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domingo, 2 de junho de 2013

PERTURBAÇÃO E OBSESSÃO

Emmanuel
 
Compartilhamos, em nome da beneficência, de recursos vários, como sejam - a moeda e o agas
Na experiência terrestre, surge sempre um instante em que indagamos de nós mesmos em que ponto nos achamos, quanto ao desajuste espiritual; e, se não estamos afundados em plena desarmonia, muitas vezes identificamo-nos em perturbação evidente. Isso porque, observado o princípio de que ninguém existe absolutamente impassível, temos a vida sentimental permanentemente ameaçada por desafios exteriores, em forma de episódios ou informes desagradáveis que se nos erigem por medida de equilíbrio e resistência, na luta moral que somos chamados a travar, na área de nossas atividades, em favor do próprio burilamanto.
Se à frente desse ou daquele sucesso menos feliz, costumamos esquecer,sistematicamante, paciência e conformação, entendimento e serenidade, então é preciso estabelecer o intervalo para reflexão, nos mecanismos da mente, a fim de que venhamos a fazes em nós mesmos as retificações necessárias.
Em tais lances do cotidiano, quase sempre somos impelidos a pensar em obsessão, supondo-nos vítimas de entidades vampirizantes.
O problema, porém, não se limita à influenciação espiritual dos adversários que se nos encrava na onda psíquica, mas, principalmente, diz respeito à nós mesmos. Em muitas situações e circustâncias das existências passadas, caímos em fundos precipícios de ódio e vingança, desespero e criminalidade, operando em largas faixas de tempo contra nós próprios, comprometendo-nos o destino; daí nasce o imperativo das experiências regenerativas e amargas que se nos fazem indispensáveis, qual ocorre ao aluno que se atrasou na escola, necessitado de novo exame, nas provas da repetência.
À  vista  de  semelhantes  considerações,   toda  vez  que  o  sentimento  se  nos desgoverne,  procuremos  assumir  com  segurança  o  leme  do  barco  de  nossos pensamentos, na maré de provações da existência, na paz da meditação e no silêncio da prece.
Através do auto-controle, vigiaremos a porta de nossas manifestações, barrando gestos e palavras desaconselháveis, e, com o auxílio da oração, faremos luz para entender o que há conosco, de maneira a impedir a própria queda em alienação e tumulto.

Atendamos constantemente a esse trabalho de auto-imunização mental, porque, junto ao imenso número de companheiros perturbados e obsidiados que enxameiam a Terra de hoje, em toda a parte, encontramos milhares de criaturas irmãs que estão quase às portas da obsessão.

(Do livro "Alma e Coração", de Francisco Cândido Xavier, pelo Espírito de Emmanuel)

DISTÚRBIOS EMOCIONAIS


Emmanuel 
Enquanto nos demoramos encarnados no plano terrestre, um tipo de impaciência existe, sutil, capaz de arrastar-nos aos piores distúrbios emotivos: a revolta contra nós mesmos.
Acolhemos receios infundados, em torno de opiniões que formulem de nós, seja por deformidades físicas, frustrações orgânicas, conflitos psicológicos ou empeços sociais de que sejamos portadores, e adotamos o medo por norma de ação, no exagerado apreço a nós mesmos, e dessa inquietação sistemática comumente se deriva um desgosto contínuo contra as forças vivas que nos entretecem o veículo de manifestação.
E tanto espancamos mentalmente esses recursos que acabamos neuróticos, fatigados, enfermos ou obsessos, escorregando mecanicamente para a calha da desencarnação prematura. Tudo por falta de paciência com as nossas provações ou com os nossos defeitos. Decerto, ninguém nasce no corpo físico para louvar as deficiências que carrega ou ampliá-las, mas é preciso aceitar-nos como somos e fazer o melhor de nós. Desinibirão construtiva. Compreensão do aprendizado que se tem pela frente. Acolher o instrumento físico de que o Alto Comando da Vida nos considera necessitados, tanto para resgatar culpas do pretérito na esfera individual, quanto para a consecução de empresas endereçadas ao benefício coletivo, e realizar todo o bem que pudermos.
O corpo carnal de que dispões ou a paisagem doméstico-social em que te situas, representam em si o utensílio certo e o lugar justo, indispensáveis à provação regeneradora ou à missão específica a que te deves afeiçoar. Por isso mesmo, o ponto nevrálgico da existência é o teste difícil que te exercita a resistência moral, temperando-te o caráter, no rumo do serviço maior do futuro.
Nossas perturbações emocionais quase sempre decorrem da nossa relutância em aceitar alguns dos aspectos menos agradáveis, conquanto passageiros da nossa vida. Saibamos, pois, rentear com eles honestamente, corajosamente. Nada de subterfúgios. Temos um corpo defeituoso ou estamos em posição vulnerável à crítica? Seja assim. Contrariamente a isso, porém, reflitamos que ninguém está órfão da Bondade de Deus e, confiando-nos a Deus, procuremos concretizar tudo de bom ou de belo, no círculo de trabalho que se nos atribui.
Por outro lado, vale observar que reconhecer a existência do erro ou do desajuste em nós é sinal de melhoria e progresso. Os espíritos embutidos na inércia não enxergam as próprias necessidades morais. Acomodam-se à suposta satisfação dos sentidos em que se lhes anestesia a consciência, até que a dor os desperte, a fim de que retomem o esforço que lhes compete na jornada de evolução e aprimoramento.
Agradeçamos, desse modo, a luz espiritual de que já dispomos para analisar a nossa personalidade e, abraçando as tarefas de equilíbrio ou reequilíbrio que nos compete efetuar no próprio espírito, enfrentemos os nossos obstáculos com paciência e serenidade, na certeza de que podemos solucionar todos os problemas na oficina do serviço com a bênção de Deus.

