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terça-feira, 11 de setembro de 2012

Para amar o próximo

RICHARD SIMONETTI
Na célebre passagem evangélica, pergunta o doutor da Lei (Mateus, 22:36-40):
– Mestre, qual é o grande mandamento na Lei?
Responde Jesus:
– Amarás o senhor teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento.
Este é o primeiro e grande mandamento.
E há o segundo, semelhante ao primeiro: Amarás o teu próximo como a ti mesmo.
Nesses dois mandamentos estão a lei e os profetas.
Quando Jesus fala que o segundo é semelhante ao primeiro, demonstra, evidentemente, que não
podemos amar a Deus sem amar o próximo, porquanto não há melhor maneira de demonstrar afeto
por alguém do que querendo bem ao seu filho.
Impensável alguém dirigir-se a um pai, nestes termos:
– Gosto muito de você, mas detesto seu filho!
E Jesus estabelece a medida com a qual devemos amar o próximo
para que estejamos amando a Deus: que o façamos como a nós mesmos.
É fácil perceber a razão pela qual não amamos o próximo – é que não amamos a nós mesmos.
A característica básica da personalidade humana é o egoísmo, e onde ele impera pode haver paixão,
mas dificilmente haverá lugar para o amor.
A paixão situa-se nos domínios dos instintos, procura apenas a autoafirmação, o prazer a qualquer
preço, sem perspectivas além da hora presente, e sem aspirações mais nobres.
O amor situa-se nos domínios do sentimento e só se satisfaz com os valores da dedicação, do
sacrifício, da renúncia, das realizações mais nobres em favor do ser amado.
É a paixão por si mesmo que leva o indivíduo a buscar a satisfação dos sentidos no vício e no
desregramento...
É a paixão por si mesmo que lhe inspira a ânsia de poder e riqueza...
É a paixão por si mesmo que o faz comportar-se como uma criança, habituada a bater os pezinhos
e a reclamar em altas vozes porque não lhe deram o brinquedo desejado, porque a Vida não
atendeu às suas aspirações...
Em lugar dessa paixão desvairada que tanto nos compromete é preciso edificar o amor.
O caminho é a caridade, a ser exercitada em duas frentes: o corpo e o Espírito.
O corpo humano é, talvez, a maior maravilha da Criação, no plano da matéria.
Jamais os cientistas deixarão de surpreender-se com essa incrível máquina de peças vivas que permite
a manifestação da inteligência na Terra.
É uma máquina perfeita em suas finalidades, facultando ao Espírito uma bolsa de estudos na escola
da Reencarnação, em abençoado recomeço, sem a lembrança do passado a fim de que supere
desvios e fixações que precipitaram seus fracassos no pretérito.
Todavia, em relação ao corpo assemelhamo-nos a um motorista descuidado, que usa e abusa de
seu automóvel, sem a mínima noção de seu funcionamento, de suas necessidades, das regras de
trânsito, dos cuidados indispensáveis à sua conservação.
Quantas pessoas saberiam explicar o mecanismo da circulação sanguínea?
Quantas têm noção de como os nossos olhos fotografam o mundo exterior para que o cérebro veja?
Quantas compreendem o funcionamento do metabolismo orgânico, de assimilação e eliminação
de substâncias?
No entanto, o conhecimento elementar de Fisiologia é indispensável para que possamos compreender
as necessidades essenciais da máquina física, dentre as quais destacaríamos:
Regime alimentar.
Trabalho disciplinado.
Repouso adequado.
Exercícios físicos e respiratórios.
Cuidados de higiene.
Tudo isso é indispensável à preservação da economia orgânica, a fim de que nos movimentemos
bem na Terra, desfrutando dos dons da saúde, indispensáveis ao bom aproveitamento da jornada humana.
No entanto, raros se comportam assim.
Inspirados na eterna paixão por nós mesmos, cogitamos apenas dos prazeres da hora presente.
O fumo tranquiliza.
O alimento pesado satisfaz o paladar.
O álcool desinibe.
