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terça-feira, 2 de julho de 2013

HORAS DE TRANSIÇÃO

HORAS  DE  TRANSIÇÃO
Emmanuel 
 
          Cultiva a paciência e resguarda-te em paz.
          Recorda a multidão descontrolada, ante o perigo iminente.
          Memoriza os desastres ocorridos, seja nos recintos fechados ou nos estádios abertos, quando algum grito alucinante anuncia determinadas perturbações.
          Grupos amedrontados se entrechocam, por vezes a se ferirem, ou a se massacrarem mutuamente.
          Semelhante imagem se aplica igualmente à Terra, nos dias de transição, quais os da atualidade, em que milhões de criaturas encontram problemas a se agigantarem de extensão.
          O mundo, nesses eventos, lembra efetivamente um anfiteatro de proporções imensas, no qual vastas multidões sofrem a pressão de acontecimentos cruéis.
          E essas crises pesam sobre a vida particular, motivando estranhos comportamentos na esfera de individuo para individuo.
          E assim que anotamos companheiros de experiência a se desorientarem, nas mais diversas condições de trabalho e de luta.
          Esse exige a desvinculação apressada de compromissos que abraçou voluntariamente pouco lhe importando as lagrimas daqueles que se estorcegam de dor, em se observando lesados nos sentimentos mais caros; outro pisa sobre os irmãos indefesos que tombam, aqui e ali, sem perguntar pelos sofrimentos que causam; aquele agride quantos lhe cruzem o caminho; e ainda outros muitos assumem atitudes infelizes, precipitando-se na mutilação deles mesmos, a pretexto de senhorearem a frente do escape.
          Se te encontras  diante de situações assim complexas, em que pessoas amadas parecem enlouquecidas, no anseio unicamente dos interesses próprios, desertando de obrigações respeitáveis, dilapidando alheios sentimentos, depredando corações ou largando-se nos gestos temerários que lhes acarretam inimagináveis padecimentos, acalma-te e ora, serve e espera.
          A tormenta é transitória.
          Lembra o Sol renascente, recompondo o campo, após uma noite de tempestade e entenderás a harmonia inarredável com que a vida marca as obras de Deus.
 
Livro- “Pronto Socorro” – Autor – Emmanuel – Psicografia – Francisco Candido Xavier.
Digitado por Doris Day.

quinta-feira, 27 de junho de 2013

Multidão de Sofrimentos (...)"A multidão representava as enfermidades e mazelas que Lhe era conduzidas pelos magotes humanos, assinalados pela dor"....

Multidão de Sofrimentos

Sempre estava Jesus cercado pela multidão. Entardecia...
A multidão representava as enfermidades e mazelas que Lhe era conduzidas pelos magotes humanos, assinalados pela dor.
Em todos os tempos, o sofrimento é a cobrança do pretérito culposo dos atormentados em lapidação benéfica para a própria redenção, em clima de urgência.
A lepra, ingrata e hedionda, procede do Espírito que exterioriza a degenerescência dos tecidos sutis, exsudando as misérias íntimas na faina incessante da purificação. Assim a cegueira e a surdez, a paralisia e a mudez, o câncer e tantos suplícios expressam o limite imposto ao devedor na faculdade cujo uso foi mal aplicado, fazendo o ser calceta em si mesmo, carente de imediata reparação.
A falta do órgão ou membro, a desarmonia da faculdade ou função que representam sempre a cobrança que chega em forma de controle e educação, predispondo o ser para a liberdade.
E como a dor tem sido a característica da vida humana, Jesus estava sempre cercado pela multidão.
Eram os atormentados de ontem, ora envergando as marcas e manchas do passado, na condição de atormentados atuais, buscando, sequiosos, a água lustral do Evangelho do Reino, para lavarem as imundícies da imperfeição.
Cercado pela multidão, Ele abria os braços e descerrava os lábios, socorrendo e falando ...
A voz modulada em musicalidade divina derramava lições de vida em urgente profilaxia, de modo a que todo aquele que pudesse recuperar-se não tornasse aos erros transatos, a fim de não se acumpliciar com o crime, do que decorrem sempre mais graves e danosos compromissos. E as mãos misericordiosas libertavam das amarras limitadas do padecimento, facultando agilidade e os meios de crescimento superior aos beneficiados.
A multidão buscava-O sempre ansiosa...
Dos Seus lábios recolhia pérolas em luz, gemas em claridade incomparável para iluminar a senda de percalços e pedrouços. E das Suas mãos recebia o vigor em dádivas de saúde, que renovavam as peças gastas e os implementos orgânicos em desconcerto, produzindo o refazimento e a paz.
Amava-O a multidão; ao menos necessitava d’Ele avidamente e O seguia.
Começava o ministério entre expectativas e ansiedades.
Quantas vezes Israel tivera outros profetas.
Procediam de todos os rincões e se caracterizavam, não raro, pela severidade e aspereza dos conceitos que, semelhante a látego em brasa punitiva, azorragavam com doestos e ameaçavam com longas e penosas correções.
Há pouco escutara-se a Voz do Batista e a sua figura austera derramava o verbo abrasador, conclamando ao arrependimento e ao aproveitamento da hora, antes que se fizesse tarde.
Ele, porém, Aquele suave Rabi, era a mansuetude e a abnegação. Quando o semblante se Lhe fazia grave, a meiguice e a dor exteriorizavam todo o Seu amor e ao mesmo tempo refletiam as Suas esperanças, penetrando no porvir, em cujo curso incessante dos tempos o homem encontraria a paz ...
Era o mês de Nisan. A tarde caía suave e calma.
A notícia da cura da sogra de Simão, cuja febre repreendida pelos Seus lábios se evadira, atraía a multidão dos necessitados.
Carreados por ventos brandos, aromas sutis balsamizavam a tarde em festa de luz.
A praia amiga, referta de esperanças, suspirando nos corações ansiosos dos homens, ali representava todos os tempos; o ontem e o amanhã da dor perseguindo a paz ...
Ele aproximou-se e começou a curar.
Luz Divina em sombra densa, Sua aura reativava as forças fracas, recompondo os desgastes e desalinhos dos infelizes.
O espetáculo da alegria espontânea explodindo, comovia, e a reconstrução da saúde ante o olhar esgazeado de surpresa dos comensais do sofrimento, a rearticulação das faculdades psíquicas dos antes atormentados, os Espíritos imundos expulsos pelo Seu magnetismo fascinavam e, num crescendo, avolumavam-se as emoções à Sua volta...*
As vozes estremunhadas dos obsessores desligados das vítimas, gritavam:
- Tu és o filho de Deus.
Ele, porém, sereno e pulcro, respondia:
- Eu vos proíbo de falar. Afastai-vos daqui ...
- No desabrochar natural das alegrias, uma pausa fez-se espontânea durante o sublime repasto da esperança. Ele, então, falou com eloqüência e magnitude:
- Todos os males promanam do Espírito. Tende tento!
“O Espírito é a fonte gentil e abundante onde nascem a enfermidade e a saúde, o destino e o porvir de cada ser, conforme se acumulam nas nascentes os atos que padronizam as futuras necessidades. Enquanto o homem não mergulhar na intimidade dos seus problemas para solucioná-los à luz da razão e do amor, não conseguirá o lenitivo da harmonia.
“Sois ‘o sal da Terra’. O valor dele é mantido enquanto conserva o sabor.
“Sois a luz” da oportunidade, enquanto marchardes espargindo bênçãos e distribuindo esperanças.
“Deus, Nosso Pai, é o Criador, mas o homem, ascendendo, é o autor da sua dita ou desgraça.
“Inutilmente buscareis fora a saúde se não a mantiverdes retida no âmago do Espírito, cuja perda se transforma em incessante aflição e maior tormento.
“A saúde, a seu turno, é oportunidade de evolução e de responsabilidade para com a vida.
“Buscai antes o amor e fazei todo o bem possível, para vos conservardes em paz. O amor é a candeia acesa e o bem é o combustível que a mantém.
“Pacificai-vos para que vos conduzais em espírito de sabedoria, fazendo longos e proveitosos os vossos dias de júbilo na Terra e felizes, mais tarde, nos Céus.”
Clara manhã. Sua presença apagava a noite, sugando-a com beijos de luminosidade libertadora. E por onde andava, lá estava a multidão aflita e Ele prosseguia, disseminando a saúde, por ser um excelente mensageiro da Vida.
Ao longe o sol declinava, caindo além dos montes, adornando a paisagem de ouro fulgurante no ar, e todos, tocados pela Sua misericórdia, os antes aflitos, debandaram na direção do lar, deixando a meditar, em profundo recolhimento, sob o fulgor das primeiras estrelas, o Filho do Altíssimo...

