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domingo, 3 de outubro de 2021

O JOIO PERVERSO E O TRIGO DE LUZ "O joio são os filhos do maligno, que são os vícios e as perversões que se permitem as criaturas no trânsito de crescimento interior, sem a necessária coragem para vencê-los"

 O Joio Perverso e o Trigo de Luz (*)

Cessada a algavaria(tagarelice)  produzida pela turbamulta( multidão em desordem) sempre ansiosa e insatisfeita, depois de inesquecíveis lições de sabedoria, o doce-enérgico Rabi, acompanhado pelos amigos, foi para casa.

Sopravam os favônios do entardecer e o céu cobria-se com sucessivos tecidos evanescentes de variado colorido.

As trilhas luminosas do Astro-rei confraternizavam com as nuvens arredondadas que se adornavam de cores multifárias e uma harmonia mágica pairava no ambiente calmo.

As casas, esparramadas nas praias de seixos escuros e areia marrom, eram abrigos e remansos tranqüilos para os seus habitantes, que falavam sem palavras do intercâmbio de vibrações sutis entre o mundo físico e o transcendental.

A presença de Jesus irradiava harmonia e toda uma sinfonia quase inaudível de incomum beleza permanecia vibrando onde Ele se encontrava.

Aquele havia sido um dia afanoso. As multidões revezavam-se e os aflitos não cessavam de apregoar as suas mazelas, rogando amparo e saúde, que logo desperdiçavam no terrível banquete das alucinações destemidas.

Para que não voltassem aos tumultos nem às insensatezes comprometedoras, o Mestre, dando cumprimento ao que estabelecera a Profecia, abriu a sua boca em parábolas e proclamou coisas que estavam ocultas desde o princípio, e, por isso mesmo, ignoradas.

A partir daquele momento, ninguém se poderia considerar ignorante da verdade, deserdado do reino dos céus, esquecido da Divina Providência. João, o Batista, viera aparelhar, corrigir os caminhos por onde Ele prosseguia ampliando trilhas e anunciando a Era Nova.

A humanidade ali representada reaparecia no futuro dos tempos, renascendo em novos corpos e repetindo a música incomparável do Seu verbo libertador.

Assim aturdidos por tudo quanto haviam visto e ouvido, os companheiros, que não conseguiram entender o incomum significado das declarações, impressionados com alguns dos ensinamentos, aproveitando-se de um momento de repouso, acercaram-se-lhe e pediram-lhe que explicasse a complexa parábola do joio, há pouco narrada.

Invadido pela imensa ternura com que sempre elucidava os atônitos discípulos, Ele esclareceu: 

- O mundo é um campo imenso e abençoado que aguarda a sementeira. Neutro, depende daquele que o vai utilizar, preparando-o convenientemente para que a ensementação se faça coroada de êxito.

" Sempre tem estado aguardando a bênção das sementes que o dignifiquem, para tornar-se área de vida.

" Aquele que semeia a boa semente é o Filho do Homem, que veio distribuí-la em toda parte, a fim de que a terra gentil se converta em formoso jardim-pomar. Sem temer qualquer impedimento, entrega-se à tarefa com os olhos postos no futuro.

" A boa semente são os filhos do reino, como as palavras renovadoras e diretrizes de segurança, para que tudo se faça de acordo com os desígnios do Pai, que deseja a felicidade dos Seus filhos e providencia para que nada lhes falte no cometimento da evolução.

"O joio são os filhos do maligno, que são os vícios e as perversões que se permitem as criaturas no trânsito de crescimento interior, sem a necessária coragem para vencê-los".

"O inimigo que semeou o joio é a inferioridade moral do ser que nele predomina, retendo-a na retaguarda do processo de iluminação pessoal, a que se entrega sem resistência, porque lhe atende os desejos primários a que se encontra acostumado.

" A ceifa é o fim do mundo e os ceifeiros são os anjos. O mundo moral está em constante transformação, por causa da transitoriedade da existência física, das suas alternâncias e seus processos degenerativos. Por mais longa, sempre se interrompe pelo fenômeno da morte e se encerra o capítulo existencial, chegando o momento da ceifa, que se apresenta na consciência, que refaz o caminho percorrido sob a inspiração dos seres angélicos encarregados de orientar os seres humanos.

"Assim, pois, como é o joio colhido e queimado no fogo, assim será no fim do mundo, quando cessar as experiências carnais de cada criatura, que enfrentará a semeadura do mal realizada no próprio coração. Os erros, na condição de erva perniciosa, reaparecerão com todo o vigor, exigindo prosseguimento de viciação agora sob outras condições inexeqüíveis, afligindo e atormentando com as chamas do desejo infrene, ardendo no sentimento e na razão do desgoverno.

"O Filho do homem enviará os Seus anjos que hão de tirar do Seu reino todos os escandalosos e todos quantos praticam a iniquidade, e lançá-los-ão na fornalha ardente; ali haverá choro e ranger de dentes, porque a consciência quando desperta e avalia o mal que a sim mesma se fez, sem oportunidade imediata de reparação, aflige-se, leva o indivíduo ao sofrimento que o faz estorcer-se e chorar se consolo, por haver-se iludido sem qualquer necessidade.

