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sábado, 22 de maio de 2021

A FÉ SEGUNDO O NÍVEL EVOLUTIVO DE CADA UM. [...]As crianças (físicas na idade temporal ou intelectuais pela infância do "espírito"), interpretam fé como acreditar. [...]Os que vivem mais no plano astral (emocional) acham que a fé é um "sentimento", uma emoção, que se acende ou apaga, [...] Os intelectualizados que baseiam tudo no raciocínio horizontal e na pesquisa. preferem, como sinônimo de fé, a palavra convicção, certeza confiança.[...] Outros preferem considerar a fé: como demonstração de fidelidade[...]

                       A FÉ

Mat. 17-19-21
19. Então chegando-se os discípulos a Jesus em particular, perguntaram: "Por que não pudemos nós expulsá-lo"?
20. Jesus respondeu-lhes: "Por vossa falta de fé, pois em verdade vos digo que, se tiverdes fé do tamanho de um grão de mostarda, direis a este monte: Passa daqui para lá, e ele passará; e nada vos será impossível" .
21. Mas esse tipo não sai senão com oração e jejum".

Marc. 9:28-29
28. E tendo entrado ele em casa, perguntaramlhe seus discípulos particularmente: "Porque não pudemos nós expulsá-lo"?
29. Respondeu-lhes: "Esta espécie só pode sair pela oração e jejum".

Marcos tem o cuidado de avisar-nos que os discípulos se dirigiram ao Mestre "depois que estavam em casa", fato que Mateus assinala apenas com a expressão "em particular".

A pergunta revela ansiedade: "por que não pudemos expulsá-lo"?
E a resposta esclarece para todos: "por falta de fé".

Já havia sido dito que TUDO é possível ao que crê. E agora mais uma lição nos chega, com palavras "e comparações repetidas das lições rabínicas, onde era frequente a expressão "pequeno como grão de mostarda"; e também, para significar algo muito difícil, dizia se "como transportar montanhas". A uni-ão dos dois termos, porém, é particularidade do Evangelho.

O último versículo de Marcos (29) dá uma pequena desculpa aos discípulos: esse tipo (de espíritos) só pode sair pela oração e pelo jejum". Nem todos os códices têm "pelo jejum" (aleph, B, K ) , que é suprimido por Nestle, Swete, Lagrange, Huby e Pirot; Merck o coloca entre chaves; mas é mantido por von Soden, Vogels e Prat. Realmente, os rabinos ensinavam que "quem quer que ore sem ser atendido, ponha-se a jejuar" (cfr. Strack e Eillerbeck, o. c. , vol. 1, pág" 760). Esse versículo parece ter sido transportado para constituir o vers. 21 de Mateus, que falta em aleph, B, theta, em três minúsculos e em todas as versões copta, etiópica, siríaca hierosolymitana, e no mss. "k" da vetus latina, e na Vulgata.

Vem agora a lição sobre a fé. Preciosa e esclarecedora, incisiva e categórica. De fato, uma LIÇÃO.
O intelecto, na meditação em contato com o Eu verdadeiro ou com a individualidade ("em casa"),indaga das razões por que não conseguiu o domínio das emoções. E a resposta é taxativa: falta de fé.

A dúvida é o pior veneno para a criatura. Tiago (1:6-8) entendeu a lição do Mestre: "Peça-se com fé, sem hesitar, pois aquele que hesita é como a onda do mar impelida e agitada pelo vento; esse homem nada recebe do Senhor pois é homem de dupla alma, instável em todos os seus caminhos".(grifo nosso)

Que significa, afinal, pístis, a FÉ?
A definição vai depender do nível evolutivo em que cada um se encontre, para compreender o sentido da palavra. 

Vejamos:

1. As crianças (físicas na idade temporal ou intelectuais pela infância do "espírito"), interpretam fé como acreditar. Se acredito no que alguém me diz, sem pedir provas, demonstro fé na pessoa. Essa fé recebe geralmente o designativo de "fé do carvoeiro", ou do homem "crente" que, por não saber nada, acredita em tudo o que lhe dizem, sem capacidade para raciocinar por si: é a fé do simplório e do ignorante, exaltada em certos círculos humanos como virtude máxima, e até como condição essencial e única para a criatura "salvar-se".

2. Os que vivem mais no plano astral (emocional) acham que a fé é um "sentimento", uma emoção, que se acende ou apaga, aumenta e diminui, segundo o estado emocional da criatura. É a fé que se conquista diante de um ato de generosidade ou se perde, num segundo, diante de uma desilusão; mais baseada nos outros, com suas qualidades e defeitos, do que em si mesmos, em seu próprio conhecimento da verdade. É a fé que vibra altaneira e provoca, às vezes, gestos heróicos e repentinos, mas que também pode levar a extremos opostos de aridez e até de ateísmo absoluto, de materialidade total.

3. Os intelectualizados que baseiam tudo no raciocínio horizontal e na pesquisa. preferem, como sinônimo de fé, a palavra convicção, certeza confiança. Representa, então, uma virtude intelectual, um fruto da experiência, e não mais uma emoção. Supõe o conhecimento profundo do assunto: a certeza científica baseada nesse conhecimento é a fé. É a segurança do químico que, ao fazer as combinações de ácidos com bases, tem a certeza de que obterá um sal: fé absoluta, fé raciocinada e experimentada, com fundamento em fatos vividos e verificados sob controle.

4. Outros preferem considerar a fé: como demonstração de fidelidade (por exemplo, o Prof. Huberto Rohden, de quem recebemos uma carta a esse respeito). Esses, já vivendo acima do intelecto, sintonizados com a "razão" (ou individualidade), compreendem que a faculdade essencial à criatura é a fidelidade aos princípios. Uma vez conhecido o caminho e encontrado o Mestre, não haverá mais esmorecimentos nem desvios, não se permanecerá mais no saber, nem no dizer, nem mesmo no fazer, mas se exigirá de si mesmo o máximo, o SER, o SER TOTAL, INTEGRAL, ser igual ao Mestre, numa completa e total FIDELIDADE DE REPRODUÇÃO, como a cópia de carbono com o original, como a estátua de gesso com o molde de barro, como a imagem no espelho com quem se mira. Essa a interpretação que demos à quarta bem-aventurança (veja vol. 2): felizes os que buscam o ajustamento, a justeza, do modelado com o modelo, do cristão com o Cristo.

A qualquer dessas interpretações, podemos aplicar, cada um em seu grau, a lição ministrada: a fé, ainda que do tamanho de um grão de mostarda, ou seja, embora ainda esteja no início do desenvolvimento, nos primeiros passos da caminhada, já será suficiente para obter-se extraordinário efeito.

Lógico que o efeito corresponderá, em grandeza, ao adiantamento do nível evolutivo de quem a possuie a vive. Mas, não é mister diplomar-se como professor de matemática superior, para realizar as quatro operações. Desde que a faculdade exista, desde que a causa aja, o efeito é produzido. Para fazer luz numa lâmpada, não há necessidade de movimentar-se uma usina elétrica e nem mesmo de possante gerador: até uma pilha acende uma lâmpada de 6 volts, mas a luz é feita; é fraca, mas é luz.

Assim, a "montanha" poderá ser transportada de cá para lá. Seja uma montanha de dificuldades, ou de terra, ou de defeitos, ou de fluidos ou de correntes do astral, ou quaisquer outras.

A expressão "montanha" exprime, simplesmente, algo de grande, de imenso, de "impossível" de abraçar-se com os curtos braços humanos. Não há montanha que resista a quem tem fé: "nada é impossível ao que crê".

Quem meditar profundamente nessa frase, encontrará a força de vencer quaisquer obstáculos, quer interprete a fé como "crença", ou como "sentimento", ou como "convicção" ou como "fidelidade" a nosso-modelo, o CRISTO.

