EADE - LIVRO I
ROTEIRO
19
Objetivos
• Identificar os principais ensinamentos existentes em Atos
dos Apóstolos.
IDÉIAS PRINCIPAIS
CRISTIANISMO E ESPIRITISMO
MÓDULO II - O CRISTIANISMO
• Atos dos Apóstolos é um dos livros do Novo Testamento, escrito em
grego pelo
evangelista Lucas, o autor do 3º
evangelho. Este livro contém a história do
Cristianismo, desde a ascensão
de Jesus Cristo, até a chegada de Paulo, em Roma,
segundo dizem, no ano 63. [...] Consta de 28 capítulos. Cairbar Schutel: Vida e
Atos dos Apóstolos, p.14.
• O terceiro evangelho e o livro dos Atos [dos Apóstolos] eram primitivamente
as duas partes de uma só
obra. [...] Os doze primeiros capítulos do
livro dos
Atos contam a vida da primeira
comunidade reunida ao redor de Pedro depois
da Ascensão [capítulo 1 a 5] e os inícios de sua expansão graças às iniciativas
missionárias de Filipe (8:4-40)
e dos “helenistas” (6: 1-8; ; 11:19-30; 13:1-3), e
enfim do próprio Pedro (9:32;
11; 18) [...]. Para a segunda parte dos Atos, o autor
teria usado os relatos da
conversão de Paulo, de suas viagens missionárias, e de
sua viagem por mar para Roma
como prisioneiro. Bíblia de Jerusalém: introdução
aos Atos do Apóstolos, p.
1896-1897.
ATOS DOS APÓSTOLOS (1)
298
Estudo
Aprofundado da Doutrina Espírita
1. Atos dos apóstolos
1.1 - Informações históricas
Atos dos Apóstolos é um dos
livros do Novo Testamento, escrito em grego pelo evangelista
Lucas, o autor do terceiro
evangelho. Este livro contém a história do Cristianismo,
desde a ascensão de Jesus
Cristo, até a chegada de Paulo, em Roma, segundo dizem, no
ano 63 [...]. Consta de 28
capítulos. Se quisermos resumi-lo, nele veríamos a história da
fundação dos primeiros
núcleos cristãos (igrejas) até a morte de Herodes: o cumprimento
de muitas promessas do
Cristo; a prova da ressurreição e aparições do Divino Mestre;
a difusão do Espírito no
cenáculo de Jerusalém [Pentecostes]; o desinteresse, a caridade
dos primeiros apóstolos,
enfim, o que sucedeu a estes até a sua dispersão, para pregarem
o Evangelho em todos os
lugares ao seu alcance. 8
Consta na Bíblia de
Jerusalém, várias informações sobre origem, organização,
autoria e princípios
doutrinários de Atos dos Apóstolos.
O terceiro evangelho e o
livro de Atos eram primitivamente as duas partes de uma só
obra, à qual daríamos hoje
o nome de “História das origens cristãs”. Logo o segundo livro
ficou conhecido com o
título de “Atos dos apóstolos” ou “Atos de apóstolos”, conforme o
modo da literatura
helenística que conhecia os “Atos” de Aníbal, os “Atos” de Alexandre
etc.; no cânon do NT [Novo
Testamento] é separado do evangelho de Lucas pelo de João,
que é interposto. A relação
original desses dois livros do NT é indicada por seus Prólogos
e por seu parentesco
literário. O Prólogo dos Atos, que se dirige como o do terceiro
evangelho (Lc. 1,1-4), a
certo Teófilo (At. 1,1) remete a esse evangelho como o “primeiro
livro”, de que ele resume o
objeto e retoma os últimos acontecimentos (aparições do
Ressuscitado e Ascensão)
para encadeá-los à seqüência do relato. A língua é outro laço
que liga estreitamente os
dois livros um ao outro. Não somente suas características (de
SUBSÍDIOS
MÓDULO II
Roteiro 19
299
Estudo
Aprofundado da Doutrina Espírita
EADE - Roteiro 19 - Atos dos apóstolos (1)
vocabulário, de gramática e
de estilo) se reencontram ao longo dos Atos, estabelecendo
a unidade literária dessa
obra, mais ainda se reconhecem no terceiro evangelho, o que
não permite mais duvidar
que um mesmo autor escreve, aqui e lá. 1
Atos dos apóstolos têm um
único destinatário, explicitamente nomeado:
é Teófilo, a quem o
evangelho de Lucas também foi dedicado. (Lucas,1:3)
Não sabemos praticamente
nada sobre ele. Sua designação “excelentíssimo” pode assinalálo
como um membro da ordem
eqüestre (a segunda ordem mais elevada na sociedade
romana), ou ser
simplesmente um título de cortesia. Seria possível vê-lo como um representante
da classe média de Roma, a
quem Lucas desejava apresentar uma exposição
confiável da ascensão e do
progresso do Cristianismo. 6
Desde o ano 175 há um
consenso das igrejas em aceitar Lucas como o autor
dos Atos dos Apóstolos.
