O BEM-AVENTURADO
André Luiz
Na paisagem invadida de
sombras, a multidão sofria e lutava por encontrar uma porta libertadora.
Na movimentação dos
infelizes, surgiam conflitos e padecimentos, incompreensões e entraves que
somente serviam para acentuar a penúria e o medo, as aflições e as feridas
reinantes no caminho.
Alguns beneméritos
apareceram com o objetivo de solucionar o enigma da região.
Culto orientador
intelectual elevou-se à grande tribuna, envolvida igualmente de trevas, e
procurou instruir e consolar a campacta fileira de sofredores, conquistando o
respeito geral; contudo, nem todos lhe compreenderam as palavras e áridas
discussões se fizeram no vale da espessa neblina.
Veio um grande benfeitor
e, compadecido, distribui vasta provisão de alimento e agasalho aos famintos e
aos nus, merecendo o aplauso de muitos; entretanto, achava-se limitado às
possibilidades individuais e não pode atender a todos, perseverando o império da
dor no círculo popular.
Surgiu um médico e
dispôs-se a curar os corpos doentes e amparou a comunidade, quanto lhe foi
possível, recebendo expressivo reconhecimento público; mas não conseguiu
satisfazer a exigência total do extenso domínio de sombras, mantendo-se o vale
na antiga situação de expectativa e discórdia.
Apareceu um filósofo e
aconselhou regras especiais de meditação, atraindo o carinho e a gratidão dos
pesquisadores intelectualizados; no entanto, era incapaz de resolver todos os
problemas e a paisagem prosseguiu dolorosa e escura.
Mas, surgiu um homem de
boa vontade que, depois de recolher bênçãos e valores, no serviço aos
semelhantes, acendeu uma luz no próprio coração.
Maravilhoso milagre
surpreendeu o vale inteiro.
Nem mais contendas, nem
mais reclamações.
Precipitou-se a multidão
para a claridade daquele que soubera transformar-se em lâmpada viva e brilhante,
descortinando a estrada libertadora.
Tal benfeitor correspondia
à exigência de todos e solucionara o problema geral.
E, por bem-aventurado,
avançou para a frente, com o poder de guiar e auxiliar, por haver improvisado em
si mesmo o poder silencioso de amar e servir.
Não duvidemos, em nossas
dificuldades, de aprender e ensinar, recebendo as luzes do Alto e
distribuindo-as no grande vale da luta humana.
Todos os títulos de
fraternidade e benemerência são veneráveis, mas, o coração que se une ao Cristo
e se converte em luz para todos os companheiros da romagem terrestre é, sem
contestação, o autor feliz da caridade maior.
LIVRO:
APOSTILAS DA VIDA - PSICOGRAFIA CHICO XAVIER
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