No entanto, há coisas que a fé opera apenas por meio da ORAÇÃO. Não é da "reza" repetida mecanicamente em novenas e trezenas, mas a oração da união total com o Cristo Interno, a meditação e o mergulho em que a criatura consegue "ajustar-se" totalmente ao Criador, em que a onda sonora sintoniza perfeitamente com a emissora, em que o cristão se CRISTIFICA (2.º Cor. 1:21).

A palavra "jejum" que aparece em alguns códices e é rejeitada por numerosos hermeneutas, tem sua razão de ser nesta interpretação, pois com ela não se entende o jejum da comida física, mas o jejum "da materialidade".

 Explicamo-nos: aquele que se desprende da matéria e vive unido do Espírito, ou seja, "que vive na matéria sem ser da matéria, ou que vive no mundo sem ser do mundo" (Huberto
Rohden), esse é o que "jejua". 

Com efeito, mesmo estando diante das iguarias tentadoras do mundo e de suas paixões, ele permanece sem nelas tocar, em oração (unido ao CRISTO) e em jejum (desligado da matéria). Então, está realmente ESPIRITUALIZADO, ou, melhor ainda, CRISTIFICADO. Esse é o que possui o poder máximo no domínio espiritual da Terra, com largas e profundas repercussões mesmo no domínio material, sem necessidade de buscar nem treinar "poderes", com exercícios exóticos.

Livro : Sabedoria do Evangelho Volume 4
Autor: Carlos Pastorino

quarta-feira, 19 de maio de 2021

AINDA NÃO TENDES FÉ? "Se estivermos munidos da fé racional que não consiste meramente em acreditar, mas em discernir, em ter bom ânimo e disposição firme para enfrentar a luta, estaremos em condições de receber de Jesus a ajuda e orientação necessária para que a tempestade que nos assola seja amainada.


“E levantou-se grande temporal de vento, e subiam as ondas por cima do barco, de maneira que já se enchia. E ele estava na popa dormindo sobre uma almofada, e despertaram-no, dizendo: Mestre, não se te dá que pereçamos? E ele, despertando, repreendeu o vento, e disse ao mar: aquieta-te. E o vento se aquietou e houve grande bonança. E disse-lhes: Por que sois tímidos? Ainda não tendes fé?”
(Marcos. 4:37-40)

Haveria necessidade de o Mestre fazer interromper o processo de um fenômeno
da Natureza, a fim de demonstrar a sua autoridade ou revelar o poder de que se
achava investido.

Jesus sempre foi partidário da fé espontânea e durante todo o seu Messiado nunca se preocupou com a produção de fatos retumbantes. Quando os seus discípulos pediram-lhe que fizesse descer fogo sobre uma aldeia da Samaria, que não os havia recebido, admoestou: “Não sabeis o espírito da vossa vocação”.

Quando alguns gregos e judeus proeminentes pediram-lhe que produzisse um fato sobrenatural, para que vissem e acreditassem, negou-se a dar qualquer espécie de sinal.

Pelo contrário, a sua alegria foi das mais intensas quando um centurião acreditou que bastavam algumas palavras suas, à distância, para que seu servo ficasse curado, e quando uma mulher curou-se apenas pelo leve toque em sua túnica, segundo a sua crença.

O significado da passagem evangélica narrada por Marcos é de nos ensinar que, qualquer que seja a tempestade que assolar nosso coração, bastará um apelo ao Cristo para que ela se amenize.

Por mais impetuosa que seja a tempestade que ruge dentro da nossa alma, encontraremos na vivência dos ensinamentos evangélicos o meio de fazer com que ela se aquiete.

Quem estiver prestes a sucumbir no mar encapelado da vida, ou sentir suas forças periclitar devido ao vendaval da adversidade, bastará clamar ao Mestre, e o socorro virá prontamente.

Nas pautas dos Evangelhos deparamos com promessas vivas como as que se seguem:

— Vinde a mim vós que estais sobrecarregados e eu vos aliviarei.

— Buscai antes o reino dos Céus e sua justiça, e tudo vos será dado por
acréscimo.

— Bem-aventurado aquele que sofre porque será consolado.

Somos devedores relapsos da Justiça Divina e reiteradamente fazemos uso 
do nosso livre arbítrio,escolhendo determinado gênero de vida. Muito freqüentemente tornamo-nos veículos transmissores em lamentável processo de falência, e, por isso, solicitamos a Deus nos propicie meios que nos impulsionem na trajetória evolutiva, objetivo comum de todas as almas.

Se solicitamos esses favores e Deus, devido aos imperativos das nossas provações e expiações terrenas previamente escolhidas, não no-los concede, é óbvio que uma vez açoitados pela tempestade da adversidade devemos nos lembrar da palavra do Mestre: 

“Por que sois tão tímidos? Ainda não tendes fé?”

Se estivermos munidos da fé racional que não consiste meramente em acreditar, mas em discernir, em ter bom ânimo e disposição firme para enfrentar a luta, estaremos em condições de receber de Jesus a ajuda e orientação necessária para que a tempestade que nos assola seja amainada.

Devemos fazer com que o Mestre esteja sempre atuante, imponente, vivo dentro dos nossos corações. Assim como os apóstolos acordaram-no num momento cruciante, devemos tê-lo presente todas as vezes que carecemos de sustentação.

“Pedi, e dar-se-vos-á,. buscai e encontrareis; batei, e abrirse-vos-á. Porque aquele que pede, recebe,. e o que busca, encontra, e, ao que bate, se abre” (Mateus, 7-8)
Ensinando-nos desse modo, o Mestre nos faz compreender que a Justiça Divina não é surda aos que pedem, que buscam, que batem pedindo amparo, desde que o queassim faz, seja digno de receber essas dádivas.

Nicodemos sentiu dentro de si a dúvida em tomo do renascimento do Espírito em novo corpo, e foi, altas horas da noite, solicitar a Jesus que, através do esclarecimento, amainasse aquela tempestade que ameaçava tão seriamente a sua fé.

O publicano Zaqueu, cujo coração vivia atormentado pelo sopro do remorso oriundo de usurpações cometidas, também procurou o Cristo, durante uma visita que ele fez à sua cidade, tendo o ensejo de recebê-lo em sua casa, onde, numa explosão de júbilo, prontificou-se a repartir metade dos seus bens com os pobres, amainando assim aquela tempestade que ameaçava retardar o processo evolutivo de sua alma

Maria Madalena, assolada pela tempestade das paixões terrenas, demandou o concurso do Mestre, que serenou seu coração e soergueu seu Espírito, predispondo-a para a reforma íntima.

Paulo de Tarso, envolvido pela tempestade do ódio e do fanatismo, recebeu na Estrada de Damasco o convite generoso de Jesus, transmutando-se de perseguidor implacável em defensor incondicional da Boa Nova.

Simão Pedro, atormentado pela tempestade da dúvida, defrontou-se com oepisódio da negação (João, 18:25), chorando amargamente e transformando-se num dos mais lídimos paladinos do Evangelho.

Paulo Alves de Godoy

"Os Padrões Evangélicos"

terça-feira, 4 de maio de 2021

DORMIA O CRISTO OU DORMIMOS NÓS?(...)" Queremos que as coisas mudem para melhor, mas não queremos mudar , esquecidos de que as coisas não mudam, são os homens que mudam; não os outros homens, mas nós mesmos...."

A tarde chegara de mansinho. O dia fora longo e cansativo, pois eram muitas as  solicitações . Mateus diz que lhe haviam trazido muitos possessos e enfermos. Ele os curou dos males físicos e espirituais, mas a multidão continuava a envolve- lo. Marcos não menciona os endemoniados e doentes neste ponto, mas informa que ele pregara longamente em parábolas , como era de seu hábito: a parábola do semeador, a da lâmpada , a da medida - a medida com que medis , com essa mesma sereis medidos - , a da semente que cresce sozinha , a do grão de mostarda. Lucas também reporta as parábolas, mas não coloca o episódio da tempestade na mesma sequência que os seus dois companheiros evangelistas. Todos, porém,se referem com grande precisão a cena dramática no mar.

