DESENCARNAÇÕES
COLETIVAS
JOSÉ HERCULANO PIRES, EXPLICA AS DESENCARNAÇÕES
COLETIVAS:
No
Centro Espírita Lola Nave, da capital paulista, foi feito um diálogo
aberto e livre de perguntas e respostas durante os trabalhos espíritas
na noite de 1° de julho passado, trazendo à baila acontecimentos
como o choque no pouso do avião da TAM, o afundamento do navio Titanic,
a derrubada das Torres Gêmeas do Worl Trad Center, em Nova Iorque, o acidente
do submarino atômico russo e trazendo nesse enfoque de resgates coletivos
o incêndio do Edifício Joelma, e o incêndio do Edifício
Andraus, em São Paulo e outros tantos acidentes trágicos, registrados
ao longo do tempo.
Reportamo-nos
aos escritos psicografados pelo médium
Francisco Cândido Xavier e interpretaados por J. Herculano Pires, no livro
Chico Xavier pede licença (GEEM), por Espíritos diversos.
No
capítulo As Leis da Consciência, Herculano comenta a resposta de
Emmanuel no capítulo anterior - Desencarnações coletivas,
em que o benfeitor espiritual responde à pergunta: "Sendo Deus a
Bondade Infinita, por que permite a morte aflitiva de tantas pessoas enclausuradas
e indefesas, como nos casos de grandes incêndios?"
"A
resposta de Emmanuel vem do plano espiritual e acentua o aspecto terreno dos
encarnados em virtude de um fator psicológico: o das leis da consciência.
Obedecendo a essas leis, as vítimas de mortes coletivas aparecem como
as mais severas julgadoras de si mesmas. São almas que se punem a si
próprias em virtude de haverem crescido em amor e trazerem consigo a
justiça imanente. Se no passado erraram, agora surgem como heroínas
do amor no sacrifício reparador.
As
leis da Justiça Divina estão escritas na consciência humana.
Caim matou Abel por inveja e a sua própria consciência o acusou
do crime. Ele não teve a coragem heróica de pedir a reparação
equivalente, mas Deus o marcou e puniu. Faltava-lhe crescer em amor para punir-se
a si mesmo. O símbolo bíblico nos revela a mecânica da autopunição
cumprindo-se compulsoriamente. Mas, nas almas evoluídas a compulsão
é substituída pela compaixão.
Para
a boa compreensão desse problema precisamos de uma visão clara
do processo evolutivo do homem. Como selvagem ele ainda se sujeita mais aos
instintos do que à consciência. Por isso não é inteiramente
responsável pelos seus atos. Como civilizado ele se investe do livre-arbítrio
que o torna responsável. Mas o amor ainda não o ilumina com a
devida intensidade. As civilizações antigas (como o demonstra
a própria Bíblia) são cenários de apavorantes crimes
coletivos, porque o homem amava mais a si mesmo do que aos semelhantes e a Deus.
Nas civilizações modernas, tacadas pela luz do Cristianismo, os
processos de autopunição se intensificam.
O
suicídio de Judas é o exemplo da autopunição determinada
por uma consciência evoluída. O que ocorreu com Judas em vida,
ocorre com as almas desencarnadas que enfrentam os erros do passado na vida
espiritual. Para encontrar o alívio da consciência elas sentem
a necessidade (determinada pela compaixão) de passar pelo sacrifício
que impuseram aos outros. Mas o que é esse sacrifício passageiro,
diante da eternidade do espírito? A misericórdia divina se manifesta
na reabilitação da alma após o sacrifício para que
possa atingir a felicidade suprema na qualidade de herdeira e co-herdeira de
Cristo, segundo a expressão do apóstolo Paulo.
Encarando
a vida sem a compreensão das leis da consciência e do processo
da reencarnação não poderemos explicar a Justiça
de Deus - principalmennte nos casos brutais de mortes coletivas. Os que assim
perecem estão sofrendo a autopunição de que suas próprias
consciências sentiram necessidade na vida espiritual. A diferença
entre esses casos e o de Judas é que essas vítimas não
são suicidas, mas criaturas submetidas à lei de ação
e reação.
Judas
apressou o efeito da lei ao invés de enfrentar o remorso na vida terrena.
Tornou-se um suicida e aumentou assim a própria culpa, rebelando-se contra
a Justiça Divina e tentando escapar dela."
ARTHUR
PUXIAN - Jornal O Semeador - setembro/07