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segunda-feira, 10 de setembro de 2012

ANSIEDADE III



Terapia para a Ansiedade


                Todas as aflições e todos os desapontamentos que aturdem o ser humano procedem-lhe do espírito que é, atado aos conflitos que se derivam das malogradas experiências corporais passadas.
O self, ao largo das vivências acumuladas, exterioriza as inquietações e culpas que necessitam ser liberadas mediante a catarse pelo sofrimento reparador, a fim de harmonizar-se.
Quando isso não ocorre o ego apresenta-se inquieto, ansioso...
                Na ansiedade esses fenômenos atormentadores são a liberação dos dramas íntimos que jazem no inconsciente profundo e afetam o sistema emocional.
                A terapêutica libertadora inicia-se na racionalização do tormento, trabalhando-o mediante a reflexão e a adoção do otimismo, de modo que lentamente a paciência e o equilíbrio possam instalar-se nas paisagens interiores.
                Em relação às causas atuais, o terapeuta infunde no paciente a confiança, encorajando-o pra os cometimentos saudáveis.
                Quando há problema da libido, o psicanalista poderá reconduzir o indivíduo à experiência da vida fetal, natal, infantil, destrinchando as teias retentivas em torno da perturbação que não conseguiu resolver no período da ocorrência.
                O paciente, quando compreende a finalidade da sua atual existência corporal, instrumentaliza-se para trabalhar-se, adaptando-se ao esquema de saúde e de paz.
                Outros recursos valiosos são as leituras edificantes, que propiciam renovação mental e emocional; as técnicas de ioga, que disciplina a vontade e o sistema nervoso; a meditação, induzindo à calma e ao bem-estar. Estas técnicas inspiram a ação no bem, haurindo alegria de viver, fazendo com que o indivíduo entregue-se aos desígnios divinos, conscientizando-se das próprias responsabilidades.
                Acrescenta-se a estes a bioenergia – que restauram o campo vibratório e revitalizam as células – o hábito da oração e o cultivo dos pensamentos dignificadores coroam o processo curativo para o encontro da saúde e da paz.

