Caros amigos leitores , gostaríamos, na medida do possível ,contar com a interação de todos ,através de comentários , tornando se seguidores deste blog divulgando para seus conhecidos ,para que assim possamos estudar e aprendermos juntos , solidários e fraternos. Inscrevam-se no blog!
Mostrando postagens com marcador José Siquara da Rocha. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador José Siquara da Rocha. Mostrar todas as postagens

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Por que Perdoar?


JOSÉ SIQUARA DA ROCHA
É comum ouvir-se dizer: - “Não perdôo!” – Ou então: “Perdôo, mas não
esqueço!”
Perdoar com restrições não é perdoar. O perdão deve ser, tem quer ser
total, pleno, sem reservas. O perdão faz bem ao psiquismo, ao físico e à alma de
quem perdoa.
Quando uma pessoa diz que perdoa mas não esquece, está guardando
mágoa e estabelecendo uma condição de sofrimento psíquico-físico e até para a
própria alma, porque esta se conserva cativa a uma vibração negativa.
Quando Pedro perguntou ao Mestre quantas vezes devia perdoar, se até
sete vezes, a resposta foi incisiva:
- “Não sete vezes mas setenta vezes sete”, querendo portanto dizer que
devemos perdoar sempre.
O perdão tem valor ético e místico para quem perdoa, porque com esse ato
ou atitude nós nos libertamos – certamente perdão de verdade, não só de
palavras, mas com sentimento, com amor! – de enorme carga negativa de ódio,
mágoa, suspeição, preconceito, contra quem quer que seja.
Quando temos um pensamento, uma atitude positiva, beneficiamos a nós
mesmos em primeiro lugar. Quando pensamos ou agimos contrariamente, já
prejudicamos inicialmente a nós mesmos, porque já sofremos a ação inicial da
nossa própria vibração negativa.
Quando perdoamos de verdade estamos nos beneficiando, mesmo que
não nos tenha sido solicitado esse perdão, porque aliviados daquela carga
terrível, o que não importa dizer que quem foi perdoado passe de imediato a uma
situação de beatitude, de isenção de culpa. O perdoado não recai de imediato em
estado de pureza.
O perdão, como diz Hermínio C. Miranda em “Cristianismo – a mensagem
esquecida”, p. 145, “não nos repõe em estado de pureza instantânea por um
passe de mágica ou graça divina; ele apenas – e já é muito – nos coloca de novo
na trilha e diz: - ‘Agora você vai e repare o mal que praticou’.