" O anjo da morte e dos renascimentos físicos, após acolher os aficionados dos escândalos, dos crimes, da perversão, selecionará aqueles que poderão prosseguir na Terra e aqueles outros que serão enviados ao exílio em mundo inferiores, mais primitivos e infelizes, onde recomeçarão a jornada interrompida em condições menos propiciatórias. Será realizada a seleção natural pelos valores espirituais de cada qual, que compreenderá a insânia que se permitiu, envidando esforços hercúleos para se recuperarem.

"Enquanto isso, os justos resplandecerão como o Sol, no reino do seu Pai, porque estarão em paz consigo mesmos, sintonizados com a imortalidade em triunfo, livres das paixões e vinculações com o crime, a hediondez, a sombra que antes neles predominavam."

Um silêncio, feito de unção de alegria e de paz, se abateu sobre a sala modesta onde Ele acabara de falar.

A sua voz permanecia fixada na memória deles para sempre, que se recordariam daquele momento de mágica poesia e grandiosa sinfonia para todos os dias do porvir.

As ansiedades da natureza no entardecer cediam lugar às primeiras manchas de sombras desenhando figuras estranhas no firmamento adornado de luz e calor.

A partir daquele momento as responsabilidades cresciam e delineavam com maior precisão os compromissos que firmariam com o suor do trabalho e sangue do sacrifício.

Já não eram menos, aqueles homens simples arrebanhados entre os pescadores, os de menos cultura, os cobradores de impostos, os exegetas, os indagadores. Eles eram uma síntese da humanidade, sem os vernizes sociais enganosos e alguns envolvidos pela ganga dura que ocultava o diamante precioso. 

O Amigo se encarregava de trabalhá-los a todos para as tarefas que teriam que executar até o fim dos milênios.

... Eram homens tocos e modestos, sem dúvida, no corpo, mas antes de tudo, Espíritos convidados para o grande banquete da Boa Nova, para o qual vieram...

_________

(*) Mateus 13 - 36 a 43.

Nota da autora espiritual 


Amélia Rodrigues por Divaldo P.Franco

quarta-feira, 29 de setembro de 2021

MULTIDÃO E JESUS "Por muitos séculos soarão as vozes das multidões necessitadas e torpes, no festival demorado das lágrimas.Mesmo hoje, evocando os acontecimentos de Genesaré, defrontam-se as multidões buscando as soluções imediatas para o corpo, no pressuposto de que estão tentando atender o espírito exculpando-se das paixões, aparentando manter os compromissos com Jesus mediante um comércio infeliz para com as informações e conquistas imperecíveis."

 


A multidão! Sempre o Senhor esteve visitado pela multidão.


A multidão, porém, são as chagas sociais, as dores superlativas, as agonias e decepções, as lutas e angústias, as dificuldades.


Em toda parte o Mestre esteve sempre cercado pela multidão.


Através das Suas mãos perpassavam as misericórdias, as blandícias, manifestava-se o amor. . .


O seu dúlcido e suave olhar penetrava a massa amorfa sob a dor repleta de aflitos e ansiosos lenindo as desesperações e angústias que penetram as almas como punhais afiados e doridos.


A multidão são o imenso vale de mil nonadas(argueiros) e muitas necessidades humanas mesquinhas, onde fermentam os ódios, e os miasmas da morte semeiam luto e disseminam a peste em avalanche desesperadora num contágio de longo porte. . .


Ele viera para a multidão, que somos todos nós, os sedentos de paz, os esfaimados de justiça, os atormentados pelo pão do corpo e na alma. ..


Todos os grandes Missionários desceram das altas planuras para as multidões que são o nadir da Humanidade.


Por isto sempre encontraremos Jesus cercado pela multidão.


Ele é paz.


Sua presença acalma, diminuindo o fragor da batalha, amainando guerras de fora quanto conflitos de dentro.


Ele é amor.


O penetrar do seu magnetismo dulcifica, fazendo que os valores negativos se convertam em posições refletidas, em aquisições de bênçãos.


Quando Ele passa, asserenam-se as ansiedades. Rei Solar, onde esteja, haverá sempre a claridade de um perene amanhecer.


Ele tomara a barca com os Amigos do ministério e vencera o mar na serenidade do dia.


As águas tépidas, aos ósculos do Astro-rei, refletem o céu azul de nuvens brancas e garças. . .


Há salmodias que cantam no ar, expectativas que dormem e despertam nos espíritos. . .


Chegando às praias de Genesaré, a notícia voa nos pés alígeros da ansiedade e a multidão se adensa. ..


As informações se alargam pelas aldeias vizinhas, pelos povoados ribeirinhos. . .


Todos trazem os seus. . . Os seus pacientes, familiares e conhecidos, problemas e querelas. . .


Exibem chagas purulentas, paralisias, dificuldades morais, misérias e tormentos de toda espécie.


Obsessos ululam e leprosos choram, cegos clamam e surdos-mudos atordoam-se.


A atroada (estrondo) dos atropelos que o egoísmo desatrelado produz, a inquietação individual, o medo de perder-se a oportunidade tumultua todos, os semblantes se angustiam, os ruídos se fazem perturbadores, enquanto Ele, impávido, sereno, acerca-se e toca, deixando-se tocar. . .


