Nada que o justifique.
Infanticídio execrável, o aborto delituoso é cobarde
processo de que se utilizam os espíritos fracos para desfazer-se da
responsabilidade, incidindo em grave delito de que não poderão exonerar
com facilidade.
Não obstante, em alguns países, na atualidade, o aborto
sem causa justa - e como causa justa devemos considerar o aborto
terapêutico, mediante cuja interferência médica se objetiva a salvação
da vida orgânica da gestante - se encontre legalizado, produzindo
inesperada estatística de alto índice, perante as leis naturais que
regem a vida, continua a ser atentado criminoso contra um ser que se não
pode defender, constituindo, por isso mesmo, dos mais nefandos atos de
agressão à criatura humana...
Defensores insensatos do aborto delituoso, costumam
alegar que nos primeiros meses nada existe, olvidando, que, em verdade, o
tempo da fecundação é de somenos importância... A vida humana, em
processo de crescimento, merece o mais alto respeito, desde que, com a
sucessão dos dias, o feto estará transformado no homem ou na mulher, que
tem direito à oportunidade da experiência carnal, por impositivo
divino.
A ninguém é concedida a faculdade de interromper o
fenômeno da vida, sem assumir penoso compromisso de que não se libertará
sem pesado ônus...
Nenhum processo reencarnatório resulta da incidência
casual de fatores que impelem os gametas à fecundação extemporânea. Se
assim fora, resultaria permissível ao homem aceitar ou não a conjuntura.
Alega-se, também, que é medida salutar a legalização do
aborto, em considerando que a sua prática criminosa é tão relevante, que
a medida tornada aceita evita a morte de muitas mulheres temerosas que,
em se negando à maternidade, se entregam a mãos inescrupulosas e
caracteres sórdidos, que agem sem os cuidados necessários à preservação
da saúde e da vida ...
Um crime, todavia, de maneira alguma justifica a sua
legalização fazendo que desapareçam as razões do que o tornavam prática
ilícita.
A vida é patrimônio divino que não pode ser levianamente malbaratado.
Desde que os homens se permitem a comunhão carnal é
justo que se submetam ao tributo da responsabilidade do ato livremente
aceito.
Toda ação que se pratica gera naturais reações que gravitam em torno do seu autor.
Examinando-se ainda a problemática do aborto legal, as
leis são benignas quando a fecundação decorre da violência pelo
estupro... Mesmo em tal caso, a expulsão do feto, pelo processo
abortivo, de maneira nenhuma repara os danos já ocorridos...
Não raro, o Espírito que chega ao dorido regaço materno,
através de circunstância tão ingrata, se transforma em floração de
bênção sobre a cruz de agonias em que o coração feminil se esfacelou ...
A renúncia a si mesmo pela salvação de outra vida
concede incomparáveis recursos de redenção para quem se tornou vítima da
insidiosa trama do destino ...
Sucede, porém, que o sofredor inocente de agora está
ressarcindo dívida, ascendendo pela rota da abnegação e do sacrifício
aos páramos da felicidade.
Não ocorrem incidentes que estabeleçam nos quadros das Leis Divinas injustiça em relação a uns e exceção para com outros ...
O aborto, portanto, mesmo quando aceito e tornado legal
nos estatutos humanos fere, violentamente, as Leis Divinas, continuando
crime para quem o pratica ou a ele se permite submeter.
Legalizado, torna-se aceito, embora continue não moral.
*
Retornará à tentativa de recomeço na Terra o Espírito que foi impedido de renascer.
Talvez em circunstâncias mais grave para a abortista se dê o reencontro com aquele de quem gostaria de se libertar.
Vinculados por compromissos de inadiável regularização,
imantam-se reciprocamente, dando início, quando o amor não os felicita, a
longos processos de alienações cruéis e enfermidades outras de
etiologia mui complexa.
Atende, assim, a vida, sob qualquer modalidade que se te manifeste.
No que diz respeito à porta libertadora da reencarnação,
eleva-te, mediante a concessão da oportunidade dos Espíritos que te
buscam, confiando em Deus, o Autor da Criação, mantendo a certeza de que
se as aves dos céus e as flores do campo recebem carinhoso cuidado,
mais valem os homens, não estando, portanto, à mercê do abandono ou da
ausência dos socorros divinos.
Nada que abone ou escuse o homem pela prática do aborto
delituoso, apesar do desvario moral que avassala a Terra e desnorteia as
criaturas.
Todo filho é empréstimo sagrado que deve ser valorizado e
melhorado pelo cinzel do amor dos pais, para oportuna devolução ao
Genitor Celeste.
Não adies a tua elevação espiritual através da criminosa
ação do aborto, mesmo que as dificuldades e aflições sejam o piso por
onde seguem os teus pés ...
Toda ascensão impõe o encargo do sacrifício. O topo da
subida, porém, responde com paz e beleza aos empecilhos que se sucedem
na jornada. Chegarás à honra da paz, após a consciência liberada dos
débitos e das culpas.
Matar, nunca!
FRANCO, Divaldo Pereira. Após a Tempestade. Pelo Espírito Joanna de Ângelis. LEAL. Capítulo 12.
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