Do livro: CONFLITOS EXISTENCIAIS

Divaldo Pereira Franco/Joanna de Angelis

ANSIEDADE II


Desdobramento dos Fenômenos Ansiosos


                A ausência de serenidade para enfrentar os desafios, faz que o comportamento do indivíduo se torne doentio, cheio de expectativas, normalmente perturbadoras, gerando incapacidade e ação equilibrada e de desenvolvimento dos valores ético-morais corretos.
                Ao mesmo tempo, avoluma-se na mente uma grande quantidade de ambições, de desejos de execução ou de conquista de coisas simultâneas, aturdindo, desorientando o paciente, que sempre se transfere de um estado psicológico para outro, muitas vezes alternando também o humor. A necessidade conflitiva de preencher os minutos com atividades, mesmo que desconexas, diminui-lhe a capacidade de observação, confunde-lhe o pensamento e, quando, por motivo imperioso vê-se obrigado a parar, amolenta-se, deixando de prestar atenção ao que ocorre, para escorregar pelo sono no rumo da evasão da realidade.
                Justifica que não está dormindo, mas de olhos fechados, dominado por um estranho torpor, que é fruto do desinteresse pelo que acontece em volta, convocando-o a outras motivações que, não fazendo parte do seu tormento, infelizmente não despertam interesse.
                O comportamento ansioso é estimulado por descargas contínuas de adrenalina, o hormônio secretado pelas glândulas supra-renais, que ativam a movimentação do indivíduo, parecendo vitaliza-lo de energias, que logo diminuem de intensidade.
                Algumas vezes torna-se loquaz, ativo, alternando movimentações que o mantenham em intenso trabalho, nem sempre produtivo, por falta de coordenação e direcionamento. Noutras ocasiões, sofreia a inquietação e atormenta-se em estado de mutismo, mas interiormente tumultuado.
                Quanto mais se deixa arrastar pela insatisfação do que faz, mais deseja realizar, não se fixando na análise das operações concluídas, logo desejando outros desafios e labores que não tem capacidade para atender conforme seria de desejar.
                Na turbulência comportamental, os indivíduos tornam-se, não raras vezes, exigentes e preconceituosos, agressivos e violentos, desejosos de impor a sua vontade contra a ordem estabelecida ou aquilo que consideram como errado e carente de reparação.
                Os seus relacionamentos são turbulentos,  porque se desejam impor, não admitindo restrições à forma de conduta, nem orientação que os invite a uma mudança de comportamento.
                Quando são atraídos sexualmente, tornam-se quase sempre passionais, porque supõem que é amor aquilo que experimentam, desejando submeter a outra pessoa aos seus caprichos e exigências, como demonstração de fidelidade, o que, após algum tempo de convivência, torna-se insuportável, em ração dessas descargas contínuas de epinefrina que respondem por essa necessidade e mudanças de conduta, pela instabilidade nas realizações.
                Estressando-se com facilidade, em razão da falta de autoconfiança e de harmonia interna, o paciente tende a padecer transtornos depressivos, quase sempre de natureza bipolar, com graves ressonâncias nos equipamentos neuroniais.
                Passados os momentos de abstração da realidade, o salto para a exaltação leva-o aos delírios visuais e auditivos, extrapolando as possibilidades, para assumir personificações místicas ou histriônicas, poderosas e invejadas, cujas existências enganosas encontram-se no seu inconsciente.
                Terminado o período de excitação, no trânsito para o novo submergir na angústia, torna-se muito perigoso, porque a realidade perde os contornos, e o desejo de fuga, de libertação do mal estar atira-o nos abismos do autocídio.
                Desfilam em nossa sociedade inúmeros indivíduos ansiosos que se negam ao reconhecimento do distúrbio que os atormenta, procurando disfarçar com o álcool, o tabaco, nos quais dizem dispor de um bastão psicológico para apoio e melhor reflexão, nas drogas aditivas ou no sexo desvairado, insaciável, o que mais lhe complica o quadro de insanidade emocional.
                O reconhecimento da situação abre oportunidade para uma terapia de auto-ajuda.