E certo , a vista dos relatos , que Jesus pediu que o transportassem a outra margem do lago. Marcos , mais minucioso, acrescenta que os apóstolos despediram o povo e o levaram enquanto outras embarcações o seguiram.

São unânimes os narradores em assegurar que o Mestre logo adormeceu, e , enquanto ele dormia, levantou se uma tempestade. Mateus diz que era tão grande o temporal que as ondas chegavam  a  encobrir a barca. Marcos diz apenas que era uma" forte borrasca" , enquanto Lucas confirmava a inundação do barco pelas aguas revoltas.

        Muita gente deve questionar a possibilidade de armar-se uma tempestade desse porte num reduzido mar interior.

        O chamado mar da Galiléia é , na verdade, um lago , através do qual fui o rio Jordão. Fica entre o atual Estado de Israel , de um lado , a Síria de outro , uma ponta da Jordânia , ao sul. Depois de atravessar o lago, o Jordão segue para o sul na direção do  mar Morto, onde termina o curso.

       O mar da Galiléia era conhecido nos tempos do Antigo Testamento por mar de Chinnereth ou Chineneroth. Tanto nos livros dos Macabeus como nas obras de Flavius Josephus é chamado de Gennesar. Nos Evangelhos o nome preferido é o mar da Galiléia, mas Lucas chama-o de Lago de Genesaré (5:1) , e João duas vezes menciona-o com o nome de Tiberíades, que , aliás, ficou consagrado na designação moderna, Bahr Tabariyeh (6:1 e  21:1).

      Toda região é um roteiro sentimental da peregrinação do Cristo, que ali viveu uma boa parte dos seus anos de pregação. Um pouco ao norte, Cafarnaum, mais abaixo , Magdala e , depois, Tiberíades. Do outro lado, Betsaida e Gadara com a Decápolis, ao sul.

     A Enciclopédia Britânica informa que as " elevações em torno do mar são cinzentas e desnudas no verão, mas se cobrem de vegetação na primavera" . " O lago - informa pouco adiante -  está profundamente embutido no meio das elevações e , consequentemente , sujeito a súbitas ventanias e violentas tempestades, que se armam rapidamente; a navegação não está livre de riscos." Os grifos são meus e servem apenas para destacar a observação moderna que confirma integralmente a informação dos evangelistas segundo a qual as tempestades são ali súbitas e violentas.

    É certo, pois, que  ao iniciar a viagem para a outra margem, o tempo estava bom e as águas calmas. O Mestre logo adormeceu e dormia ainda no fragor da tormenta.

A narrativa evangélica é extremamente sóbria e feita com enorme economia de palavras, especialmente de adjetivos.
Quando os autores dizem que a borrasca era forte e que as águas invadiam o barco, podemos acreditar neles. Aqueles homens viviam em torno do lago, onde pescavam na subsistência.
Conheciam os perigos e estavam afeitos a eles. Não há dúvida, pois, de que a tormenta foi de assustar e , por isso, decidiram despertar o Mestre, com a leve sugestão de uma censura na pergunta que lhe formularam, segundo Marcos: será que ele não se importava de que eles morressem?

   Mateus diz que Jesus primeiro os censurou pela falta de fé que haviam demonstrado com o pavor.A lição que fica, no entanto, é unânime e todos reproduzem a estupefação dos que estavam com ele na barca, ao comentarem entre si:
  - Quem é este homem a quem até os ventos e o mar obedecem?
  A pergunta ressoa até hoje, nos descampados imensos da História.

Um grupo de homens simples e puros de coração, ignorantes dos grandes mistérios da vida, seguia fielmente o seu Mestre. Dia e noite estavam à sua volta, ouviam no pregar, faziam lhe perguntas , assistiam ao seu trabalho junto aos pobres, aos doentes, aos possessos; viam no conviver com os publicanos e renegados e, no entanto, não têm noção exata de quem é ele realmente . Nunca viram alguém calar os elementos enfurecidos. Jamais alguém demonstrou tanta calma, tanta segurança e fé. E, no entanto, bastou que ele se reclinasse por alguns momentos na barca para que pensassem que os havia abandonado à sua sorte, no esquecimento do sono.

  Hoje, quando tantos séculos rolaram sobre aquela cena dramática e profunda no seu conteúdo , não temos mais o direito de especular acerca da sua grandeza. Sabemos que ele é grande, sabemos que ele não dorme, sabemos que ele mesmo ausente dos nossos olhos imperfeitos em algum ponto deste mundo e em toda parte , ele vela,dirige,aconselha,cura,prega,ensina,ama e espera.Sabemos que a sua mensagem original ficou enovelada pelo pensamento daqueles que em vez de se tornarem prisioneiros do Cristo, como dizia Paulo, preferiram a tentativa inglória e improfícua de aprisionarem o Cristo, a fim de colocá- lo a serviço de suas paixões.

E agora que novas borrascas se armam sobre o mundo - e não mais sobre o manso mar da Galiléia - , muitos temem pelos seus destinos e bradam ao Cristo , desesperados e aflitos , achando que ele dormiu e os esqueceu.

Outros muitos desejam aproveitar a confusão da tormenta para implantar de uma vez, na Terra , o reinado da treva e da prepotência. Alguns destes , num doloroso processo de auto ilusão , se dizem trabalhadores do Cristo e que , depois de restabelecido o processo do poder incontestado , reabrirão os Evangelhos para pregar novamente a palavra do Senhor

Como? Que lhe diria o Mestre se isso acontecesse?
- Jamais vos conheci, afastai vos de mim, agentes da iniquidade! (Mat. 7:23)
Não são aqueles que dizem Senhor! Senhor! que entrarão no reino dos céus, advertiu Jesus, mas aqueles que fazem a vontade do Pai, isto é, cumprem a Sua lei, trabalham incessantemente pela harmonização interior, entregam-se às tarefas do amor, não as da discórdia, da vingança, da opressão.

Estamos novamente em pleno mar da Galiléia. A tormenta agita o barco que as ondas invadem e ameaçam tragar. O céu está negro e fechado, pesado e opressivo. O terror se instalou no coração de muitos, a indiferença em outros, a loucura em tantos, a ignorância em multidões inteiras. E o Cristo mais uma vez parece dormir... Mais uma vez parece esquecido da angústias daqueles que se voltam para ele como último alento de esperança. Parece... Ou será que nós é que dormimos? Ou será que nós é que o esquecemos?

Estejamos em paz, ainda que a tormenta se avolume, e ela vai fatalmente avolumar-se . Encontramo-nos à soleira de uma nova era. chegaram os tempos anunciados das dores, porque infelizmente , na imperfeita humana condição, as mudanças trazem dores no seu bojo. Não que sejam dolorosas em si; nós é que temos preferido anestesiar o conformismo. Queremos que as coisas mudem para melhor, mas não queremos mudar , esquecidos de que as coisas não mudam, são os homens que mudam; não os outros homens, mas nós mesmos.

Estejamos certos, pois, de que o Cristo não dorme, nem nos abandonou à nossa sorte. Sua mensagem renovada pelo Espiritismo está conosco, integral, restabelecida, explicada além do que ele nos confiou naquela época,porque se ainda agora muito vacilamos no entendimento da sua palavra, que poderemos dizer daqueles tempos recuados em que até mesmo os que com ele conviviam pensavam que ele dormia...?

