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sexta-feira, 1 de maio de 2015

NUMA CIDADE CELESTE


Irmão X

Quando Joaquim Pires desencarnou, crente sincero e praticante assíduo que fora do Evangelho, procurou, incontinenti, as portas do céu. Combatera as próprias paixões, distribuíra benefícios sem cogitar de recompensa, humilhara-se em favor dos outros, sempre que as circunstâncias lhe aconselhavam serenidade e renúncia.
Em suma, Joaquim fora um homem bom. Todavia, como vivemos sobre maneira distanciados das criaturas perfeitas, andava preocupado com a idéia de repousar no paraíso. Não tivera ocasião de provar-se em testemunhos reconhecidamente difíceis e angustiosos. No entanto, acariciava o propósito de anestesiar-se no "outro mundo". Queria descansar, esquecer, embriagar-se no êxtase divino...
"Morreu", por isso, sem receio algum. Despediu-se, quase contente, dos familiares. Parecia andorinha humana, no júbilo de buscar a primavera noutras paragens. E, como efeito, tantos méritos detinha consigo, que prodigioso frio de luz assinalava-lhe o caminho, desde o túmulo até as portas de uma cidade resplandecente.
Aí chegado, Joaquim, premido pela emoção, empalidecera de regozijo. Enlevado, notou que, lá dentro, havia felicidade e luz, mas inequívocos sinais de trabalho também... Ruídos de atividade salutar e sons de campainhas inquietas alcançaram-lhe os ouvidos surpresos.
Antes de se entregar a maiores perquirições íntimas, simpático mensageiro veio recebê-lo no limiar.
-É aqui o paraíso? - inquiriu à maneira do sertanejo bisonho que visita grande metrópole pela primeira vez.
-Sim - informou o interpelado, gentilmente -, estamos numa cidade celestial.
-Quer dizer, então, em boa geografia, que já não respiramos a atmosfera da carne... - tornou o recém-chegado, hesitante.
-Não tanto - esclareceu o enviado fraterno.
De tímpanos aguçados, Pires registrou a chamada dos clarins de serviço e considerou, tímido:
-Meu amigo, que eu não sou mais do número dos "vivos"...
O outro completou-lhe a frase reticenciosa, asseverando:
-Não padece qualquer dúvida...
-Mas - prosseguiu o "morto" adventício -, trabalham, ainda, aqui?
-Muitíssimo.
-Há, nesta cidade, horários, distribuição de tarefas, responsabilidades individuais, disposições de lei, lutas e conflitos?
O mensageiro esboçou expressivo gesto de complacência e observou:
- Acredita que a morte da carne, mero fenômeno da Natureza, purifique o Espírito milagrosamente? Temos enorme serviço a fazer. E o repouso para nós é lição, reparo ou estímulo. Nossa felicidade não se cristalizaria em altares imóveis.
-Oh! - clamou Joaquim aflito - a justiça ensinava-me no mundo que há um paraíso para os bons e um inferno para os maus.
-E você - interrogou o companheiro, intencionalmente - se julga perfeitamente bom?
-Não - respondeu Pires com humildade não fingida -, sou um pecador, bem o reconheço; contudo... Francamente, não admitia houvesse tanto serviço após o sepulcro.
-Suporá inoportuno e intempestivo nosso propósito de luta e solidariedade, melhoria e reconstrução? Quem não é infinitamente bom, deve amparar quem não é infinitamente mau. É imprescindível atender aos imperativos da vida.Só Deus é o Absoluto.
-Sim, compreendo... - resmungou Joaquim, descoroçoado - todavia, sonhava com a paz perpétua.
E continuou:
- Existe aqui chefia e subalternidade?
- Perfeitamente.
- Servidores melhores e piores?
- Sim, em mais elevado padrão de justiça e aproveitamento.
- Há estudos e provas, especializações e obrigações?
- Muito além dos ensaios que efetuamos na Terra...
- Há probabilidades de erro e dúvida, discussão e negação?
- Em todas as rotas de ação, porque o livre-arbítrio da alma evolvida é naturalmente a cooperar na estruturação dos destinos, com a supervisão da Vontade de Deus.
- Conseqüentemente - prosseguiu Joaquim -, há reparações e punições, desequilíbrios e dificuldades.
- Exatamente. Você não ignora que onde o erro é possível deve existir recurso para a corrigenda.
O recém-desencarnado meditou, meditou e aduziu:
- Procuro o repouso inalterável... Quem sabe resplandece em esfera mais elevada o céu que busco?
- Assim não é - disse-lhe o interlocutor. Quanto mais alto subir, ais trabalho encontrará, embora em condições diferentes.
Pires, sentou-se, apalermado, sob indizível abatimento.
O emissário fixou um gesto de bom humor e acentuou com clareza:
- Parece-me que o paraíso, sonhado por você, é o éden da espécie "Limax arborum". Essas criaturas, que no fundo são igualmente filhas de deus, organizam o próprio lar, através de folhas e flores. Aquietam-se e dormem descansadas sob a claridade do firmamento. Nada perguntam. Não riem, nem choram. Desconhecem os enigmas. Não sabem o que vem a ser aflição ou dor de cabeça. Alimentam-se daquilo que encontram nas árvores preciosas da vida. Ignoram se há guerra ou paz, dificuldade ou pesadelo entre os homens. Vivem alheias aos dramas biológicos, aos conflitos espirituais e, se um cataclismo fulminasse o Universo em que nos achamos, não registrariam grandes diferenças...
-Oh! - gritou Joaquim, repentinamente entusiasmado - quem são esses seres privilegiados?
-São as lesmas - esclareceu o emissário, sorrindo -, e se você descer, suficientemente, encontrará o paraíso delas...
Joaquim modificou a expressão facial e, embora consternado, quando ouviu falar em lesmas, resolveu entrar.
 