 
Do livro “Alma e Coração”. Psicografia de Francisco Cândido Xavier.
 

SAMARITANOS E NÓS


 
Emmanuel
 
Quem de nós não terá caído, alguma vez, em abandono ou penúria, aflição, amargura, engano ou perturbação?
À face disso, para nós o samaritano da bondade – a criatura que nos reergue ou reanima - será sempre aquela pessoa:
que nos acolhe nos dias de tristeza com a mesma generosidade com que nos abraça nos instantes de alegria;
que nos estima, assim tais quais somos, sem reclamar-nos espetáculos de grandeza, de um dia para o outro;
que nos levanta do chão das próprias quedas para o regaço da esperança, sem cogitar de nossas fraquezas;
que nos alça do precipício da desilusão ao clima do otimismo, sem reprovar-nos a imprevidência;
que nos ouve as queixas reiteradas, rearticulando sem aspereza o verbo da paciência e da compreensão;
que nos estende essa ou aquela porção dos recursos que disponha, em favor da solução de nossos problemas, sem pedir o relatório de nossas necessidades e compromissos;
que nos oferece esclarecimento, sem ferir-nos o brio;
que nos ilumina a fé, sem destruir-nos a confiança;
que se transforma em harmonia e concurso fraterno, seja em nossa casa, ou no grupo de serviço em que trabalhamos;
que se nos converte no cotidiano em apoio e cooperação, sem exigir-nos tributos de reconhecimento;
que, por fim, se transubstancia, em nosso benefício, em luz e consolação, amparo e benção.
 
Detenhamo-nos a pensar nisso e lembrando, reconhecidamente, quantos se nos fazem samaritanos do auxílio e da bondade, nas estradas da existência, recordemos a lição de Jesus e, diante dos outros, sejam eles quem sejam, façamos nós o mesmo.
 
Extraído do livro Aulas da Vida. Psicografia de Francisco Cândido Xavier

DEFESA CONTRA OBSESSÃO


Irmão x
 
Doía ver o irmão Maurício Tessi, prostrado, na crise aguda de artrite reumatóide. Orava, sofria, esperava.
A dor espraiava-se de um dos joelhos intumescido, assaltando o corpo.
Acompanhando-lhe a mãezinha desencarnada, Dona Etelvina, que nos fora devotada amiga na Terra, partilhávamos a oração, enquanto a equipe de enfermeiros espirituais atuava com recursos curativos do nosso plano de ação.
Finda a tarefa de auxílio, ergueu-se a velha amiga e perguntou, respeitosamente, ao dirigente da turma:
– Meu amigo, posso, na condição de mãe, saber por que motivo tanto demora a definitiva recuperação de meu filho?
O interpelado disse apenas:
– Sem dúvida. Aqui está o registro das reações dele nos dias últimos...
E com a exatidão de um técnico, no setor de trabalho que lhe é próprio, sacou da pasta pequena folha de papel em que nos foi possível, de imediato, ler as seguintes indicações, simples e expressivas, que se interrompiam justamente no dia de nossa presença, no quarto humilde:
 
MAURÍCIO TESSI
36 anos no corpo físico.
DOENÇA – Providenciai.
FASE – Experimentação.
MÉRITO INDIVIDUAL POR SERVIQO À COMUNIDADE, ATÉ OS PRIMEIROS SINTOMAS DA MOLÉSTIA – Nenhum.
MOTIVO – Defesa contra obsessão e loucura.
AUXÍLIO A RECEBER – Socorro em bases de magnetismo curativo, somente para a sustentação de forças orgânicas e alívio controlado, até a melhora espiritual positiva.
HISTÓRICO – Os amigos e benfeitores do interessado, residentes nas Esferas Superiores, depois de lhe endossarem a presente reencarnação, observaram-lhe a tendência para estragar, de modo completo, a oportunidade recebida. Preocupados, solicitaram seja ele mantido em condições enfermiças, conforme os remanescentes das dívidas cármicas que ainda carrega no extrato corpóreo. Assim agiram para evitar-lhe a indesejável associação com Espíritos infelizes, procedentes de suas existências passadas, caídos, desde muito tempo, em processos de vampirização e criminalidade, com os quais o beneficiário vinha, a pouco e pouco, se acomodando.
 