Transfiguram-se as faces, sorriem os rostos antes deformados, inovimentam-se os membros hirtos e os sorrisos, em lírios brancos ngastados nas molduras dos lábios arroxeados, abrem-se, exaltam o Rabi, cantam aleluias.


A música da saúde substitui a patética da enfermidade, a paz adorna a fronte fatigada dos guerreiros inglórios.


Partem os que louvam, chegam os que rogam. . .


Há silêncios que se quebram em ribombar de solicitações contínuas. Há vozes que emudecem na asfixia das lágrimas.


Das fímbrias(franjas) das suas vestes, que brilham em claridade desconhecida, desprendem-se as virtudes e estas curam, libertam, asserenam, felicitam. . .


Genesaré encontra o seu apogeu, encanta-se com o Profeta. . . O Rabi, o Aguardado, reveste-se de misericórdia e todos exultam.


Narram os evangelistas que naquela visita à cidade formosa e humilde ocorreram todos os milagres que o amor produz.


No entanto, por cima de tais expectativas e conquistas transitórias, Jesus alonga o olhar para o futuro e descortina, além dos painéis porvindouros, a Nova Humanidade destituída das cangas atribulatórias, constringentes e justiçadoras com que o homem se libera, marchando na direção do Pai.


Até este momento, o Senhor sabe que os homens ainda são as suas necessidades imediatas e tormentosas em cantochões de agonia lenta. . .


Por muitos séculos soarão as vozes das multidões necessitadas e torpes, no festival demorado das lágrimas.


Mesmo hoje, evocando os acontecimentos de Genesaré, defrontam-se as multidões buscando as soluções imediatas para o corpo, no pressuposto de que estão tentando atender o espírito exculpando-se das paixões, aparentando manter os compromissos com Jesus mediante um comércio infeliz para com as informações e conquistas imperecíveis. . .


Cristianismo, todavia, é Jesus em nós, insculpido no santuário dos sentimentos, esflorando esperança e fé.


Atendamos à enfermidade, à viuvez, ao abandono, à solidão e à fome sem nos esquecermos de que, revivendo o Mestre Insuperável, os Imortais que ora retornam, buscam, essencialmente, libertar o homem de si mesmo, arrebentando os elos escravocratas que os fixam às mansardas soezes do primitivismo espiritual de cada um, a fim de alçá-lo à luz perene e conduzi-lo às praias da nova Genesaré do amor, onde Ele, até hoje, espera por todos nós, a aturdida multidão de todos os tempos.


(*) Mateus 14:34-36. Marcos 6:53-56. (Notas da Autora espiritual).


Amélia Rodrigues

Psicografia de Divaldo Franco

domingo, 26 de setembro de 2021

O Semeador saiu a semear... sob a ótica de Amélia Rodrigues

SEMENTE DE LUZ E VIDA

(...) Assentado no barco , Jesus alongou os olhos pela planície dos corações e lembrou se da terra inculta . Tomado de imenso Amor pelos homens , depois de falar sobre muitas coisas, considerou:

Eis que o semeador saiu a semear. E, quando semeava, uma parte da semente caiu ao pé do caminho.

A luz derrama filões de ouro vivo no céu anilado
O ar transparente cicia aos ouvidos atenciosos da multidão.

(...) E vieram as aves, e comeram-na...

O Reino dos Céus é semelhante...
O homem bom semeou a boa semente na boa terra; enquanto dormia, um homem mal semeou joio na boa terra. E cresceram o trigo e joio. Ora, para salvar o grão sadio foi necessário arrancar o escalracho, erradicando naturalmente , muito trigo são. O joio , em molhos , foi queimado e o trigo ensacado foi posto no celeiro.  

                                                                    * * *

O grão de mostarda é o menor de todos, no entanto, cresce e a planta se torna grandiosa. As aves nela se alojam, procurando agasalho nos seus ramos...

                                                                    * * *

O fermento insignificante leveda a massa toda.

                                                                   * * *

O tesouro que um homem encontrou é tão valioso , que quando possuía vendeu para tê-lo seu.
Outro homem descobriu uma pérola de incomparável valor e de tudo se desfez para consegui-la...

                                                                   * * *

Uma rede lançada ao mar reuniu muitos peixes, bons e maus, que foram separados pelo pescador. Assim , mais tarde, serão separados os homens que se candidatam ao Reino dos Céus...

                                                                   * * * 

Outra parte caiu em pedregais, onde não havia terra bastante . Vindo o Sol , queimou-se, e secou-s, porque não tinha raiz...
As coisas ocultas, Ele as desvela em parábolas.
Era uma vez...
Um homem , pai de família, preparou a terra,planou-a , circundando-a de um valado(vala rasa guarnecida de tapume...que cerca uma propriedade rural) , e construiu nela um lagar , edificou uma torre e arrendou-a a trabalhadores. À época dos frutos mandou buscar a parte que lhe pertencia. Os posseiros da terra mataram os primeiros servos , os que vieram depois , e mesmo o Filho do Homem , os criminosos o mataram. Quando, porém, o dono veio...
                                                                 * * *

O pai disse ao filho: Vem trabalhar em minha vinha.
-Não quero !-mas, arrependendo-se , foi. Chamado o segundo filho , este respondeu:
-Vou!- Mas não lhe dou importância...