Livro: Candeias na noite escura
João Marcus
Pseudônimo de Hermínio C. Miranda

sexta-feira, 15 de janeiro de 2021

DESPERTAR OS QUE DORMEM - LAMMENAIS ''Os grandes acontecimentos são sempre precedidos de anúncios ou sinais para fixar a atenção dos homens na importância do fato que vai realizar-se, a fim de despertar os que dormem.[...]Recordai-vos do Espírito de Verdade prometido por Jesus Cristo - e esperai-o despertos e preparados.[...]algumas nuvens vos impedem de ver todo o esplendor da luz; mas essas nuvens serão varridas por uma vontade soberana, e a verdade brilhará em toda a sua pureza[...]

 


Os grandes acontecimentos são sempre precedidos de anúncios ou sinais para fixar a atenção dos homens na importância do fato que vai realizar-se, a fim de despertar os que dormem.

O fim da igreja pequena é um acontecimento solene, o mais solene e importante de quantos a Humanidade tem presenciado; porque o fim da Igreja de Roma é o começo da igreja universal e o estabelecimento da doutrina de Jesus no entendimento e no coração dos pobres desterrados da Terra.

Os séculos vindouros saudarão com júbilo essa jornada, com o júbilo com que saudais a encarnação e a memória do Cristo. Por isso, o fim da igreja pequena, que é o começo da igreja universal, vem precedido de sinais maravilhosos, que vereis multiplicar-se à medida que os tempos avancem.

E os tempos se precipitam, porque tudo conspira para isso, mesmo aquilo que parece aos homens empecilhos ou obstáculos.

O sinal que precede ao fim da igreja pequena e ao começo da igreja universal é o ensino manifesto dos Espíritos, derramado com maravilhosa e misericordiosa profusão, de um a outro extremo da Terra.

E o ensino dos Espíritos vem, porque é absolutamente necessário; pois é tal o vácuo que há nas crenças, que a Humanidade não poderia despertar sem esse auxílio superior. Antes, porém, do fim da igreja pequena de Roma e do começo da igreja universal de Jesus Cristo, vereis ainda outro sinal:

Ouvir-se-á uma voz que soará por toda parte.

Recordai-vos do Espírito de Verdade prometido por Jesus Cristo - e esperai-o despertos e preparados.

Os pobres filhos dos homens, os infelizes viajores da Terra, ouvirão essa voz suave e atraente, como o murmúrio da brisa e como o perfume da flor, e verão o céu aberto, porque os seus corações se abrirão à esperança e à fé.

Esses tempos vêm pertos; podeis pressenti-los, podeis vê-los, porque estão no vosso horizonte.

O Sol aparece obscurecido aos vossos olhos; algumas nuvens vos impedem de ver todo o esplendor da luz; mas essas nuvens serão varridas por uma vontade soberana, e a verdade brilhará em toda a sua pureza.

Mais um momento, e vereis cumpridas estas palavras.

Irmãos congregados, adorai a Deus.

Despeço-me de vós, deixando-vos o espírito de caridade, de humildade e de adoração do nosso Mestre Jesus Cristo.

A paz seja convosco e com todos os homens.

Lamennais

De Roma ao Evagelhos : Ensino dos Espíritos

sábado, 1 de novembro de 2014

Vontade e Evolução

Vontade e Evolução

Autor: Léon Denis. Livro: O Problema do Ser, do Destino e da Dor

Querer é poder! O poder da vontade é ilimitado. O homem, consciente de si mesmo, de seus recursos latentes, sente crescerem suas forças na razão dos esforços. Sabe que tudo o que de bem e bom desejar há de, mais cedo ou mais tarde, realizar-se inevitavelmente, ou na atualidade ou na série das suas existências, quando seu pensamento se puser de acordo com a Lei divina. E é nisso que se verifica a palavra celeste: "A fé transporta montanhas






Não é consolador e belo poder dizer: "Sou uma inteligência e uma vontade livres; a mim mesmo me fiz, inconscientemente, através das idades; edifiquei lentamente minha individualidade e liberdade e agora conheço a grandeza e a força que há em mim. Amparar-me-ei nelas; não deixarei que uma simples dúvida as empane por um instante sequer e, fazendo uso delas com o auxílio de Deus e de meus irmãos do espaço, elevar-me-ei acima de todas as dificuldades; vencerei o mal em mim; desapegar-me- ei de tudo o que me acorrenta às coisas grosseiras para levantar o vôo para os mundos felizes!"


Vejo claramente o caminho que se desenrola e que tenho de percorrer. Esse caminho atravessa a extensão ilimitada e não tem fim; mas, para guiar-me na estrada infinita, tenho um guia seguro, a compreensão da lei de vida, progresso e amor que rege todas as coisas; aprendi a conhecer-me, a crer em mim e em Deus. Possuo, pois, a chave de toda elevação e, na vida imensa que tenho diante de mim, conservar-me-ei firme, inabalável na vontade de enobrecer-me e elevar-me, cada vez mais; atrairei, com o auxílio de minha inteligência, que é filha de Deus, todas as riquezas morais e participarei de todas as maravilhas do Cosmo.


Minha vontade chama-me: "Para frente, sempre para frente, cada vez mais conhecimento, mais vida, vida divina!" E com ela conquistarei a plenitude da existência, construirei para mim uma personalidade melhor, mais radiosa e amante. Saí para sempre do estado inferior do ser ignorante, inconsciente de seu valor e poder; afirmo-me na independência e dignidade de minha consciência e estendo a mão a todos os meus irmãos, dizendo- lhes:


Despertai de vosso pesado sono; rasgai o véu material que vos envolve, aprendei a conhecer-vos, a conhecer as potências de vossa alma e a utilizá-las. Todas as vozes da Natureza, todas as vozes do espaço vos bradam: "Levantai-vos e marchai! Apressai-vos para a conquista de vossos destinos!"

A todos vós que vergais ao peso da vida, que, julgando-vos sós e fracos, vos entregais à tristeza, ao desespero, ou que aspirais ao nada, venho dizer: "O nada não existe; a morte é um novo nascimento, um encaminhar para novas tarefas, novos trabalhos, novas colheitas; a vida é uma comunhão universal e eterna que liga Deus a todos os seus filhos."


A vós todos, que vos credes gastos pelos sofrimentos e decepções, pobres seres aflitos, corações que o vento áspero das provações secou; Espíritos esmagados, dilacerados pela roda de ferro da adversidade, venho dizer-vos:



Não há alma que não possa renascer, fazendo brotar novas florescências. Basta-vos querer para sentirdes o despertar em vós de forças desconhecidas. Crede em vós, em vosso rejuvenescimento em novas vidas; crede em vossos destinos imortais. Crede em Deus, Sol dos sóis, foco imenso, do qual brilha em vós uma centelha, que se pode converter em chama ardente e generosa!



Sabei que todo homem pode ser bom e feliz; para vir a sê-lo basta que o queira com energia e constância. A concepção mental do ser, elaborada na obscuridade das existências dolorosas, preparada pela vagarosa evolução das idades, expandir-se-á à luz das vidas superiores e todos conquistarão a magnífica individualidade que lhes está reservada.