ANOTAÇÕES DE 4 A 28 DE JANEIRO DE 1967
 
DATAS DE OBSERVAÇÃO            ESTADO FÍSlCO              CONDIÇÕES ESPIRITUAIS
 
 
 
4                                        Crise                           Fé, oração, humildade.
5                                        Melhora                       Tranquilidade, teimosia.
6                      Grande melhora           Agressividade, pensamentos escusas. Obsessores perto.
7                                        Crise                           Obediência, conformação, gentileza.
8                                        Crise aguda                  Elevação moral, prece.
9                                   Crise aguda   Nobres promessas de serviço ao próximo, altura mental.
10                                      Melhor                         Bom humor, rebeldia.
11                   Grande melhora             Intolerância, idéias menos dignas, obsessores atraídos.
12                                      Grande melhora             Desequilíbrio, obsessores no aposento.
13                                      Crise                           Serenidade.
14                                      Crise agravada              Emoções superiores.
15                                      Crise aguda                  Fé comovente, simpatia, generosidade.
16                                      Melhora                       Calma, irritação.
17                         Grande melhora             Pensamentos inconfessáveis, obsessores próximos.
18                                      Grande melhora             Obsessores dominando.
19                                      Crise                           Obsessores repelidos.
20                                      Crise aguda                  Confiança em Deus.
21                          Crise Aguda                 Votos de trabalho santificante, planos de caridade.
22                                      Melhora                       Marasmo, azedume.
23                                  Grande melhora             Idéias lastimáveis, obsessores interessados.
24                                      Grande melhora             Obsessores na aura, caos intenrior.
25                                     Crise                           Brandura, confiança.
26                                      Crise aguda                  Afabilidade, benevolência.
27                                 Crise aguda                  Doçura, lucidez, piedade para com os outros.
28       Crise aguda                   Formosa renovação íntima. Raios de luz em momentos de prece.
 
 
A irmã Etelvina restituiu a folha de notas, entre serena e triste, agradecendo ao prestimoso cooperador:
– Obrigada, amigo. Maurício é meu filho. Antes, contudo, tanto ele e eu, quanto vós, somos filhos de Deus. E a Lei do Senhor foi criada para o bem de nós todos.
Em seguida, nosso grupo dispersou-se, mas permaneci longo tempo, junto ao enfermo, tentando meditar em minhas próprias necessidades e aproveitar a lição.
 
  Do livro Aulas da Vida. Psicografia de Francisco Cândido Xavier.

 

BENEVOLÊNCIA

 
Emmanuel
 
Traduzindo benevolência por fator de equilíbrio, nas relações humanas, vale confrontar as atitudes infelizes com os obstáculos que afligem o espírito, na caminhada terrestre.
Aprendamos sinonímia de ordem moral, no dicionário da Natureza:
Crítica destrutiva – labareda sonora.
Azedume – estrada barrenta.
Irritação – atoleiro comprido.
Indiferença – garoa gelada.
Cólera – desastre à vista.
Calúnia- estocada mortal.
Sarcasmo – pedrada a esmo.
Injúria – espinho infecto.
Queixa repetida – tiririca renitente.
Conversa desnecessária – vento inútil.
Preconceito – fruto bichado.
Gabolice – poeira grossa.
Lisonja – veneno doce.
Engrossamento – armadilha pronta.
Aspereza – casca espinhosa.
Pornografia – pântano aberto.
Despeito – serpente oculta.
Melindre – verme dourado.
Inveja – larva em pencas.
Pessimismo- chuva de fel.
Espiritualmente, somos filtros do que somos.
Cada pessoa recebe aquilo que distribui.
Se esperamos pela indulgência alheia, consignemos as manifestações que nos pareçam indesejáveis e, evitando-as com segurança, saberemos cultivar a benevolência, no trato com o próximo, para que a benevolência se nos faça auxílio incessante, através dos outros.
X
 

Brilhe Vossa Luz - Francisco Cândido Xavier  - Carlos  A. Baccelli - Espíritos Diversos


 