(*) Lucas 5:40-41 – Nota da Autora Espiritual.
Amélia Rodrigues

domingo, 5 de maio de 2013

Conhecendo o Livro Céu e o Inferno - Suicidas -Parte 7-Um Ateu

UM ATEU

M.J.-B.D... era um homem instruído, mas em extremo saturado de idéias materialistas, não acreditando em Deus nem na existência da alma. A pedido de um parente, foi evocado dois anos depois de desencarnado, na Sociedade Espírita de Paris.
1. - Evocação. - R. Sofro. Sou um réprobo.
2. - Fomos levados a evocar-vos em nome de parentes que, como tais, desejam conhecer da vossa sorte. Podereis dizer-nos se esta nossa evocação vos é penosa ou agradável? - R. Penosa.
3. - A vossa morte foi voluntária? - R. Sim. Nota - O Espírito escreve com extrema dificuldade. A letra é grossa, irregular, convulsa e quase ininteligível. Ao terminar a escrita encoleriza-se, quebra o lápis e rasga o papel.
4. - Tende calma, que nós todos pediremos a Deus por vós. - R. Sou forçado a crer nesse Deus.
5. - Que motivo poderia ter-vos levado ao suicídio? - R. O tédio de uma vida sem esperança.
    Nota - Concebe-se o suicídio quando a vida é sem esperança; procura-se então fugir-lhe a qualquer preço. Com o Espiritismo, ao contrário, a esperança fortalece-se porque o futuro se nos desdobra. O suicídio deixa de ser objetivo, uma vez reconhecido que apenas se isenta a gente do mal para arrostar com um mal cem vezes pior. Eis por que o Espiritismo tem seqüestrado muita gente a uma morte voluntária. Grandemente culpados são os que se esforçam por acreditar, com sofismas científicos e a pretexto de uma falsa razão, nessa idéia desesperadora, fonte de tantos crimes e males, de que tudo acaba com a vida. Esses serão responsáveis não só pelos próprios erros, como igualmente por todos os males a que os mesmos derem causa.
6. - Quisestes escapar às vicissitudes da vida... Adiantastes alguma coisa? Sois agora mais feliz? - R. Por que não existe o nada?
7. - Tende a bondade de nos descrever do melhor modo possível a vossa atual situação. - R. Sofro pelo constrangimento em que estou de crer em tudo quanto negava. Meu Espírito está como num braseiro, horrivelmente atormentado.
8. - Donde provinham as vossas idéias materialistas de outrora? - R. Em anterior encarnação eu fora mau e por isso condenei-me na seguinte aos tormentos da incerteza, e assim foi que me suicidei.
    Nota - Aqui há todo um corolário de idéias. Muitas vezes nos perguntamos como pode haver materialistas quando, tendo eles passado pelo mundo espiritual, deveriam ter do mesmo a intuição; ora, é precisamente essa intuição que é recusada a alguns Espíritos que, conservando o orgulho, não se arrependeram das suas faltas. Para esses tais, a prova consiste na aquisição, durante a vida corporal e à custa do próprio raciocínio, da prova da existência de Deus e da vida futura que têm, por assim dizer, incessantemente sob os olhos. Muitas vezes, porém, a presunção de nada admitir, acima de si, os empolga e absorve. Assim, sofrem eles a pena até que, domado o orgulho, se rendem à evidência.
9. - Quando vos afogastes, que idéias tínheis das conseqüências? Que reflexões fizestes nesse momento? - R. Nenhuma, pois tudo era o nada para mim. Depois é que vi que, tendo cumprido toda a sentença, teria de sofrer mais ainda.
10. - Estais bem convencido agora da existência de Deus, da alma e da vida futura? - R. Ah! Tudo isso muito me atormenta!
11. - Tornastes a ver vosso irmão? - R. Oh! não.
12. - E por que não? - R. Para que confundir os nossos desesperos? Exila-se a gente na desgraça e na ventura se reúne, eis o que é.
13. - Incomodar-vos-ia a presença de vosso irmão, que poderíamos atrair aí para junto de vós? - R. Não o façais, que o não mereço.
14. - Por que vos opondes? - R. Porque ele também não é feliz.
15. - Receais a sua presença, e no entanto ela só poderia ser benéfica para vós. - R. Não; mais tarde...
16. - Tendes algum recado para os vossos parentes? - R. Que orem por mim.
17. - Parece que na roda das vossas relações há quem partilhe das vossas opiniões. Quereis que lhes digamos algo a respeito? - R. Oh! os desgraçados! Assim possam eles crer em outra existência, eis quanto lhes posso desejar. Se eles pudessem avaliar a minha triste posição, muito refletiriam.
(Evocação de um irmão do precedente, que professava as mesmas teorias, mas que não se suicidou. Posto que também infeliz, este se apresenta mais calmo; a sua escrita é clara e legível.)
18. - Evocação. - R. Possa o quadro dos nossos sofrimentos ser útil lição, persuadindo-vos da realidade de uma outra existência, na qual se expiam as faltas oriundas da incredulidade.
19. - Vós, e vosso irmão que acabamos de evocar, vos vedes reciprocamente? -R. Não; ele me foge.
    Nota - Poder-se-ia perguntar como é que os Espíritos se podem evitar no mundo espiritual, uma vez que aí não existem obstáculos materiais nem refúgios impenetráveis à vista. Tudo é, porém, relativo nesse mundo e conforme a natureza fluídica dos seres que o habitam. Só os Espíritos superiores têm percepções indefinidas, que nos inferiores são limitadas. Para estes, os obstáculos fluídicos equivalem a obstáculos materiais. Os Espíritos furtam-se às vistas dos semelhantes por efeito volitivo, que atua sobre o envoltório perispiritual e fluidos ambientes. A Providência, porém, qual mãe, por todos os seus filhos vela, e por intermédio dos mesmos, individualmente, lhes concede ou nega essa faculdade, conforme as suas disposições morais, o que constitui, conforme as circunstâncias, um castigo ou uma recompensa.
20. - Estais mais calmo do que vosso irmão. Podereis dar-nos uma descrição mais precisa dos vossos sofrimentos? - R. Não sofreis aí na Terra no vosso orgulho, no vosso amor-próprio, quando obrigados a reconhecer os vossos erros?
"O vosso Espírito não se revolta com a idéia de vos humilhardes a quem vos demonstre o vosso erro? Pois bem! Julgai quanto deve sofrer o Espírito que durante toda a sua vida se persuadiu de que nada existia além dele, e que sobre todos prevalecia sempre a sua razão. Encontrando-se de súbito em face da verdade imponente, esse Espírito sente-se aniquilado, humilhado. A isso vem ainda juntar-se o remorso de haver por tanto tempo esquecido a existência de um Deus tão bom, tão indulgente. A situação é insuportável; não há calma nem repouso; não se encontra um pouco de tranqüilidade senão no momento em que a graça divina, isto é, o amor de Deus, nos toca, pois o orgulho de tal modo se apossa de nós, que de todo nos embota, a ponto de ser preciso ainda muito tempo para que nos despojemos completamente dessa roupagem fatal. Só a prece dos nossos irmãos pode ajudar-nos nesses transes.
21. - Quereis falar dos irmãos encarnados, ou dos Espíritos? - R. De uns como de outros.
22. - Enquanto nos entretínhamos com o vosso irmão, uma das pessoas aqui presentes orou por ele: - essa prece lhe foi proveitosa? - R. Ela não se perderá. Se ele agora recusa a graça, outro tanto não fará quando estiver em condições de recorrer a essa divina panacéia.
    Nota - Aqui lobrigamos um outro gênero de castigo, mas que não é o mesmo em todos os cépticos. Para este Espírito, é independente do sofrimento a necessidade de reconhecer verdades que repudiara quando encarnado. As suas idéias atuais revelam certo grau de adiantamento, comparativamente às de outros Espíritos persistentes na negação de Deus. Confessar o próprio erro é já alguma coisa, porque é premissa de humildade. Na subseqüente encarnação é mais que provável que a incredulidade ceda lugar ao sentimento inato da fé.
Transmitindo a resultante destas duas evocações à pessoa que no-las havia solicitado, tivemos dela a seguinte resposta:
"Não podeis imaginar, meu caro senhor, o grande benefício advindo da evocação de meu sogro e de meu tio. Reconhecemo-los perfeitamente. A letra do primeiro, sobretudo, é de uma analogia notável com a que ele tinha em vida, tanto mais quanto, durante os últimos meses que conosco passou, essa letra era sofreada e in-decifrável. Aí se verificam a mesma forma de pernas, da rubrica e de certas letras. Quanto ao vocabulário e ao estilo, a semelhança é ainda mais frisante; para nós, a analogia é completa, apenas com maior conhecimento de Deus, da alma e da eternidade que ele tão formalmente negava outrora. Não nos restam dúvidas, portanto, sobre a sua identidade. Deus será glorificado pela maior firmeza das nossas crenças no Espiritismo, e os nossos irmãos encarnados e desencarnados se tornarão melhores. A identidade de seu irmão também não é menos evidente; na mudança de ateu em crente, reconhecemos-lhe o caráter, o estilo, o contorno da frase. Uma palavra, sobre todas, nos despertou atenção - panacéia - sua frase predileta, a todo instante repetida.
"Mostrei essas duas comunicações a várias pessoas, que não menos se admiraram da sua veracidade, mas os incrédulos, com as mesmas opiniões dos meus parentes, esses desejariam respostas ainda mais categóricas.
"Queriam, por exemplo, que M. D... se referisse ao lugar em que foi enterrado, onde se afogou, como foi encontrado, etc. A fim de os convencer, não vos seria possível fazer nova evocação perguntando onde e como se suicidou, quanto tempo esteve submergido, em que lugar acharam o cadáver, onde foi inumado, de que modo, se civil ou religiosamente, foi sepultado? Dignai-vos, caro senhor, insistir pela resposta categórica a essas perguntas, pois são essenciais para os que ainda duvidam. Estou convencido de que darão, nesse caso, imensos resultados.
"Dou-me pressa a fim de esta vos ser entregue na sexta-feira de manhã, de modo a poder fazer-se a evocação na sessão da Sociedade desse mesmo dia... etc."
Reproduzimos esta carta pelo fato da confirmação da identidade e aqui lhe anexamos a nossa resposta para ensino das pessoas não familiarizadas com as comunicações de além-túmulo.
"As perguntas que nos pediram para novamente endereçar ao Espírito de vosso sogro, são, incontestavelmente, ditadas por intenção louvável, qual a de convencer incrédulos, visto como em vós não mais existe qualquer sentimento de dúvida ou curiosidade. Contudo, um conhecimento mais aprofundado da ciência espírita vos faria julgar supérfluas essas perguntas. Em primeiro lugar, solicitando-me conseguir resposta categórica, mostrais ignorar a circunstância de não podermos governar os Espíritos, a nosso talante. Ficai sabendo que eles nos respondem quando e como querem, e também como podem. A liberdade da sua ação é maior ainda do que quando encarnados, possuindo meios mais eficazes de se furtarem ao constrangimento moral que por acaso sobre eles queiramos exercer. As melhores provas de identidade são as que fornecem espontaneamente, por si mesmos, ou então as oriundas das próprias circunstâncias. Estas, é quase sempre inútil provocá-las. Segundo afirmais, o vosso parente provou a sua identidade de modo inconcusso; por conseguinte, é mais que provável a sua recusa em responder a perguntas que podem por ele ser com razão consideradas supérfluas, visando satisfazer à curiosidade de pessoas que lhe são indiferentes. A resposta bem poderia ser a que outros têm dado em casos semelhantes, isto é: - "para que perguntar coisas que já sabeis?"
"A isto acrescentarei que a perturbação e sofrimentos que o assoberbam devem agravar-se com as investigações desse gênero, que correspondem perfeitamente a querer constranger um doente, que mal pode pensar e falar, a historiar as minúcias da sua vida, faltando-se assim às considerações inspiradas pelo seu próprio estado.
"Quanto ao objetivo por vós alegado, ficai certo de que tudo seria negativo. As provas de identidade fornecidas são bem mais valiosas, por isso que foram espontâneas, e não de antemão premeditadas. Ora, se estas não puderam contentar os incrédulos, muito menos o fariam interrogativas já preestabelecidas, de cuja conivência poderiam suspeitar.
"Há pessoas a quem coisa alguma pode convencer. Esses poderiam ver o vosso parente, com os próprios olhos, e continuariam a supor-se vítimas de uma alucinação.
"Duas palavras ainda, quanto ao pedido que me fizestes de promover essa evocação no mesmo dia do recebimento de vossa carta. As evocações não se fazem assim de momento; os Espíritos nem sempre correspondem ao nosso apelo; é preciso que queiram, e não só isso, mas que também possam fazê-lo. É preciso, ainda, que encontrem um médium que lhes convenha, com as aptidões especiais necessárias e que esse médium esteja disponível em dado momento. É preciso, enfim, que o meio lhes seja simpático, etc. Pela concorrência dessas circunstâncias nem sempre se pode responder, e importa muito conhecê-las quando se quer praticar com seriedade e segurança."