                                                                 * * *

O rei, chegando a ocasião das bodas do filho, mandou os servos convidarem amigos.Os amigos ,porém, não quiseram ir. Novos áulicos saíram a repetir o convite, narrando a excelência do banquete que os aguardava , mas eles não desejaram respeita-lo. Revoltados com a insistência do rei , mataram os servos. O rei, sabendo da ingratidão dos convidados, ordenou ao seu exército que fosse exterminar os homicidas...
                                                                * * *
Dez eram ao todo.
Cinco eram noivas loucas.Gastaram o óleo e ficaram sem luz. Puseram-se a dormir.Ao chegarem os noivos...
Eram cinco noivas, virgens e loucas...
                                                        
                                                                * * *

-Eu sei que és severo. Amedrontado, enterrei o seu talento, o que me confiaste.
-Mau servo!Tome quanto tem deem-no a quem já o tem.

                                                               * * *
As melodias cantam no ar leve e transparente.
(...)outra caiu entre os espinhos e os espinhos cresceram e sufocaram-na...
Quem poe uma candeia acesa sob o alqueire ou escondida?

                                                               * * *
Uma figueira brava à borda do caminho foi solicitada à doação de frutos;como não fosse ocasião própria de produzi-los, foi considerada inditosa, digna de ser arrancada e lançada ao fogo até converter-se em cinza...

                                                                * * *
Respondeu-lhe o enfático doutor da Lei: "Aquele que usou de misericórdia com ele."
Vai e faze o mesmo. Esse é o teu próximo...

                                                                * * *

Amigo, empresta-me três pães.
- Não me importunes. 
Levantar-se-á esse amigo para livrar-se do importuno.

                                                               * * *
Oh! Dize a meu irmão que reparta os seus bens comigo. 
-Quem me pôs a mim por juiz ou repartidor de bens?

                                                               * * *

Nunca te sentes nos primeiros lugares, sem que tenhas sido mandado pelo teu anfitrião...

                                                              * * *

(...)e outra caiu em boa terra, e deu fruto: um a cem , outra a sessenta e outro a trinta...
Hipérbatos , sínquises e hipérboles veste as abstrações; e, como poemetos, são excertos de vida as canções do Reino de Deus.
Era uma vez...
Um credor tinha dois devedores, e como ambos não lhe pudessem pagar...
Bem-aventurados aqueles servos,os quais, quando o Senhor vier, achar vigiando!...

                                                                    * * *

"Qualquer que não levar a sua cruz, e não vier após mim...
"-Pai , pequei contra o céu e perante a ti; já não sou digno de ser chamado teu filho; faze me como um dos teus jornaleiros.
" Trazei o melhor vestido e vesti-lo , pondo lhe um anel na mão , alparcas nos pés. Este meu filho estava morto e vive; tinha se perdido , e foi achado..."
   
                                                                    * * *

E o fariseu dizia : eu pago o tributo , sou justo, cumpro com os deveres que a Lei prescreve...Mas aquele que ali está...
No entanto, o Senhor lhe disse...
                                                                   * * *

Louvou o amo aquele mordomo injusto por haver procedido prudentemente ,porque os filhos desse mundo são mais prudentes na sua geração do que os filhos da luz...
Granjeai amigos... Quem é fiel no mínimo, também é fiel no muito...
                                                           
                                                                  * * *

E a viúva dizia : faze-me justiça contra o meu adversário...
Far-lhe-ei justiça, disse o juiz, para que ela não volte a importunar-me...

                                                                 * * *

"Deu-lhe dez minas..."
"Havia um homem rico, a quem , depois de morto, Abraão disse..."
"Estes, os últimos, são os primeiros e os primeiros serão os últimos..."
"Quem tem ouvidos, ouça..."

                                                                 * * *

E Ele falava por parábolas.
Parábolas , "alegorias que escondem verdades".
Revestidos da pureza das pombas e da vivacidade das serpentes os discípulos da verdade chegam à vida.
"Se a vossa fé for do tamanho de um grão de mostarda..."
O semeador saiu a semear...
Parábolas, verdades nas alegorias. 

                                                                 * * *
                                                           
Os grãos se transformam em grãos e a messe(conquista) afortunada é ouro em pendões de vida.
Simples e desataviadas(que não é rebuscado) , suas palavras são palavras do povo. Ninguém , no entanto, as coordenava como Ele as enunciava.
Havia realmente "algo"n´Ele, na sua forma de dizer.
"Ninguém fala como Ele fala" - murmuravam até mesmo os que , conspirando , procuravam motivo de traí-LO.
"Fala com autoridade" - reconheciam todos.

                                                                 * * *

A semente é luz e vida.
Vida na semente.
Luz na Vida.