OBSESSÃO PACÍFICA


 
 Irmão X
 
Quando reencontrei o meu amigo Custódio Saquarema na Vida Espiritual, depois da efusão afetiva de companheiros separados desde muito, a conversa se dirigiu naturalmente para comentários em torno da nova situação.
Sabia Custódio pertencente a família espírita e, decerto, nessa condição, teria ele retirado e o máximo de vantagens da existência que vinha de largar. Pensando nisso, arrisquei uma pergunta, na expectativa de sabê-lo com excelente bagagem para o ingresso em estâncias superiores. Saquarema, contudo, sorriu, de modo vago, e informou com a fina autocrítica que eu lhe conhecia no mundo:
- Ora, meu caro, você não avalia o que seja uma obsessão disfarçada, sem qualquer mostra exterior. A Terra me devolveu para cá, na velha base do “ganhou mas não leva”. Ajuntei muita consideração e muito dinheiro; no entanto, retorno muito mais pobre do que quando parti, no rumo da reencarnação...
Percebendo que não me disponha a interrompê-lo, continuou:
- Você não ignora que renasci num lar espírita, mas, como sucede à maioria dos reencarnados, trazia comigo, jungidos ao meu clima psíquico, alguns sócios de vícios e extravagâncias do passado, que, sem o veículo de carne, se valiam de mim para se vincularem às sensações do plano terrestre, qual se eu fora uma vaca, habilitada a cooperar na alimentação e condução de pequena família... Creia que, de minha parte, havia retomado a charrua física, levando excelente programa de trabalho que, se atendido, me asseguraria precioso avanço para as vanguardas da luz. Entretanto, meus vampirizadores, ardilosos e inteligentes, agiam à socapa, sem que eu, nem de leve, lhes pressentisse a influência... E sabe como?
- ?...
- Através de simples considerações íntimas – prosseguiu Saquarema, desapontado. – Tão logo me vi saído da adolescência, com boa dose de raciocínios lógicos na cabeça, os instrutores amigos me exortaram, por meus pais, a cultivar o reino do espírito, referindo-se a estudo, abnegação, aprimoramento, mas, dentro de mim, as vozes de meus acompanhantes surgiam da mente, como fios d’água fluindo de minadouro, propiciando-me da falsa idéia de que eu falava comigo mesmo; “Coisas da alma, Custódio? Nada disso. A sua hora é de juventude, alegria, sol... Deixe a filosofia para depois...” Decorrido algum tempo, bacharelei-me. As advertências do lar se fizeram mais altas, conclamando-me ao dever; entretanto, os meus seguidores, até então invisíveis para mim, revidavam também com a zombaria inarticulada: “Agora? Não é ocasião oportuna. De que maneira harmonizar a carreira iniciante com assuntos de religião? Custódio, Custódio!... Observe o critério das maiorias, não se faça de louco!...” Casei-me e, logo após, os chamados à espiritualização recrusdesceram, em torno de mim. Meus solertes exploradores, porém, comentaram, vivazes: “Não ceda. Custódio! E as responsabilidades de família? É preciso trabalhar, ganhar dinheiro, obter posição, zelar por mulher e filhos...” A morte subtraiu-me os pais e eu, advogado e financista, já na idade madura, ainda ouvia os  Bons Espíritos, por intemédio de companheiros dedicados, requisitando-me à elevação moral pela execução dos compromissos assumidos; todavia, na casa interna se empoleiravam os argumentos de meus obsessores inflexíveis: “Custódio, você tem mais que fazeres... vida social... Você não está preparado para seara de fé...” Em seguida, meu amigo, chegaram a velhice e a doença, essas duas enfermeiras da alma, que vivem de mãos dadas na Terra. Passei a sofrer e desencantar-me. Alguns raros visitantes de minha senectude, transmitindo-me os derradeiros convites da Espiritualidade Maior, insistiam comigo, esperando que eu me consagrasse às coisas sagradas da alma; no entanto, dessa vez, os gritos de meus antigos vampirizadores se altearam, mais irônicos, assoprando-me sarcasmo, qual se fora eu mesmo a ridicularizar-me: “Você, velho Custódio?! Que vai fazer você com Espiritismo? É tarde demais... Profissão de fé, mensagens de outro mundo... Que se dirá de você, meu velho? Seus melhores amigos falarão em loucura, senilidade... Não tenha dúvida... Seus próprios filhos interditarão você, como sendo um doente mental, inapto à regência de qualquer interesse econômico... Você não está mais no tempo disso...”
Saquarema endereçou-me significativo olhar e rematou:
- Os meus perseguidores não me seviciaram o corpo, nem me conturbaram a mente. Acalentaram apenas o meu comodismo e, com isso, me impediram qualquer passo renovador. Volto da Terra, meu caro, imitando o lavrador endividado e de mãos vazias que regressa de um campo fértil, onde poderia ter amealhado inimagináveis tesouros... Sei que você ainda escreve para os homens, nossos irmãos. Conte-lhes minha pobre experiência, refira-se, junto deles, à obsessão pacífica, perigosa, mascarada... Diga-lhes alguma coisa acerca do valor do tempo, da grandeza potencial de qualquer tempo na romagem humana!...
Abracei Saquarema, de esperança voltada para tempos novos, prometendo atender-lhe a solicitação. E aqui lhe transcrevo o ensinamento pessoal, que poderá servir a muita gente, embora guarde a certeza de que, se eu andasse agora reencarnado na Terra e recebesse de alguém semelhante lição, talvez estivesse muito pouco inclinado a aproveitá-la.
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Livro Cartas e Crônicas - Espírito Irmão X - Psicografia Francisco C. Xavier

sábado, 25 de maio de 2013

Não Julgueis

NÃO JULGUEIS
Acaba de vir às nossas mãos um bem lançado artigo a propósito da sentença que ora nos serve de epígrafe.

Alega-se no aludido artigo que os espíritas, quando no conselho de sentença, costumam absolver sistematicamente os réus.

