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quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Conhecendo o Livro Céu e o Inferno " Criminosos Arrependidos" parte 2


Leamire
Condenado à pena última pelo júri de Aisne e executado a 31 de dezembro de 1857. Evocado em 29 de janeiro de 1858.
1 . Evocação
— R. Aqui estou.
2. Vendo-nos, que sensação experimentais?
R. A sensação da vergonha.
3. Conservastes a vossa consciência até o último momento?
R. Sim.
4. Após a execução tivestes imediata noção dessa nova existência?
R. Eu estava imerso em grande perturbação, da qual, aliás, ainda não me libertei. Senti uma dor imensa e me parecia ser o coração que a sofria. Vi rolar não sei o que aos pés do cadafalso; vi o sangue que escorria e mais pungente se me tornou a minha dor.
P. Era uma dor puramente física, análoga àquela que proviria de um grande ferimento, pela amputação de um membro, por exemplo?
R. Não; figurai-vos antes um remorso, uma grande dor moral.

5. Mas a dor física do suplício, quem a experimentava: o corpo ou o Espírito?
R. A dor moral estava em meu Espírito, sentindo o corpo a dor física; mas o Espírito desligado também dela se ressentia.
6. Vistes o corpo mutilado?
R. Vi qualquer coisa informe, à qual me parecia integrado; entretanto, reconhecia-me intacto, isto é, que eu era eu mesmo...
P. Que impressões vos advieram desse fato?
R. Eu sentia muito a minha dor, estava completamente ligado a ela.
7. Será verdade que o corpo vive ainda alguns instantes depois da decapitação, tendo o supliciado a consciência das suas idéias?
R. O Espírito retira-se pouco a pouco; quanto mais o retêm os laços materiais, menos pronta é a separação.
8. Dizem que se tem notado a expressão da cólera e movimentos na fisionomia de alguns supliciados como se estes quisessem falar; será isso efeito de contrações nervosas ou um ato da vontade?
R. Da vontade, uma vez que o Espírito não está desligado.
9. Qual o primeiro sentimento que experimentastes ao entrar na vossa nova existência?
R. Um sofrimento intolerável, uma espécie de remorso pungente cuja causa ignorava.
10. Acaso vos achastes reunido aos vossos cúmplices supliciados ao mesmo tempo?
R. Infelizmente, sim, por desgraça nossa, pois essa visão recíproca é um suplício contínuo, exprobrando-se uns aos outros os seus crimes.
11. Tendes encontrado as vossas vítimas?
R. Vejo-as... são felizes; seus olhares perseguem-me... sinto que me varam o ser e embalde tento fugir-lhes.
P. Que impressão vos causam esses olhares?
R. Vergonha e remorso. Ocasionei-os voluntariamente e ainda os abomino.
P. Qual a impressão que lhes causais vós?
R. Piedade, é sentimento que lhes percebo a meu respeito.
12. Terão por sua vez o ódio e o desejo de vingança?
R. Não; os olhares que me lançam me lembram a minha expiação. Vós não podeis avaliar o suplício horrível de tudo devermos àqueles a quem odiamos.
13. Lamentais a perda da vida corporal?
R. Apenas lamento os meus crimes. Se o fato ainda dependesse de mim, não mais sucumbiria.
14. O pendor para o mal estava na vossa natureza, ou fostes ainda influenciado pelo meio em que vivestes?
R. Sendo eu um Espírito inferior, a tendência para o mal estava na minha própria natureza. Quis elevar-me rapidamente, mas pedi mais do que comportavam as minhas forças. Supondo-me forte, acabei por ceder às tentações do mal.
15. Se tivésseis recebido sãos princípios de educação, ter-vos-íeis desviado da senda criminosa?
R. Sim, mas eu havia escolhido a condição do nascimento.
P. Acaso não vos poderíeis ter tornado homem de bem?
R. Um homem fraco é incapaz tanto para a prática do bem como para o do mal. Poderia, talvez, corrigir na vida o mal inerente à minha natureza, mas nunca me elevar à prática do bem.
16. Quando encarnado acreditáveis em Deus?
R. Não.
P. Mas falam que à última hora vos arrependestes...
R. Porque acreditei num Deus vingativo, era natural que o temesse...
17. Parece-vos justo o castigo que vos aplicaram na Terra?
R. Sim.
18. Esperais obter o perdão dos vossos crimes?
R. Não sei.
P. Como pretendeis repará-los?
R. Por novas provações, conquanto me pareça que uma eternidade existe entre mim e elas.

19. Onde vos achais agora?
R. Estou no meu sofrimento.
P. Perguntamos qual o lugar onde vos encontrais...
R. Perto do médium.
20. Uma vez que assim é, sobre que forma vos veríamos, se isso nos fosse possível?
R. Ver-me-íeis sob a minha forma corpórea: a cabeça separada do tronco.
P. Podereis aparecer-nos?
R. Não; deixai-me.
21. Podereis dizer-nos como vos evadistes da prisão de Montlidier?
R. Nada mais sei... é tão grande o meu sofrimento, que apenas guardo a lembrança do crime... Deixai-me.
22. Poderíamos concorrer para vos aliviar desse sofrimento?
R. Fazei votos para que sobrevenha a expiação.




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