Do livro: CONFLITOS EXISTENCIAIS

Divaldo Pereira Franco/Joanna de Angelis

ANSIEDADE I



Psicogênese da Ansiedade
                Além das conjunturas ancestrais defluentes dos conflitos trazidos de outras existências, a criança pode apresentar, desde cedo, os primeiros sintomas de ansiedade no modo inato do desconhecido – vinculação – e do não familiar. Essa vinculação apresenta um lado positivo que é o de oferecer-lhe conforto e segurança, principalmente junto à mãe com a qual interage em forma de prazer. Havendo este sentimento desde o nascimento, a criança prepara-se para uma sólida interação com a sociedade.
                Quando isso não ocorre, há a possibilidade da criança não sobreviver ou atravessar períodos difíceis, em face do medo inespecífico, originado pela ausência da mãe, chamado ansiedade livre flutuante.
                Apresenta um medo exagerado, e porque não sabe de quê, fica com mais medo. Dessa ansiedade, as aparentes ameaças externas, tornam-se enormes, culminando, na idade adulta, com uma dependência infantil.
                Quando a criança é severamente punida pelos pais, há maior necessidade de apego, tornando-a mais dependente, buscando refúgio, neles mesmos, que são os fatores de seu medo.
                Esse medo do desconhecido, impõe uma vinculação familiar que, ao ser desfeita amplia a área da ansiedade.
                O fenômeno tem as suas raízes na necessidade de reparação da afetividade que vem de outras existências espirituais, quando houve desgoverno de conduta, gerando animosidade e necessidade de apoio.
                A vinculação com o pai produz segurança, a separação proporciona angústia.
                No período inicial, essa vinculação pode ser transferida para outrem, mais tarde, a criança não tendo a mãe, chora, perturba-se e transfere a insegurança para os outros períodos da existência.
                Essa ansiedade representa a segurança que resulta de sentir-se sós, num mundo hostil, em total desamparo, levando-a a um tormento, no qual nunca está emocionalmente onde se encontra, desejando conseguir o que ainda não aconteceu.
                Como decorrência da instabilidade que a caracteriza, anseia por situações proeminentes, destaques, conquistas de valores, realização pelo amor, em mecanismos espetaculares de fuga do conflito...
                A busca do amor faz-se-lhe, tormentosa e desesperadora, como se pudesse, através desse recurso, amortecer a ansiedade. No íntimo, porém, evita envolvimentos emocionais verdadeiros por medo de os perder e vir a sofrer-lhes as conseqüências.
                Existe uma necessidade e identificação de pensamentos irracionais que são os responsáveis pelo desencadeamento da ansiedade.
                No inconsciente do indivíduo inseguro existe uma necessidade de auto-realização que, não conseguida, favorece-lhe a fuga pela ansiedade, normalmente produzindo-lhe desgaste no sistema emocional, por efeito gerando estresse no comportamento.
                No problemática dos conflitos humanos surge o recalcamento, resultado da ansiedade intensa, de um estado emocional muito semelhante ao medo.
                Por ser a ansiedade muito desagradável, o indivíduo esforça-se por ver-se livre. Não conseguindo, foge para dentro de si mesmo, experiênciando a insegurança por sentir-se impossibilitada de reprimir o que a desperta – o ato interdito.
                Processos enfemiços no organismo físico igualmente respondem pelo fenômeno da ansiedade, especialmente se o indivíduo não se encontra com estrutura emocional equilibrada para os enfrentamentos que qualquer enfermidade proporciona.
                O medo de piorar, de não se libertar da doença, recuperando a saúde, o receio da falta de recursos para atender às necessidades defluentes da situação, o temor dos comentários maliciosos de pessoas insensatas em torno da questão, o pavor da morte favorecem o distúrbio da ansiedade, que se agrava na razão direta em que as dificuldades se apresentam.
                A ansiedade é, na conjuntura social da atualidade, um grave fator de perturbação e de desequilíbrio, que merece cuidados especiais, observação profunda e terapia especializada.