Ignoramos se realmente tem sido essa a norma de conduta dos espíritas no júri.
Quanto a nós, declaramos que, todas as vezes que servimos como juiz de fato, absolvemos, e disso não estamos arrependidos, por isso que entendemos, em consciência, que tais réus deviam ser absolvidos.

No entanto, não pretendemos firmar a doutrina da absolvição incondicional. Casos há em que, para evitar mal maior, seria lícito votar de modo a conservar o acusado recluso, dadas as suas condições de perigo para a segurança social.
Assim procedendo, não estaremos julgando, mas acautelando a coletividade da qual somos parte integrante.

Demais, que são os criminosos de toda a espécie senão anormais, desequilibrados, enfermos da alma, numa palavra?
Faça-se, portanto, com eles o que se faz com os doentes de moléstias infectuosas: segreguemo-los da sociedade a fim de evitar as consequências do mal.
Esta medida é razoável, é humana, não há mesmo outra a tomar, uma vez que se preste aos segregados a devida assistência reclamada pelas suas condições.

Não há direitos sem deveres. Se assiste à sociedade o direito de separar os doentes dos sãos, cumpre-lhe o dever inalienável de assisti-los convenientemente.

Não é o criminoso que se deve combater: é o crime em suas várias formas. A Medicina não combate o enfermo, mas a enfermidade, suas causas e origens.
Enquanto a questão não for encarada sob este prisma, o crime continuará a proliferar, perturbando a ordem e a paz da sociedade.

Julgar? Quem somos nós para julgar nossos irmãos, se todos somos réus no tribunal de nossas consciências? Fazê-lo em nome da sociedade?
Pois é a sociedade mesma, tal como está constituída, a responsável por grande número de crimes que em seu seio se cometem.
As piores doenças são fruto do ambiente. Quando o meio é miasmático e deletério, as enfermidades se alastram, tornando-se endêmicas.
Tal é a nossa sociedade. A recrudescência do crime é efeito da materialidade e da hipocrisia reinantes no século. A higiene social seria o melhor antídoto contra o vício e o crime.

O Código pelo qual se regem as nações, ditas civilizadas, precisa ser reformado: e sê-lo-á fatalmente. Inspirado no Direito Romano, o Código cogita exclusivamente da aplicação de penas, quando devera curar da higiene da alma.

É natural que se condene ao trabalho o homem afeito à ociosidade, empregando-se processos adequados ao caso, ainda que não deixemos de reconhecer que a mesma inércia e apatia sejam, a seu turno, formas de desequilíbrio psíqui¬co.
O homem normal ama o trabalho, não pode permanecer inativo. Como a ociosidade, todos os demais vícios são, no fundo, falhas de caráter, distúrbios de ordem moral.
Para corrigi-los, duas medidas se impõem: educação individual e saneamento do ambiente.

Cadeira elétrica, forca e guilhotina não resolvem o problema em questão, como atestam as estatísticas de criminalidade dos países onde aquelas penas vigoram.
Eliminar a vida física do criminoso não lhe modifica o caráter, não lhe altera numa linha sequer o nível moral. Não é ao corpo, é ao espírito que cabe a responsabilidade pelos atos delituosos.
Despertar-lhe a consciência, elevar o grau de sua sensibilidade moral, eis o único processo eficiente no tratamento de tais enfermidades. Este processo chama-se educação.

A sociedade viverá sempre às voltas com os delinquentes, enquanto não cumprir o dever que lhe assiste de educá-los. Até aqui, a sociedade, baseando-se no parecer de criminólogos materialistas, invoca apenas o direito de punir.

Por isso ela também vai sendo punida. Há de suportar as consequências do seu erro até que emende a mão. Aliás, já os prenúncios de uma reforma se vão fazendo sentir.

Resta ainda considerar que a única pena que resulta benéfica na regeneração dos criminosos é aquela que dimana naturalmente do próprio crime. Toda penalidade imposta de fora, com caráter de vindita, é contraproducente.
Avilta o moral dos fracos e exacerba o ânimo dos fortes; produz, por conseguinte, hipócritas, cínicos e revoltados. Não regenera: corrompe. Só a educação, equilibrando os poderes do espírito, produz resultado prático, eficiente e positivo.

O código materialista deve ceder lugar ao código espiritualista.
Este não cogitará de julgar e menos ainda de aplicar esta ou aquela pena como castigo, mas tratará da educação moral, não dessa moral caricata, para uso externo, vazada em moldes ritualísticos, mas da moral evangélica, da moral positiva que se funda nas leis naturais que regem os destinos do espírito.

O Espiritismo vem ensinar à Humanidade a reger-se, não mais pelo código romano, mas pelo código divino que reflete a indefectível justiça e a soberana vontade do Céu!