                                                                 * * *

O Bom Pastor dá Vida pelas suas ovelhas.
Entretanto pela porta estreita, a que se caracteriza pelas dificuldades, o acesso ao reino da Ventura plena se faz triunfal.
Vigiando à porta da entrada, pode o morador defender a casa do assalto dos bandidos que espreitam e se vestem de sombras para agressão nas sombras.
Os escolhidos são os grãos felizes que se multiplicam em mil sementes compensando a sementeira toda.

                                                              * * *

A charneca das paixões é planície de esperança sob ação da semente.
Na imensa várzea , porém , o dia a dia das criaturas se transforma em lutas por nada.
O solo a arrotear , imenso, quase ao abandono...
" O semeador saiu a semear."

                                                            * * *

Parábolas e espírito de vida.
Vida nas parábolas.
Aos seus, aos discípulos, Ele as explicava.

                                                            * * *

Já não é dia.
O negro tule(seda muito fina) da noite corisca nos engastes alvinitentes(branca brilhante) dos astros, e o vento canta uma onomatopéia em litania(ladainha) ininterrupta.
O Semeador repousa.
" O Reino dos Céus está dentro de vós..."
"Vos sois deuses..."
"Buscai primeiro o Reino..."
"Quando eu for erguido atrairei todos a mim."                                     

                                                            * * *

A madrugada da Era Nova raia.
O semeador foi erguido...numa cruz.
Rasgados , os braços atraem, o coração aguarda.
Caminho para a Vida- o semeador.
Caminho até a porta- o semeador
A cruz das renúncias e sacrifícios como uma áspera charrua na gleba do espírito -ponte entre os abismos : o "eu" propínquo( vizinho, próximo) e "ele" próximo - longínquo.
A charneca (terreno arenoso...,com vegetação rasteira) reflete a estrela.
A estrela desce ao charco , fica presa à água que a retém e repousa na montanha altaneira.

                                                          * * *
O semeador espera...
"Ele saiu a ensinar por parábolas."
" E outras caíram em terra fértil e produziram."
A semente é a Palavra para quem busca a Verdade.
A Verdade é Vida.
O semeador saiu a semear...


Fonte: Primícias do Reino. Divaldo Franco, pelo Espírito Amélia Rodrigues.
12ed. 2015.Editora Leal

segunda-feira, 19 de julho de 2021

ELES VIVERÃO

 

"Quem quiser vir a mim carregue a própria cruz…Jamais amaldiçoes...A quem pratica o mal, chega o horror do remorso… … Nunca te vingues, Pedro, porque os maus viverão e basta-lhes viver para se alçarem à dor da sentença cruel que lavram contra eles mesmos.."


ELES VIVERÃO


Onze anos após a crucificação do Mestre, Tiago, o pregador, filho de Zebedeu, foi violentamente arrebatado por esbirros do Sinédrio, em Jerusalém, a fim de responder a processo infamante.


Arrancado ao pouso simples, depois de ordem sumária, ei-lo posto em algemas, sob o Sol causticante.


Avançando ao pé do grande templo, na mesma praça enorme em que Estêvão achara o extremo sacrifício, imensa multidão entrava-lhe a jornada.


Tiago, brando e mudo, padece, escarnecido.


Declaram-no embusteiro, malfeitor e ladrão.


Há quem lhe cuspa no rosto e lhe estraçalhe a veste.


- “A morte! à morte!…”


Centenas de vozes gritam inesperada condenação, e Pedro, que de longe o segue, estarrecido, fita o irmão desditoso, a entregar-se humilhado.


O antigo pescador e aprendiz de Jesus é atado a grande poste e, ali mesmo, sob a alegação de que Herodes lhe decretara a pena, legionários do povo passam-no pela espada, enquanto a turba estranha lhe apedreja os despojos.


Simão chora, sozinho, ao contemplar-lhe os restos, voltando, logo após, para o seu humilde refúgio.


Depois de algumas horas, veio a noite envolvente acalentar-lhe o pranto.


De rústica janela, o condutor da casa inquire o céu imenso, orando com fervor.


Porque a tempestade? porque a infâmia soez? O pobre amigo morto era justo e leal…


Incapaz de banir a ideia de vingança, Pedro lembra os algozes em revolta suprema.


Como desejaria ouvir o Mestre agora!… que diria Jesus do terrível sucesso?!…


Neste instante, levanta os olhos lacrimosos, e observa que o Cristo lhe surge, doce, à frente.


É o mesmo companheiro de semblante divino.


Ajoelha-se Pedro e grita-lhe:


- Senhor! somos todos contados entre os vermes do mundo!… porque tanta miséria a desfazer-se em lama? Nosso nome é pisado e o nosso sangue verte em homicídio impune… A calúnia feroz espia-nos o passo…


E talvez porque o mísero soluçasse de angústia, o Mestre aproximou-se e disse com carinho, a afagar-lhe os cabelos:


- Esqueceste, Simão? Quem quiser vir a mim carregue a própria cruz…


- Senhor! - retrucou, em lágrimas, o apóstolo abatido - não renego o madeiro, mas clamo contra os maus… Que fazer de Joreb, o falsário infeliz, que mentiu sobre nós, de modo a enriquecer-se? que castigo terá esse inimigo atroz da verdade divina?


