A QUESTÃO 202
Chico Xavier
“Em nossa reunião pública, entre os
visitantes amigos que procediam de cidades diversas, predominavam as
perguntas sobre os conflitos psicológicos que estão merecendo longos
estudos em toda parte. Os comentários em torno do assunto eram os mais
animados. Quando as nossas tarefas tiveram início O Livro dos Espíritos
nos ofereceu a questão 202 e as explanações prosseguiram.
No fim das atividades programadas o nosso
caro Benfeitor Espiritual escreveu a página “Conflitos Psicológicos” que
lhe envio para os seus oportunos estudos.”
CONFLITOS PSICOLÓGICOS
Emmanuel
Tão fácil julgar os conflitos sentimentais
que surjam nos outros!
Habitualmente, a opinião pública na Terra
quase que até agora, em assuntos de sexo, se restringia a entender e
aprovar os que se davam ao casamento e a estranhar ou reprovar os que se
mantinham em celibato.
A evolução, no entanto, descortinou as
ciências psicológicas da atualidade e as ciências psicológicas
empreenderam o estudo das complexidades da alma, quase a lhe operarem o
desnudamento.
E os problemas do sexo vão sobrando em
escala crescente.
Casados e solteiros, jovens e adultos,
quando em lutas emocionais apresentam distúrbios afetivos e impulsos
ambivalentes, insatisfação e carência de ordem sentimental, dificuldades
através de condições inversivas e fenômenos diversos da bissexualidade.
Sempre valiosa a contribuição da psicologia
em socorro de quantos se identificam no mundo em situação paranormal, nos
domínios do afeto, particularmente quando ensina aos pacientes a conquista
da auto-aceitação. Entretanto, sem os princípios reencarnacionistas,
definindo a posição de cada espírito segundo as leis ele causa e efeito,
qualquer tipo de assistência às vítimas de desajustes psicológicos
resultará incompleto.
Nesse sentido é preciso recordar que todas
as lesões afetivas que tenhamos imposto a alguém repercutem sobre nós,
criando lesões conseqüentes e análogas em nosso campo espiritual.
Esse terá traumatizado almas queridas com os
assaltos da ingratidão e se corporificou de novo no Plano Terrestre
suportando os chamados desequilíbrios congênitos; aquele provavelmente
haverá precipitado corações sensíveis em despenhadeiros do sentimento e
renasceu carregando frustrações sexuais irreversíveis para todo o curso da
própria existência; outro perseguiu criaturas irmãs do sexo oposto,
mergulhando-as em desespero e delinqüência e terá voltado à Terra em
condições inversivas; outros terão solicitado a própria internação em
celas morfológicas de formação contraria aos seus impulsos mais íntimos,
de modo a se isolarem transitoriamente para o desempenho de tarefas
determinadas e nem sempre toleram as provas e empeços da própria escolha;
e outros muitos ainda, que impuseram suicídios e crimes, traições e
deserções a pessoas que lhes hipotecavam integral confiança, retornam à
experiência física sofrendo tribulações complexas que variam conforme o
grau da culpa com que dilapidaram a harmonia de si mesmos.
***
Diante dos nossos irmãos de Humanidade em
problemas sexuais, saibamos administrar-lhes amor e esclarecimento ao
invés de menosprezo ou condenação.
Normalidade física não quer dizer no mundo
que os nossos débitos das existências passadas fiquem extintos. Em razão
disso, muitas vezes, é possível que amanhã estejamos rogando amparo
justamente àqueles aos quais hoje estendamos auxílio.
***
Encerrando os nossos apontamentos,
lembremo-nos de que Allan Kardec formulou a questão número 202, em O Livro
dos Espíritos, indagando da Espiritualidade Superior quanto à preferência
dos amigos desencarnados, ante o renascimento no mundo, a perguntar para
que setor da vida
humana mais se inclinavam: se para o campo
de trabalho do homem ou da mulher. E os mentores da Codificação
Kardequiana responderam convincentes:
– Isso, na essência, não lhes importa. Vale,
sim, para eles, acima de tudo, a prova que lhes compete experimentar.
ACÚSTICA PSICOLÓGICA
Irmão Saulo
No sentido orgânico, bio-fisiológico, os
espíritos não têm sexo, pois não possuem o corpo material e não se
reproduzem. Mas o sexo vegetal, animal e humano é simples manifestação de
polaridade. Há, portanto, um problema espiritual de polaridade, semelhante
ao das correntes ele energias que conhecemos, determinando a condição
íntima do espírito e sua posição masculina ou feminina. Por isso, nos
planos inferiores da espiritualidade, nas regiões de transição do plano
físico para o metafísico, as regiões infernais das religiões clássicas ou
as regiões umbralinas da concepção espírita, o corpo espiritual das
entidades reproduz as condições sexuais que tiveram na vida terrena. Os
íncubos e súcubos da Idade Média são exemplos dessas formas grosseiras de
espíritos inferiores.
As manifestações desses seres inferiores
confundem muitos estudiosos e médiuns-videntes que não aceitam a tese
espírita de que os espíritos não têm sexo. Simples falta de melhor
discernimento doutrinário. Mas, como ensina Emmanuel em sua mensagem, as
lesões afetivas que produzimos nos outros repercutem em nós “criando
lesões conseqüentes e análogas em nosso campo espiritual”. É um fenômeno
de acústica psicológica, semelhante aos da acústica física e fisiológica
das teorias de Helmholtz.
Os problemas sexuais, portanto, fazem parte
da lei geral de ação e reação que determina as nossas provas e expiações.
Essa a razão por que as vítimas de desequilíbrios nesse campo não devem
ser encaradas e tratadas com a repulsa brutal e hipócrita do passado. Os
que assim procedem, faltando com a caridade, podem estar preparando para
si mesmos situações semelhantes no futuro.
Mas isso não justifica a aceitação em termos
de normalidade, como hoje se pretende, pois então estaríamos endossando e
estimulando o desequilíbrio e sua propagação, ao invés de ajudar as suas
vítimas a se reequilibrarem. Emmanuel recomenda a aceitação caridosa do
doente, mas recomenda que lhe apliquemos a terapêutica de “amor e
esclarecimento, ao invés de menosprezo ou condenação” Porque foi assim que
Jesus procedeu com os desequilibrados do seu tempo, desde o endemoninhado
geraseno até a mulher adúltera.
Do livro “Na Era do Espírito”. Psicografia
de Francisco C. Xavier e Herculano Pires. Espíritos Diversos
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