Vinicius
Livro Mestre da Educação

OLÁ, MEU IRMÃO

OLÁ, MEU IRMÃO
A disposição amiga - acentuava Cipriano Neto - é verdadeiro tônico espirituaL Não raro, envenenamos o coração, à força de insistir na máscara sombria. Má catadura é moléstia perigosa, porquanto as enfermidades não se circunscrevem ao corpo físico. Quantos negócios de muletas, quantas atividades nobres interrompidas, em virtude do mau humor dos responsáveis? Claro que ninguém se deixe absorver pelos malandros de esquina, mas o respeito e a afabilidade para com as criaturas honestas, seja onde for, constituem alguma coisa de sagrado, que não esqueceremos sem ferir a nós mesmos.
A frente da pequena assembléia, toda ouvidos, Cipriano, com a graça de sua privilegiada inteligência, continuou, após leve pausa:
- Na Terra, o preconceito fala muito alto, abafando vozes sublimes da realidade superior. Nesse capítulo, tenho a minha experiência pessoal, bastante significativa.
Meu amigo calou-se, por alguns momentos, vagueou o olhar muito lúcido, através do horizonte longínquo, como a vasculhar o passado, e prosseguiu:

- É quase inacreditável, mas o meu fracasso em Espiritismo não teve outra causa. Não ignoram vocês que meu coração de pai, dilacerado pela morte do filho querido, fora convocado à Doutrina dos Espíritos, ansioso de esclarecimento e consolação. Banhado de conforto sublime, senti que minhas lágrimas de desesperação se transformaram em orvalho de agradecimento à bondade de Deus. Meu filho não morrera. Mais vivo que nunca, endereçava-me carinhosas palavras de amor. Identificara-se de mil modos. Não havia lugar à dúvida. Inclinei-me, então, à Doutrina renovadora.
Saciado pela água viva de santas consolações, não sabia como agradecer à fonte. Foi aí que recordei as minhas possibilidades intelectuais. Não seria justo servir ao Espiritismo, através da palavra ou da pena? Poderia escrever para os jornais ou falar em público. Profundamente reconhecido à nova fé, atendi à primeira sugestão de um amigo e dispus-me a fazer uma conferência. Anunciou-se o feito e, no dia aprazado, compacta assistência esperou-me a confissão. Seduzido pela beleza do Espiritismo Evangélico, discorri longamente sobre a caridade. Aplausos, abraços, sorrisos e felicitações. No círculo dos meus companheiros de literatura, porém, o assunto fizera-se obrigatório.
Voltando à Avenida, no dia imediato ao acontecimento, meu esforço foi árduo para convencer os confrades de letras de que não me achava louco. Infelizmente, porém, minha decisão não se filiava senão à vaidade. Pronunciara a conferência como se o Espiritismo necessitasse de mim. Admitia, no fundo, que minha presença honrara, sobremaneira, o auditório e que a codificação kardequiana em mim encontrara prestigioso protetor. Desse modo, alardeava suma importância em minhas palestras novas. Citava a antigüidade clássica, recorria aos grandes filósofos, mencionava cientistas modernos. Quando nos encontrávamos, meus colegas e eu, no ápice das discussões preciosas, eis que surge o Elpídio, velho conhecido meu e antigo tintureiro em Jacarepaguá. Sapatos rotos, calças remendadas, cabelos despenteados, rosto suarento, abeirou-se de mim e estendeu-me a destra, exclamando alegre:
- Olá, meu irmão! meus parabéns! ... Fiquei muito satisfeito com a sua conferência!
Entreolharam-se os meus amigos, admirados. E confesso que respondi à saudação efusiva, secamente, meneando levemente a cabeça e sentindo-me deveras humilhado.
Em vista do meu silêncio, o tintureiro despediu-se, mostrando enorme desapontamento.
- "É de sua família?" - indagou um companheiro mais irônico.
- "Estes senhores espiritistas são os campeões da ingenuidade!" - exclamou outro circunstante.
Enraiveci-me. Não era desaforo semelhante homem do povo chamar-me "irmão", ali, em plena Avenida, diante dos colegas de tertúlias acadêmicas? Estaria, então, obrigado a relacionar-me com toda espécie de vagabundos? Não seria aquilo irmanar-me a rebotalhos de gente, na via pública?
O incidente criou em mim vasto complexo de inferioridade.
Cegavam-me, ainda, velhos preconceitos sociais e a ironia dos companheiros calou-me fundo, no espírito. A ausência de afabilidade e a incompreensão grosseira dominaram-me por completo. O fermento da negação trabalhou-me o íntimo, levedando a massa de minhas disposições mentais. Resultado? Voltei à aspereza antiga e, se cuidava de doutrina, confinava-me a reduzido círculo doméstico. Não estimava a companhia ou a intimidade daqueles que considerava inferiores. Os anos, todavia, correm metodicamente, alheios à nossa vaidade e ignorância, e impuseram-me a restituição do organismo cansado ao seio acolhedor da terra. Sabem vocês, por experiência própria, o que nos acontece a essa altura da existência humana.
Gritos estentóricos de familiares, pavor de afeiçoados, ataúde a recender aromas de flores das convenções sociais. Em meio da perturbação geral, senti que sono brando se apoderava de mim. Nunca pude saber quantos dias gastei no repouso compulsório. Despertando, porém, debalde clamei por meu filho bem-amado. Sabia perfeitamente que abandonara a esfera carnal e ansiava por reencontrar-lhe o carinho. Deixei a residência antiga, ferido de amargosas preocupações. Atravessei ruas e praças, de alma opressa. Atingi a Avenida, onde me dava ao luxo de palestrar sobre ciência e literatura.
E ali mesmo, junto ao aristocrático Café, divisei alguém que não me era estranho às relações individuais. Não tive dificuldades no reconhecimento. Era o Elpídio, integralmente transformado, evidenciando nobre posição espiritual, trocando idéias com outras entidades da vida superior. Não mais os sapatos velhos, nem o rosto suarento, mas singular aprumo, aliado a expressão simpática e bela, cheia de bondade e compreensão.
Aproximei-me, envergonhado. Quis dizer qualquer coisa que me revelasse a angústia, mas, obedecendo a impulso que eu jamais soube explicar, apenas pude repetir as antigas palavras dele:
- "Olá, meu irmão! Meus parabéns!"
Longe, todavia, de imitar-me o gesto grosseiro e tolo de outro tempo, o generoso tintureiro de Jacarepaguá abriu-me os braços, contente, e exclamou com sincera alegria:
- Ó meu amigo, que satisfação! Venha daí, vou conduzi-lo ao seu filho!
Aquela bondade espontânea, aquele fraternal esquecimento de minha falta eram por demais eloqüentes e não pude evitar as lágrimas copiosas! ...
Nossa pequena assembléia de desencarnados achava-se igualmente comovida. Cipriano calou-se, enxugou os olhos úmidos e terminou:
- A experiência parece demasiadamente huumilde; entretanto, para mim, representou lição das mais expressivas. Através dela, fiquei sabendo que a afabilidade é mais que um dever social, é alguma coisa de Deus que não subtrairemos ao próximo, sem prejudicar a nós mesmos.
Irmão X