Dirigi incessantemente vosso pensamento para esta verdade: podeis vir a ser o que quiserdes. E sabei querer ser cada vez maiores e melhores. Tal é a noção do progresso eterno e o meio de realizá-lo; tal é o segredo da força mental, da qual emanam todas as forças magnéticas e físicas. Quando tiverdes conquistado esse domínio sobre vós mesmos, não mais tereis que temer os retardamentos nem as quedas, nem as doenças, nem a morte; tereis feito de vosso eu inferior e frágil uma alta e poderosa individualidade!

sábado, 9 de agosto de 2014

A fé

(Grupo Espírita de Douai, 7 de junho de 1865)

A fé plana sobre a Terra, buscando uma pousada onde abrigar-se, buscando um coração para esclarecer. Onde irá ela?... Para começar, ela entrará na alma do homem primitivo e impor-se-á; porá um véu momentâneo sobre a razão que começa a desenvolver-se e vacila nas trevas do espírito. Ela conduzi-lo-á através das idades da simplicidade e far-se-á mestra pelas revelações. Mas, não estando ainda o raciocínio bastante amadurecido para discernir o que é justo do que é falso, para julgar o que vem de Deus, ela arrastará o homem para fora do reto caminho, tomando-o pela mão e pondo-lhe uma venda nos olhos. Muitos desvios, tal deve ser a divisa da fé cega que, entretanto, durante muito tempo teve sua utilidade e sua razão de ser.
Esta virtude desaparece quando a alma, pressentindo que pode ver com seus próprios olhos, a afasta e não mais quer marchar senão com a sua razão. Esta a ajuda a desfazer-se das crenças falsas que ela havia adotado sem exame. Nisto ela é boa. Mas o homem, encontrando em seu caminho muitos mistérios e verdades obscuras, quer desvendá-las e se atrapalha. Seu julgamento não pode acompanhá-la; ele quer ir muito depressa e a progressão em tudo deve ser gradual. Assim, não tem mais a fé que repeliu; não tem mais a razão que ele quis ultrapassar. Então ele faz como as borboletas temerárias; queima as asas na luz e se perde nos desvios impossíveis. Daí saiu a má filosofia que, buscando muito, fez tudo esboroar-se e nada substituiu.
Estava aí o momento da transformação. O homem não era mais o crente cego; também ainda não era o crente que racionaliza a crença; era a crise universal tão bem representada pelo estado da crisálida.
À força de procurar na noite, a claridade brilha, e muitas almas transviadas, encontrando com dificuldade a luz obscurecida por tantos desvios inúteis e retomando como guias seus condutores eternos: a fé e a razão, fazem-nos marchar à sua frente, a fim de que seus dois clarões reunidos impeçam-nos de perder-se uma segunda vez. Elas fazem assentar a fé sobre as bases sólidas da razão, ela própria ajudada pela inspiração.
É vossa oportunidade, meus amigos. Segui o caminho. Deus está no fim.

DEMEURE

Fonte:  Revista Espírita 1865

quinta-feira, 7 de agosto de 2014

NA EDIFICAÇÃO DA FÉ


Emmanuel

 
Ninguém edificará o santuário da fé no coração, sem associar-se, com toda alma, ao trabalho, naquilo que o trabalho oferece de belo e de superior dentro da vida.
                                                                     *
Para alcançar, porém, a divina construção, não nos basta os primores intelectuais, a eloqüência preciosa, o êxtase contemplativo ou a desenvoltura dos cálculos no campo da inteligência.
                                                                     *
Grandes gênios do raciocínio são, por vezes, demônios da tirania e da morte.
                                                                     *
Admiráveis doutrinadores, em muitas ocasiões, são vitrinas de palavras brilhantes e vazias.
                                                                     *
Muitos adoradores da Divindade, frequentemente, mergulham na preguiça a pretexto de cultuar a Glória Celeste.
                                                                     *
Famosos matemáticos, não raro, são símbolos de sagacidade e exploração inferior.
                                                                     *
Amemos o trabalho que a Eterna Sabedoria nos conferiu, onde nos situamos, afeiçoando-nos à sua execução sempre mais nobre, cada dia, e seremos premiados pela grande compreensão, matriz abençoada de toda a confiança, de toda a serenidade e de todo o engrandecimento do espírito.
                                                                     *
Para penetrar os segredos da estatuária, o escultor repete os golpes do buril milhões de vezes.
                                                                     *
Para produzir o vaso de que se orgulhará em sua missão bem cumprida, o oleiro demora-se infinitamente ao contato da argila.
                                                                     *
Para expor as peças com que enriquecerá o conforto humano, o carpinteiro, de mil modos, recapitulará o aprimoramento do tronco bruto.
                                                                     *
Não te queixes se a fé ainda te não cora a razão.
                                                                     *
Consagra-te aos pequeninos sacrifícios, na esfera de tuas diárias obrigações, à frente dos outros, cede de ti mesmo, exercita a bondade, inflama o otimismo por onde passes, planta a gentileza ao redor de teus sonhos, movimenta-te no ideal de sublimação que elegeste para lavo de teu destino...
                                                                     *
Aprende a repetir para que te aperfeiçoes...
                                                                     *
Não vale fixar indefinidamente as estrelas, amaldiçoando as trevas que ainda nos cercam.
                                                                     *
Acendamos a vela humilde de nossa boa vontade, no chão de nossa pobreza individual, para que as sombras terrestres diminuam e o esplendor solar sintonizar-se-á com a nossa flama singela.
                                                                     *
A tomada insignificante é o refletor da usina, quando ligada aos seus poderosos padrões de força.
                                                                     *
Confessemos Jesus em nossos atos de cada hora, renovando-nos com ELE, avançando felizes em SEU roteiro de renunciação, auxiliando a todos e servindo cada vez mais, em SEU NOME, e, de inesperado, reconheceremos nossa alma inundada por alegria indizível e por silenciosa luz...
                                                                     *
É que o trabalho de comunhão como o Mestre terá realizado em nós a Sua Obra Gloriosa e a fé perfeita e divina, por tesouro inalienável, brilhará conosco, definitivamente incorporada à nossa vida e ao nosso coração.

Da Obra “A Verdade Responde” – Espíritos: Emmanuel E André Luiz – Médium: Francisco Cândido Xavier
Digitado por: Lúcia Aydir
 

segunda-feira, 31 de março de 2014

Não desanimar

Não desanimar

Cabe-nos não desanimar; prosseguir com o espírito voltado para o bem, de tal forma, que as paixões primitivas cedam lugar às peregrinas virtudes descendentes do amor.
Desesperada, a criatura humana suplica misericórdia, e os céus generosos fazem chover sobre a terra as messes de misericórdia e de encorajamento para a vida.
Não vos deixeis contaminar pelos desequilíbrios que grassam, pelo vírus do horror, que leva a vida aos patamares mais sofridos. Erguei-vos em pensamentos e em ação Àquele que nos prometeu estar conosco em qualquer circunstância para que pudéssemos ter vida e vida em abundância.
Filhos da alma, vossos guias espirituais adejam ao vosso lado como aves sublimes de ternura, aguardando a oportunidade de manter convosco intercâmbio iluminativo.
Não vos permitais o luxo da negativa às suas inspirações gloriosas. Não recalcitreis ante o espinho cravado nas carnes da alma de que necessitais momentaneamente.
Desde quando conhecestes Jesus, tendes o descer de demonstrar-lhe fidelidade e amor, basta-vos abrir os sentimentos de fraternidade e de misericórdia para com todos aqueles que sofrem, perdoando-vos os equívocos e perdoando as agressões que vos chegam ameaçadoras.
Ninguém a sós, em nome desses espíritas, que comparecem a este evento há cinquenta e nove anos sucessivamente.
Nós vos conclamamos à diretriz de segurança para uma existência de paz. Amar! Sede vós aqueles que amam. Rejeitados, menosprezados e até perseguidos, aureolai-vos no amor para que se exteriorizem os sentimentos sublimes do Cordeiro de Deus e em breve possamos ver bebendo no mesmo córrego, o lobo e o cordeiro, os bons e os ainda maus, fascinados pela água pura do Evangelho libertador.
Ide em paz, meus filhos, retornai aos vossos lares e buscai a luz da verdade que dissipa a ignorância e que anula a treva.
Jesus conta convosco na razão direta em que com Ele contamos. Abençoe-nos o incomparável amigo Jesus e dê-nos a sua bênção de paz.
Com muito carinho, o servidor humílimo e paternal de sempre,
 
Bezerra.
Psicofonia de Divaldo Pereira Franco, na conferência de
encerramento da 59ª Semana Espírita de Vitória da Conquista, em 9.9.2012.
Em 24.1.2014.

quinta-feira, 27 de junho de 2013

Nem Prata, Nem Ouro, Mas ..."Não tenho prata nem ouro para te dar — esclareceu o Apóstolo — mas o que eu tenho dou-te: em nome de Jesus, o Nazareno, anda!..."

