Sandra Borba Pereira
A Natureza é o livro de páginas vivas e eternas.
Emmanuel
(Prefácio - Cartilha da Natureza, Francisco Cândido Xavier, ed. FEB)
Múltiplas
são as expressões e relações do homem para com a Natureza: integração,
uso, cuidado, inspiração, pesquisa, exploração irresponsável, lições de
vida, exemplos, dentre outras.
Ao longo da história filósofos buscaram-lhe os princípios constitutivos; cientistas investigaram-lhe as causalidades e funcionamento para
exploração, controle e previdência; religiosos a procuram como refúgio e
aprendizado espiritual; artistas a transformam ou a retratam em
variadas expressões; escritores e poetas nela encontram fonte de lições e
inspirações; homens e mulheres simples a admiram e nela atuam como
cenário de lutas pela sobrevivência e manancial de saberes para
prosseguirem, adiante, em busca de um melhor viver.
São tantas lições naturais!!!
O sândalo, diz o ditado, perfuma o machado que o fere.
A pérola surge na ostra ferida.
O voo dos gansos é lição de trabalho em equipe.
Montanhas e mares desafiam os homens em seus limites.
A aurora boreal extasia a tantos quantos se banham em suas cores e desenhos.
Em cada lugar, a beleza, a lição, a expressão do Criador.
No
grande livro da Natureza Mestra, na região do semiárido nordestino, nos
defrontamos com singular árvore denominada pelo escritor Euclides da
Cunha como a árvore sagrada do sertão, a saber: o umbuzeiro ou imbuzeiro.
Afirma Marcelino Ribeiro que o
umbuzeiro dispõe de mecanismos de tolerância à seca, às rigorosas
condições de solos empobrecidos e de clima quente e seco do semiárido
brasileiro. (Nota: acesso www.embrapa.br, no dia 16/08/2013)
Sendo
uma árvore de pequeno porte, chega até 6m de altura e sua copa larga
pode atingir até 15m de largura, proporcionando sombra ao viajor
cansado. Mas não é só sombra a sua dádiva. Sua raiz conserva água e, em
épocas de grande seca, produz uma espécie de batata que é utilizada como
alimento. Tudo a ver com a origem de seu nome, ao tempo do Brasil
colonial, da língua tupi-guarani y-mb-u, que significa árvore que dá de beber.
Em nosso Nordeste ouvimos dizer que gente do povo faz uma espécie de canudo e bebe água na raiz do umbuzeiro, que acumula o líquido numa espécie de bacia natural, em épocas de seca.
O
umbuzeiro, porém, vai além da sombra e da água. Seu fruto pode ser
consumido ao natural ou utilizado em sucos, sorvetes, vitaminas, geleias
e na famosa umbuzada, uma espécie de creme (suco batido com leite
condensado).
Estando
certa feita em Santa Luzia, na Paraíba, após a atividade doutrinária,
na residência de Fanda e esposa, fui servida de umbuzada com a seguinte
afirmativa: Raul Teixeira adora umbuzada. Guardei isso na memória, após provar o delicioso creme.
O
tempo passa e nosso Raul, em novembro de 2011 teve o AVC, do qual se
recupera das sequelas, até os dias atuais, num processo testemunhal de
coragem e fé em Deus. Estando com ele, recentemente, indaguei sobre seu
gosto pela umbuzada ao que me respondeu: Adoro tudo do umbu.
Nos
diversos eventos em que temos nos encontrado e fitando-o, longamente,
lembrei-me do umbuzeiro e vi que nosso Raul, com sua longa e valiosa
folha de serviço, construiu sua reserva e hoje bebe na
água viva da mensagem do Cristianismo Redivivo, que lhe tem
proporcionado compreensão dos mecanismos da Lei Divina, força e
estímulo. Bendita raiz do umbuzeiro! Bendita Doutrina Espírita! Em prece
suplico a Deus que ele permaneça firme em sua agora silenciosa
palestra, mas lutando pela sua recuperação.
Com
nosso Raul tenho aprendido a lição da obediência, da resignação e do
esforço de servir sempre, em qualquer condição, mas buscando
continuamente a melhoria dessas mesmas condições.
Saindo
do Nordeste quente e seco, viajamos na imaginação até os Alpes
Europeus, continuando a aprender com a Natureza... e com os homens. E aí
foi inevitável lembrar que nosso querido baiano, o orador e médium
Divaldo Pereira Franco, também tem suas predileções no quesito natureza.
Sua flor favorita é edelweiss, o que também confirmei.
Edelweiss, cuja palavra alemã significa branco formoso ou branco nobre,
é uma flor que nasce acima dos 1.700m de altitude, de julho a setembro,
nos Alpes da França, Iugoslávia, Itália, Áustria e Suíça, sendo
inclusive a flor oficial dessas duas últimas nações. É uma linda flor
que tem um formato de estrela de pétalas brancas, aveludadas e que
possui uma espécie de pelugem que lhe dá longevidade de cerca de 100
anos depois de seca.
São
inúmeras as lendas sobre a origem dessa flor, mas é muito significativo
o seu simbolismo: honra, resistência, dignidade, fidelidade, amizade,
amor. Receber edelweiss de alguém é sinal de amizade ou amor
eterno. Daí muitos rapazes escalavam perigosamente as montanhas para
entregarem às amadas a flor eterna.
Hoje
protegida por lei, não corre mais o risco de extinção e seu cultivo
também se garante em estufas, mas sem perder o valor simbólico que
possui. No Brasil, edelweiss se imortalizou na canção do mesmo nome, do musical The Sound of Music, conhecido entre nós como A Noviça Rebelde.
Divaldo contou-nos que edelweiss
é sua flor predileta; que o Espírito Scheilla, através de Chico Xavier
materializou várias para ele, em 1964 e que ele as tem guardadas secas,
até hoje.
Nosso semeador de estrelas é como edelweiss:
honra, resistência, fidelidade e amor ao Cristo tem sido uma
demonstração constante em sua vida. A extraordinária obra Mansão do
Caminho, completando 61 anos de existência, a rica literatura mediúnica,
as milhares de palestras por centenas de cidades do mundo inteiro, a
fidelidade a Jesus e a Kardec revelam toda a nobreza de um coração
dedicado ao Bem, à autoiluminação, pelos esforços de vivência do amor.
Com
ele tenho aprendido a lição da perseverança, da simplicidade, da
fidelidade a Deus, da força de vontade, da vivência do Bem. E tenho
rogado ao Pai que o fortaleça na estrada numinosa que percorre deixando
um rastro de luz para tantos quantos lhe ouvem a palavra e aprendem com o
exemplo.
Em O Livro dos Espíritos, questão 626, asseveram os Imortais: estando as leis divinas escritas no livro da Natureza, o homem pôde conhecê-las quando quis procurá-las. Assim,
aprender com a Natureza e com os homens que aprendem com a Natureza é
exercitar nossa própria essência, é buscar as páginas vivas e eternas
grafadas por Deus como sinais de Seu Amor a nos trazer lições,
advertências e bênçãos para que nos harmonizemos com Suas Leis.