Do livro: CONFLITOS EXISTENCIAIS

Divaldo Pereira Franco/Joanna de Angelis

CIÚME III



Psicogênese do Ciúme
                O espírito imaturo, vitimado por desvios de comportamentos em existências transatas, renasce assinalando o sistema emocional com as marcas infelizes disso resultantes.
                Inquieto e insatisfeito, não consegue desenvolver em profundidade a auto-estima, permanecendo em deplorável situação de infância psicológica. Mesmo quando atinge a idade adulta possui reações de insegurança e capricho, caracterizando suas dificuldades para um ajustamento equilibrado no contexto social.
                Aspira ao amor e teme entregar-se-lhe, porquanto o sentido de posse que lhe daria autoconfiança está adstrito à dominação de coisas, de pessoas e de interesses imediatistas, ambicionando transferi-lo para quem não se permitirá dominar pela sua morbidez. Quando se trata de um relacionamento com outra personalidade igualmente infantil, esta deixa-se, temporariamente, manipular-se por acomodação ou sentimento subalterno, reagindo a posteriori de maneira imprevisível.
                Em outras oportunidades permite-se conduzir, desinteressando-se das próprias aspirações, enquanto submete-se aos caprichos do dominador, resultando numa afetividade doentia, destituída de significados nobres e de vivências enriquecedoras.
                Porque a culpa se lhe encontra no íntimo, esse indivíduo não consegue decodifica-la, a fim de libertar-se, ocultando-a na desconfiança que permanece no seu inconsciente, assim experimentando tormentos e desajustes.
                Incapaz de oferecer-se em clima de tranqüilidade ao afeto, desconfia das demais pessoas, supondo que também são incapazes de dedicar-se com integração desinteressada, sem ocultar sentimentos infelizes.
                Porque não consegue manter um bom nível de auto-estíma, acredita não merecer o carinho nem o devotamento de outrem, afligindo-se, em razão do medo de perder-lhe aa companhia. Esse tormento faz-se tão cruel, que se encarrega, inconscientemente, de afastar a outra pessoa, tornando-lhe a convivência insuportável, em face da geração de contínuos conflitos que o inseguro se permite.
                A imaturidade psicológica daqueles que assim agem, torna-se tão grave, que procura justificar o ciúme como o sal do amor, como se a afetividade tivesse qualquer tipo de necessidade de conflito, de desconfiança.
                O amor nutre-se de amor e consolida-se mediante a confiança irrestrita que gera, reafirmando-o com belas vibrações de ternura e da amizade bem estruturada.
                Incapaz de enfrentar a realidade e as situações que se apresentam como necessárias ao crescimento contínuo da capacidade de discernimento e de luta, faculta-se a permanência na fantasia, no cultivo utópico da ilusão, imaginando um mundo irreal que gostaria de habitar, evitando a convivência com o destemor e o trabalho sério, de forma que se conduz asfixiado pelo que imagina em relação ao que defronta na vida real.
                Torna-se capaz de manter uma vida interior conflitiva, que mascara com sorrisos e outros disfarces, padecendo o medo e a incerteza de ser feliz.
                Sempre teme ser descoberto e conduzido à vivência dos fatos conforme são e não consoante desejaria.
                Evita diálogos profundos, receando falsear e ser identificado.
                Procedentes de uma infância, na qual teve de escamotear a verdade e disfarçar as próprias necessidades por medo de punição ou de incompreensão dos demais, atinge a idade adulta sem a libertação das inseguranças juvenis.
                Sentindo-se sempre desconsiderado, porque não consegue submeter aqueles a quem gostaria de amar-dominando, entrega-se aos ciúmes injustificáveis, nos quais a imaginação atormentada exerce uma função patológica.
                Transfere as fantasias do seu mundo íntimo para subjulgar o ser a quem diz amar.
                Atormentado pela autocompaixão, refugia-se na infelicidade, de modo a inspirar piedade, quando deveria esforçar-se para conquistar afeição; subestima-se ou sobrevaloriza-se assumindo posturas inadequadas à idade fisiológica que deveria estar acompanhada do desempenho saudável de ser psicológico maduro.
                Compara aflições alheias com as próprias, defendendo a idéia de que ninguém é fiel, pessoa alguma consegue dedicar-se a outrem sem que não mantenha sentimentos servis.
                Incapaz de afeiçoar-se pelo prazer de querer bem, portador de insatisfações em relação a si mesmo, mesquinho no que se refere à autodoação... Enxerga o amor como mecanismo de manipulação ou instrumento para conquista de valores amoedados ou de projeção política ou social sem entender que exista outra maneira de amar.
                O ciúme tem raízes no egoísmo exagerado, superável mediante trabalho de autodisciplina e entrega pessoal.
                Quanto mais o indivíduo valorizar o ego, sem administrar-lhe as heranças da inferioridade, mais se atormenta, em face da necessidade do relacionamento interpessoal que, sem a presença da afetividade, sempre torna-se frio, distante, sem sentido nem continuidade.
                Trabalhar a emoção, reflexionar em torno dos sentimentos próprios e do próximo constituem uma saudável psicoterapia para a aquisição da confiança em si mesmo e nos outros.