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Conhecendo o Livro Céu e o Inferno " Suicidas" 3a Parte

FRANÇOIS-SIMON LOUVET

(Do Havre)
A seguinte comunicação foi dada espontaneamente, em uma reunião espírita no Havre, a 12 de fevereiro de 1863:
"Tereis piedade de um pobre miserável que passa de há muito por cruéis torturas?! Oh! o vácuo... o Espaço..... despenho-me... caio... morro... Acudam-me! Deus, eu tive uma existência tão miserável... Pobre diabo, sofri fome muitas vezes na velhice; e foi por isso que me habituei a beber, a ter vergonha e desgosto de tudo.
"Quis morrer, e atirei-me... Oh! meu Deus! Que momento! E para que tal desejo, quando o termo estava tão próximo? Orai, para que eu não veja incessantemente este vácuo debaixo de mim.... Vou despedaçar-me de encontro a essas pedras! Eu vo-lo suplico, a vós que conheceis as misérias dos que não mais pertencem a esse mundo. Não me conheceis, mas eu sofro tanto... Para que mais provas? Sofro! Não será isso o bastante? Se eu tivera fome, em vez deste sofrimento mais terrível e aliás imperceptível para vós, não vacilaríeis em aliviar-me com uma migalha de pão. Pois eu vos peço que oreis por mim... Não posso permanecer por mais tempo neste estado... Perguntai a qualquer desses felizes que aqui estão, e sabereis quem fui. Orai por mim. François-Simon Louvet."
O guia do médium. - "Esse que acaba de se dirigir a vós foi um pobre infeliz que teve na Terra a prova da miséria; vencido pelo desgosto, faltou-lhe a coragem, e, em vez de olhar para o céu como devia, entregou-se à embriaguez; desceu aos extremos últimos do desespero, pondo termo à sua triste provação: atirou-se da Torre Francisco I, no dia 22 de julho de 1857. Tende piedade de sua pobre alma, que não é adiantada, mas que lobriga da vida futura o bastante para sofrer e desejar uma reparação. Rogai a Deus lhe conceda essa graça, e com isso tereis feito obra meritória."
Buscando-se informes a respeito, encontrou-se no Journal du Havre, de 23 de julho de 1857, a seguinte notícia local:
"Ontem, às 4 horas da tarde, os transeuntes do cais foram dolorosamente impressionados por um horrível acidente: - um homem atirou-se da torre, vindo despedaçar-se sobre as pedras. Era um velho puxador de sirga, cujo pendor à embriaguez o arrastara ao suicídio. Chamava-se François-Victor-Simon Louvet. O corpo foi transportado para a casa de uma das suas filhas, à rua de la Corderie. Tinha 67 anos de idade."
    Nota - Seis anos fazia que esse homem morrera e ele se via ainda cair da torre, despedaçando-se nas pedras... Aterra-o o vácuo, horroriza-o a perspectiva da queda... e isso há 6 anos! Quanto tempo durará tal estado? Ele não o sabe, e essa incerteza lhe aumenta as angústias. Isso não equivale ao inferno com suas chamas? Quem revelou e inventou tais castigos? Pois são os próprios padecentes que os vem descrever, como outros o fazem das suas alegrias. E fazem-no, muita vez, espontaneamente, sem que neles se pense - o que exclui toda hipótese de sermos nós o joguete da própria imaginação.

domingo, 20 de janeiro de 2013

DESAJUSTAMENTOS...."Nunca é demais afirmar que a paz começa em nós e por nós..."


Antecedendo nossa reunião pública, trocávamos idéias sobre os desajustamentos e
perturbações a que somos levados, nos tempos que atravessamos. Concluímos que os
antagonismos e as lutas espirituais vão crescendo nos lares e grupos familiares e explodem
nos contatos públicos, exigindo muita compreensão e serenidade da parte dos que possam
auxiliar a sustentação da tranqüilidade geral. Destacávamos o apoio providencial dos
conhecimentos espíritas para não perder a esperança, quando chamados às tarefas
doutrinárias.
Iniciada a reunião, O Evangelho Segundo o Espiritismo nos deu a estudo o item 5 do capítulo
IX. Vários comentaristas expressaram-se com muita oportunidade sobre o texto.
Complementando as tarefas da noite, Emmanuel compareceu com a página “Diante da Paz”.
DIANTE DA PAZ
Emmanuel
Nunca é demais afirmar que a paz começa em nós e por nós.
Os pacificadores, porém, são aqueles que aceitam em si o fogo das dissensões, de modo a
extingui-lo com os recursos da própria alma, doando tranqüilidade a todos aqueles que lhes
compartilham a marcha.
Quanto puderes, distribui o alimento da concórdia, reconhecendo que a bênção da paz é
desdobramento do pão de cada dia.
Emissários do Bem, domiciliados na Vida Maior, desenvolvem empreendimentos de paz em
todas as direções no mundo, mas precisam de cooperadores fiéis que lhes interpretem a obra
benemérita, ao lado das criaturas.
Se aderiste a essa campanha bendita, auxilia-os em bases de entendimento e serviço.
***
Onde a palavra seja convocada ao socorro fraterno, fala auxiliando e, se o mal aparece por
desequilíbrio de forças, conturbando situações, corrige o mal com amor, limitando-lhe a
influência ou curando-lhe as feridas.
Se agressões repontam à frente, considera que as enfermidades ocultas atacam em todos os
lugares e ampara a vítimas de semelhantes arrastamentos, na certeza de que a tolerância,
agindo construtivamente, é a terapêutica que nos presume a todos contra os assaltos da
violência.
Se a injúria escarnece, capacita-te de que a crueldade é sinônimo de alienação mental e usa o
perdão por exaustor das trevas que invadem o raciocínio daqueles que se perdem nos
labirintos da delinqüência.
Faze silêncio onde o silêncio consiga apagar desavenças e acusações e, quanto possível,
transforma-te no ponto terminal de qualquer processo de incompreensão, capaz de degenerar
em perturbação ou loucura.
***
Onde estiveres, abençoa.
Naquilo que penses, mentaliza o melhor.
No que digas, harmoniza os outros quanto possas.
No que faças, constrói sempre para o bem geral.
19
***
Nunca nos esqueçamos de que o Príncipe da Paz, na Terra, nasceu em clima de decepções,
viveu através de hostilidades permanentes, serviu entre adversários gratuitos e selou o próprio
trabalho sob a vitória aparente dos perseguidores; mas, supostamente vencido, o Cristo de
Deus, de século e século, cada vez mais intensamente, é o fiador da concórdia entre as nações,
erguendo-se por doador de paz genuína ao mundo inteiro.

sábado, 19 de janeiro de 2013

Conhecendo o Livro Céu e o Inferno-Cap. V " Suicidas"