AJUDEMOS O INIMIGO

AJUDEMOS O INIMIGO
Tão necessário se faz o auxílio espontâneo aos inimigos, na preservação de nossa paz, quão imprescindível se torna a remoção apressada de um foco infeccioso, à nossa porta, a benefício da nosssa própria saúde, visto que, alimentar o adversário, é manter um núcleo de raios destruidores contra nós.
Todos somos distribuidores de cargas eletro-magnéticas, geradas em nosso próprio ser.
A simpatia é corrente de auxílio que estendemos em nosso favor.
A antipatia é força asfixiante que lançamos em prejuízo próprio.
Toda energia projetada de nossa alma nos responde invariavelmente na reação de quem nos partilha as experiências.
Quem arremessa espinhos, improvisa chagas, cujas emanações lhe procuram a atmosfera pessoal. Quem semeia flores, recolhe o perfume da cooperação e da boa vontade.
Claro que não podemos tratar todas as situações com elixires de pétalas adocicadas, porque, muita vez, a nossa melhor energia é convidada ao serviço sacrificial e quase sempre incompreendido da defesa; entretanto, ainda mesmo nas horas mais difíceis convém mobilizar todos os recursos do bem, ao nosso alcance, para que o respeito não ceda lugar à revolta e para que a sinceridade amiga não se converta em disfarce injusto.
Instalemos, dentro de nós, o legítimo discernimento que reconhece cada criatura em seu lugar e cada acontecimento no minuto que lhe é próprio. Protegidos por semelhante entendimento, não aguardaremos uvas do espinheiro, nem pediremos as graças da colheita ao campo que apenas exibe promessas de sementeira .
Quando a treva se desdobra em torno de nossos passos, não vale vociferar contra as sombras ou persegui-las inutilmente. Bastará acender uma luz para que a estrada se descortine novamente à visão.
Assim, pois, evitemos o cultivo do espinheiral magnético na infeliz manutenção de adversários que podemos relegar ao esquecimento, quando, de imediato não lhes possamos confiar o cântaro delicado do nosso amor.
Usemos o silêncio, a desculpa e a compreensão, com exemplo vivo do nosso próprio esforço na edificação do bem e o tempo se incumbirá de tudo transformar, em auxílio de nossa felicidade, dentro dos imperativos inevitáveis da constante renovação.
Emmanuel
NOTA: Após semearmos o bem com entendimento por um determinado tempo, podemos ter certeza de que nossas boas obras fluiram espontaneamente.

"SOZINHOS ASCENDEREMOS AO NOSSO CALVÁRIO"

