Amedrontado, enterrei o seu talento, o que me confiastes.
- Mau servo, tomem quanto tem e dêem-no a quem já o tem.

"...Outra caiu entre espinhos e os espinhos crescera, e sufocaram-na..."
Quem põe uma candeia acessa sob o alqueire ou escondida?

Respondeu-lhe o enfático doutor da Lei:
"Aquele que usou de misericórdia com ele".
Vai e faze o mesmo. Este é o teu próximo...

Nunca te sentes nos primeiros lugares, sem que tenha sido mandado pelo teu anfitrião...

"...E outra caiu em boa terra e deu fruto: uma sem, outro a sessenta e outro a trinta..."

Era uma vez...
Um credor tinha dois devedores e como ambos não lhe pudessem pagar...

Bem aventurados aqueles servos, os quais, quando o senhor vier, achar vigiando...

- Pai, pequei contra o céu e perante a ti, não sou digno de ser chamado teu filho...
- Trazei o melhor vestido e vesti-o, este meu filho estava morto e vive: tinha se perdido e foi achado.

"Havia um homem rico, a quem depois de morto, Pai Abraão disse..."
"Estes, os últimos, são os primeiros e os primeiros serão os últimos..."
"Quem tem ouvidos, ouça..."

Ele falava por parábolas.
"Se a nossa fé for do tamanho de um grão de mostarda..."
Parábolas, verdades nas alegorias.

A semente é luz da vida.
Vida na semente.
Luz na Vida.

O Bom Pastor dá a vida pela suas ovelhas.

Parábolas e espírito de vida.
Vida nas parábolas.
Aos seus, aos discípulos, Ele as explicava.

O semeador repousa.
"O reino dos céus está dentro de vós...
"Vóis sois deuses...
"Buscais primeiro o reino...
"Quando eu for erguido, atrairei todos a mim".

O semeador foi erguido... numa cruz.
Caminho para a vida - o semeador.
Caminho até a porta - o semeador.
A cruz das renúncias e sacrifícios - ponte entre os abismos: o "eu" e "ele", o próximo.

O semeador espera.
Ele saiu para ensinar por parábolas.
A semente é a palavra para quem busca a Verdade.
A Verdade é a Vida.
O semeador saiu a semear.

Amélia Rodrigues
Primícias do Reino

domingo, 16 de março de 2014

QUE É A VERDADE?