Este consenso está impresso no documento romano,
chamado “Cânon Muratori” e
nos seguintes Prólogos: o “Antimarcionita”, o
de santo Irineu, o de
Tertuliano e os Alexandrinos. 1
Segundo seus escritos, o
autor deve ser cristão da geração apostólica, judeu bem helenizado,
ou melhor, grego de boa
educação, conhecendo a fundo as realidades judaicas e a
Bíblia grega [Septuaginta].
Ora, o que sabemos de Lucas a partir das epístolas paulinas
concorda bem com esses
dados. Ele é apresentado pelo Apóstolo como companheiro
querido que está ao seu
lado durante seu cativeiro. (Colossenses, 4: 10-14; Filemon, 24;
II Timóteo, 4:11) Lucas é
de origem pagã (de Antioquia na Síria, segundo uma antiga
tradição), e médico, o que
implicaria certa cultura [...]. Para fixar a data em que se escreve,
não encontramos nada de
firme na tradição antiga. O livro termina com o cativeiro
romano de Paulo,
provavelmente 61-62. Em todo caso sua composição deve ser posterior
à do terceiro Evangelho
(antes de 70? ou por 80? mas nada impõe uma data posterior a
70) [...]. Antioquia e Roma
são propostas como lugar de composição. 1
Há indicações de que Lucas,
ao escrever os Atos dos Apóstolos, estaria
movido por um objetivo,
além de apenas registrar informações sobre a igreja
cristã primitiva. Teria
procurado conciliar as críticas e tendências adversas ao
Cristianismo, surgidas em
decorrência da pregação de Pedro e de Paulo.
1.2 - Estrutura dos atos dos
apóstolos
A despeito da atividade
literária, sempre vigilante, que imprimiu em todo lugar a sua
marca e assegura a unidade
do livro, percebem-se, facilmente, algumas correntes principais
nas tradições recolhidas
por Lucas. Os doze primeiros capítulos do livro dos Atos
contam a vida da primeira
comunidade reunida ao redor de Pedro depois da Ascensão
300
Estudo
Aprofundado da Doutrina Espírita
EADE - Roteiro 19 - Atos dos apóstolos (1)
(1-5), e os inícios de sua
expansão graças às iniciativas missionárias de Filipe (8:4-40)
e dos “helenistas” (6:1-8,
3; 11:19-30; 13:1-3), e, enfim, do próprio Pedro (9,32, 11,18).
As tradições petrinas
subjacentes seriam aparentadas ao “evangelho de Pedro”, que é
conhecido na literatura da
Igreja antiga. Para a segunda parte dos Atos, o autor teria
usado os relatos da
conversão de Paulo, de suas viagens missionárias, e de sua viagem
por mar para Roma como
prisioneiro. 2
Na escritura de Atos dos
Apóstolos, Lucas emprega, corriqueiramente, a
primeira pessoa do plural.
Dessa forma, muitos exegetas viram, no “nós”, uma
prova de que Lucas teria
acompanhado Paulo nas segunda e terceira viagens,
bem como na que Saulo fez,
por mar, a Roma.
Entretanto, é notável que
Lucas nunca é mencionado por Paulo como companheiro de
sua obra de evangelização.
Esse “nós” parece mais o traço de um diário de viagem feito
por um companheiro de Paulo
(Silas?) e utilizado pelo autor de Atos. 3
De qualquer forma, o
trabalho realizado por Lucas foi ao mesmo tempo
excepcional quanto
fascinante. Nos fornece uma visão geral do trabalho realizado
pelos primeiros cristãos,
as suas lutas, desafios e extrema dedicação à
causa do Cristo.
