"SOZINHOS
ASCENDEREMOS AO NOSSO CALVÁRIO"
No
apogeu de Sua missão terrena, Jesus Cristo dirigiu-se ao Horto de Getsêmani,
levando em companhia os apóstolos Tiago, Pedro e João. Ali chegado,
deixou os companheiros a uma curta distância e, indo um pouco mais além,
prostrou-se em terra e formulou ardente prece a Deus, quando suplicou que se
fosse possível passasse dele aquele cálice, acrescentando, no
entanto, que prevalecesse a vontade do Pai e não a sua.
Após
fazer a primeira rogativa, voltou ao lugar onde estavam os três apóstolos,
encontrando-os dormindo. Acordou-os, dizendo: "Então nem uma hora
pudestes vós velar comigo? Vigiai e orai, para que não entreis
em tentação; na verdade o Espírito está pronto,
mas a carne é fraca".
Fazendo
a sua segunda prece, suplicando a mesma coisa ao Criador, voltou e novamente
encontra os seus discípulos em profundo sono. Acordou-os e foi orar pela
terceira vez. Voltando, disse aos Seus companheiros: "Dormi agora, e repousai;
eis que é chegada a hora de o Filho do homem ser entregue nas mãos
dos pecadores. Levantai-vos, vamos" (Mateus 26:38-46).
Muita
gente se surpreende com a fragilidade dos três apóstolos, dormindo
assim tão profundamente num momento tão importante, deixando de
secundar o Mestre em suas rogativas . . Alguns chegam a afirmar que eles foram
influenciados por espíritos trevosos, interessados em ver malograda a
missão de Jesus.
O
evangelista Lucas (22:45) afirma que eles "dormiram de tristeza".
Marcos e Mateus afirmam que "Seus olhos estavam pesados
". João, um dos que dormiram, narra apenas "que Jesus e os
Sus discípulos se dirigiram a um horto, além do ribeiro de Cedron".
O
Espírito Irmão X, no livro A Boa Nova, afirma que o sono dos Apóstolos,
naquela hora cruciante, aconteceu para que o Mestre ensejasse um novo ensinamento:
"que cada Espírito na Terra tem de ascender sozinho ao Calvário
de sua redenção, muitas vezes com a despreocupação
dos entes mais amados do mundo. O discípulo do futuro compreenderá
que a sua marcha tem de ser solitária, uma vez que seus familiares e
companheiros de confiança se entregam ao sono da indiferença."
Na
realidade, o drama cruciante que se avizinhava teria de ser vivido unicamente
por Jesus Cristo. Posteriormente, os três apóstolos. cada um de
per si, se defrontariam com o batismo de fogo dos martírios, cada um
deles também teria o seu calvário.
A
História dá-nos conta de que Pedro e Tiago foram vítimas
de morte violenta, apenas João experimentou o seu drama em prolongado
e penoso exílio na ilha grega de Patmos, onde desencarnou em avançada
idade.
O
sono dos apóstolos, naquele momento extremo da oração do
Horto, é bastante esquisito. Se eles acompanharam o Mestre a fim de secundá-Lo
naquela hora, por que teriam sido acometidos de sono tão intenso: Influências
de espíritos trevosos: Tristeza: Indiferença pela sorte do Cristo:
Sono real?
Os
três apóstolos. Pedro, Tiago e João, eram sempre os escolhidos
para acompanharem o Mestre nos acontecimentos mais notáveis e marcantes
de Seu messiado. Eram criaturas dotadas de mediunidade em grau mais elevado
que os demais apóstolos, por isso, puderam presenciar os fenômenos
acontecidos no alto do Monte Tabor, quando Jesus se transfigurou, Seu rosto
tornou-se resplandencente como a luz e as Suas vestes brancas como
a neve, surgindo ali os Espíritos - Moisés e Elias -, simbolizando
as leis e os profetas, com Ele confabulando.
Sendo
portadores de mediunidade, isso foi o fator básico que levou o Mestre
a convocá-los para a prece da hora extrema, quando rogou ao Pai que,
se possível, evitasse que fosse tragado o cálice da amargura do
sacrifício do Calvário no que, aliás, não foi atendido,
pois o Seu martírio no madeiro infamante era imprescindível para
que se consumasse a consagração da Sua doutrina de paz e de amor
entre os homens.
E
bem provável que, sendo Espíritos de ordem elevada, tenham adormecido
para livrarem-se do corpo denso, a fim de melhor poderem assistir o Mestre,
pois é estranho que todos os três, simultaneamente, tenham experimentado
o mesmo fenômeno do sono, quando sabiam, de antemão, que a ida
ao Horto representava uma responsabilidade a mais no desempenho do grandioso
apostolado.
O
Mestre, dirigindo-se aos apóstolos, falou em "orar e vigiar, para
não entrar em tentação". De fato, espíritos
trevosos, encarnados e desencarnados, tinham grande interesse em fazer com que
o Cristo fosse banido da Terra de qualquer forma, animando Judas Iscariotes
a denunciar o lugar onde Ele estava, o que foi consumado mediante o pagamento
de trinta moedas de prata. Eles não podiam admitir que alguém
perturbasse o intento, por isso atuaram sobre os três apústolos
fazendo com que dormissem. Era uma força a menos a pleitear que o Mestre
permanecesse no mundo.
O
evangelista João, discorrendo sobre a última oração
de Jesus, sustenta que o Mestre, angustiado, exclamou: "Agora a minha alma
está perturbada; e que direi eu? Pai, salva-me desta hora. Mas para isso
vim a esta hora" (João 12: 27) . Isto confirma o que temos sempre
escrito, que o episódio do Calvário teria de ser inapelavelmente
consumado, pois que ele representou a glorificação do Cristo e
de Sua obra.
Logo
após haver pronunciado essas palavras, os que estavam presentes ouviram
uma voz retumbante, que disse, em resposta à solicitação
do Mestre: "Já o tenho glorificado, e outra vez o glorificarei"
(João 12:28).
Paulo
Alves Godoy
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