Do livro: CONFLITOS EXISTENCIAIS

Divaldo Pereira Franco/Joanna de Angelis

CIÚME II



Comportamentos Doentios

                Na morbidez do ciúme o paciente estertora sempre na inquietação.
                Anela pelo amor e recusa-o pelo receio de ser traído. Não se sentindo portador de sentimentos de abnegação e devotamento, desconsidera as belezas da afetividade, tidas como recurso de conquista de coisas, sem procurar entender a nobreza deste sentimento.
                A busca neurótica pelo amor prevalece nesses comportamentos ansiosos. E porque o indivíduo pensa que a satisfação do instinto poderá acalmar-lhe a ansiedade, frustra-se com facilidade, já que as suas exigências de afeto são excessivas, totais. A mínima insatisfação fá-lo pensar que foi recusado, sentindo-se rejeitado. Assim, aumenta-lhe a ansiedade, que o tornará mais afatigado na busca do afeto ainda não alcançado, ampliando as possibilidades de repulsa.
                Desvairado, permite-se a hostilidade que não consegue identificar, sempre receando a perda total do ser que diz amar. Desvaloriza-se a si mesmo, a fim de enaltecer o outro a quem se afeiçoa ou passa a desconsiderar, imaginando que se equivocou, quando atribuiu excessivos valores e recursos que a pessoa não possui.
                Em face desta insegurança deixa-se dominar por idéias perversas de autocídio ou homicídio. O ciúme está na raiz de muitos crimes.
                Sentindo-se recusado porque é cansativo o apego do paciente e o outro parceiro exaure-se na sua convivência, isso pe tido como rejeição, passa a pensar que outrem interfere no relacionamento.
                Desencadeada a idéia suspeitosa, a maquinação doentia aumenta, pondo-se em observação alucinada, deformando os acontecimentos de uma óptica distorcida, confirmando o que deseja que esteja acontecendo.
                Quando a mente descontrola o comando do discernimento, o paciente introduz pessoas suspeitas no convívio do lar, para melhor poder confirmar as expectativas, culminando em loucura ou crime.
                O ciúme estimula a inveja o ambos trabalham em comum acordo para anular a ação daquele que lhes inspira o sentimento negativo.
                Se a criatura é indiferente ou agressiva, ao encontrar outra equivalente forma o grupo social desinteressado pelo bem-estar comum.
                Os indivíduos tímidos ou que sofreram agressões na infância, sentem-se rejeitados e repelidos, expulsos sem consideração, em mecanismo evocativo inconsciente do que experimentaram durante a construção da personalidade.
                Irão formar bolsões de adversários inconscientes uns dos outros, todos eles insensíveis aos sentimentos de humanidade, porque se sentem excluídos da sociedade.
                A convivência com o paciente ciumento é martirizante, especialmente quando se recusa ao tratamento libertador.

Do livro: CONFLITOS EXISTENCIAIS

Divaldo Pereira Franco/Joanna de Angelis

CIUME I



Terapia para o Ciúme

                Todo e qualquer distúrbio orgânico, psicológico ou mental, necessita de tratamento especializado.
                Essas terapias não podem esquecer-se que o espírito, em si mesmo, é o grande enfermo. Esse conhecimento pode minimizar os efeitos perturbadores através do reencontro com as causas da existência presente, que tiveram origem no lar agressivo ou negligente, no grupo social perverso, nas condutas extravagantes ou em processos enfermiços que atingiram a organização física.
                Em todos os indivíduos encontram-se os conflitos inconscientes e os mecanismos de defesa, diferenciando-se através de como são resolvidos.
                O paciente ciumento, em sua insegurança, não tem qualquer consideração por si próprio, necessitando de ser conduzido à auto-estima, à superação dos conflitos de inferioridade e de insegurança, tomando conhecimento lúcido das infinitas possibilidades de equilíbrio e de afetividade que lhe estão ao alcance.
                A libertação das idéias masoquistas que nele permanecem, da culpa inconsciente que necessita de punição, bem direcionada pelo psicoterapeuta, ensejar-lhe-á a compreensão de que todos erram, de que todos devem assumir a consciência dos equívocos, mas a ninguém é  concedido o direito de permanecer no muro das lamentações em torno de reais ou imaginárias aflições.
                O amor faculta saúde emocional e bem-estar a todos.
                Quando buscado com afã, torna-se neurótico e perturbador.
                A ação fraternal da solidariedade enseja uma visão diferente daquela na qual o paciente encarcera-se, acreditando-se, apenas ele, como pessoa que vive um tipo de incompletude.
                A ação de benemerência direcionada ao próximo conduz ao descobrimento de quanto é saudável ajudar, facultando o entendimento dos dramas alheios e encontrando solução para os próprios conflitos.
                A terapêutica da bondade ao lado da psicoterapia especializada constitui elemento constritivo para a superação do ciúme, porque, nesse serviço, o afeto se amplia, os horizontes alargam-se, os interesses deixam de ser personalistas e a visão a respeito do mundo e da sociedade torna-se mais complacente e menos rigorosa.