E Jesus respondeu, sereno, como outrora:


- Jamais amaldiçoes… Joreb vai viver…


- E Amenab, Senhor? que punição a dele, se armou escuro laço, tramando-nos a perda?


- Esqueçâmo-lo em prece, porque o pobre Amenab vai viver igualmente…


E Joachim ben Mad? não foi ele, talvez, o inspirador do crime? o carrasco sem fé que a todos atraiçoa? Com que horrenda aflição pagará seus delitos?


- Foge de condenar, Joachim vai viver…


- E Amós, o falso Amós, que ganhou por vender-nos?


- Olvidemos Amós, porque Amós vai viver…


- E Herodes, o rei vil, que nos condena à morte, fingindo ignorar que servimos a Deus?


Mas Jesus, sem turvar os olhos generosos, explicou simplesmente:


- Repito-te, outra vez que, quem fere, ante a lei será também ferido… A quem pratica o mal, chega o horror do remorso… E o remorso voraz possui bastante fel para amargar a vida… Nunca te vingues, Pedro, porque os maus viverão e basta-lhes viver para se alçarem à dor da sentença cruel que lavram contra eles mesmos..


Simão baixou a face banhada de pranto, mas ergueu-a em seguida, para nova indagação…


O Senhor, entretanto, já não mais ali estava. Na laje do chão só havia o silêncio que o luar renascente adornava de luz…


Fonte: Contos Desta e de Outra Vida.
IrmãoX/Francisco Cândido Xavier

sexta-feira, 28 de maio de 2021

DIMAS : ARREPENDIMENTO E RECUPERAÇÃO
















Dimas: Arrependimento e Recuperação

Aqueles terríveis dias anunciados se concretizavam.

A semana, que se iniciara festiva entre cânticos e júbilos, culminava em tragédia de hediondez.

Fazia pouco, e a sinistra caravana atravessara as ruelas estreitas de Jerusalém até alcançar o Gólgota, fora dos muros da cidade.

O madeiro tosco já se encontravam aguardando as vítimas.

A crucificação era prerrogativa de Roma, que punia com crueza os inimigos de César e do Estado.

As tricas infames e as intrigas soezes levaram o Justo a uma triste peregrinação entre Anás, Caifás e Pilatos, num enredo político-religioso que a embriaguez farisaica, amparada pelos interesses subalternos do representante do Imperador que - embora a inteireza moral do Réu - cedeu às pressões hábeis da indignidade mal disfarçada, entregando-os aos Seus inimigos.

Ele não reagia de forma alguma, como se guardasse o veredicto já adrede tomado.

Imposto no cárcere após a humilhação pública no Pretório, no dia seguinte, ao Sol ardente e entre sarcasmos e doestos dos perseguidores gratuitos, Ele carregara a Cruz, tropeçando várias vezes sob o peso do madeiro da vergonha.

Agora, a música lúgubre das marteladas empurrando os cravos enferrujados que lhe rasgavam as carnes, os tendões e ossos, provocando dores acerbas, ficaria ribombando surdamente nos ouvidos das testemunhas...

Dois ladrões faziam-lhe companhia, como a caracterizá-lo na mesma condição de bandido, Ele que era a demonstração viva da Verdade.

Ao ser erguida a cruz e colocada na cova, calçada com pedras informes, o corpo derreou no poste e as farpas pontiagudas cravaram-se-lhe nas carnes e nos músculos relaxados uns e tensos outros, após longas horas de aflição...

Um gemido dorido escapou-lhe dos lábios arroxeados, e a coroa de cardos mais se lhe cravou na cabeça empastada de suor e de sangue.

Os vândalos, que zombavam, foram acometidos por estranho presságios, enquanto que a Natureza se enlutava e vestia-se da tormenta que arrebentou com violência, causando espanto e temor.

A terra exausto do calor refrescou-se e o céu voltou à transparência anterior.

As pessoas contemplavam a cena hedionda, quando Ele disse estar com sede em um grito rouco, para que cumprisse todas as Profecias.

Deram-lhe uma esponja mergulhada em fel e aloés, presa na ponta de uma lança, que foi encostada aos Seus lábios rachado, sangrentos...

Disfarçado na turbamulta, para não se identificado, Tiago, que era Seus discípulo, acompanhava com lágrimas o trágico acontecimento e se interrogava em silêncio:

Onde o carinho de Deus para com Seu Filho? 

Não era Ele o Messias? 

Assim retribuía às atividades de amor, que Ele realizara na Terra?

Tiago não podia entender, nas suas reflexões racionais, os desígnios de Deus, pensando conforme os padrões convencionais.

Nesse comenos, olhou em derredor, procurando um rosto conhecido, de alguém que o aplaudira em dias passados, quando da entrada triunfal em Jerusalém. Não havia ninguém.

Nem sequer um dos que lhe receberam a cura, as dádivas da Sua compaixão e misericórdia.

Ninguém que houvesse acompanhado. Nem os amigos de ministério se faziam presentes, à exceção de João, que abraçava a Sua mãe, ao lado de outras mulheres, trêmulas e receosas.

Tiago não pode dominar a aflição que o tomou por inteiro e pôs-se a chorar convulsivamente.

O Mestre olhou-o compassivo, e murmurou ternas palavras nos ouvidos do seu coração.