O valor histórico dos Atos
dos apóstolos não é igual. De uma parte, as fontes de que Lucas
dispunha não eram
homogêneas; de outra, para manejar as suas fontes, Lucas gozava de
liberdade muito grande
segundo o espírito da historiografia antiga, subordinando seus
dados históricos a seu
desígnio literário e sobretudo a seus interesses teológicos. 3
A descrição das viagens de
Paulo muito nos esclarecem sobre a vida no
primeiro século da Era
Cristã: «administração romana, cidades gregas, cultos,
rotas, geografia política,
topografia local.» 3
De valor histórico também
inestimável são os relatos que Lucas nos
transmite sobre a
organização e administração da igreja cristã primitiva, assim
como a forma como se
realizava a pregação nas comunidades cristãs nascentes,
em que se utilizava,
essencialmente da prédica ou explanação discursiva.
Essa prédica tinha como
base o kerygma [ensinamento essencial]: a pregação
doutrinária dos apóstolos,
a fé em Jesus Cristo — o Messias crucificado e
ressuscitado, o servidor
divino, um novo Moisés e um novo Elias. 3 (Atos dos
Apóstolos, 2:24-32;
3:13-26; 4:27-30; 7:20, 8:32-33; 13:34-36)
Atos dos Apóstolos
demonstram, com clareza, como se realizou a propagação
das idéias cristãs.
301
Estudo
Aprofundado da Doutrina Espírita
EADE - Roteiro 19 - Atos dos apóstolos (1)
1. A pregação dos apóstolos
representava as “testemunhas” confiáveis
dos ensinamentos do Cristo
(Atos dos Apóstolos, 1:8; 2: 1-41), a despeito das
imperfeições que ainda
possuíam.
Todos os Apóstolos do
Mestre haviam saído do teatro humilde de seus gloriosos ensinamentos;
mas, se esses pescadores
valorosos eram elevados Espíritos em missão,
precisamos considerar que
eles estavam muito longe da situação de espiritualidade do
Mestre, sofrendo as
influências do meio a que foram conduzidos. 11
2. Formação e
desenvolvimento da Igreja de Jerusalém (1:1-5, 42): os
integrantes da Igreja de
Jerusalém reuniram-se, primeiro, ao redor de Pedro
e, posteriormente, de Tiago
Maior, mas permaneceram fieis à tradição judaica.
(Atos dos Apóstolos,
15:1-5; 21:20) Esse fato dificultou a adesão dos gentílicos,
provocando muitas
discussões, sobretudo entre os judeus helenistas. 7 Os
helenistas eram judeus
convertidos ao Cristianismo, que não aceitavam a Lei
Judaica, nem seus ritos e
práticas.
Tão logo se verificou o
regresso do Cordeiro às regiões da Luz, a comunidade cristã, de
modo geral, começou a
sofrer a influência do judaísmo, e quase todos os núcleos organizados,
da doutrina, pretenderam
guardar feição aristocrática, em face das novas igrejas
e a associações que se
fundavam nos mais diversos pontos do mundo. 12
3. A ascensão e atividade
dos judeus helenistas na Igreja de Jerusalém. Esta
questão, colocada no
Concílio de Jerusalém, foi muito debatida, optando-se,
então, por uma solução
conciliadora. Por exemplo, foi dispensada aos convertidos
a necessidade de realizar a
circuncisão. Pedro, Tiago, Barnabé e Paulo
muito contribuíram para
conciliar as diferentes correntes de idéias existentes
no Cristianismo nascente.
Mesmo assim, os helenistas foram perseguidos e
expulsos de Jerusalém pelos
judeus não convertidos. Um helenista, muito
famoso, foi Estevão, preso
e morto por apedrejamento, sob as ordens de Saulo
de Tarso. 4 (Atos dos Apóstolos,
6:1-15; 15:1-31)
A doutrina do crucificado
propaga-se com a rapidez de um relâmpago. Fala-se dela tanto
em Roma como nas gálias e
no norte da África. Surgem os advogados e os detratores. Os
prosélitos mais eminentes
buscam doutrinar, disseminando as idéias e interpretações. As
primeiras igrejas surgem ao
pé de cada Apóstolo, ou de cada discípulo mais destacado
e estudioso. 10
4. A pregação apostólica
procura, junto aos judeus, mostrar que Jesus é o
Messias esperado,
exortando-os a não resistirem ao recebimento desta graça:
302
Estudo
Aprofundado da Doutrina Espírita
EADE - Roteiro 19 - Atos dos apóstolos (1)
aceitar o Cristo como o
Enviado de Deus (Atos dos Apóstolos, 1:1-11; 7:2-53;
13:16-41). A pregação junto
aos povos politeístas, por outro lado, tenta justificar
a supremacia do amor do
Cristo. (Atos dos Apóstolos,14:15-17; 17:22-31)
Doutrina alguma alcançara
no mundo semelhante posição, em face da preferência das
massas. É que o Divino
Mestre selara com exemplos as palavras de suas lições imorredouras.