Do livro: CONFLITOS EXISTENCIAIS

Divaldo Pereira Franco/Joanna de Angelis

domingo, 9 de setembro de 2012

ESPÍRITO DA TREVA


Está em toda parte.
Surge inesperadamente e assume faces de surpresa que produz estados
d’alma afligentes, configurando pungentes conflitos que conduzem, não raro, a
nefandas conseqüências.
Às vezes, no lar, os problemas se avultam, na ordem moral, desconcertando
a paisagem doméstica; no trabalho, discussões inesperadas, por nonadas, tomam
aspectos de gravidade, que conduz os contendores a ódios virulentos e perniciosos;
nas relações, irrompem incompreensões urdidas nas teias da maledicência,
fragmentando velhas amizades que antes se firmavam em compromissos de lealdade
fraterna Inamovível; na rua e nas conduções gera inquietações que consomem e
lança pessoas infelizes no caminho, provocantes, capazes de atirar por coisas de
pequena monta, nos rebordos de abismos profundos, aqueles que defrontam...
É o espírito da treva. Está, sim, em toda parte.
Membro atuante do que constitui as “força do mal”, que por enquanto ainda
assolam a Terra, na atual conjuntura do planeta, irrompe inspirando e agindo, nos
múltiplos departamentos humanos, objetivando desagregar e infelicitar as criaturas,
no que se compraz.
Espírito estigmatizado pela agonia íntima que sofre, envenenado pelo ódio
em que se consome ou revoltado pelo tempo perdido, na vida passada, sintoniza com
as imperfeições morais e espirituais do homem, mantendo comércio pernicioso de
longo curso.
Está, também, às vezes, encarnado no círculo das afeições. Aqui é o esposo
rebelde, a genitora alucinada, a nubente corroída por ciúme injustificável, o filho
ingrato, o irmão venal, a filha viciada e ultrajante, a irmã desassisada; ali é o vizinho
irritante, o colega pusilânime, o chefe mesquinho, o amigo negligente, o servidor
cansativo, o companheiro hipócrita exigindo atitude de sumo equilíbrio, em convite
contínuo à serenidade e à perseverança nos bons propósitos.
Transmite a impressão de que não há lugar para o amor nem o bem, como
se a vida planetária fosse uma arbitrária punição e não sublime concessão do Amor
Divino, a benefício da nossa redenção.
* * *
Como quer que apareça o espírito das trevas, no teu caminho, enfrentao
simples de coração e limpo de consciência. Não debatas nem te irrites com ele.
87 – FLORAÇÕES EVANGÉLICAS (pelo Espírito J oanna de Ângelis)
Ante os doentes, o medicamento primeiro e mais eficaz é a compaixão que
se lhes dá, não levando em conta o que dizem ou fazem por considerar que estão
fora da razão e do discernimento, pela ausência da saúde.
Armate a todo instante com a prece e põe o capacete da piedade,
conduzindo a luz da misericórdia para clarificar o caminho e vencerás em qualquer
luta, permanecendo livre face a qualquer das suas ciladas.
E quando, enfraquecido na luta, o espírito da treva estiver a vencerte após
exasperarte danosamente, quase colimando por empurrarte
ao fosso da insensatez, lembrate
de Jesus e dize:
“Afastate de mim, espírito do mal” —, e avança sem parar na direção do dever sem olhar para trás.
*
“Depois vai e leva consigo mais sete espíritos pior es do que ele, Ali entr am e habitam”.
(Mateus, 12:45)
*
“O Espírito mau esper a que o outr o, a quem ele quer mal, esteja preso ao seu
cor po e, assim, menos livr e, par a mais facilmente o ator mentar, ferir nos seus
interesses, ou nas suas mais car as afeições”.
(O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO, Capítulo 10º — Item 6)

Livro: Florações Evangélicas
Divaldo -Joana de Angelis.