O SUICIDA DA SAMARITANA

A 7 de abril de 1858, pelas 7 horas da noite, um homem de cerca de 50 anos e decentemente trajado apresentou-se no estabelecimento da Samaritana, de Paris, e mandou que lhe preparassem um banho. Decorridas cerca de 2 horas, o criado de serviço, admirado pelo silêncio do freguês, resolveu entrar no seu gabinete, a fim de verificar o que ocorria.
Deparou-se-lhe então um quadro horroroso: o infeliz degolara-se com uma navalha e todo o seu sangue misturava-se à água da banheira. E como a identidade do suicida não pôde ser averiguada, foi o cadáver removido para o necrotério.
1. - Evocação. (Resposta do guia do médium.) - Esperai, ele aí está.
2. - Onde vos achais hoje? - R. Não sei... dizei-mo.
3. - Estais numa reunião de pessoas que estudam o Espiritismo e que são benévolas para convosco. - R. Dizei-me se vivo, pois este ambiente me sufoca.
    Nota - Sua alma, posto que separada do corpo, está ainda completamente imersa no que poderia chamar-se o turbilhão da matéria corporal; vivazes lhe são as idéias terrenas, a ponto de se acreditar encarnado.
4 - Quem vos impeliu a vir aqui? - R. Sinto-me aliviado.
5. - Qual o motivo que vos arrastou ao suicídio? - R. Morto? Eu? Não... que habito o meu corpo... Não sabeis como sofro!... Sufoco-me... Oxalá que mão compassiva me aniquilasse de vez!
6. - Por que não deixastes indícios que pudessem tornar-vos reconhecível? - R. Estou abandonado; fugi ao sofrimento para entregar-me à tortura.
7. - Tendes ainda os mesmos motivos para ficar incógnito? - R. Sim; não revolvais com ferro candente a ferida que sangra.
8. - Podereis dar-nos o vosso nome, idade, profissão e domicilio? - R. Absolutamente não.
9. - Tínheis família, mulher, filhos? - R. Era um desprezado, ninguém me amava.
10. - E que fizestes para ser assim repudiado? - R. Quantos o são como eu!... Um homem pode viver abandonado no seio da família, quando ninguém o preza.
11. - No momento de vos suicidardes não experimentastes qualquer hesitação? - R. Ansiava pela morte... Esperava repousar.
12. - Como é que a idéia do futuro não vos fez renunciar a um tal projeto? - R. Não acreditava nele, absolutamente. Era um desiludido. O futuro é a esperança.
13. - Que reflexões vos ocorreram ao sentirdes a extinção da vida? - R. Não refleti, senti... Mas a vida não se me extinguiu... minha alma está ligada ao corpo... Sinto os vermes a corroerem-me.
14. - Que sensação experimentastes no momento decisivo da morte? - R. Pois ela se completou?
15. - Foi doloroso o momento em que a vida se vos extinguiu? - R. Menos doloroso que depois. Só o corpo sofreu.
16. - (Ao Espírito S. Luís.) - Que quer dizer o Espírito afirmando que o momento da morte foi menos doloroso que depois? - R. O Espírito descarregou o fardo que o oprimia; ele ressentia a volúpia da dor.
17. - Tal estado sobrevém sempre ao suicídio? - R. Sim. O Espírito do suicida fica ligado ao corpo até o termo dessa vida. A morte natural é a libertação da vida: o suicídio a rompe por completo.
18. - Dar-se-á o mesmo nas mortes acidentais, embora involuntárias, mas que abreviam a existência? - R. Não. Que entendeis por suicídio? O Espírito só responde pelos seus atos.
    Nota - Esta dúvida da morte é muito comum nas pessoas recentemente desencarnadas, e principalmente naquelas que, durante a vida, não elevam a alma acima da matéria. É um fenômeno que parece singular à primeira vista, mas que se explica naturalmente. Se a um indivíduo, pela primeira vez sonambulizado, perguntarmos se dorme, ele responderá quase sempre que não, e essa resposta é lógica: o interlocutor é que faz mal a pergunta, servindo-se de um termo impróprio. Na linguagem comum, a idéia do sono prende-se à suspensão de todas as faculdades sensitivas; ora, o sonâmbulo que pensa, que vê e sente, que tem consciência da sua liberdade, não se crê adormecido, e de fato não dorme, na acepção vulgar do vocábulo. Eis a razão por que responde não, até que se familiariza com essa maneira de apreender o fato. O mesmo acontece com o homem que acaba de desencarnar; para ele a morte era o aniquilamento do ser, e, tal como o sonâmbulo, ele vê, sente e fala, e assim não se considera morto, e isto afirmando até que adquira a intuição do seu novo estado. Essa ilusão é sempre mais ou menos dolorosa, uma vez que nunca é completa e dá ao Espírito uma tal ou qual ansiedade. No exemplo supra ela constitui verdadeiro suplício pela sensação dos vermes que corroem o corpo, sem falarmos da sua duração, que deverá equivaler ao tempo de vida abreviada. Este estado é comum nos suicidas, posto que nem sempre se apresente em idênticas condições, variando de duração e intensidade conforme as circunstâncias atenuantes ou agravantes da falta. A sensação dos vermes e da decomposição do corpo não é privativa dos suicidas: sobrevém igualmente aos que viveram mais da matéria que do espírito. Em tese, não há falta isenta de penalidades, mas também não há regra absoluta e uniforme nos meios de punição

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Sofrimento

SOFRIMENTO – COMPILAÇÃO
01- A reencarnação na Bíblia - Herminio C. Miranda - pág. 44
O REAJUSTE
Se o erro não for resgatado em uma existência, é claro que o será em outra, não no inferno por uma condenação eterna, igualmente inadmissível da parte de Deus, nem na penitenciária provisória do purgatório, mas numa oportunidade subsequente, aqui mesmo, onde e quando for possível reunir as condições exigidas para o exercício do ajuste perante a lei desrespeitada.

Cada um responde inapelavelmente, pois, pelos seus erros, cuja responsabilidade é intransferível. Seria muito cômodo, mas desastroso para o equilíbrio ético do universo, que cada um pudesse cometer à vontade seus crimes e deixá-los para serem resgatados, na dor, pelos seus descendentes.

Pode-se argumentar aqui: "sim, mas para estes há o inferno, onde o sofrimento é eterno". Novamente errado. Em primeiro lugar, porque isto se choca frontalmente com a doutrina do amor e do perdão que Jesus ensinou repetidamente. Se ao homem ele recomendou que perdoasse setenta vezes sete, como admitir que Deus não perdoe uma só vez, por mais grave que seja a ofensa ? Por outro lado, o perdão divino não nos põe a salvo da responsabilidade pelo crime cometido.
O perdão é realmente divino, como diz o provérbio, mas a lei exige de cada um o resgate, o reparo, e a consciência nos impele à aceitação, ainda que relutante, dos sofrimentos decorrentes e que, muitas vezes, ficaram como opção final e única aberta à nossa libertação e pacificação. A bondade de Deus está não apenas em conceder invariavelmente o perdão, mas também em proporcionar as oportunidades de ajuste.
Resta, ainda, outro aspecto importante e nem sempre lembrado: por que cobrar com a "punição eterna" o pecado que, afinal de contas, seria resgatado por netos e bisnetos? E mais ainda: se o criminoso tem o seu crime cobrado aos seus descendentes, infere-se que está redimido e, portanto, poderia ser encaminhado ao céu . ..Veja, pois, o leitor a que escalada de incongruências nos leva uma premissa falsa, uma única, ou seja, a de que nossos descendentes podem pagar pelos nossos erros.

NASCER DE NOVO
Resta, portanto, a alternativa válida de que quando o ajuste não pode ser realizado numa vida, ele se transfere para nova existência na carne daquele mesmo ser espiritual que errou e não de outro. É este, pois, o sentido da afirmativa de que a "iniquidade dos pais" é cobrada pela lei divina "na terceira ou na quarta geração". Ou seja, aquele que cometeu o erro irá nascer de novo — em outro corpo físico, em outra época, com outro nome, em outra existência, portanto — a fim de resgatar as suas culpas.
Só raramente tal renascimento ou reencarnacão ocorre logo na segunda geração. Seria necessário, para isto, que o indivíduo morresse ainda relativamente jovem e se reencarnasse imediamente, ainda como filho ou filha do cônjuge sobrevivente. Exemplifiquemos para maior clareza. João e Maria são casados. Suponhamos que João morra ainda jovem em consequência de um acidente. Maria, viúva, casa-se pouco depois com Pedro e começa a ter filhos com o novo esposo. Entre esses poderá renascer o "falecido" João, agora como filho daquela que foi sua própria esposa, ou seja, na segunda geração, segundo a linguagem bíblica.
O mais comum, porém, é que tais renascimentos ocorram, como diz o Decálogo, na terceira ou na quarta geração ou, mesmo, muito mais tarde e não necessariamente no mesmo grupo familiar. Depreende-se, pois, que quem escreveu o texto do Primeiro Mandamento tinha plena consciência do mecanismo das vidas sucessivas, ou seja, sabia que o Espírito costuma renascer três ou quatro gerações adiante, a fim de resgatar seus erros ou dar prosseguimento às suas tarefas.
A severa linguagem da época atribuía ao próprio Deus um propósito punitivo, o que é falso, mas ensinava também que a oportunidade do reajuste ocorreria nas gerações ou renascimentos seguintes, quando aqueles mesmos espíritos voltariam animando a personalidade de netos e bisnetos. Não há dúvida, pois, de que o Decálogo consagra logo no seu Primeiro Mandamento estes três princípios fundamentais: a responsabilidades pessoal de cada um, o resgaste pela expiação e a reencarnação.
06 - Coragem - Espíritos Diversos - pág. 18
3. CULTIVANDO PACIÊNCIA
Cultivando paciência: Se você foi vítima de preterição em serviço, reconhecerá que isso aconteceu, em favor da sua elevação de nível; se perdeu o emprego, ante a perseguição de alguém que lhe cobiçou o lugar, creia que alcançará outro muito melhor; se um companheiro lhe atravessou o caminho atrapalhando-lhe um negócio, transações mais lucrativas apareceráo, amanhã em seu benefício.
Se determinada criatura lhe tomou a residência, manejando processos inconfessáveis, em futuro próximo, terá você moradia muito mais confortável; se um amigo lhe prejudica os interesses, subtraindo-lhe oportunidade de progresso e ajustamento econômico, guarde a certeza de que outras portas se lhe descerrarão mais amplas aos anseios de paz e prosperidade.
Se pessoas queridas lhe menosprezam a confiança, outras afeições muito mais sólidas e mais estimáveis surgirão a caminho, garantindo-lhe a segurança e a felicidade.
Mas nunca pretiras, não persigas, não atrapalhes, não desconsideres, não menosprezes e nem prejudiques a ninguém, porque sofrer é muito diferente de fazer e a dívida é sempre uma carga dolorosa para quem a contrai.
Albino Teixeira
07 - Emmanuel - Emmanuel - pág. 39
A NECESSIDADE DA EXPERIÊNCIA :
Em vossos dias, a luta a cada momento recrudesce sobre a face do mundo; inúmeras causas a determinam e Deus permite que ela seja intensificada, em benefício de todos os seus filhos. Todas as classes são obrigadas a grandes trabalhos, mormente aos trabalhos intelectuais, porquanto procuram, com afinco, a solução da crise generalizada em todos os países.

