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quinta-feira, 2 de agosto de 2012

A Teoria do Subconsciente e as Aquisições Anteriores


Artigo publicado na Revista Internacional de Espiritismo - Abril de 1925

Há quase três quartos de século o Espiritismo apresentou-se no mundo com um corpo filosófico e religioso, erguido sobre as bases sólidas de seus fatos incontestes.
Logo após as primeiras manifestações dos Espíritos, sofreram os seus fenômenos a repulsa do espírito de negação, pois, parecia impossível às gentes, quer da ciência, quer da religião, que o homem, depois de morto, pudesse aparecer e se comunicar com os vivos.
A luta foi grande, mas o negativismo teve de descer de sua cadeira de mestre, e ficou estabelecido, por um acordo unânime, que os FATOS, de fato, eram reais, verídicos, como a água que bebemos, como o ar que aspiramos, como o sol que nos ilumina.
Mas as idéias enraizadas costumam ter longa duração e, embora houvessem aceitado os fatos, tais como eles se nos apresentam, a sua causa, entretanto, as inteligências que as produziam, foram postas à margem, e surgiram diversas teorias para explicar os maravilhosos fenômenos que vinham nos dar a prova patente da Imortalidade da alma.
Católicos e Protestantes proclamaram a teoria diabólica, como única capaz de explicar os fenômenos.
Teosofistas e Ocultistas, num vôo de imaginação, conceberam a teoria gnômica, que consiste nos pseudognomos, duendes, fadas e diabretes, que julgavam viverem em roda de nós. E, como estas, outras tantas teorias irrisórias e decrépitas foram constituídas causantes dos fenômenos que avassalavam o mundo todo. Afinal, alguns materialistas, aferrados ao seu saduceismo, deliberaram criar a teoria da dupla personalidade aliada à do ser coletivo, invocando como justificativa à ousada hipótese, a inconsciência dos assistentes às sessões, e a subconsciência do médium.
Esta hipótese consiste no seguinte: “um fluido especial se desprende do médium, combina-se com o fluido das pessoas presentes para constituir um personagem novo, temporário, independente em certa proporção, para produzir os fenômenos conhecidos”. Noutro caso: o médium se desdobra em múltiplas personalidades, auxiliado pelo pensamento inconsciente dos assistentes, e produz fenômenos muito acima da sua capacidade intelectual.
Esta doutrina, tal como a tem concebido vários teoristas da velha guarda, para explicar os fenômenos espíritas e anímicos, é a prova da mais refinada insensatez dos homens da nossa época.
Como se pode conceber que fluidos nervosos e cerebrais, resultantes do trabalho molecular, constituam um ser que raciocina, que age, que sabe, ainda mais que todos os presentes à sessão, produzindo fenômenos que ninguém em seu estado normal o é capaz de fazer! Que falta de critério é essa, que menosprezo à lógica, à razão!
Dizem, porém, os adeptos dessa teoria, que em vista da produção dos fenômenos conscientes de um lado, e inconscientes de outro, observados nas experiências psíquicas a que assistiram, não podem eles compreender a causa desses fenômenos por outra maneira!
E o que são fenômenos do subconsciente senão a relação de fatos ou de conhecimentos que se achavam adormecidos e despertam na memória, devido a um estado particular da alma?
O fato de estarem esquecidos, serem lembrados e depois se apagarem novamente da memória normal autoriza, porventura, a criação de outra personalidade a quem se quer dar a autoria do fenômeno?
Se assim fosse, mesmo na existência terrestre, neste curto lapso de tempo que passamos no mundo, não representaríamos uma única individualidade, mas muitas, visto como diversos fatos, mesmo os de grande importância, ocorridos durante a vida atual se conservam esquecidos até da “memória física”, e, quando são lembrados, voltam logo após ao “inconsciente fisiológico”.
Não parece racional que o homem seja um conjunto de almas produzidas pelo trabalho molecular do corpo, e que se manifestam, ora uma, ora outra, quando a tensão arterial ou nervosa assim o exige.
O que é mais racional e lógico é que sendo o homem um Espírito encarnado num corpo, tem de reagir contra esse desequilíbrio para relembrar fatos, e reger o seu “escafandro” de forma tal que os conhecimentos adquiridos anteriormente, em dada ocasião, possam transparecer, embora lhe seja preciso diminuir a tensão arterial ou nervosa, como acontece nos casos de sonambulismo natural ou provocado.
Não há “personalidade dupla”; uma só é a personalidade, cuja ação se faz sentir de acordo com a necessidade de momento.
O Eu psíquico existe independente do corpo, como demonstram os fenômenos de animismo; e existia antes do corpo, assim como sobreviverá ao aniquilamento deste, como provam os fatos espíritas.
Cada vida terrestre é um cenário, onde o espírito desempenha o papel que lhe é peculiar e, mais ou menos, de acordo com as resoluções tomadas anteriormente.
Alguém comparou este mundo a um teatro e cada indivíduo a um ator em pleno desempenho do papel que aceitou no drama que se desenrola no mundo. Quando a alma volta à vida normal, que é a Espiritual, é como o ator que fora do palco volta à vida ordinária.
Em cada existência terrestre, o Espírito conquista um conhecimento e todas as cenas que observou gravam-se-lhe na alma, de modo que em sua vida extraterrestre, ou extracorpórea, ele pode ter lembrança nítida de tudo, assim como é senhor dos conhecimentos que adquiriu. É assim que se verificam nos sonâmbulos, fenômenos interessantes de mais elevado alcance que o indivíduo no estado de vigília não poderia produzir.
O Espírito não é, pois, um ser simples que só tem o que adquiriu na existência terrestre em que vive.
O Espírito é um ser complexo, portador de muitas faculdades que conquistou através das encarnações neste e noutros mundos, assim como na vida livre do Espaço. O fim da vida da alma não é o fim da vida terrestre; esta não representa mais que uma floresta da Vida, que a alma atravessa. Foi, com certeza, justificando esta verdade, que Jesus, inquirido por Nicodemus sobre os “milagres” que produzia, e referindo-se às múltiplas existências terrestres que atravessamos, disse “o vento sopra onde quer, ouvis a sua voz, mas não sabeis donde ele vem, nem para onde vai, assim é o nascido de espírito”.
As “personalidades”, que os sábios dizem nascer do “subliminal”, do “subconsciente”, não são, portanto, “personalidades”, são aquisições de conhecimentos, de luzes, de virtudes, de faculdades feitas no percurso da existência integral, durante o caminho percorrido, do nascimento ao momento em que nos achamos. Não são candeias que aparecem, são luzes que jazem latentes, não são causadas pelo esforço neuro-cerebral, mas sim expansões da alma, não são fontes novas que fazem jorrar água, mas sim caudais de uma mesma fonte que é o próprio Espírito, ou para melhor dizer – o nosso próprio Eu.

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