As drogas fazem o céu artificial.
Não importa que a saúde seja arruinada, que dificultemos a jornada, que abreviemos a existência.
E para que exercícios físicos e respiratórios, trabalho disciplinado, regime alimentar, repouso
adequado, cuidados de higiene?...
Deixa pra lá! Tudo isso é tão cansativo e maçante!
O resultado é que há muita gente com distúrbios digestivos, hipertensão arterial, úlcera gástrica,
excesso de peso, colesterol elevado, coração ameaçado, pulmões comprometidos…
– É o nosso carma! São as doenças escolhidas para o resgate do passado...
Ledo engano, leitor amigo.
É simplesmente falta de caridade para com o nosso corpo, essa máquina maravilhosa que Deus
nos oferece para as experiências na Terra, do qual teremos que prestar contas um dia.
E quanto ao Espírito imortal?
Fomos criados por Deus para sermos partícipes na obra da Criação, desfrutando a felicidade
suprema de uma plena integração nos ritmos do Universo, em comunhão com o Senhor.
Mas Deus não quer autômatos, cérebros programados. Somos seus filhos, dotados de suas
potencialidades criadoras, e Ele nos fez livres para desenvolvê- -las com nossos próprios esforços,
a fim de valorizarmos nossas aquisições.
Todavia, ante tão grandioso futuro, perdemo-nos nas vacilações do presente, empolgados pela paixão
de nós mesmos.
Procuramos a felicidade plena em valores falsos, no imediatismo terrestre, esquecidos de que a felicidade
é uma construção grandiosa demais para ser alicerçada sobre
ilusões.
A caridade para com o nosso Espírito é a ação em termos de vida eterna.
É considerar que somos imortais, que já vivíamos antes do berço e continuaremos a viver, depois do
túmulo. Consequentemente, nossos interesses maiores, nossas ações mais constantes devem girar em
torno de quem viverá para sempre, não do ser efêmero que voltará ao pó, conforme a expressão bíblica.
É buscar aqueles valores que, segundo Jesus, as traças e a ferrugem não consomem nem os ladrões
roubam, formados pela cultura, o conhecimento, a virtude, a sabedoria, o exercício do Bem...
Exercitando a caridade com o corpo, habilitamo-nos a aproveitar
integralmente o tempo que o Senhor nos concede para as experiências humanas...
Exercitando a caridade com o Espírito, cumprindo as metas que determinaram a jornada terrestre,
habilitamo-nos a estágios mais altos de espiritualidade.
Atendendo às necessidades do binômio corpo-espírito exercitaremos plenamente o amor a Deus
sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos.
Oportunas, caro leitor, para finalizar, as observações de Kardec
(Viagem Espírita em 1862, “Discursos Pronunciados nas Reuniões Gerais dos Espíritas de Lyon e Bordeaux”, Ed. FEB, p. 87):
[...] Ensinai, pois, a caridade e, sobretudo, pregai pelo exemplo; é a âncora de salvação da sociedade. Só
ela pode realizar o reino do bem na Terra, que é o reino de Deus; sem ela, o que quer que façais, só criareis
utopias, das quais só vos resultarão decepções.
Se o Espiritismo é uma verdade, se deve regenerar o mundo, é porque tem por base a caridade.
[...]
 Reformador • Junho 2010


Perdoa
Recebe a provação de alma serena.
Desculpa todo golpe que te doa.
Guarda contigo a paz singela e boa,
Inda mesmo ante a voz que te condena.
Tudo no mundo é caridade plena.
A fonte beija a pedra que a magoa.
A estrela mostra o brilho na lagoa.
A rosa enfeita o acúleo que envenena.
A árvore esquece o vento que a desnuda.
A Terra inteira serve, humilde e muda.
A chuva desce ao bojo da cisterna...
Perdoa e quebrarás grilhões e algemas,
Buscando, enfim, as vastidões supremas
Para a glória do amor na vida eterna.

Fonte: XAVIER, Francisco C.; VIEIRA, Waldo. Antologia dos imortais. Poetas diversos.
4. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2002. p. 96-97.

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