QUE É A VERDADE?
''Disse-lhe Pilatos: Que é a verdade ?" (João, 18:38)
Afirma o Evangelho de João que, ao entrar Pilatos na audiência, após um ligeiro colóquio com Jesus Cristo, perguntou-lhe: "Logo tu és rei?", indagação que mereceu do Mestre a seguinte resposta: "Tu dizes que eu sou rei. Eu para isso nasci, e para isso vim ao mundo, a fim de dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade ouve a minha voz".
Face a uma resposta de tamanha grandeza, Pilatos limitou-se a perguntar-lhe: "Que coisa é a Verdade?".
Entretanto, como o obscurantismo e os interesses mundanos sempre foram os maiores inimigos da verdade, houve naquela hora um início de tumulto no pátio do Pretório, provocado pelos fanáticos que ali estavam sob a égide dos escribas, dos fariseus e daqueles que tinham nas mãos os poderes religiosos, todos eles interessados na crucificação do tão esperado Messias.
A pergunta ficou, portanto, sem resposta, uma vez que as trevas se fazem sentir sempre, nos momentos psicológicos, em todos os lugares onde a luz do esclarecimento ameaça brilhar.
Talvez o Mestre não quisesse discorrer sobre a verdade com um homem que não a podia compreender, pois, minutos após, apesar de não ver em Jesus qualquer crime, não trepidou em entregá-lo nas mãos dos seus detratores para que o levassem ao sacrifício. Qualquer elucidação sobre a verdade também não interessava aos Espíritos trevosos, interessados na consumação do hediondo sacrifício da cruz.
Evidentemente, Pilatos não tinha qualquer noção sobre o que fosse a verdade. A verdade apregoada pelos judeus não calava bem aos olhos do procônsul romano. O representante do Império não podia aceitar como expressão da verdade os seguintes ensinamentos ministrados pelos escribas:
- Teria o mundo sido criado em seis dias?
- Teriam Adão e Eva sido os primeiros habitantes da Terra?
- Teria realmente Josué conseguido parar o movimento do sol para poder completar um morticínio?
- Como poderia Moisés receber do Alto um mandamento que ordenava o "não matarás", e ele mesmo ordenava verdadeiras matanças de criaturas humanas?
- Se Caim matou Abel e saiu pelo mundo, não existindo qualquer outra mulher, como poderia ele constituir família e ter descendentes?
- Teria realmente Jonas vivido três dias e três noites no ventre de uma baleia?
- Poderia a mulher de Lot transformar-se numa estátua de sal?
Com que técnica poderia Noé ter construído uma arca tão descomunal que pudesse abrigar em seu interior um casal de cada espécie vivente na Terra? Como poderia ele conciliar dentro dela animais tradicionalmente inimigos bem como alimentá-los durante quarenta dias?
Desconhecendo Pilatos a interpretação dessas narrativas o bafejo do Espírito, é evidente que não podia também aceitar como verdadeiras .
De forma idêntica, não podia o Procônsul entender como poderia ser "eleita" de Deus uma casta sacerdotal eivada de sentimentos felinos e de interesses profundamente político mundanos.
Como conciliar os atos, maus e cheios de rapinagem desses homens, com os resplendores da verdade? Uma religião que se baseava nas tradições inócuas, nos atos exteriores do culto, no ódio e na vingança, jamais poderia ter qualquer parentesco com o que é apregoado como verdade. Se Jesus chamou os escribas e fariseus de hipócritas, como poderiam eles ser lídimas expressões dessa mesma verdade?
O Espiritismo representa o advento do Consolador prometido e, como tal, o seu papel é de restabelecer na Terra as primícias da verdade. Evidentemente, quando ele se consolidar definitivamente no seio dos povos, ruirão por terra todos os sistemas e métodos alicerçados sobre a mentira, Tudo aquilo que não for representativo da verdade, será removido dos seus pedestais.
Não tendo Jesus Cristo a oportunidade de esclarecer Pilatos sobre o que é a verdade, o Espiritismo vem agora, na hora propícia, quando os tempos são chegados, fazer com que a luz da verdade possa iluminar os horizontes do mundo, onde, até agora, somente tem prevalecido a mentira, o mistério, o orgulho, a vaidade, o fanatismo, a hipocrisia, a intolerância e o ódio.
O Cristo poderá, então, através das vozes que emanam dos Espíritos, responder não somente a Pilatos, mas a todos os homens o que é a verdade.
Paulo A. Godoy
 http://www.acasadoespiritismo.com.br/

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Redenção o Salvação

REDENÇÃO OU SALVAÇÃO
"Se alguém quer vir depois de mim, negue-se a si mesmo, e tome a sua cruz, e siga-me." - (Lucas, 9:23)
No Espiritismo consagra-se o termo "Redenção" em vez de "Salvação", pois este último vocábulo tem o sentido de salvar algo que está perdido, o que não é o caso do Espírito que está submetido a um processo evolutivo. Para Deus nenhum de seus filhos está perdido, e o Evangelho é bem claro quando diz que "o Pai não quer que nenhuma de suas ovelhas se perca".

Jesus Cristo disse: "Conhecei a Verdade e a Verdade vos libertará", por isso, o termo "Redenção" é mais compatível com as Leis de Deus, pois o Espírito realmente precisa libertar-se do obscurantismo, da superstição e das inferioridades morais, alcançando, pelo esforço próprio, e não pela graça, a sua redenção. Esse objetivo, comum a todos os Espíritos, é conquistado através das vidas sucessivas do Espírito na carne, num esforço incessante para aproximar mais a criatura do seu Criador.

O Pai Celestial é justo e misericordioso, por isso, pode-se afiançar que a teoria da "salvação pela graça", apregoada por algumas religiões terrenas, não resiste a uma análise mais profunda à luz do bom senso e da razão, não se enquadrando, portanto, na Justiça Divina. Na realidade, a aceitação da teoria da "salvação pela graça" implicaria em se conceber Deus como um Pai eivado de parcialidade, em cuja justiça seriam preponderantes os privilégios, as concessões e as discriminações, representando a negação pura e simples dos seus próprios atributos de Pai de justiça, de equidade e de amor.
Os doutores e teólogos das igrejas que admitem essa teoria, certamente se inspiraram naquilo que pevalece no meio de algumas instituições de caráter profundamente humano, nas quais se consagram os privilégios, a parcialidade e a discriminação de grupos e de pessoas. Deus é soberanamente justo e equitativo, por isso, a teoria da "salvação pela graça ou pela fé" não suporta análise, jamais podendo isso prevalecer, pois implicaria em reconhecer a existência de "eleitos", de "escolhidos" "predestinados", que é incompatível com a magnitude da Justiça Divina.