"SOZINHOS ASCENDEREMOS AO NOSSO CALVÁRIO"
No apogeu de Sua missão terrena, Jesus Cristo dirigiu-se ao Horto de Getsêmani, levando em companhia os apóstolos Tiago, Pedro e João. Ali chegado, deixou os companheiros a uma curta distância e, indo um pouco mais além, prostrou-se em terra e formulou ardente prece a Deus, quando suplicou que se fosse possível passasse dele aquele cálice, acrescentando, no entanto, que prevalecesse a vontade do Pai e não a sua.
Após fazer a primeira rogativa, voltou ao lugar onde estavam os três apóstolos, encontrando-os dormindo. Acordou-os, dizendo: "Então nem uma hora pudestes vós velar comigo? Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; na verdade o Espírito está pronto, mas a carne é fraca".
Fazendo a sua segunda prece, suplicando a mesma coisa ao Criador, voltou e novamente encontra os seus discípulos em profundo sono. Acordou-os e foi orar pela terceira vez. Voltando, disse aos Seus companheiros: "Dormi agora, e repousai; eis que é chegada a hora de o Filho do homem ser entregue nas mãos dos pecadores. Levantai-vos, vamos" (Mateus 26:38-46).
Muita gente se surpreende com a fragilidade dos três apóstolos, dormindo assim tão profundamente num momento tão importante, deixando de secundar o Mestre em suas rogativas . . Alguns chegam a afirmar que eles foram influenciados por espíritos trevosos, interessados em ver malograda a missão de Jesus.
O evangelista Lucas (22:45) afirma que eles "dormiram de tristeza". Marcos e Mateus afirmam que "Seus olhos estavam pesados ". João, um dos que dormiram, narra apenas "que Jesus e os Sus discípulos se dirigiram a um horto, além do ribeiro de Cedron".
O Espírito Irmão X, no livro A Boa Nova, afirma que o sono dos Apóstolos, naquela hora cruciante, aconteceu para que o Mestre ensejasse um novo ensinamento: "que cada Espírito na Terra tem de ascender sozinho ao Calvário de sua redenção, muitas vezes com a despreocupação dos entes mais amados do mundo. O discípulo do futuro compreenderá que a sua marcha tem de ser solitária, uma vez que seus familiares e companheiros de confiança se entregam ao sono da indiferença."
Na realidade, o drama cruciante que se avizinhava teria de ser vivido unicamente por Jesus Cristo. Posteriormente, os três apóstolos. cada um de per si, se defrontariam com o batismo de fogo dos martírios, cada um deles também teria o seu calvário.
A História dá-nos conta de que Pedro e Tiago foram vítimas de morte violenta, apenas João experimentou o seu drama em prolongado e penoso exílio na ilha grega de Patmos, onde desencarnou em avançada idade.
O sono dos apóstolos, naquele momento extremo da oração do Horto, é bastante esquisito. Se eles acompanharam o Mestre a fim de secundá-Lo naquela hora, por que teriam sido acometidos de sono tão intenso: Influências de espíritos trevosos: Tristeza: Indiferença pela sorte do Cristo: Sono real?
Os três apóstolos. Pedro, Tiago e João, eram sempre os escolhidos para acompanharem o Mestre nos acontecimentos mais notáveis e marcantes de Seu messiado. Eram criaturas dotadas de mediunidade em grau mais elevado que os demais apóstolos, por isso, puderam presenciar os fenômenos acontecidos no alto do Monte Tabor, quando Jesus se transfigurou, Seu rosto tornou-se resplandencente como a luz e as Suas vestes brancas como a neve, surgindo ali os Espíritos - Moisés e Elias -, simbolizando as leis e os profetas, com Ele confabulando.
Sendo portadores de mediunidade, isso foi o fator básico que levou o Mestre a convocá-los para a prece da hora extrema, quando rogou ao Pai que, se possível, evitasse que fosse tragado o cálice da amargura do sacrifício do Calvário no que, aliás, não foi atendido, pois o Seu martírio no madeiro infamante era imprescindível para que se consumasse a consagração da Sua doutrina de paz e de amor entre os homens.
E bem provável que, sendo Espíritos de ordem elevada, tenham adormecido para livrarem-se do corpo denso, a fim de melhor poderem assistir o Mestre, pois é estranho que todos os três, simultaneamente, tenham experimentado o mesmo fenômeno do sono, quando sabiam, de antemão, que a ida ao Horto representava uma responsabilidade a mais no desempenho do grandioso apostolado.
O Mestre, dirigindo-se aos apóstolos, falou em "orar e vigiar, para não entrar em tentação". De fato, espíritos trevosos, encarnados e desencarnados, tinham grande interesse em fazer com que o Cristo fosse banido da Terra de qualquer forma, animando Judas Iscariotes a denunciar o lugar onde Ele estava, o que foi consumado mediante o pagamento de trinta moedas de prata. Eles não podiam admitir que alguém perturbasse o intento, por isso atuaram sobre os três apústolos fazendo com que dormissem. Era uma força a menos a pleitear que o Mestre permanecesse no mundo.
O evangelista João, discorrendo sobre a última oração de Jesus, sustenta que o Mestre, angustiado, exclamou: "Agora a minha alma está perturbada; e que direi eu? Pai, salva-me desta hora. Mas para isso vim a esta hora" (João 12: 27) . Isto confirma o que temos sempre escrito, que o episódio do Calvário teria de ser inapelavelmente consumado, pois que ele representou a glorificação do Cristo e de Sua obra.
Logo após haver pronunciado essas palavras, os que estavam presentes ouviram uma voz retumbante, que disse, em resposta à solicitação do Mestre: "Já o tenho glorificado, e outra vez o glorificarei" (João 12:28).
Paulo Alves Godoy