Emmanuel
Interroguem
friamente suas consciências todos os que são feridos no coração pelas
vicissitudes e decepções da vida; remontem, passo a passo, à origem dos
males que os torturam e verifiquem se, as mais das vezes, não poderão
dizer: Se eu houvesse feito, ou deixado de fazer tal coisa, não estaria em
semelhante condição.
Do item 4, do Cap.
V, de "O Evangelho Segundo o Espiritismo".
Existe o mundo
sexual dos Espíritos de evolução primária, inçado de ligações
irresponsáveis, e existe o mundo sexual dos Espíritos conscientes, que já
adquiriram conhecimento das obrigações próprias, à frente da vida; o
primeiro se constitui de homens e mulheres psiquicamente não muito
distantes da selva, remanescentes próximos da convivência com os brutos,
enquanto que o segundo é integrado pelas consciências que a verdade já
iluminou, estudantes das leis do destino à luz da imortalidade.
O primeiro grupo se
mantém fixado à poligamia, às vezes desenfreada, e só, muito pouco a
pouco, despertará para as noções da responsabilidade no plano do sexo,
através de experiências múltiplas na fieira das reencarnações.
O segundo já se
levantou para a visão panorâmica dos deveres que nos competem, diante de
nós mesmos, e procura elevar os próprios impulsos sexuais, educando-os
pelos mecanismos da contenção.
Falar de governo e
administração, no campo sexual, aos que ainda se desvairam em
manifestações poligâmicas, seria exigir do silvícola encargos tão-somente
atribuíveis ao professor universitário, razão por que será justo deter-se
alguém nesse ou naquele estudo alusivo à educação sexual apenas com
aqueles que se mostrem suscetíveis de entender as reflexões exatas, nesse
particular.
Estabelecida a
ressalva, perguntemos a nós mesmos se nos seria lícito abandonar, no
mundo, os compromissos de natureza afetiva, assumidos diante uns dos
outros.
Assim nos externamos
para considerar que a ligação sexual entre dois seres na Terra envolve a
obrigação de proteger a tranqüilidade e o equilíbrio de alguém que, no
caso, é o parceiro ou a parceira da experiência "a dois", e, muito
comumente, os "dois" se transfiguram em outros mais, na pessoa dos filhos
e demais descendentes.
Urge, desse modo,
evitar arrastamentos no terreno da aventura, em matéria de sexo, para que
a desordem nos ajustes propostos ou aceitos não venha a romper a segurança
daquele ou daquela que tomamos sob nossa assistência e cuidado, com
reflexos destrutivos sobre todo o grupo, em que nos arraigamos através da
afinidade.
Não se trata, em
nossas definições, do chamado "vínculo indissolvível" criado por leis
humanas, de vez que, em toda parte, encontramos companheiros e
companheiras lesados pelo comportamento de parceiros escolhidos para a
vivência sexual e que, por isso mesmo, adquirem, depois de prejudicados, o
direito natural de se vincularem à outra ligação ou a outras ligações
subseqüentes, procurando companhia ao nível de sua confiança e
respeitabilidade; reportamo-nos ao impositivo da lealdade que deve ser
respondida com lealdade, seja qual for o tipo de união em que os parceiros
se comuniquem sexualmente um com o outro, sustentando o equilíbrio
recíproco.
Considerado o
exposto, os participantes da comunhão afetiva, conscientes dos deveres que
assumem, precisam examinar até que ponto terão gerado as causas da
indisciplina ou deserção naquele ou naquela que desistiu da própria
segurança íntima para se atirar à leviandade.
Justo ponderar
quanto a isso, porquanto, em muitas ocorréncias dessa espécie, não é
somente aquele ou aquela que se revelam desleais, aos próprios
compromissos, o culpado pela ruptura na ligação afetiva, mas igualmente o
companheiro ou a companheira que, por desídia ou frieza, mesquinhez ou
irreflexão nos votos abraçados, induz a parceira ou o parceiro a
resvalarem para a insegurança, no campo do afeto, atraindo perturbações de
feição e tamanho imprevisíveis.
Psicografia : Francisco
Cândido Xavier Livro : Vida e Sexo
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