Seria muito cômodo, mas atentório à reta Justiça Divina, se houvesse fundamento na teoria "salvação pela graça ou pela fé". As almas alcançariam a sua redenção simplesmente por acreditarem ou terem fé em Deus ou em Jesus Cristo, sem o dispêndio de qualquer esforço em favor da própria evolução. A sentença de Jesus: "A cada um será dado de acordo com as suas obras", conflita, frontalmente, com o Mestre deixou bem claro que a prática das boas ações é condição imprescindível para o Espírito alcançar a sua libertação, ou REDENÇÃO.

Embora o apóstolo Paulo tenha discorrido sobre a "salvação pela graça ou essa idéia, quando, em sua I Epístola ao Coríntios (13:2-13) faz a apologia da caridade, situando-a acima de quaisquer outras virtudes, dizendo que "se eu tivesse toda fé, a ponto de transportar montanhas, e não tivesse caridade, isso nada representaria". "Agora, pois, permanecem estas três coisas: a fé, a esperança e a caridade; porém a maior delas é a caridade. De forma idêntica, o apóstolo Tiago Menor (Epístola Universal, 2:17), apregoa que "morta é a fé sem obras".

O Espírito alcança o seu aprimoramento através de múltiplas fases encarnatórias, nas muitas moradas da "Casa do Pai", (João, 14:2), ou seja, nos muitos mundos que formam o Universo.


Para a consecução dessa finalidade, os Espíritos têm que superar tropeços naturais de um caminho íngreme, pois a sublimação espiritual não é conseguida através de um passe de mágica, ou de privilégios inconcebíveis, mas conquistada por meio de uma luta árdua e incessante, enfrentando-se óbices de toda sorte, pois somente assim o Espírito humano vai galgando os degraus da evolução, tendo como alvo o estado de pureza e uma aproximação mais íntima com o Criador de todas as coisas, que a todos aguarda com um zelo verdadeiramente paternal e misericordioso.

A sentença de Jesus: "A cada um será dado segundo as suas obras", já citada, reflete a extensão do amor que Deus dispensa a todos os seus filhos, anulando qualquer idéia de que um Espírito possa elevar-se aos páramos sublimados da Espiritualidade, por caminhos dúbios, sem o esforço em favor do aprimoramento próprio. A prática das boas obras é o único caminho que leva ao Pai, pois somente assim os Espíritos adquirem virtudes santificantes, essenciais para adquirir o estado de pureza, próprio dos seres angelicais.

O acesso aos planos sublimados é apenas facultado aos bons, aos generosos, aos que cumprem os seus deveres, enquadrando-se nos preceitos do maior dos mandamentos: "Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo."

No "Sermão da Montanha" Jesus foi bastante explícito, quando disse que serão bem-aventurados os bons, os misericordiosos, os pacificadores, os simples, os humildes e, sobretudo, aqueles que amam o seu próximo como a si mesmos. O Mestre não fez nenhuma alusão aos que se limitam a participarem de uma religião, a pronunciarem extensas orações ou a apregoarem que têm fé e acreditam na existência de Deus e de Jesus, sem, contudo, lutarem para extirparem as viciações e as paixões inferiores que dormitam em seus corações.
Paulo A. Godoy

domingo, 7 de abril de 2013

EVOLUÇÃO E EDUCAÇÃO ..."A diferença entre o sábio e o ignorante, o justo e o ímpio, o bom e o mau, procede de serem uns educados, outros, não...", "...A verdade não surge de fora como em geral se imagina: procede de nós mesmos. O reino de Deus (que é o da verdade) não se manifestará com expressões externas, por isso que o reino de Deus está dentro de vós. Educar é extrair do interior e não assimilar do exterior. É a verdade parcial, que está em nós, que se vai fundindo, gradativamente, com a verdade total que tudo abrange...."