Ponderando a grande soma dos males atuais, buscam elas remédios para as suas preocupações, espantadas com a situação econômica dos povos, cuja precariedade recai sobre a vida das individualidades, multiplicando as suas angústias na luta pelo pão cotidiano.

O quadro material que existe na Terra não foi formado pela vontade do Altíssimo; ele é o reflexo da mente humana, desvairada pela ambição e pelo egoísmo. O Céu admite apenas que o mundo sofra as consequências de tão perniciosos elementos, porque a experiência é necessária como chave bendita que descerra as portas da compreensão. Cada um, pois, medite no quinhão de responsa-bilidades que lhe toca e não evite o trabalho que eleva para as Alturas.

O MOMENTO DAS GRANDES LUTAS
Há quem despreze a luta, mergulhando em nociva impassibilidade, ante os combates que se travam no seio de todas as coletividades humanas; a indiferença anula na alma as suas possibilidades de progresso e oblitera os seus germens de perfeição, constituindo um dos piores estados psíquicos, porque, roubando à individualidade o entusiasmo do ideal pela vida, a obriga ao estacionamento e à esterilidade, prejudiciais em todos os aspectos à sua carreira evolutiva.

Semelhante situação não se pode, todavia, eternizar, pois para todos os espíritos, talhados todos para o supremo aperfeiçoamento, raia, cedo ou tarde, o instante da compreensão que os impele a contemplar os altos cimos... A alma estacionária, até então refratária às pugnas do progresso, sente em si a necessidade de experiências que lhe facultarão o meio de alcançar as culminâncias vislumbradas. .. Atira-se aí à luta com devoção e coragem. Vezes inúmeras fracassa em seus bons propósitos, porém, é nesse turbilhão de incessantes combates que ela evoluciona para a perfeição infinita, desenvolvendo as suas possibilidades, aprimorando os seus poderes, enobrecendo-se, enfim.

OS PLANOS DO UNIVERSO SÃO INFINITOS

Para os desencarnados da minha esfera, o primeiro dia do Espírito é tão obscuro como o primeiro dia do homem o é para a Humanidade. Somente sabemos que todos nós, indistintamente, possuímos germens de santidade e de virtude, que podemos desenvolver ao infinito.

Podendo conhecer a causa de alguns dos fenômenos do vosso mundo de formas, não conhecemos o mundo causal dos efeitos que nos cercam, os quais constituem para vós outros, encarnados, matéria imponderável em sua substância.

Se para o vosso olhar existem seres invisíveis, também para o nosso eles existem, em modalidade de vida que ainda estudamos nos seus primórdios, porquanto os planos da evolução se caracterizam pela sua multiplicidade dentro do Infinito.

Aqui reconhecemos quão sublime é a lei de liberdade das consciências e dessa emancipação provém a necessidade da luta e do aprendizado.

O PROGRESSO ISOLADO DOS SERES

A Ciência, a Arte, a Cultura, a Virtude, a Inteligência não constituem patrimônios eventuais do homem, conforme podeis observar; semelhantes atributos só se revelam, na Terra, nos organismos dos gênios, os quais representam a súmula de extraordinários esforços individuais, em existências numerosas de sacrifício, abnegação e trabalho constantes.
Todos os seres, portanto, laboram insuladamente, na aquisição dessas prerrogativas, de acordo com as suas vocações naturais, dentro das lutas planetárias. Paulatinamente, vencem imperfeições, aparam arestas, aniquilam defeitos em suas almas, norteando-as para o progresso, último objetivo de todas as nossas cogitações comuns.

O FUTURO É A PERFEIÇÃO

Integrada no conhecimento de suas próprias necessidades de aprimoramento, a alma jamais abandona a luta. Volta às existências preparatórias do seu futuro glorioso. Reúne-se aos seres que lhe são afins, desenvolvendo a sua atividade perseverante e incansável nos carreiros da evolução.

Em existências obscuras, ao sopro das adversidades, amontoa os seus tesouros imortais, simbolizados nas lições que aprende, devotadamente, nos sofrimentos que lhe apuram a sensibilidade. Cada etapa alcançada é um ciclo de dores vencidas e de perfeições conquistadas.

O QUE SIGNIFICAM AS REENCARNAÇÕES

Cada encarnação é como se fora um atalho nas estradas da ascensão. Por esse motivo, o ser humano deve amar a sua existência de lutas e de amarguras temporárias, porquanto ela significa uma bênção divina, quase um perdão de Deus.

A golpes de vontade persistente e firme, o Espírito alcança elevados pontos na sua escalada, nos quais não mais estacionará no caminho escabroso, mas sentirá cada vez mais a necessidade de evolução e de experiência, que o ajudarão a realizar em si as perfeições divinas.


11 - Justiça Divina - Emmanuel - pág. 115
Por nós mesmos - Reunião pública de 11-8-61 19 Parte, cap. VII, § 18
Quando a morte do corpo terrestre nos conduz à sociedade dos Espíritos, muitas vezes somos cercados pelo amor puro, a mergulhar-nos em divino clarão.

Antigos afetos, que o tempo não nos riscou da memória, ressurgem, de improviso, envolvendo-nos na melodia da ventura ideal; amigos, a quem supúnhamos haver servido com algum pequenino gesto beneficente, repontam do dia novo, descerrando-nos os braços; sorrisos espontâneos, por flores de carinho, desabrocham em semblantes nimbados de esplendor.

Quase sempre, contudo, ai de nós!... Reconhece-mo-nos no festival da alegria perfeita, à feição de lodo movente, injuriando o carro solar. Quanto mais a bondade fulgura em torno, mais nos oprime o peso da frustração.

Temos o peito, qual violino de barro, que não consegue responder ao arco de estrelas que nos tange as cordas desafinadas, e, do coração, semelhante a címbalo morto, apenas arrancamos lágrimas de profundo arrependimento para chorar.

Lamentamos então as lutas recusadas e as oportunidades perdidas! Deploramos a passada rebeldia, ante os apelos do bem que nos teriam conquistado merecimento, e a fuga deliberada aos testemunhos de humildade que nos haveriam propiciado renovação.

Sentimo-nos amparados por indizíveis exaltações dei claridade e ternura; no entanto, por dentro, carregam os ainda remorso e necessidade.

É assim que nos excluímos, por nós mesmos, da assembléia gloriosa, suplicando o retorno às arenas do mundo, até que a reencarnação nos purifique, nas aquisições de experiência e valor.

Alma que choras na teia física, louva o tronco de sofrimento a que te encontras temporariamente agrilhoada na Terra!
Abençoa os espinhos que te laceram. Abençoa o pranto que te lava os escaninhos do ser.

Executa com paciência o trabalho que a vida te pede, porque, um dia, os companheiros amados que te precederam na vanguarda de luz estarão contigo, em preces de triunfo, a desatarem-te as últimas algemas, de modo a que lhes partilhes os cânticos de vitória, na grande libertação.
12 - Lampadário Espírita - Joanna de Ângelis - pág. 143, 199
34. BEM E MAL SOFRER
Afasta a nuvem cinzenta do pessimismo e da queixa, enquanto a dor se demora contigo, concedendo ao sol da esperança a oportunidade de fulgir ante os teus olhos acostumados às sombras das recriminações. Enquanto não te disponhas ao combate contra a autopiedade e a autoflagelação por morbidez, ninguém poderá fazer nada por ti.
Observa o vôo ligeiro da ave colorida, o desabrochar de uma flor, a vitória da germinação de uma semente, o canto de delicado filete dágua na frincha da rocha, o triunfo da árvore, o milagre do pão, o deslumbramento do nascente, o ritmo da vida nos insetos, nos animais, em toda parte, e encontrarás as mãos divinas agindo, produzindo, zelando . . .

A inteligência e o «dom» do raciocínio não te foram concedidos através das múltiplas etapas da evolução para que somente reclames, amaldiçoes, azorragues . . . Não lances invectivas contra isto ou aquilo, antes faze algo para corrigir seja o que for que não esteja certo. Se o dever que reclamas nos outros se corporificasse em teus atos, outros possivelmente aprenderiam contigo otimismo e ação, produzindo para melhorar todas as coisas que podem e devem ser melhoradas.

Quando te entregas ao desânimo e o espalhas, conspiras contra a ordem natural, o equilíbrio e o progresso da vida. E' pernicioso mal sofrer, malbaratando a oportunidade de aproveitar bem a lição do sofrimento. Procuras sofismar quanto ao bem e ao mal, tentando fugir à responsabilidade.