Nem Prata, Nem Ouro, Mas ...

Pairavam, na memória dos discípulos de Jesus, o doce encantamento das experiências ao Seu lado e as cruas quão dilacerantes cenas da Tragédia.
Reconfortados pela Sua ressurreição, cantavam-lhes nas almas as festivas reminiscências dos reencontros com o Amigo redivivo, em exuberante vitalidade, que nunca mais desapareceria das suas existências.
O palco imenso da rude e ingrata Jerusalém, onde se desenrolaram os acontecimentos quase inexplicáveis que o Gólgota exibira em hediondez e o túmulo não silenciara em sombras, agora era novo cenário, no qual ocorrências diferentes e multiplicadas aconteciam.
As notícias do retorno do Mestre produziram diferentes reações, como seriam de esperar-se: alegria e curiosidade nas massas, medo e perversidade nos culpados.
Desejando silenciar a Voz da Verdade, tomaram-na mais potente; pretendendo matar o Cantor, fizeram-nO mais vivo e objetivando anular-Lhe a mensagem abriram mais amplo espaço para fazê-lA ouvida.
Uma sucessão de eventos ditosos impediu que o esquecimento geral sepultasse a melodia de libertação do Conquistador Celeste, o que sacudia continuamente a opinião nas praças e assustava os habitantes soezes dos palácios e dominadores do Templo.
Jesus prosseguia vivo na memória geral e atuante em toda parte.
Fora visto em diferentes lugares, e os testemunhos eram insuspeitos.
Uma aragem perfumada espraiava-se pelas diferentes regiões e nelas Ele retomava, dialogando, cumprindo o anúncio da sobrevivência.
Ninguém, nem nada pudera detê-lO.
O ódio, que envilece, também cega; igualmente intoxica, e alucina.
O assassinato do Justo não bastara para os criminosos, que, desejando fazê-lO um traidor, criaram um mártir, planejando maculá-lO, desnudaram-Lhe a pureza, e crendo aniquilá-lo, abriram-Lhe as portas fantásticas da imortalidade com que confirmava todos os ditos e feitos.
A orgulhosa e fria Jerusalém fora erguida com pompa, e o seu Templo, sobre o monte Moriá, constituía o máximo da glória de Israel, que se ufanava do Deus único, embora subjugada pela águia romana, em cujas garras o mundo conhecido se debatia e estertorava.
A política vil e a ganância arbitrária se misturavam nas disputas governamentais dos poderes civil e militar, entregues aos romanos, e religioso, nas mãos hábeis dos sacerdotes, na sua maioria, inescrupulosos.
O poder e a miséria mesclavam-se, trocavam de lugar, qual ocorre ainda hoje.
Os átrios e a entrada do Templo suntuoso, desafiador, majestoso e extravagante nas ornamentações com que Salomão o engrandecera, após a sua construção por Zorobabel, e posterior destruição, permaneciam repletos de miséria: a moral — dos cambistas e vendedores; a mental — dos alucinados; a orgânica — dos enfermos; a econômica —dos pobres; a ociosa — dos desocupados e aventureiros.
No seu interior, entre liturgias e cerimoniais, a face gelada da religião formal confundia o temor a Deus e o ódio aos romanos, a indiferença pelas criaturas e a astúcia para manter o domínio sobre as consciências adormecidas.
Os perfumes rituais exalavam dos incensórios e trípodes espalhados por todos os lados, confundindo-se com a sudorese do poviléu e suas chagas abertas.
O país, porém, e a cidade, acorriam com a assiduidade exigida aos cultos que ali se celebravam, conforme o calendário estabelecido. Além dos dias festivos, que celebravam o cativeiro ou a libertação, o sofrimento no deserto ou as concessões divinas, também se apresentavam os ofícios habituais expostos pela Lei.
Foi num dia comum, igual a outro qualquer, ante as atividades da cidade febril e a monotonia da realização religiosa, que Pedro e João, dando prosseguimento à obediência exigida pela Tradição, subiram ao Templo para a oração da hora nona.
Esfervilhavam nas suas mentes as recordações de Jesus e a sinfonia das Suas palavras marcava os movimentos e o pulsar dos sentidos e do coração.
Os infelizes desfilavam suas misérias e as dores exibiam suas exulcerações.
Quase à Porta Formosa, rica de adornos, entrada especial para o interior das imponentes edificações do Templo, um coxo de nascença que era trazido ali para mendigar, vendo que eles iam entrar, implorou-lhes que lhe dessem esmola.
A esmola sempre foi um recurso da indignidade humana, que afronta aquele que a recebe e toma mesquinho quem a oferta.
Jesus subverteu-a, oferecendo o amor que dignifica e que liberta.
Pedro, recordando-se do Divino Médico e Benfeitor, tomado de compaixão, disse ao solicitante:
— Olha para nós.
Supondo que ia receber as migalhas habituais, o mendigo dirigiu-lhe o olhar e foi surpreendido com a dádiva incomum: — Não tenho prata nem ouro para te dar — esclareceu o Apóstolo — mas o que eu tenho dou-te: em nome de Jesus, o Nazareno, anda!
­Aconteceu muito rápido. Relâmpago que fere a noite escura e cinde-a, os fatos atropelaram-se para espanto geral.
Tomando-o pela mão direita o levantou; logo os seus pés e artelhos se firmaram; e, dando um salto, pôs-se de pé e começou a andar.
Ato contínuo, cantando louvores, ele entrou no Templo com os dois, andando e exaltando Deus.
Como era natural, a estupefação tomou conta das pessoas, que conheciam o pedinte da Porta Formosa, agora recuperado. Tomadas de espanto, acorreram a informar-se do acontecido.
Instaurava-se em definitivo o amanhecer da Nova Era.
O arrependido das negações erguia-se para demonstrar que o amor é a terapia por excelência e a misericórdia é a companheira que balsamiza todas as chagas da vida e do coração.
A Humanidade possui prata e ouro em abundância e misérias morais em quantidade.
Poucos distribuem esses valores e perdem-se entre os celerados, os carentes morais do mundo.
Alguns se liberam dessa escravidão e repartem um pouco.
Os verdadeiros cristãos, no entanto, que não possuem os tesouros que se gastam, se roubam, se perdem, despertam disputas e paixões, oferecem o que têm, distendem e promovem a criatura, impulsionando-a para a felicidade, para caminhar por si mesma no rumo da libertação.
Não doam coisas — doam-se.
Não possuem moedas, mas amor.
—Nem prata, nem ouro, mas...