E diz ainda: “O corolário do perdão não é pois a beatificação súbita da
alma, que fica pronta para ir para o céu, é a oportunidade renovada para o
trabalho retificador”.
(Grifo nosso)
O perdoado pode não ter solicitado esse perdão, e a sua culpa continua...
se houver.
Quando, porém, ele se conscientiza do erro, pelo remorso ou pela
conclusão simples e lógica de que errou, pelo reconhecimento do erro, sente a
necessidade de repará-lo. Então aí vai enfrentar a tarefa da reparação, vai ao
trabalho da retificação que lhe exigirá providências saneadoras na pratica do bem,
do amor. Haverá o domínio do egoísmo, do orgulho e a expressão da humildade
sem humilhação, numa demonstração de equilíbrio interior. Em última análise,
portanto, nós em verdade não perdoamos o erro, a falta de alguém. Ninguém tem
essa condição de perdoar. Quando dizemos perdoar e em verdade perdoamos,
apenas, como ficou dito, nos libertamos de uma carga negativa de ódio, de
mágoa, de preconceitos ou suspeição.
Sabemos que, em face da sua justiça ser infinita, nem Deus perdoa no
sentido como entendemos o perdão. Ele simplesmente, em face de sua infinita
misericórdia, nos dá as oportunidades necessárias para que, com a reparação
devida, perdoemos a nós mesmos.
Cada um, portanto, perdoa a si mesmo quando, no esforço constante da
renovação, da reparação, da volta ao caminho direcional para a Verdade, para o
Amor, atinge a meta da reposição, de retificação para o seu reequilíbrio, para a
rearmonização com a Lei do Amor, desrespeitada pelo seu negativo agir.
Na consideração dos atributos da Divindade Criadora, vamos nos fixar na
sua infinita Justiça. Segundo a concepção dos homens, a justiça é cega e por isso
a representam de olhos vendados, para que ela não se deixe influenciar e seja
inflexível no seu julgar. Essa é a justiça dos homens, que é incapaz de procurar,
de conhecer a Verdade para então exarar o seu julgamento, a sua sentença. E
por isso mesmo são do conhecimento de todos nós as injustiças sem conta,
cometidas em nome da Justiça.
Com a divina justiça não acontece assim; ela não tem uma venda nos olhos
mas, na sua onipresença e na sua oniconsciência, tudo conhece, tudo vê, tudo
sabe. É então absolutamente imparcial, não condenando nem perdoando.
No uso do seu livre-arbítrio e da sua relativa liberdade, os Espíritos
cumprem ou não as divinas leis e, neste último caso, como culpados, têm de
arrostar as conseqüências, chegar à conscientização de seu erro e, de motopróprio,
tentar o equilíbrio, a rearmonização, procurando desfazer, compensar,
zerar o seu débito. Desaparecida a causa, cessa o efeito totalmente.
A justiça infinita de Deus aí não interfere, mas se faz presente a sua infinita
misericórdia, segundo a qual o Espírito culposo, em erro, tem todas as
oportunidades para essa volta às origens.
Volta às origens sim, porque sendo todos filhos de Deus, têm de exibir a
sua origem divina, e esse foi o grande empenho de Jesus na sua caminhada entre
nós.
Por isso é que a Lei que regula as nossas ações, atendendo à infinita
justiça do Pai, a Lei de Causa e Efeito não é boa nem má. Ela “anota” os
procedimentos de cada um e a sua ação acompanha a todos os Espíritos, que
são levados mais cedo ou mais tarde à senda da ordem, do equilíbrio, após os
desatinos cometidos no uso do seu livre-arbítrio.
A reparação, devendo ser completa, é no entanto freqüentemente atenuada
em face da misericórdia do Pai, atendendo às modificações operadas no sentir e
no agir de cada um.
A Lei de Causa e Efeito não funciona, portanto, como a Lei de Talião, do
dente por dente, olho por olho.
A conscientização do erro, o desejo e o propósito de emenda e reparação,
a prece, a prática da caridade na vivência do Amor, são condições capazes de
atenuar, como ficou dito, o cumprimento rigoroso da Lei.
Como diz ainda Hermínio Miranda, “as leis atuam independentemente da
nossa vontade ou crença na sua eficácia, e o perdão está implícito no
cumprimento das leis divinas”.

É preciso então estarmos inclinados ao perdão, lembrando sempre as
palavras de Jesus: “Quando te baterem numa face, mostra-lhes também a outra.
Quando te obrigarem a caminhar mil passos, anda também, com eles dois mil.
Quando te tornarem a capa, entrega-lhes também a camisa. Não resistais ao
mal!”

Vale lembrar ainda as palavras da segunda parte da oração ensinada pelo
Mestre aos seus discípulos, conhecida como a “Oração Dominical” ou “Pai
Nosso”: - “Perdoai as nossas ofensas assim como nós perdoamos (...)” Se em
verdade não aprendemos a perdoar, como seremos perdoados?!
A imensa maioria dos que se dizem cristãos repete essas palavras sem a
necessária consciência do que está a dizer, da sua gravidade.
Deus, portanto, como ficou dito, não perdoa. Nós é que deveremos
entender que perdoamos a nós mesmos, quando nos conscientizamos de nossas
culpas e as reparamos com a prática, a vivência do Amor.

Ele também não castiga por que, Amor Infinito, não quer que qualquer das
suas criaturas sofra. Nós castigamos a nós mesmos quando descumprimos as
Suas divinas leis. .

Revista o Reformador Maio de 1999