O bem é tudo quanto estimula a vida, produz para a vida, respeita e dignifica a vida. O mal é toda ação mental, física ou moral que atinge a vida perturbando-a, ferindo-a, matando-a. Se cultivas os cogumelos do pessimismo, respiras, evidentemente, em clima de sombras morais e umidade psíquica asfixiante.

Inadvertidamente enfermas e por irresponsabilidade laboras e colaboras no mal. Tens nos olhos duas estrelas engastadas no céu da face. Põe-nos a derramar a claridade da visão feliz pela senda por onde segues, apesar de estares sofrendo. Utiliza as mãos no algo produzir, embora sob acúleos de dores .

Ouve em derredor! Há mutilados esperando tuas mãos e teus pés, cegos do corpo e cegos da razão, necessitados dos teus olhos e da claridade do teu discernimento, mais sofredores do que tu próprio. Acalma o vozerio agitado da tua mente alvoroçada pela revolta, ou desperta-a, adormentada que se encontre nos tecidos da comodidade, da preguiça ou do cansaço de sofrer, e escutarás, sim, mil vozes, algumas tão debilitadas pela fraqueza que será mister um grande esforço para identificá-las, chorando e rogando socorro baixinho às fortunas que possuis no corpo e no espírito e teimas por desperdiçar, ignorando-as.

Não te revoltes no crisol das dores, mesmo que sejam dores reais. A dor chega para que o espírito triunfe sobre ela, ao invés de ser por ela esmagado. Mas se tuas legítimas aflições forem muito grandes e esmagadoras, evoca Jesus, quando na via dolorosa, esmagado sob a cruz, e no entanto aconselhando e advertindo as «mulheres piedosas de Jerusalém», ou cravejado, logo depois, no madeiro de infâmia, convocando dois estranhos e desafortunados salteadores, neles semeando as esperanças do Reino de Deus, instantes antes do «momento extremo», e refaze as tuas forças, reconsidera a situação, recompõe os «joelhos desconjuntados» e avança, confiante, cantando a certeza de que, após a partida libertadora, uma madrugada sublime te alcançará, fazendo-te ditoso por fim, vitorioso com o bem.

49 - Sofrendo, mas confiante -
Respondendo à indagação do Codificador do Espiritismo sobre «onde está escrita a lei de Deus», os Embaixadores dos Céus foram taxativos: — «Na consciência.» Considerando a legitimidade de tão incisiva quanto concisa resposta, tranquiliza-te de referência às aflições que te dilaceram a esperança e ralam os teus sentimentos.

Insiste trabalhando no bem, mesmo que observes o tumulto da turbamulta em maldição contra todos e tudo, qual se se encontrasse imantada por forças poderosas do aniquilamento. Encontram-se, sim, manipulados esses espíritos desenfreados por outros espíritos do mesmo jaez que se desnudaram da carne e com os quais mantêm comércio de íntima identificação psíquica, comprazendo-se, enlouquecidos.

Despertarão depois do chamado de Deus, através da própria consciência.
Talvez não os vejas modificados, nem os observes melhorados, mas isto pouco importa. Basta que despertem; e tal despertamento será inevitável. Rememorando tuas lutas, desfilam pela mente em agonia, ardendo em febre de sofrimento íntimo, os ingratos, os traidores, os caluniadores, os perversos, os perseguidores que agora, de longe, esqueceram do quanto lhes deste, do carinho com que os honraste sem que o merecessem e experimentas uma angústia tão grande que te faz temer pelo próprio equilíbrio, pela razão. Aguarda um pouco mais.

A nuvem plúmbea que obscurece o sol do teu discernimento, enquanto sofres, passará. Suporta um pouco mais. Não planeies para o futuro, nem penses como viverás os dias que virão, a sós, em abandono, sorvendo fel sob chuva de sarcasmo e zombaria dos que ficaram ao teu lado, embora longe de ti.

Vive o agora, atravessa o hoje fazendo o melhor cada dia. A eternidade é a vitória do tempo sobre o próprio tempo... O universo resulta do «milagre» do substrato do átomo... O espaço é cabedal da molécula...Toda a vida física na Terra teve início no gelatinoso protoplasma ...

No entanto, graças ao segundo-a-segundo, manifestam a glória da Criação. O ingrato é um doente que enlouqueceu ao fugir do teu aconchego. O traidor que procura esquecer, está enganado, enganando-se cada vez mais. O caluniador queixa-se, queimando-se no ácido da infâmia que espalha.

O perverso jornadeia em soledade incomparável sob tormentos atrozes. O perseguidor está fugindo de si próprio, enquanto se esconde avinagrando o próximo. Infelizes, estão procurando esquecer. Mas lembrarão; a memória os trairá quando a consciência fizer que releiam as leis de Deus nela insculpidas de maneira inamovível.

Apiada-te, desde agora, pois que perlustras a senda espinhosa que conduz à plena paz; e eles?... Como puderam aqueles ingratos, traidores, caluniadores, perversos e perseguidores anular na mente o que viram, o que receberam, o que tiveram, o que experimentaram ao convívio com o Mestre Divino nos cenários incomparáveis da Galiléia romântica e nobre ou na áspera Judeia fria e severa ?!... No entanto, não foram os estranhos, os que apenas foram informados sobre o Rabi, que traçaram as linhas do martírio do Justo...

Os falsos representantes do povo que armaram as ciladas e engendraram a crucificação conheciam-no, sabiam a verdade. Todavia... Jesus, porém, sabia com mais segurança que neles estavam escritas as leis do Pai e que, cada um, a seu turno, retornaria à senda para recuperar o tempo perdido, libertando-se da crueldade que os malsinava.
Conforta-te, ante a lembrança e evocação d'Ele e esquece-os. Romperam os laços contigo e, mesmo sofrendo, estás livre deles, os trânsfugas, para rumares na direção da Grande Luz.
16 - O Livro dos Espiritos - Allan Kardec - questões. 133a, 255, 727, 933 ,970
Perg. 133 - Os Espíritos que, desde o princípio, seguiram o caminho do bem, têm necessidade da encarnação?
- Todos são criados simples e ignorantes e se instruem por meio das lutas e tribulações da vida corporal. Deus, que é justo, não podia fazer felizes a alguns, sem penas e sem trabalhos, e por conseguinte sem mérito.
Perg. 133a - Mas, então, de que serve aos Espíritos seguirem o caminho do bem, se isso não os isenta das penas da vida corporal?
- Chegam mais depressa ao alvo. Além disso, as penas da vida são frequentemente a consequência da imperfeição do Espírito. Quanto menos imperfeito ele for, menos tormentos sofrerá. Aquele que não for invejoso, nem ciumento, nem avarento ou ambicioso, não passará pelos tormentos que se originam desses defeitos.
Perg. 255 - Quando um Espírito diz que sofre, de que natureza é o seu sofrimento?
- Angústias morais, que o torturam mais dolorosamente que os sofrimentos físicos.
Perg. 727 - Se não devemos criar para nós sofrimentos voluntários que não são de nenhuma utilidade para os outros, devemos no entanto preservar-nos dos que prevemos ou dos que nos ameaçam?
- O instinto de conservação foi dado a todos os seres contra os perigos e os sofrimentos. Fustigai o vosso Espírito e não o vosso corpo, mortificai vosso orgulho, sufocai o vosso egoísmo, que se assemelha a uma serpente a vos devorar o coração, e fareis mais pelo vosso adiantamento do que por meio de rigores que não mais pertencem a este século.
Perg. 933 - Se é homem, em geral, o artífice e dos seus sofrimentos materiais, sê-lo-á também dos sofrimentos morais?
- Mais ainda, pois os sofrimentos materiais são às vezes independentes da vontade, enquanto o orgulho ferido, a ambição frustrada, a ansiedade da avareza, a inveja, o ciúme, todas as paixões, enfim, constituem torturas da alma. Inveja e ciúme! Felizes os que não conhecem esses dois vermes vorazes. Com a inveja e o ciúme não há calma, não há repouso possível. Para aquele que sofre desses males, os objetos da sua cobiça, do seu ódio e do seu despeito se erguem diante dele como fantasmas que não o deixam em paz e o perseguem até no sono. O invejoso e o ciumento vivem num estado de febre contínua. É essa uma situação desejável? Não compreendeis que, com essas paixões, o homem cria para si mesmo suplícios voluntários e que a Terra se transforma para ele num verdadeiro inferno?
Perg. 970 - Em que consistem os sofrimentos dos Espíritos inferiores?
- São tão variados quanto as causas que os produzem, e proporcionais ao grau de inferioridade, com os gozos são proporcionais ao grau de superioridade. Podemos resumí-los assim: cobiçar tudo o que lhes falta para serem felizes: mas não poder obtê-lo; ver a felicidade e não poder atingí-la, ciúme, raiva, desespero, decorrentes de tudo o que os impede de ser felizes; remorsos e uma ansiedade moral indefinível. Desejam todos os gozos e não podem satisfazê-los. É isso o que os tortura.
23 - Vinhas de luz - Emmanuel - pág. 173
80. COMO SOFRES?