Amélia Rodrigues
Divaldo Franco

terça-feira, 5 de março de 2013

BARTIMEU, O CEGO

BARTIMEU, O CEGO
"E Jesus, falando, disse-lhe: Que queres que te faça! E o cego lhe disse: Mestre, que eu tenha vista.
"E Jesus lhe disse: Vai, a tua fé te salvou. E logo viu, e seguiu a Jesus pelo caminho. (Marcos, 10:51-52)
Numa das suas andanças pelas cercanias de Jericó, o Mestre deparou com um cego chamado Bartimeu, que estava mendigando à beira da estrada.
Sabendo que o Senhor estava naquela região, Bartimeu levantou-se e começou a clamar: "Filho de Davi ! tem misericórdia de mim".
Muitos dos que estavam nas proximidades passaram a repreendê-lo para que cessasse aquele clamor, porém nada faz com que parasse de gritar. Jesus, parando a certa distância do cego ordenou que o chamassem. Ao ouvir o chamamento, cheio de ânimo, largou a sua capa, levantou-se e dirigiu-se para o lado em que ele estava.
Cheio de paciência, o Mestre interrogou-o: Que queres que te faça? E o cego lhe disse: "Senhor, que eu tenha vista". Diante dessa patente manifestação de fé, Jesus fez com que ele começasse a ver.
Aqui, mais uma vez, vemos o efeito da fé. Bartimeu evidentemente já tinha conhecimento dos atos praticados por Jesus e alimentava a esperança de encontrá-lo um dia, pois a sua maior ambição era poder ver. Ao tomar conhecimento da aproximação do Senhor, provocou grande alarido, conseguindo assim chamar a sua atenção, resultando dali a cura radical da sua cegueira.
Muita gente se surpreende pelo fato de Jesus ter restaurado a visão a todos os cegos, levantado todos os paralíticos e curado todos os leprosos que existiam naquela circunvizinhança.
Cumpre aqui ressaltar que todos os sofrimentos são consequências das transgressões cometidas pelo Espírito em vidas pretéritas. Podem-se contar nos Evangelhos as curas materiais operadas por Jesus Cristo. Elas foram em número insignificante, representando diminuta porcentagem face ao número de sofredores existentes na época, o que prova sobejamente que o Mestre não veio para curar enfermidades materiais, que são de efeito transitório, e que, face à lei de Deus, e em conseqüência das necessidades de reajuste, nem todos estavam em condições de serem curados.
Bartimeu, indubitavelmente, era cego há muitos anos, e uma cegueira tão prolongada havia-lhe conferido a oportunidade de resgatar seus erros do passado. Havia chegado a hora de merecer o benefício da cura, que veio por intermédio de Jesus.
Eis a razão pela qual nem todos podem receber de imediato aquilo que pedem a Deus ou aos seus Espíritos prepostos. Se ainda não saldaram seus débitos para com a justiça divina, não podem merecer alteração no curso de suas vidas, pois não houve ainda um esforço interior que justificasse o benefício solicitado.
Um outro aspecto dessa cura deve ser aqui lembrado. O Mestre veio para curar a cegueira da alma, para isso ele nos legou a mensagem viva do Evangelho. Felizes os que se interessam pela iluminação interior após terem entrado em contato com os ensinamentos evangélicos; devem encher-se de gozo, rejubilando-se e não admitindo que ninguém impeça a sua aproximação da luz.
Não é necessário ter apenas a visão material; importa sobretudo ter a visão das coisas nobilitantes do Espírito. Jesus curou Bartimeu, dando-lhe a graça da visão, porém não era esse o gênero de cura que viera trazer. Ele suspirava pela transformação íntima do homem através de um processo de reforma que ele judiciosamente denominou de "conquista do Reino dos Céus". Essa é a verdadeira iluminação da alma, é a cura permanente, que faz com que quem a receba jamais entre em trevas. Jesus desejava também que aqueles que eram autênticos "cegos que não queriam ver", passassem a ver, sentindo a extensão da sua mensagem imorredoura. Suspirava para que aqueles que nada viam em torno das coisas do Espírito, passassem a vê-las, sentindo a majestosidade dos seus ensinamentos.
Afirmou o Senhor: "quem me segue jamais andará em trevas", o que revela o sentido libertador dos Evangelhos. Essa afirmação de Jesus também está implícita numa outra expressão equivalente: "conhecereis a verdade e ela vos fará livres". Ora, quem conhecer a verdade que está de forma latente no manancial de luz que são os Evangelhos, libertar-se-á dos preconceitos, das superstições, das viciações, dos erros, e torna-se-á um ser compenetrado dos seus deveres de ordem espiritual, enquadrando-se entre aqueles que são na realidade os "filhos da luz".
Sentenciou ainda o Mestre: 'Se, porém, os teus olhos forem maus, o teu corpo será tenebroso. Se, portanto, a luz que em ti há são trevas, quão grandes serão tais trevas". Há necessidade de fazermos com que os nossos olhos reflitam aquilo que vai dentro de nossas almas. Se estivermos suficientemente iluminados interiormente, nossos olhos revelarão a serenidade e outras qualidades que traduzem a nossa evolução espiritual e então a lei do amor passará a presidir todos os nossos atos.
Quando, pois, tomarmos conhecimento da mensagem evangélica, devemos envidar todos os nossos esforços para assimilá-la. Não devemos permitir que alguém impeça os nossos movimentos nesse sentido, tomando como paradigma o cego Bartimeu, que ao ouvir dizer que Jesus estava se aproximando, passou a clamar, permitindo que ninguém opusesse obstáculo ao seu objetivo."
Paulo A. Godoy
Os Padrões Evangélicos

NÃO SE TURBE O VOSSO CORAÇÃO

NÃO SE TURBE O VOSSO CORAÇÃO
"Não se turbe o vosso coração; crede em Deus, crede também em mim". - Evangelho
O coração humano vive inquieto e aflito, precisamente porque carece de fé, a virtude que gera e mantém a serenidade de espírito, a segurança inabalável, qualquer que seja a conjuntura em que nos encontremos.

Por isso, o médico do corpo e da alma preceitua o remédio que cura todas as tribulações: Crede em Deus, crede também em mim.

Crer em Jesus é crer na Vida, no testemunho positivo, concreto e real do Universo, desse Universo do qual fazemos parte integrante; é crer na infinita criação, nos mundos e nos sóis de todas as grandezas cujo número incontáveis; é crer, em suma nas realidades externas e internas, isto é, que nos cerca e na vida que palpita em nosso eu, onde fala a inteligência, onde se manifesta a vontade, onde vibra o sentimento.

Crer em Deus é crer no Enviado de Deus, naquele através de cujo verbo nos é dado conhecer a verdade e em cujos exemplos podemos perceber e sentir o reflexo do maior e do mais excelente dos atributos divinos — o amor; crer em Jesus é crer na imortalidade comprovada na sua ressurreição e na ressurreição de todos os que tombam ao golpe inexorável da morte; crer em Jesus é crer na máxima sublimidade da vida, expressa em sua consagração a prol do bem e da felicidade de outrem.

A fé, portanto, que o Mestre inculca a seus discípulos é aquela que se funda na aprovação de fatos incontestáveis, visíveis e palpáveis, que afetam os sentidos e a razão, as restritas possibilidades do homem e as imensas possibilidades do espírito.
Essa fé nos conduz ao caminho da verdadeira Vida em sua expansão infinita e em sua eterna manifestação.

Nessa infinita expansão da sua eterna manifestação, a Vida revela o seu objetivo, que consiste em conduzir a criatura ao Criador, mediante a Lei incoercível da evolução.

Semelhante fé, em realidade, redime o pecador, elevando, enobrecendo e santificando as almas.

Não se turbe, pois, o nosso coração. Conquistemos paz e serenidade, firmeza e perseverança, crendo em Deus e no seu Cristo, através das provas animadas e veementes que a Vida mesma nos proporciona.
Vinícus

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Não vos inquieteis pelo dia de amanhã (...)"Quais as causas de a Humanidade haver chegado a tão deplorável desequilíbrio psíquico? A nosso ver, a causa é uma só: a falta de FÉ! Não dessas "fezinhas" denominacionais, estreitas, sectárias, que superabundam por aí, mas da FÉ mesmo, sem qualquer adjtivação, significando "confiança absoluta em Deus".(...)