Os efeitos do álcool na sociedade e no Espírito imortal

 Reformador • Abr i l 2009
ROBERTO CARLOS FONSECA
1. Introdução
O álcool, do árabe al-kuhl (essência) é uma das drogas mais antigas da Humanidade. Inicialmente
se acreditava que teria surgido em 6000 a.C., no Egito, onde foram encontradas ruínas de uma
fábrica de cerveja. Porém, recentemente, pesquisadores descobriram vestígios de uva apodrecida
em locais habitados por homens pré-históricos, a qual tinha em torno de 5% de teor alcoólico, demonstrando que o seu consumo é ancestral. No início, a utilização de bebidas alcoólicas pelas sociedades
estava muito ligada à prática religiosa, pois acreditava-se que elas facilitavam o contato com os deuses. Ainda hoje, de forma diferenciada, o álcool serve de símbolo para muitas religiões. Outro sentido para o uso de alcoólicos era a sua utilização tanto como dissipador de preocupações e dor quanto como elemento abortivo.
Com a Revolução Industrial, foram desenvolvidas bebidas destiladas como o uísque (usquebaugh –
água da vida), as quais possuem um teor extremamente alto, gerando inúmeros malefícios ao corpo humano.
Acompanhando a Revolução Industrial, as bebidas fermentadas também passaram a conter um
grau etílico maior, aumentando o número de dependentes em álcool.
O alcoolismo decorre do uso prolongado, geralmente entre 20 e 25 anos, de substâncias alcoólicas.Nesta
fase, o hábito de consumir a bebida já está relacionado ao ritmo de vida do indivíduo, sendo muito difícil
convencê-lo a parar de ingeri-la. .
2-Efeitos no cérebro
Acreditar que o álcool é somente um estimulante é um grande engano. Ele, num primeiro momento,
ao agir diretamente no lobo frontal do cérebro, desinibe o indivíduo, modificando sobremaneira
seu comportamento social, mas sua principal característica é provocar a depressão. Seus efeitos
podem ser observados em três fases:
Na primeira, o indivíduo, via de regra, perde seu senso moral, seus medos e inibições, passando
a se comportar conforme pendores
íntimos que estavam reprimidos por medo das Leis do Estado e pelos costumes vigentes no grupo
social em que se relaciona. Se tinha comportamento tímido, passa a se soltar, principalmente em
relação ao sexo oposto. Se era quieto, torna-se loquaz.
Na segunda, podem ocorrer falta de coordenação motora, descontrole dos reflexos, descontrole
emocional e agressividade. Isto explica a mudança brusca de comportamento, visualizada geralmente
quando ocorrem atos de violência após o consumo de bebidas alcoólicas. Muitos pais de
família, que fazem uso de alcoólicos, ao retornarem ao lar acabam por extravasar seus pendores de
violência na esposa e nos filhos.
A terceira é caracterizada pela depressão, condição em que o indivíduo reclama de tudo e de todos,
da vida, do salário, e normalmente extravasa suas angústias por meio de lágrimas. Ocorrem
também problemas digestivos como: vômitos, diarreias, dores de cabeça, sono, mal-estar geral, coma
etc. Esta fase é mais perigosa, pois a depressão alcoólica pode levar ao suicídio, principalmente
em alcoolistas que, ao retornarem à realidade, percebem que não conseguiram ficar sem a bebida.
Este sentimento de fracasso é agente impulsionador do comportamento suicida.
3-A dependência
Denomina-se alcoolismo a dependência à bebida alcoólica, caracterizada pelo consumo compulsivo
de álcool, com progressiva tolerância à intoxicação produzida pela droga e desenvolvimento de
sintomas de abstinência, quando o consumo é interrompido. Os sintomas mais comuns no caso de
uma crise de abstinência são sudorese, aceleração cardíaca, insônia, náuseas e vômitos. Num estado
mais avançado, ela se caracteriza como delirium tremens, causando confusão mental, alucinações
e convulsões.
Inicialmente, o alcoolista era discriminado, sendo tratado como um ser de personalidade fraca.
Mas, com o avanço da Ciência e dos tratamentos, chegou-se à conclusão de que o alcoolismo
é uma doença, potencialmente forte e destruidora do caráter do indivíduo, que faz de tudo para ter
satisfeita a sua vontade de beber: mente, rouba, trai, seduz.