EVOLUÇÃO E EDUCAÇÃO
Educar é tirar do interior.
Nada se pode tirar donde nada existe.
É possível desenvolver nossas potências anímicas, porque realmente elas existem no estado latente. A evolução resulta da involução. O que sobe da terra é o que desceu do céu.

A diferença entre o sábio e o ignorante, o justo e o ímpio, o bom e o mau, procede de serem uns educados, outros, não.
O sábio se tornou tal, exercitando com perseverança os seus poderes intelectuais. O justo alcançou santidade, cultivando com desvelo e carinho sua capacidade de sentir.
Foi de si próprios que eles desentranharam e desdobraram, pondo em evidência aquelas propriedades, de acordo com a sentença que o Divino Artífice insculpiu em suas obras: Crescei e, multiplicai.

A verdade não surge de fora como em geral se imagina: procede de nós mesmos.
O reino de Deus (que é o da verdade) não se manifestará com expressões externas, por isso que o reino de Deus está dentro de vós. Educar é extrair do interior e não assimilar do exterior.
É a verdade parcial, que está em nós, que se vai fundindo, gradativamente, com a verdade total que tudo abrange.
É a luz própria que bruxoleia em cada ser, que vai aumentando de intensidade, à medida que se aproxima do Foco Supremo, donde proveio.
É a vida de cada indivíduo que se aprofunda e se desdobra em possibilidades, quanto mais se identifica com a Fonte Perene da vida universal.
Eu vim a este mundo para terdes vida e vida em abundância.

O juízo que fazemos de tudo quanto os nossos sentidos apreendem no exterior está invariavelmente de acordo com as nossas condições interiores.
Vemos fora o reflexo do que temos dentro. Somos como a semente que traz seus poderes germinativos ocultos no âmago de si própria.
As influências externas servem apenas para despertá-los.
EDUCAR é envolver de dentro para fora, revelando, na forma perecível, a verdade, a luz e a vida imperecíveis e eternas, por isso que são as características de Deus, a cuja imagem e semelhança fomos criados.
Vinícius
Na Escola do Mestre