"Mas, se padece como cristão, não se envergonhe, antes glorifique a Deus nesta parte." — Pedro. (I PEDRO, 4:16.)
Não basta sofrer simplesmente para ascender à glória espiritual. Indispensável é saber sofrer, extraindo as bênçãos de luz que a dor oferece ao coração sequioso de paz.
Muita gente padece, mas quantas criaturas se complicam, angustiadamente, por não saberem aproveitar as provas retificadoras e santificantes?
Vemos os que recebem a calúnia, transmitindo-a aos vizinhos; os que são atormentados por acusações, saltam; e os que pretendem eliminar enfermidades reparadoras, com as desesperação. Quantos corações se transformam em poços envenenados de ódio e amargura, porque pequenos sofrimentos lhes invadiram o círculo pessoal? Não são poucos os que batem à porta da desilusão, da descrença, da desconfiança ou da revolta injustificáveis, em razão de alguns caprichos desatentidos.
Seria útil sofrer com a volúpia de estender o sofrimento aos outros? não será agravar a dívida o ato de agressão ao credor, somente porque resolveu ele chamar-nos a contas?
Raros homens aprendem a encontrar o proveito das tribulações. A maioria menespreza a oportunidade de edificação e, sobretudo, agrava os próprios débitos, confundindo o próximo e precipitando companheiros em zonas perturbadas do caminho evolutivo.
Todas as criaturas sofrem no cadinho das experiências necessárias, mas bem poucos espíritos sabem padecer como cristãos, glorificando a Deus.
25 - NASCER E RENASCER - EMMANUEL - PÁG. 63
ACEITEMOS A DOR: Aceitemos realmente a dor na condição de apoio celeste com que a Divina Providência nos enriquece o caminho. Toda a natureza para ajudar a experiência do homem, alimentando-o e amparando-o, padece constantes dilacerações. Para transformar-se em sementeira proveitosa, morre o grão esquecido no solo.
Para converter-se a espiga em farinha, humilha-se, asfixiada, sob a mó que a tritura. Para dar-se em pão abençoado à mesa, submete-se a farinha à elevada tensão do forno. Para servir no levantamento do edifício, sofre a pedra a pressão do martelo. Para oferecer-se em beleza e brilho, obedece o seixo bruto ao buril que o aprimora.
Para responder às necessidades do conforto, desce o tronco aos insultos da lâmina. Para contribuir no progresso, encontra o metal as injúrias do fogo. A responsabilidade na oficina do caráter, é luz que engrandece todo espírito que lhe atende as obrigações. Não lamentes a dificuldade e nem amaldiçoes o sofrimento que porventura te busquem. Não temas a dor, na escola da vida, e recolhe, em silêncio, as bênçãos de que se faz emissária. Não te enganes com as aparências.
Quando te vejas no usufruto dessa ou daquela promoção, atento às circunstâncias do mundo, às imposições dos que te cercam ou às convenções em que a existência se te condiciona, escolhe a senda da abnegação, em auxílio aos outros, porque o Senhor nos ensinou, em espírito e verdade, que somente a preço do esforço máximo pela vitória do bem com o esquecimento de todo egoísmo, é que escalaremos o monte da paz com a nossa própria renovação.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Aflições Injustificáveis


ROGÉRIO COELHO
“O Céu começará sempre em nós mesmos e o inferno tem o tamanho da
rebeldia de cada um “. Emmanuel

A felicidade que o homem busca incessantemente, também
incessantemente lhe foge. Ilude-se quem a deseja sem mescla na Terra. Erra
todo aquele que a procura nas coisas perecíveis do mundo material.
Orienta-nos Fénelon 1:
“(...) mau grado às vicissitudes que formam o cortejo inevitável da vida
terrena, poderia ele, pelo menos, gozar de relativa felicidade, se não a
procurasse nas coisas perecíveis e sujeitas às mesmas vicissitudes,
isto é, nos gozos materiais em vez de a procurar nos gozos da alma,
que são um prelibar dos gozos celestes, imperecíveis; em vez de
procurar a paz do coração, única felicidade real neste mundo, ele se
mostra ávido de tudo o que o agitará e turbará, e, coisa singular! O
homem, como que de intento, cria para si tormentos que está nas suas
mãos evitar”.

E afligi-se, então, injustificafamente!...
Com sua habitual lucidez e discernimento, Emmanuel bosqueja o quadro
de aflições das criaturas afirmando 2:
“Desgastam-se e consomem valiosas energias nas aflições
injustificáveis. Enxergam somente a maldade e a treva e nunca se
dignam examinar o tenro broto da semente divina ou a possibilidade
próxima ou remota do bem. Encarceram-se no ‘lado mau’ e perdem,
por vezes, uma existência inteira, sem qualquer propósito de se
transferirem para o ‘lado bom’.

Esclarece Martins Peralva 3:
“Criadas pela vontade do culpado as condições de reabilitação, na
Espiritualidade ou na Terra, encontram os Mensageiros de Deus
recursos para instilar, em sua mente arrependida, já tocada pelo
desejo de felicidade e de fuga ao desespero, elevados princípios que o
levarão a soerguer-se, confiante, do báratro escuro para a renovação
luminosa.
É profundamente humana a mensagem que o Espiritismo trouxe à
Humanidade.
Confortador é o ensino por ele trazido a todos os homens que lhe
dediquem alguns momentos de atenção, buscando conhecer-lhe as
sublimes verdades.”

Exclama Fénelon 4:
“Que de tormentos, ao contrário, se poupa aquele que sabe contentarse
com o que tem, que nota sem inveja o que não possui, que não
procura parecer mais do que é. Esse é sempre rico, porquanto (...),
não cria para si necessidades quiméricas. E não será uma felicidade a
calma, em meio das tempestades da vida?
” .

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo, 113. Ed. Rio de Janeiro: FEB,
1997, 435p. p. 117-118: Cap. V item 23.
2. XAVIER, F. C. Pão Nosso, pelo Espírito Emmanuel, 117. Ed. Rio de Janeiro: FEB,
1996, 372p. p. 227: Cap. 108.
3. PERALVA, Martins. O Pensamento de Emmanuel. 5. Ed. Rio de Janeiro: FEB, 1994,
240p p.230: Cap. 38
4. KARDEC, Allan. Opus cit. 113 ed., 435p. p. 118

Revista O Reformador Maio de 1999

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Conhecendo o Livro Céu e o Inferno " Criminosos Arrependidos" parte 2


Leamire
Condenado à pena última pelo júri de Aisne e executado a 31 de dezembro de 1857. Evocado em 29 de janeiro de 1858.
1 . Evocação
— R. Aqui estou.
2. Vendo-nos, que sensação experimentais?
R. A sensação da vergonha.
3. Conservastes a vossa consciência até o último momento?
R. Sim.
4. Após a execução tivestes imediata noção dessa nova existência?
R. Eu estava imerso em grande perturbação, da qual, aliás, ainda não me libertei. Senti uma dor imensa e me parecia ser o coração que a sofria. Vi rolar não sei o que aos pés do cadafalso; vi o sangue que escorria e mais pungente se me tornou a minha dor.
P. Era uma dor puramente física, análoga àquela que proviria de um grande ferimento, pela amputação de um membro, por exemplo?
R. Não; figurai-vos antes um remorso, uma grande dor moral.

5. Mas a dor física do suplício, quem a experimentava: o corpo ou o Espírito?
R. A dor moral estava em meu Espírito, sentindo o corpo a dor física; mas o Espírito desligado também dela se ressentia.
6. Vistes o corpo mutilado?
R. Vi qualquer coisa informe, à qual me parecia integrado; entretanto, reconhecia-me intacto, isto é, que eu era eu mesmo...
P. Que impressões vos advieram desse fato?
R. Eu sentia muito a minha dor, estava completamente ligado a ela.
7. Será verdade que o corpo vive ainda alguns instantes depois da decapitação, tendo o supliciado a consciência das suas idéias?
R. O Espírito retira-se pouco a pouco; quanto mais o retêm os laços materiais, menos pronta é a separação.
8. Dizem que se tem notado a expressão da cólera e movimentos na fisionomia de alguns supliciados como se estes quisessem falar; será isso efeito de contrações nervosas ou um ato da vontade?
R. Da vontade, uma vez que o Espírito não está desligado.
9. Qual o primeiro sentimento que experimentastes ao entrar na vossa nova existência?
R. Um sofrimento intolerável, uma espécie de remorso pungente cuja causa ignorava.
10. Acaso vos achastes reunido aos vossos cúmplices supliciados ao mesmo tempo?
R. Infelizmente, sim, por desgraça nossa, pois essa visão recíproca é um suplício contínuo, exprobrando-se uns aos outros os seus crimes.
11. Tendes encontrado as vossas vítimas?
R. Vejo-as... são felizes; seus olhares perseguem-me... sinto que me varam o ser e embalde tento fugir-lhes.
P. Que impressão vos causam esses olhares?
R. Vergonha e remorso. Ocasionei-os voluntariamente e ainda os abomino.
P. Qual a impressão que lhes causais vós?
R. Piedade, é sentimento que lhes percebo a meu respeito.
12. Terão por sua vez o ódio e o desejo de vingança?
R. Não; os olhares que me lançam me lembram a minha expiação. Vós não podeis avaliar o suplício horrível de tudo devermos àqueles a quem odiamos.
13. Lamentais a perda da vida corporal?
R. Apenas lamento os meus crimes. Se o fato ainda dependesse de mim, não mais sucumbiria.
14. O pendor para o mal estava na vossa natureza, ou fostes ainda influenciado pelo meio em que vivestes?
R. Sendo eu um Espírito inferior, a tendência para o mal estava na minha própria natureza. Quis elevar-me rapidamente, mas pedi mais do que comportavam as minhas forças. Supondo-me forte, acabei por ceder às tentações do mal.
15. Se tivésseis recebido sãos princípios de educação, ter-vos-íeis desviado da senda criminosa?
R. Sim, mas eu havia escolhido a condição do nascimento.
P. Acaso não vos poderíeis ter tornado homem de bem?
R. Um homem fraco é incapaz tanto para a prática do bem como para o do mal. Poderia, talvez, corrigir na vida o mal inerente à minha natureza, mas nunca me elevar à prática do bem.
16. Quando encarnado acreditáveis em Deus?
R. Não.
P. Mas falam que à última hora vos arrependestes...
R. Porque acreditei num Deus vingativo, era natural que o temesse...
17. Parece-vos justo o castigo que vos aplicaram na Terra?
R. Sim.
18. Esperais obter o perdão dos vossos crimes?
R. Não sei.
P. Como pretendeis repará-los?
R. Por novas provações, conquanto me pareça que uma eternidade existe entre mim e elas.