10
Os povos antigos eram submetidos
a contínuas privações, morais e materiais,
sobretudo a maioria deles,
que era escrava. Dessa forma, a mensagem
cristã surgia como um
alento, um raio de esperança.
Em virtude dos seus
postulados sublimes de fraternidade, a lição do Cristo representava
o asilo de todos os
desesperados e de todos os tristes. As multidões dos aflitos pareciam
ouvir aquela misericordiosa
exortação: – “vinde a mim, vós todos que sofreis e tendes
fome de justiça e eu vos
aliviarei” – e da cruz chegava-lhes, ainda, o alento de uma esperança
desconhecida. 9
5. Fazia parte das
atividades doutrinárias da igreja cristã primitiva o
culto de ação de graças.
Esse culto caracterizava-se pelas das pregações dos
apóstolos, seguida de
comunhão fraterna, pela prece e pela partilha do pão e
dos bens. (Atos dos
Apóstolos, 2:42-47). Envolvidos pelo espírito da caridade,
abnegação e fraternidade
que a mensagem cristã lhes transmitia, os primeiros
cristãos procuravam
conviver de forma solidária: “Tudo possuíam em comum”
e “eram queridos de todo o
povo”. 4 (Atos dos Apóstolos, 2:44-47; 4:32-36)
303
Estudo
Aprofundado da Doutrina Espírita
1. BIBLIA DE JERUSALÉM.
Nova edição, revista e ampliada. São Paulo: Paulus,
2002. Item: Introdução ao
Atos dos Apóstolos. p. 1896.
2. ______. p. 1896.-1897.
3. ______. p. 1897.
4. DICIONÁRIO DA BÍBLIA.
Vol. 1: as pessoas e os lugares. Organizado por
Bruce M. Metzger, Michael D. Coogan. Traduzido por Maria Luiza X. De
A. Borges. Rio de Janeiro:
Zahar, 2002, Item: Lucas, p. 186.
5. ______. p. 186-187.
6. ______. p. 187.
7. DENIS, Léon. Cristianismo e espiritismo. Tradução de Leopoldo Cirne. 12.
ed. Rio de Janeiro: FEB,
2004. Cap. I (Origem do evangelho), item 4 (Doutrina
secreta), p. 60-61.
8. SCHUTEL, Cairbar. Vida e atos dos apóstolos. 9. ed. Matão: O Clarim, 2001.
Item: Atos dos apóstolos,
p. 14.
9. XAVIER, Francisco
Cândido. A caminho da luz. Pelo Espírito Emmanuel.
32. ed. Rio de Janeiro:
FEB, 2005. Cap. 14 (A edificação cristã), item: Os
primeiros cristãos, p.
121-122.
10. ______. Item: A
propagação do Cristianismo, p.123.
11. ______. Item: A missão
de Paulo, p. 125-126.
12. ______. p. 126.
REFERÊNCIAS
EADE - Roteiro 19 - Atos dos apóstolos (1)
304
Estudo
Aprofundado da Doutrina Espírita
Fazer uma exposição
introdutória, que proporcione
uma visão panorâmica do roteiro.
Em
seguida, solicitar aos
participantes que formem
pequenos grupos para
leitura, troca de idéias e
síntese dos principais
pontos dos subsídios deste
Roteiro. Ao final, destacar
a importância de Atos
do Apóstolos na organização
e difusão do Cristianismo.
ORIENTAÇÕES AO MONITOR
EADE - Roteiro 19 - Atos dos apóstolos (1)
305
Estudo
Aprofundado da Doutrina Espírita
EADE - LIVRO I
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