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Pão da Vida *


O mar da Galiléia é um lago de expressiva proporção, que a
generosidade do rio Jordão espalhou na imensa fenda abaixo do nível do
Mediterrâneo com pouco mais de duzentos metros.
Antigamente era muito piscoso. Nas suas margens floresciam aldeias e
cidades que se tornaram famosas, e se beneficiavam do seu clima agradável.
Em volta, as suas terras aráveis produziam legumes e frutas; ali pastavam
os animais e as vinhas eram exuberantes.
Ao tempo de Jesus, suas águas chegaram a receber milhares de pequenas
embarcações.
Também chamado de Tiberíades ou lago de Genesaré, foi cenário de
momentos culminantes na história do Cristianismo.
Em sua orla espraiavam-se as cidades de Cafarnaum, Betsaida,
Tiberíades, Magdala, Dalmanuta...
Em uma montanha próxima Ele entoou o Canto de libertação das criaturas,
em inolvidável sermão; pelas suas praias Ele caminhou curando, consolando,
apontando rumos.
Suas gentes simples – os galileus – normalmente, pescadores e
agricultores, conviveram com Ele, acompanharam-nO, foram por Ele amadas e O
amaram a seu modo, dentro dos seus limites.
A revolução que Ele pretendia não era percebida pela massa, que tinha
fome de justiça, de verdade, mas sempre mais de pães e de peixes...
Do outro lado, acima das escarpas rochosas, erguia-se a decápole – parte
das dez cidades gregas erigidas antes, e então decadentes, com exceção de
Gadara, que se celebrizaria em razão do obsesso que Ele curara.
Jesus amava aquela região, aquele povo, onde mais se demorou após
iniciar a Sua vida pública, quando os Seus O rejeitaram...
Incapazes de penetrar no conteúdo profundo da Sua mensagem, seguiam
o Mensageiro dominados por interesses imediatistas.
Ambicionavam o reino dos Céus, porém, viviam na Terra, sofriam-lhe as
injunções e carências, padeciam desconforto.
Ele representava-lhes o Libertador. Suas palavras os sensibilizavam, porém
as Suas ações os deslumbravam e os atraíam cada vez mais.
Já não eram alguns que O seguiam, e sim verdadeiras multidões com suas
chagas, agitações e problemas.
Com essa volumosa massa, Ele atravessou o mar e foi ensinar na outra
margem do alto de um monte.
Ali, percebendo a fome daqueles que O acompanhavam nutriu-os com
pães e peixes fartamente, deixando-os felizes, porque de estômagos satisfeitos.
Logo após volveu em silêncio a Cafarnaum com os doze.
Os acompanhantes, atendidos nas necessidades imediatas, não
perceberam a Sua ausência, porque, naqueles momentos, não mais
necessitavam dEle.
Só no dia seguinte perceberam que Ele se fora.
Outra vez, sentindo carência, volveram a Cafarnaum a busca-lO algo
contrafeitos, por não O terem em mãos para o socorro contínuo aos seus
caprichos.
Quando O encontraram, interrogaram-nO com uma quase exigência de
justificação por tê-los deixado:
- Rabi, quando chegaste aqui?
Não se tratava de zelo, de cuidado pelo Amigo, mas de reprimenda, de
cobrança indireta.
O Mestre fitou-os, compungido, e respondeu-lhes com severidade:
- ...Procurais-me, porque comestes dos pães e ficastes saciados.
Fez uma pausa e prosseguiu:
- Trabalhai, não pela comida que perece, mas pela que dura até a vida
eterna, e que o filho do Homem vos dará...
De um para o outro dia haviam alterado o comportamento.
Viram os enfermos recuperarem-se ao influxo do Seu poder; alimentaramse
em excesso; beneficiaram-se da Sua presença. No entanto, à hora da decisão
de se transformarem para melhor, de se permitirem permear pela Sua palavra,
apelavam para os textos antigos convenientes, que permitiam fugir das novas
responsabilidades, indagando sobre novos sinais, recordando Moisés no deserto,
o maná que descera do Céu...
Não se davam conta de que tudo provinha de Deus, e que eles haviam
comido, às vesperas, um alimento da mesma procedência, que lhes dava vida,
porém que saciava só por breve prazo.
O mundo, as criaturas desejam refestelar-se na abundância de fora, no
desperdício, e não se recordam, nessas horas, da escassez e dos outros
esfaimados, esquecidos, em sofrimentos.
Desejam pão e prazer, conforto e ociosidade.
Cansam-se, quando os têm e fogem para a insatisfação, a revolta, a perda
de objetivos da vida.
Sucede que a duração do corpo é sempre muito breve, a dos seus
adereços menor, e a das suas imposições mais rápida... Por isso, a vida real,
aquela que permanece sobre as cinzas das ilusões vencidas, é a do ser imortal.
Jesus veio demonstrar a imortalidade, dar significado à existência física do
ser, não como fim, antes como meio para ser alcançada a plenificação.
Aferradas, todavia, aos sentidos grosseiros, as pessoas somente pensam
no momento em que se encontram – embora lhe percebam a fugacidade – longe
das aspirações transcendentes, as de longo, perene curso.
Aquela época difere desta pela face exterior, pelas conquistas da
inteligência, que trouxeram outros valores para serem cultivados, outras metas
para serem alcançadas. No entanto, o ser moral, o ser interior parece-se muito
com aqueles que o acompanhavam... Mesmo esses que dizem nEle crer e O
seguem.
- Eu sou o pão da vida – exclamou Jesus – o que vem a mim jamais terá
fome e o que acredita em mim jamais terá sede...
Os circunstantes, em face desta declaração robusta, sem eufemismos,
entreolharam-se, duvidaram, não sabendo o que fazer.
Enquanto se alimentavam e sorriam, a vida lhes parecia tranqüila, desde
que houvesse quem os abarrotasse, a fim de que, sem preocupação nem esforço,
pudessem banquetear-se sempre mais.
Tomar, porém, da charrua para conseguir a própria alimentação mudava
totalmente a paisagem do júbilo, que se tisnava ante as responsabilidades
surgidas.
O esforço pessoal constitui sinal de valor moral e o suor do sacrifício
umedece a massa que prepara o pão da vida, que mata a fome em definitivo.
O ser, inundado pelo ideal, tem a sua sede de luz e de paz saciada através
das conquistas valiosas das paisagens íntimas antes sob tormentas
desesperadoras.
O Mestre jamais negaceou, nunca se escusou.
Todas as suas asseverações foram claras, destituídas de disfarces ou
ocultas em símbolos complexos.
Falando a linguagem de todos os tempos, a verdade, nunca se Lhe notou
dubiedade, insegurança.
Não havia promessas vãs nos Seus discursos, nem alento para as atitudes
frívolas. Inteiriço, sempre igual na proposta, na discussão e na conclusão, a Sua
era uma linguagem lapidar, inimitável, jamais superada.
O texto do passado tem sabor de atualidade, hoje apresentado.
Compadeceu-se do caído, mas não se apiedou do erro.
Apoiou o doente, no entanto verberou pela libertação da doença.
Amparou o pecador, todavia exprobou o pecado.
Ajudou o vencido, porém conclamou-o ao soerguimento íntimo e à vitória
sobre si mesmo.
Não acusou, não condenou, nem anuiu com o crime, a devassidão, a
promiscuidade moral.
Pão da vida, Ele é saúde integral, alimento de sabor eterno.
Os galileus não poderiam, naquela época, entendê-lO.
O mesmo ocorre com os modernos fariseus que hoje O depreciam, que O
subestimam e que, presunçosos, se escondem nas catilinárias de palavras
rebuscadas em sofismas bem urdidos, em falsas ciências, para não se
transformarem moralmente, enquanto, jactanciosos, marcham para o túmulo
inexoravelmente, onde despertarão para a realidade...
Jesus é o pão da vida perene.
Aqueles que souberem alimentar-se dEle, nutrir-se-ão e viverão na paz de
consciência e na realização espiritual. .
AMÉLIA RODRIGUES
__________
(Página psicografada pelo médium Divaldo P. Franco, em 14 de julho de 1995, em
Paramirim – Bahia.)
Revista o Reformador Maio de 1999