Do livro Luz Acima Psicografia de Francisco Cândido Xavier.
 
 

CONTROLE SEXUAL


 Emmanuel

Interroguem friamente suas consciências todos os que são feridos no coração pelas vicissitudes e decepções da vida; remontem, passo a passo, à origem dos males que os torturam e verifiquem se, as mais das vezes, não poderão dizer: Se eu houvesse feito, ou deixado de fazer tal coisa, não estaria em semelhante condição.
Do item 4, do Cap. V, de "O Evangelho Segundo o Espiritismo".
 
Existe o mundo sexual dos Espíritos de evolução primária, inçado de ligações irresponsáveis, e existe o mundo sexual dos Espíritos conscientes, que já adquiriram conhecimento das obrigações próprias, à frente da vida; o primeiro se constitui de homens e mulheres psiquicamente não muito distantes da selva, remanescentes próximos da convivência com os brutos, enquanto que o segundo é integrado pelas consciências que a verdade já iluminou, estudantes das leis do destino à luz da imortalidade.
O primeiro grupo se mantém fixado à poligamia, às vezes desenfreada, e só, muito pouco a pouco, despertará para as noções da responsabilidade no plano do sexo, através de experiências múltiplas na fieira das reencarnações.
O segundo já se levantou para a visão panorâmica dos deveres que nos competem, diante de nós mesmos, e procura elevar os próprios impulsos sexuais, educando-os pelos mecanismos da contenção.
Falar de governo e administração, no campo sexual, aos que ainda se desvairam em manifestações poligâmicas, seria exigir do silvícola encargos tão-somente atribuíveis ao professor universitário, razão por que será justo deter-se alguém nesse ou naquele estudo alusivo à educação sexual apenas com aqueles que se mostrem suscetíveis de entender as reflexões exatas, nesse particular.
Estabelecida a ressalva, perguntemos a nós mesmos se nos seria lícito abandonar, no mundo, os compromissos de natureza afetiva, assumidos diante uns dos outros.
Assim nos externamos para considerar que a ligação sexual entre dois seres na Terra envolve a obrigação de proteger a tranqüilidade e o equilíbrio de alguém que, no caso, é o parceiro ou a parceira da experiência "a dois", e, muito comumente, os "dois" se transfiguram em outros mais, na pessoa dos filhos e demais descendentes.
Urge, desse modo, evitar arrastamentos no terreno da aventura, em matéria de sexo, para que a desordem nos ajustes propostos ou aceitos não venha a romper a segurança daquele ou daquela que tomamos sob nossa assistência e cuidado, com reflexos destrutivos sobre todo o grupo, em que nos arraigamos através da afinidade.
Não se trata, em nossas definições, do chamado "vínculo indissolvível" criado por leis humanas, de vez que, em toda parte, encontramos companheiros e companheiras lesados pelo comportamento de parceiros escolhidos para a vivência sexual e que, por isso mesmo, adquirem, depois de prejudicados, o direito natural de se vincularem à outra ligação ou a outras ligações subseqüentes, procurando companhia ao nível de sua confiança e respeitabilidade; reportamo-nos ao impositivo da lealdade que deve ser respondida com lealdade, seja qual for o tipo de união em que os parceiros se comuniquem sexualmente um com o outro, sustentando o equilíbrio recíproco.
Considerado o exposto, os participantes da comunhão afetiva, conscientes dos deveres que assumem, precisam examinar até que ponto terão gerado as causas da indisciplina ou deserção naquele ou naquela que desistiu da própria segurança íntima para se atirar à leviandade.
Justo ponderar quanto a isso, porquanto, em muitas ocorréncias dessa espécie, não é somente aquele ou aquela que se revelam desleais, aos próprios compromissos, o culpado pela ruptura na ligação afetiva, mas igualmente o companheiro ou a companheira que, por desídia ou frieza, mesquinhez ou irreflexão nos votos abraçados, induz a parceira ou o parceiro a resvalarem para a insegurança, no campo do afeto, atraindo perturbações de feição e tamanho imprevisíveis.
Psicografia : Francisco Cândido Xavier Livro : Vida e Sexo