No mesmo instante, Dimas, o ladrão que estorcegava ao Seu lado direito, procurou identificar no grupo exótico que se movimentava aos pés das cruzes, além de conhecido, e os seus olhos se cruzaram com os de sua mãe Tamar.

Pelas reminiscências, a memória evocou-lhe a infância e a adolescência na orfandade paterna bem como os sacrifícios daquela mulher extraordinária.

Foi na juventude que se iniciara na rapina, unindo-se a outros desordeiros e atirando-se aos abismos do crime.

O instinto de mãe havia percebido a mudança do filho e advertira mil vezes, sem que ele se resolvesse por qualquer mudança real, embora não lhe confirmasse as suspeitas.

Quando se tornou notória a sua infeliz conduta, ele lhe prometera e à noiva Esther, que aquela seria a última viagem às terras fabulosas do além- Jordão, para poder oferecer-lhes a segurança de um lar honrado após consorciar-se e construir a família.

De tal maneira elaborou e apresentou o plano da viagem, que as duas mulheres acreditaram...

... Agora, surpreendido pelos soldados que o haviam emboscado no desfiladeiro por onde passavam as caravanas que ele e Giestas pretendiam assaltar, foram aprisionados e ali estavam punidos.

A mãe aflita chorava, interrogando com dorido silêncio:

- Por quê, meu filho? Em que errei a tua educação?!

Afogada em lágrimas esteve a ponto de cair, quando foi amparada pela jovem companheira, Esther, a noiva inditosa.

Dimas desejou gritar, estremunhado e louco, no justo momento em que o Mestre o fitou com suavidade.

Tomado de honesto arrependimento pelas alucinações praticadas, exorou, em agonia e fé:

- Senhor, lembra-te de mim, quando entrares no paraíso.

Havia sinceridade e unção.

O arrependimento chegava-lhe na hora extrema. Reconhecia os erros e desejava reabilitação, anelava por confortar a mãezinha agônica e a noiva humilhada, mas era tarde.

Debatia-se na agonia, quando o Rabi, empapado do suor de sangue misturado ao pó, com chagas abertas como flores rubras de bordas rasgadas, lhe respondeu, misericordioso:

- Em verdade, em verdade, te digo hoje: entrarás comigo no paraíso...

Uma aragem fresca e suave passou pela alma do bandido.

Acompanhando a cena grandiloqüente, a Sua mãe percebeu a outra mulher quase desfalecida. Acercou-se-lhe com passo trôpego e interrogou-a com voz trêmula:

- É teu filho, o crucificado da direita?

- Sim, é meu filho...

- Então, mulher, se meu filho, o do meio, disse ao teu filho, que o atenderia, crê, porque meu filho é o Excelente Filho de Deus, o Seu Messias.

As duas mulheres se abraçaram, e novamente a terra tremeu, a tormenta voltou, e entre o ribombar dos trovões e o balé do relâmpago que cortava ziguezagueante as nuvens carregadas, Ele gritou:

- Está tudo consumado!
*
A Humanidade infeliz, vítima da ignomínia, tentou silenciar a Verdade que viera libertá-la, método infame utilizado pela covardia para retardar o próprio progresso.

Sempre porém, haverá oportunidade para o homem arrepender-se e recomeçar. Dimas era a última lição de arrependimento e de recuperação.
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(*) Lucas: 23-42.
Nota da Autora Espiritual
Do Livro : Até o Fim dos Tempos- Divaldo/Amélia Rodrigues.

segunda-feira, 10 de maio de 2021

A INTOLERÂNCIA "E João disse: Mestre, vimos um que em teu nome expulsava os demônios e lho proibimos, porque não te segue conosco". "E Jesus lhe disse: Não o proibais, porque quem não é contra nós é por nós. " (Lucas, 9:49-50)

A INTOLERÂNCIA

"E João disse: Mestre, vimos um que em teu nome expulsava os demônios e lho proibimos,porque não te segue conosco". "E Jesus lhe disse: Não o proibais, porque quem não é contra nós é por nós. " (Lucas, 9:49-50)

A intolerância sempre constituiu um dos grandes entraves na senda da evolução humana.
No campo da ciência ela foi a causa do retardamento de muitas descobertas, pois, no passado, tudo aquilo que ultrapassava o limite acanhado do conhecimento humano, era levado na conta de "engenho e arte do demônio".

No setor do aculturamento ela foi responsável pelo marasmo e pelas trevas que prevaleceram entre os homens durante muitos séculos, evitando que eles, através do conhecimento da verdade, se libertassem do preconceito e da superstição.

No seio das religiões, a intolerância se fez sentir em todo o seu aspecto negativo, sendo responsável por grande número de perseguições, de torturas e de morte. Sempre que surgia na Terra um Espírito mais saliente querendo impulsionar o esclarecimento espiritual do homem, ele era catalogado como herege e como tal perseguido e até morto.

O próprio Jesus Cristo foi vítima da intolerância dos seus contemporâneos, por isso, para nos legar a sua mensagem de paz e de amor, ele teve de enfrentar a fúria sanguinolenta de muitos fanáticos, perecendo finalmente pendurado numa cruz, no alto do Calvário.