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Dissimulações Humanas

Revista Espírita 1860-Agosto

(méd., senhora Costel.)
Eu vos falarei da necessidade singular que têm os melhores Espíritos de se misturar sempre com coisas que lhes são as mais estranhas; por exemplo, um excelente comerciante não duvidará um instante de sua aptidão política, e o maior diplomata porá do amor-próprio para decidir as coisas mais frívolas. Esse erro, comum a todos e a todas, não tem outro móvel senão a vaidade e esta não tem senão necessidades factícias; para o toucador, para o espírito, mesmo para o coração, ela procura, antes de tudo o falso, vicia o instinto do belo e do verdadeiro; conduz as mulheres a desnaturarem a sua beleza; persuade os homens a procurarem precisamente o que lhes é mais nocivo. Se os Franceses não tivessem esse erro, seriam, uns os mais inteligentes do mundo, os outros os mais sedutores de Evas conhecidos. Não tenhamos, pois, essa absurda humildade; tenhamos a coragem de sermos nós mesmos; de carregar a cor de nosso Espírito, como a de nossos cabelos. Mas os tronos desabarão, as repúblicas se estabelecerão, antes que um Francês leviano renuncie às suas pretensões à gravidade, e uma Francesa às suas pretensões à solidez; dissimulação contínua, onde cada um toma o costume deu ma outra época, ou mesmo, muito simplesmente, ode seu vizinho; dissimulação política, dissimulação religiosa, onde todos, arrastados pela vertigem, vos procurais perdidamente, não encontrando nesse tumulto nem o vosso ponto de partida, nem o vosso objetivo.
Delphine de girardin.

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Mensagem de Emmanuel sobre Kardec


Lembrando o Codificador da Doutrina Espírita é imperioso estejamos alerta em nossos deveres fundamentais. Convençamos-nos de que é necessário:
Sentir Kardec;
Estudar Kardec;
Anotar Kardec;
Meditar Kardec;
Analisar Kardec;
Comentar Kardec;
Interpretar Kardec;
Cultivar Kardec;
Ensinar Kardec e
Divulgar Kardec.
Que é preciso cristianizar a humanidade é afirmação que não padece dúvida; entretanto, cristianizar, na Doutrina Espírita, é raciocinar com a verdade e construir com o bem de todos, para que, em nome de Jesus, não venhamos a fazer sobre a Terra mais um sistema de fanatismo e de negação.
EMMANUEL
Página recebida pelo médium Francisco Cândido Xavier
"Reformador", março de 1961, FEB.

sábado, 18 de agosto de 2012

ATIRE A PRIMEIRA PEDRA -LIVRO : LUZ DO MUNDO-DIVALDO-AMÉLIA RODRIGUES


Apedrejar!

