Emmanuel
Indubitavelmente, a palavra do Mestre, no comentário sobre
a dificuldade dos ricos ante o Reino dos Céus, exprime incontestável
realidade, porquanto a posse exagerada de bens terrestres é quase sempre a
crucificação da alma em pesados madeiros de ouro.
Enquanto a pobreza de recursos materiais vive independente
para a amizade e para a fé, para a confiança e para a compreensão, os
detentores da fortuna amoedada vivem quase sempre prisioneiros da suspeita
e da desilusão, nos tormentos da defensiva...
Mas, existem outros ricos do mundo com infinitos obstáculos
no acesso ao paraíso da alegria e da paz.
Vejamos, por exemplo:
os ricos de exigências;
os ricos da cólera a se desvairarem nos conflitos das
trevas;
os ricos de melindres pessoais que nunca conseguem
elementos de tolerância, necessários à superação das próprias fraquezas;
os ricos da mentira que tecem a rede de sombras em que
enleiam a própria alma;
os ricos de tristeza e desânimo, recolhidos à inutilidade
em que se acolhem;
os ricos de reclamações e de queixas que atravessam o
mundo, entre a insatisfação e a ociosidade;
os ricos de ignorância que se agarram à penúria de
espírito;
os ricos de letras e artes que se encarceram em torres de
marfim, para o culto ao próprio egoísmo;
os ricos de saúde e de possibilidades que imobilizam o
coração na caixa do peito, aguardando que o dinheiro fácil lhes venha ao
encontro, para o exercício da caridade;
os ricos de ódio;
os ricos de usura;
os ricos de medo da verdade e do bem;
e os ricos numerosos da vaidade que se trancafiam nas
masmorras do próprio “eu”, exigindo que o Céu se converta em propriedade
exclusiva dos seus caprichos individuais.
Enriqueçamo-nos de amor e sirvamos sempre.
O dinheiro pode ajudar muitíssimo, mas, só o coração aberto
ao esplendor solar do bem pode amparar, libertar, erguer, salvar e
aperfeiçoar para sempre.
Do livro Instrumentos do Tempo. Psicografia de Francisco
Cândido Xavier.
Nenhum comentário:
Postar um comentário