"Não vos inquieteis pelo dia de amanhã, porque o dia de amanhã a si mesmo trará seu cuidado. Basta a cada dia a sua própria aflição" (Mateus, 6:34)
Ressalta à observação comum que os homens nunca viveram tão inquietos e amedrontados como na atualidade. Haja vista a quantidade fabulosa de drogas "tranquilizantes" que consomem.
Parece terem perdido completamente as esperanças de um futuro melhor, que algo terrível, qual espada de Dâmocles, lhes ameaça os destinos, e daí a angústia ou o desespero com que encaram "o dia de amanhã".
Alguns tentam dissimular esse estado de ânimo, procurando ganhar fortuna, de qualquer maneira, por ser o dinheiro o "abre-te", Sésamo" do prestígio social, por ensejar-lhes a satisfação de toda a sorte de prazeres, permitindo-lhes, enfim, "gozar a vida", antes que o mundo se acabe...
Ao impacto dos desenganos, ou por via da saciedade, tais quimeras, entretanto, logo se desfazem, quais bolhas de sabão, e, desiludidos frustrados, reconhecem afinal que nunca houve, realmente, nem paz nem alegria em seus corações.
Quais as causas de a Humanidade haver chegado a tão deplorável desequilíbrio psíquico? A nosso ver, a causa é uma só: a falta de FÉ!
Não dessas "fezinhas" denominacionais, estreitas, sectárias, que superabundam por aí, mas da FÉ mesmo, sem qualquer adjtivação, significando "confiança absoluta em Deus".
Sim, o que está faltando à Humanidade, para que ela se tranquilize e seja relativamente feliz, tanto quanto permitam as condições deste mundo de expiações e de provas, é, pura e simplesmente - FÉ EM DEUS.
Possuíssem os homens essa preciosa virtude, estivessem plenamente convictos da solicitude do Pai Celestial para com todas as Suas criaturas, e outra seria a maneira de reagirem à frente das vicissitudes da existência.
Compreenderiam que, sendo Deus a expressão máxima do Amor, só deseja o nosso bem, a nossa felicidade; assim, não desempara ninguém e sempre encontra meios de prover-nos do "pão de cada dia". Mas, como é também a Justiça perfeita, deixa que sintamos as consequências de nossos erros, para que os procuremos evitar, assim como permite que soframos o choque de retorno de nossas maldades, para que aprendamos a "não fazer aos outros aquilo que não queremos que nos façam".
Lembrados do que dizem as Escrituras: "Nenhum passarinho cairá por terra sem a vontade do Pai e até mesmo os cabelos de vossa cabeça estão todos contados" (Mateus, 10:29-30), conheceriam que tudo obedece aos soberanos desígnios de Deus.
Suportariam, então, pacientemente, toda e qualquer situação penosa que não pudessem remover, por sabê-la justo resgate de faltas pretéritas, quando não uma experiência útil e necessária à lapidação de suas almas, condição indispensável a que se aproximem do Criador, tornando-se particípes de Sua glória.
Coragem, pois.
Não nos deixemos vencer pelo desânimo, pelo pessimismo, pela descrença. Por maiores que sejam os nossos padecimentos no dia de hoje, lembremo-nos de que "amanhã será outro dia" e bem pode ser que Deus, em Sua misericórdia, lhes ponha fim.
Por outro lado, alijemos de nossa mente e de nosso coração pensamentos funestos, apreensões e temores, porquanto muitas e muitas vezes nos atormentamos à toa, por coisas que nunca chegam a realizar-se.
"Basta a cada dia a sua própria aflição."
Rodolfo Calligaris
Sermão da Montanha

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

A FÉ E AS MONTANHAS


"Se tivésseis fé como um grão de mostarda, diríeis a esta montanha:
passa-te daqui para acolá, e há de passar, e nada vos será impossível." - (Mateus, 17:19)
É evidente que não estava na cogitação do Mestre Jesus fazer com que os seus discípulos acreditassem que bastava ter uma fé robusta, para fazer com que uma montanha se transladasse de um lugar para outro, o que, obviamente, seria um milagre, e o milagre não existe nas coisas de Deus.

As montanhas que poderemos remover de nossa frente, pelo uso da fé, são as montanhas dos erros, das transgressões, das viciações, da avareza, do egoísmo, do orgulho e de todas as coisas negativas que denigrem os homens, as quais dormitam dentro dos corações. Pela fé em Deus poderemos aprimorar as nossas qualidades, fazendo surgir dentro de nós um homem novo, reformado, disposto a fazer com que o nosso proceder na Terra seja orientado sempre no caminho do bem, considerando-se que a prática das boas obras é o caminho mais curto para se conquistar a redenção espiritual.

Entretanto, no desenvolvimento de nossa vida terrena surgem diante de nós montanhas de aspectos diferentes, tais como:— as inúmeras montanhas representadas pelas provações e expiações terrenas, as enfermidades muitas vezes incuráveis, os tropeços representados pelo desemprego, pelos acidentes, pelas mutilações, pela fome, pelas calúnias assacadas contra a nossa integridade moral e também pelas investidas dos Espíritos trevosos, que atuam sobre nós, através das fascinações, das obsessões e das possessões;
— tais montanhas também devem ser escaladas, ultrapassadas, e isso se faz pela fé que depositamos na equitativa Justiça Divina; pela perseverança na prática do bem, pela conformação com os desígnios de Deus, pela resignação diante dos sofrimentos, não ignorando que dois são os caminhos que nos aproximam de Deus: a dor e o amor.

Pelo despertar de uma fé viva em seu coração, Maria Madalena removeu as montanhas das coisas negativas que, até então, vinham empolgando o seu Espírito, sob o império de entidades trevosas, que dela se haviam aproximado, chegando a perverter sua vida. Essa fé brotou em sua alma, quando o Mestre, referindo-se a ela, sentenciou: "Muitos pecados lhe são perdoados porque ela muito amou."

Paulo de Tarso, por sua vez, ultrapassou as montanhas do fanatismo e do falso zelo religioso, quando teve a visão do Espírito de Jesus, na Estrada de Damasco, e ouviu: "Saulo, Saulo, duro te é recalcitrar contra o aguilhão."

Apesar de a fé ser portentosa alavanca que nos ajuda a superar várias montanhas de males que ocorrem em nossa vida, por si só, ela não é suficiente para atingirmos a nossa redenção espiritual, comumente chamada de salvação.

Embora algumas religiões sustentem que a chamada salvação se consegue pela fé ou pela graça, Jesus Cristo apresentou um caminho diferente para se alcançar esse objetivo: "A cada um será dado segundo as suas obras", o que evidencia que somente a prática das boas obras encerra o potencial para galgarmos uma posição de relevo na vida futura, ou seja, na plenitude da vida eterna, desiderato esse que o Espírito passa a usufruir, após ter atingido a sua redenção, quando, então, passará a gozar do status de Espírito Puro.

Essa assertiva é corroborada por Paulo de Tarso, em sua Primeira Epístola aos Coríntios (13:1-3), quando escreveu: "Ainda que eu tivesse toda a fé de maneira que transportasse uma montanha, se eu não tivesse caridade isso nada seria."
Tiago Menor, em sua Espístola Universal, também escreveu: "Meus irmãos, que aproveitará se alguém disser que tem fé, e não tiver obras? Porventura a fé pode salvá-lo?" (cap. 2:14)
"Assim, também, a fé, se não tiver obras, é morta em si mesma." (Cap. 2:17)
"Tu tens a fé e eu tenho as obras, mostra-me a tua fé sem as tuas obras e eu te mostrarei a minha fé pelas minhas obras."(Cap. 2:18)
"Assim como o corpo sem o Espírito está morto, assim também a fé sem obras é morta". (Cap. 2:26)
O Apóstolo Pedro, também, em sua Primeira Epístola, (cap. 4:8) afirmou: "A Caridade cobre a multidão do pecados".
A REDENÇÃO ESPIRITUAL é atingida quando, através da multiplicidade das existências, o Espírito tiver se libertado "pelo conhecimento da Verdade", conforme exarado por Jesus Cristo; quando o homem tiver removido todas as montanhas que impedem a sua ascenção rumo a Deus, tais como o obscurantismo, as supertições, o egoísmo, a avareza, o orgulho, o ódio, a inveja e tantas outras viciações que o acometem, no decurso do seu processo evolutivo, e retardam a sua aproximação do Criador de todas as coisas, do Senhor do Céu e da Terra.
Paulo A. Godoy