Transcorreram as Festas dos Tabernáculos e as gentes retornavam às cidades, aos povoados, aos campos, às atividades diárias.

Aqueles dias foram de júbilos e exaltação nos quais a alma de Israel se rejuvenescera, tomada do entusiasmo festivoque irrompera em Jerusalém naquela ocasião.

As comemorações evocativas dos dias passados, no deserto, sob tendas, após a saída do Egito, significavam a vitória do povo sobre o estigma do cativeiro e das rudes provações.

Aquela fora uma ceifa dadivosa.
Os peregrinos vinham de toda parte confundir os seres nos sorrisos generalizados e a capital se transformava na Casa de todos.

Naqueles dias de outubro já se conhecia a estranha e poderosa voz do Cantor
Diferente, delimitando as novas fronteiras do Reino de Deus. As multidões esfaimadas ouviam aquela Palavra e se entusiasmavam, acompanhando o singular Peregrino.

A fome de pão se misturava à necessidade da paz, e as massas angustiadas, especialmente naquele período, aguardavam o Messias. Havia sinais comprobatórios
da Sua vinda. Muitos foram, pressurosos, à "Casa da Passagem" para escutar, na vau do Jordão, o Batista. Êle, no entanto, afirmara e todos repetiam: — Eu souapenas o preparador dos caminhos, para Êle passar.. . aquele que segue primeiro, à frente, endireitando a passagem...
E de fato, êle passara deixando um apelo veemente para a consciência dos homens: o do arrependimento de todos os erros, com o conseqüente nascimento do homem novo sobre os escombros do homem velho.

Herodes, ao decapitá-lo, penetrou em funda amargura, no entanto, o povo que lhe conhecia a vida atribulada e a conduta adulterina comentava, mordaz, sobre as consequências do seu crime e os lastimáveis resultados que adviriam no futuro.

A Voz, porém, se fizera mais forte, surpreendentemente, após ti morte de João.
Paralíticos e cegos, leprosos e meretrizes, pescadores e a grande plebe a ouviam...
Homens representativos dentre os doutores e os levitas a escutavam e conquanto se ressentissem das duras verdades que ela enunciava, não conseguiam condições para silenciá-la, reconhecendo-a autêntica.

Expectativas felizes pareciam dominar todo o Israel e os sonhos de liberdade longamente acalentados voltavam a interessar as paixões dos sôfregos corações humanos.

Preconizava um Reino e ensinava onde repousavam as suas primeiras balizas, já
fincadas no solo dos espíritos. Todavia, quando se fitavam os olhos transparentes Daquele que projetava a voz da esperança se identificavam neles a melancolia e a poesia latentes que esparziam em farta messe.

Êle viera a Jerusalém para participar das Festas, conhecer o povo mais intimamente, nas explosões coletivas, nas exaltações generalizadas. Muitos O viram e O escutaram antes, provocando que as notícias da Sua presença comunicasse intensas emoções no povo e nos encarregados da Lei e da Religião.
Onde surgia todos O buscavam. . .
Êle estava próximo à porta Nicanor, do lado leste do Templo, chegando pelo caminho do Monte das Oliveiras, acompanhado dos discípulos.

Narra João, com emotividade e linguagem sucinta :
"Os Escribas e os Fariseus trouxeram uma mulher que fora surpreendida em adultério e a apresentaram dizendo: Mestre, esta mulher foi apanhada em adultério. Moisés manda que se lapidem tais mulheres pelo apedrejamento. Tu, pois, que dizes?" (*)
Êle olhou de relance a mulher ultrajada e se abaixou, sensibilizado, e com o dedo
começou a traçar garatujas no solo. (1)
A interrogação se demorava no ar, sem resposta.

Êle era o Embaixador da Verdade, porém o Príncipe representativo da Paz e do Amor. Moisés significava a aspereza literal da Lei fria e dura. Roma retirara de Israel o direito sobre a vida dos seus filhos. Ninguém, senão o Imperador ou seus Representantes, poderia dispor da vida de qualquer pessoa.