A passagem evangélica que estamos enfocando, nos elucida sobre o pensamento de Jesus Cristo sobre a intolerância: ele repreendeu severamente um dos seus apóstolos pelo fato de ter proibido a uma pessoa que não os acompanhava, de também expulsar maus Espíritos.

Enquanto no cenário terreno as religiões se digladiam e fecham as portas a qualquer gênero de entendimento, tudo por causa de ingênuas divergências doutrinárias, o Mestre, cujos atos devem servir de paradigma para o nosso proceder, declara enfaticamente a João:
"Quem não é contra nós é por nós".

Os discípulos de Jesus, impregnados dos prejuízos do arcaico sistema religioso prevalecente entre os judeus, não haviam ainda se despojado do tradicional e aberrante hábito de considerar heresia tudo aquilo que não fosse referendado pela religião imperante. Vendo aquele homem que expelia os maus Espíritos, João enchesse de zelo e, após proibir o homem de praticar atos daquela natureza procurou apressadamente o Mestre, a fim de denunciar aquilo que considerava um trabalho paralelo e autêntica usurpação de poderes.

Agindo daquele modo, o apóstolo julgava estar prestando inestimável serviço à Boa Nova e, certamente, esperava o beneplácito do Mestre para o seu ato de intolerância.

A réplica, no entanto, foi adversa: "Não o proibais, por que, quem não é contra nós é por nós".

O Meigo Rabi da Galiléia deu assim inequívoca demonstração de tolerância e é pena que o seu exemplo não tenha servido decorrer dos séculos, de esteio para uma mais íntima aproximação entre os vários agrupamentos cristãos, os quais, apesar de viver sob o pálio de uma só doutrina, porfiam em se colocarem na mais acesa intolerância, refratários a quaisquer concessões ou gesto de aproximação.

No Velho Testamento encontramos uma passagem quase idêntica:
Devido ao abusivo costume reinante entre muitos médiuns, profetas judeus, de invocarem Espíritos para consultá-los sobre coisas fúteis, sem um objetivo mais sério, o médium-mor que era Moisés vetou terminantemente que se continuasse esse intercâmbio, proibindo que se invocassem os chamados mortos.
Muitos médiuns sensatos existiam, no entanto, entre os judeus, e entre eles dois rapazes sinceros, cujos nomes eram Eldad e Medad. Esses jovens estavam no campo entrando em contato com Espíritos quando, passando por ali um homem, apressou-se em denunciar o fato a Moisés, julgando assim estar prestando valioso serviço ao Grande Legislador.

Conforme narra o livro de Números, Cap. 11, V. 26 a 29, esse homem chegou todo agitado perto do libertador dos hebreus e delatou:
"Senhor! Eldad e Medad estão no campo profetizando!" Josué, o lugar-tenente de Moisés, que ali estava ao lado asseverou:
"Senhor Meu Moisés, proiba-lhos".

Mas Moisés não se importunou, pois conhecia o caráter da Mediunidade de Eldad e Medad e se limitou a responder a Josué:
"Tens tu ciúmes de mim? Oxalá que todo o povo do Senhor fosse profeta, que o Senhor lhe desse o seu Espírito."

Assim como Jesus reconheceu que o homem que expelia os maus Espíritos em seu nome, estava trabalhando pela mesma causa, embora em caminho diverso, Moisés também suspirava pelo mediunismo sadio entre o seu povo, alegrando-se com o fato de dois de seus patrícios estarem entrando em sintonia com os Espíritos do Senhor, para fins edificantes.

Ambos deram vibrante demonstração de tolerância e compenetração dos reais objetivos que animam aqueles que desejam cooperar na tarefa comum de entrelaçamento entre os homens, com vistas a uma mais estreita aproximação com o Alto.

Afirmou João em seu Evangelho que "a luz resplandece nas trevas, e as trevas não a compreenderam" (João, 1:5).

Essa passagem deixa entrever claramente que Jesus Cristo veio como autêntica luz a iluminar o caminho dos homens, mas a intolerância destes fez com que a sua mensagem fosse incompreendida, e as forças das trevas conseguiram fazer com que largos anos de obscurantismo suplantassem a voz da verdade, retardando a implantação dos ideais cristãos, da forma como foram ensinados pelo Cristo, fundamentados sobre a pureza e a singeleza.

Nos Evangelhos encontramos uma narrativa bastante elucidativa: Jesus Cristo não foi recebido numa aldeia de Samaritanos. Os seus apóstolos, revoltados, perguntaram-lhe:
"Queres que façamos descer fogo do céu e os consuma, assim como o fez Elias?". E a resposta do Mestre foi a seguinte: "Não sabeis que espírito sois, porque o Filho do homem não veio para destruir as almas dos homens, mas para salvá-las". E dirigiram-se para outra aldeia.

Preferindo dirigir-se para outra aldeia, em vez de concordar com a sugestão dos apóstolos Tiago e João, de procurarem consumir o povo que não os recebera, Jesus Cristo, mais uma vez, demonstrou que a tolerância deve sempre nortear os rumos daqueles que se arrogam ao título de cristãos verdadeiros.

Paulo A. Godoy