19. Onde vos achais agora?
R. Estou no meu sofrimento.
P. Perguntamos qual o lugar onde vos encontrais...
R. Perto do médium.
20. Uma vez que assim é, sobre que forma vos veríamos, se isso nos fosse possível?
R. Ver-me-íeis sob a minha forma corpórea: a cabeça separada do tronco.
P. Podereis aparecer-nos?
R. Não; deixai-me.
21. Podereis dizer-nos como vos evadistes da prisão de Montlidier?
R. Nada mais sei... é tão grande o meu sofrimento, que apenas guardo a lembrança do crime... Deixai-me.
22. Poderíamos concorrer para vos aliviar desse sofrimento?
R. Fazei votos para que sobrevenha a expiação.




sábado, 22 de setembro de 2012

Do Livro Depois da Morte, Léon Denis nos traz um belo estudo nos fazendo encarar a morte de um outro angulo , onde aprendemos e crescemos com o nosso sofrimento quando o aceitamos para o nosso melhoramento moral.Leiam e reflitam.



AS PROVAS E A MORTE
Estabelecido o alvo da existência, mais alto que a fortuna, mais elevado que a felicidade, uma Inteira revolução produz-se em nossos intuitos.
O Universo é uma arena em que a alma luta pelo seu engrandecimento, e este só é obtido por seus trabalhos, sacrifícios e sofrimentos. A dor, física ou moral, é um meio poderoso de desenvolvimento e de progresso. As provas auxiliam-nos a conhecer, a dominar as nossas paixões e a amarmos realmente os outros.
No curso que fasemos, o que devemos procurar adquirir é a ciência e o amor alternadamente. Quanto mais soubermos, mais amaremos e mais nos elevaremos.
A fim de podermos combater e vencer o sofrimento, cumpre estudarmos as causas que o produzem, e, com o conhecimento dos seus efeitos e a submissão às suas leis, despertar em nós uma simpatia profunda para com aqueles que o suportam. A dor é a purificação suprema, é a escola em que se aprendem a paciência, a resignação e todos os deveres austeros. É a fornalha onde se funde o egoísmo, em que se dissolve o orgulho.
Algumas vezes, nas horas sombrias, a alma submetida à prova revolta-se, renega a Deus e sua justiça; depois, passada a tormenta, quando se examina a si mesma, vê que esse mal aparente era um bem; reconhece que a dor tornou-a melhor, mais acessível à piedade, mais caritativa para com os desgraçados.
Todos os males da vida concorrem para o nosso aperfeiçoamento. Pela dor, pela prova, pela humilhação, pelas enfermidades, pelos reveses o melhor desprende-se lenta-mente do pior. Eis por que neste mundo há mais sofrimento que alegria. A prova retempera os caracteres, apura os sentimentos, doma as almas fogosas ou altivas.
A dor física também tem sua utilidade; desata quimicamente os laços que prendem o Espírito à carne; liberta-o dos fluídos grosseiros que o retêm nas regiões inferiores e que o envolvem, mesmo depois da morte.
Essa ação explica, em certos casos, as curtas existências das crianças mortas com pouca
idade. Essas almas puderam adquirir na Terra o saber e a virtude necessários para subirem mais alto; como um resto de materialidade Impedisse ainda o seu vôo, elas vieram terminar, pelo sofrimento, a sua completa depuração.
Não imitemos esses que maldizem a dor e que, nas suas imprecações contra a vida, recusam admitir que o sofrimento seja um bem. Desejariam levar uma existência a gosto, toda de bem-estar e de repouso, sem compreenderem que o bem adquirido sem esforço não tem nenhum valor e que, para apreciar a felicidade, é necessário saber-se quanto ela custa. O
sofrimento é o instrumento de toda elevação, é o único meio de nos arrancarmos à indiferença, à volúpia.
É quem esculpe nossa alma, quem lhe dá mais pura forma, beleza mais perfeita.
A prova é um remédio infalível para a nossa inexperiência. A Providência procede para conosco como mãe precavida para com seu filho. Quando resistimos aos seus apelos, quando recusamos seguir-lhe os conselhos, ela deixa-nos sofrer decepções e reveses, sabendo que a adversidade é a melhor escola da prudência.
Tal o destino do maior número neste mundo. Debaixo de um céu algumas vezes sulcado de raios, é preciso seguir o caminho árduo, com os pés dilacerados pelas pedras e pelos espinhos. Um Espírito de vestes lutuosas guia os nossos passos; é a dor santa que devemos abençoar, porque só ela sacode e desprende-nos o ser das futilidades com que este gosta de paramentar-se, torna-o apto a sentir o que é verdadeiramente nobre e belo.
*
Sob o efeito desses ensinos, a que se reduz a idéia da morte? Perde todo o caráter assustador. A morte mais não é que uma transformação necessária e uma renovação, pois nada perece realmente. A morte é só aparente; somente muda a forma exterior; o princípio da vida, a alma, fica em sua unidade permanente, indestrutível. Esta se acha, além do túmulo, na plenitude de suas faculdades, com todas as aquisições com que se enriqueceu durante as suas existências terrestres: luzes, aspirações, virtudes e potências. Eis ai os bens imperecíveis a que se refere o Evangelho, quando diz: “Os vermes e a ferrugem não os consumirão nem os ladrões os furtarão.” São as únicas riquezas que poderemos levar conosco e utilizar na vida futura.
A morte e a reencarnação que se lhe segue, em um tempo dado, são duas condições essenciais do progresso. Rompendo os hábitos acanhados que havíamos contraído, elas colocam-nos em meios diferentes; obrigam a adaptarmo- nos às mil faces da ordem social, e universal.
Quando chega o declínio da vida, quando nossa existência, semelhante à página de um livro, vai voltar-se para dar lugar a uma página branca e nova, aquele que for sensato consulta o seu passado e revê os seus atos. Feliz quem nessa hora puder dizer: meus dias foram bem preenchidos! Feliz aquele que aceitou as suas provas com resignação e suportou-as com coragem! Esses, macerando a alma, deixaram expelir tudo o que nela havia de amargor e fel.
Rememorando na consciência as suas tribulações, bendirão os sofrimentos que suportaram, e, com a paz íntima, verão sem receio aproximar-se o momento da morte.
Digamos adeus às teorias que fazem da morte a porta do nada, ou o prelúdio de castigos Intermináveis. Adeus sombrios fantasmas da Teologia, dogmas medonhos, sentenças inexoráveis, suplícios infernais! Chegou a vez da esperança e da vida eterna! Não mais há negrejantes trevas, porém, sim, luz deslumbrante que surge dos túmulos.
Já vistes a borboleta de asas multicores despir a informe crisálida, esse invólucro repugnante, no qual, como lagarta, se arrastava pelo solo? Já a vistes solta, livre, voejar ao calor do Sol, no meio do perfume das flores? Não há imagem mais fiel para o fenômeno da morte. O homem também está numa crisálida que a morte decompõe. O corpo humano, vestimenta de carne, volta ao grande monturo; o nosso despojo miserável entra no laboratório da Natureza; mas, o Espírito, depois de completar a sua obra, lança-se a uma vida mais elevada, para essa vida espiritual que sucede à vida corpórea, como o dia sucede à noite. Assim se distingue cada uma das nossas encarnações.
Firmes nestes princípios, não mais temeremos a morte. Como os gauleses, ousaremos encará-la sem terror. Não mais haverá motivo para receio, para lágrimas, cerimônias sinistras e cantos lúgubres. Os nossos funerais tornar-seão uma festa pela qual celebraremos a libertação da alma, sua volta à verdadeira pátria.
A morte é uma grande reveladora. Nas horas de provação, quando as sombras nos rodeiam, perguntamos algumas vezes: Por que nasci eu? Por que não fiquei mergulhado lá na profunda noite, onde não se sente, onde não se sofre, onde só se dorme o eterno sono? E, nessas horas de dúvida e de angústia, uma voz vem até nós e diz-nos: Sofre para te engrandeceres, para te depurares! Fica sabendo que teu destino é grande. Esta terra fria não é teu sepulcro. Os mundos que brilham no âmbito dos céus são tuas moradas futuras, a herança que Deus te reserva. Tu és para sempre cidadão do Universo; pertences aos séculos passados como aos futuros, e, na hora atual, preparas a tua elevação. Suporta, pois, com calma, os males por ti mesmo escolhidos.
Semeia na dor e nas lágrimas o grão que reverdecerá em tuas próximas vidas. Semeia também para os outros assim como semearam para ti!
Ser imortal, caminha com passo firme sobre a vereda escarpada até às alturas
de onde o futuro te aparecerá sem véu! A ascensão é rude, e o suor inundará
muitas vezes o teu rosto, mas, no cimo, verás brilhar a grande luz, verás
despontar no horizonte o Sol da Verdade e da Justiça!
A voz que assim nos fala é a voz dos mortos, é a voz das almas queridas que nos precederam no país da verdadeira vida. Bem longe de dormirem nos túmulos, elas velam por nós. Do pórtico do invisível vêem-nos e sorriem para nós. Adorável e divino mistério! Comunicam-se conosco e dizem: Basta de dúvidas estéreis; trabalhai e amai. Um dia, preenchida a vossa tarefa, a morte reunir-nos-á.

Retirado do capítulo 13 do Livro Depois da Morte escrito por Léon Denis