O adultério era condenado pelo Decálogo de forma irreversível. Outras mulheres ali foram trazidas "pela gola dos vestidos" e apedrejadas, até consideradas mortas, noutros tempos...
Sua resposta, de qualquer natureza, criaria dificuldades.

Com as Festas havia nos corações uma cantilena de tolerância e benignidade, uma quase tendência ao perdão por parte do povo. Perdoá-la, no entanto, não seria
conivir com o adultério, oferecendo o estímulo da aceitação tácita do nefasto crime?
— "Tu que dizes?"
Havia ali corações em febre de desejos irreprimíveis, devastadores.

As mulheres caem porque encontram alçapões disfarçados no solo das ansiedades, nos quais são atiradas pela volúpia de homens que as hipnotizam com desejos infrenes.

Atrás de cada organização feminina violada, há um companheiro oculto.
Em cada adúltera se esconde um adúltero, comparsa do mesmo erro. Onde estaria aquele que a infelicitou, explorando a sua fraqueza e a abandonando?

A mulher, não obstante desvalorizada, não representava qualquer significação antes d'Êle. Só depois, quando Êle a ergueu do nada em que se encontrava é que passou a ocupar o devido lugar de rainha e santa no altar do amor dos corações...
— "Tu que dizes?"
Êle não a fitou certamente para poupá-la da transparência da Sua visão.

— "Aquele que dentre vós estiver sem erro, atire-lhe a primeira pedra..."
A frase Lhe fluiu dos lábios lentamente, com segurança, nitidez, serenidade.
Continuou a escrever no chão. "Atire-lhe a primeira pedra." A pedrada!
Mas todos ali estavam mergulhados em erros, laborando em terreno infeliz de preconceitos violados, de legislação desrespeitada, de ultrajes ocultos, de crimes que a consciência temia enfrentar diretamente.
Os que estivessem isentos de erros!.. . Quem estaria nessa condição?
A exuberância da luz solar incide sobre as personagens da cena que marcaria História na História...

"Em silêncio os circunstantes se afastaram, um a um a começar dos mais velhos a terminar pelos mais novos, ficando Jesus e a mulher."
Sim, os mais velhos trazem maior soma de empeços e problemas, remorsos e azedumes.. .
É fácil esmagar e exigir quando não se olha interiormente as paisagens do espírito.
Adúlteras, porque há adúlteros que as malsinam.

O silêncio dominou o local em que se encontravam.
Só então Êle se levantou outra vez.
Fitando-a, agora, com doçura e compreendendo o seu drama íntimo, revisando aqueles dias passados, que foram de dissipações, falou, em melodia de ternura e disciplina:
— "Mulher, onde estão eles? Ninguém te condenou? Nem eu tão pouco te condeno: vai e não tornes a pecar!
A autoridade do Rabi penetra o espírito da mulher infeliz e repudiada, e harmoniza o país da sua alma em guerra. Antes do erro quanta indecisão e incerteza, quanta frustração e receio atormentaram aquele ser!

Quanto flagelo interior experimenta todo aquele que se entrega ao erro, ao pecado!
"Não tornes a pecar!"
Todo o Evangelho se assenta nessa base: da compaixão e da misericórdia.
Ter oportunidade nova mas não repetir o erro.
Cair e levantar-se.
Equivocar-se e retificar a atitude.
Nem conivência com a irresponsabilidade nem dureza com a correção.

Todos se podem enganar, no entanto, perseverar no engano é acumpliciamento com a ignorância e a leviandade.
O Reino de Deus, cantado por Jesus, é o amor em todas as latitudes e dimensões a alongar-se pela Terra inteira numa explosão de misericórdia e educação.
"Não tornes a pecar."
"Isento de erro."

Apedrejar a própria consciência, lapidando-a, aprimorando o espírito para galgar maior expressão de paz e ventura.
— ... "Atire a primeira pedra!"
(*) João 8: 1 a 11.
(1) Narram diversos intérpretes deste texto, que escrevendo no chão, o Senhor grafava
a marca moral do erro de cada um, que O observava fazendo que recordasse sua própria
imperfeição. Por exemplo: ladrão, adúltero caluniador...
Notas da autora espiritual.