O alcoolismo gera deterioração psicológica e física. O indivíduo, aos poucos, pela perda dos neurônios,
tem sua capacidade mental reduzida, descuida-se da sua apresentação, torna-se impontual e
tem a concentração nas atividades corriqueiras limitada.
Para esta doença não há cura, o que existe é um tratamento ininterrupto, a fim de que jamais ocorra
novamente o consumo, sob risco de retornar todo o prazer em sorver os alcoólicos, colocando
a perder todo o tratamento já realizado.
4-O álcool e a sociedade
Impulsionado pelos costumes sociais, pela tradição das festas
e comemorações múltiplas, o homem não se dá conta de que o álcool é um dos maiores males que
existem na face da Terra. É agente impulsionador da violência, possui inúmeras doenças atreladas ao
seu uso abusivo, e está entranhado em quase todas as ocasiões em que um grupo humano se reúne, como
se fosse impossível conversar, trocar ideias, tomar decisões na vida particular ou em sociedade, sem
estar com um copo na mão.
Aliado ao baixo custo de produção, tornando-o uma droga acessível a qualquer grupo social, e às políticas de governo pouco eficazes no combate ao seu consumo indiscriminado, ele se torna um verdadeiro destruidor de vidas, de carreiras e da sociedade.
5. Considerações
Se o indivíduo bebe uma vez por semana, é um bebedor social; se de três a quatro vezes, é um
bebedor excessivo; mas se bebe todos os dias, é considerado bebedor dependente.Nem todo bebedor
social vai ser um bebedor dependente, porém todo dependente, um dia, já foi bebedor social. Na
fase da dependência, ele dificilmente sairá sem ajuda; é preciso solicitar auxílio a parentes, amigos
e especialistas.
A maior dificuldade de se combater o uso abusivo de alcoólicos está em ser o álcool uma droga
socialmente aceita. A maioria das pessoas tem o seu primeiro contat com o álcool dentro do próprio
lar.
6. O álcool e o Espírito imortal
Joanna de Ângelis nos alerta que o uso de alcoólicos reflete o declínio dos valores espirituais da
sociedade, sendo aceito como hábito social. Enfatiza que a viciação alcoólica inicia-se pelo aperitivo
inocente, repete-se através do hábito social, impõe-se aos poucos como necessidade e converte-se em
dominação absoluta pela dependência.
Alerta também que a desencarnação se dá através do suicídio indireto, graças à sobrecarga destrutiva que o dependente de álcool depõe sobre o corpo físico.1
Os efeitos do consumo desta substância transcendem os umbrais da morte, vão além dos danos causados
ao corpo físico, instrumento de trabalho da alma reencarnada, que o devolve à terra após o desenlace, a
morte. Esta substância deixa inúmeras marcas no perispírito e na mente do dependente alcoólico, que
se refletirão na próxima encarnação.
Da análise do texto de Manoel P. de Miranda no livro Nas Fronteiras da Loucura, psicografia de
Divaldo P. Franco, podemos concluir que a intoxicação alcoólica traz os seguintes prejuízos a quem
dela se torna dependente:
1. Libera toxinas que impregnam o perispírito;
2. Introduz impurezas amortecendo as vibrações;
3. Entorpecimento psíquico;
4. Insensibilidade ao tratamento espiritual;
5. A dependência prossegue depois da morte;
6. As lesões do corpo físico refletem-se no corpo espiritual;
7. O perispírito imprime as lesões nas futuras organizações fisiológicas;

1FRANCO, Divaldo P. Após a tempestade.
Pelo Espírito Joanna de Ângelis. 8. ed. Salvador
(BA): LEAL, 1985. Cap. 9, Viciação
alcoólica, p. 49.

sábado, 8 de setembro de 2012

Desobsessão Coletiva


SÉRGIO THIESEN-Revista o Reformador Dezembro de 1999
“Qual é o teu nome?” — indaga Jesus. Responde--lhe: “O meu nome é
Legião, porque somos muitos.” E lhe imploravam com insistência que não os
mandasse para fora daquela região (Gerasa). (Marcos, 5:9-10).
Obsessão é o maior flagelo da Humanidade. Os vínculos dolorosos
estabelecidos na Eternidade entre as almas que vivem no Planeta surgiram e se
perpetuam há milênios, aprisionando-as entre si e caracterizando a massa de
Espíritos que aqui reside como primitiva. Com raízes no egoísmo desenfreado,
vivemos ainda imersos em sombras que atuam tanto nos indivíduos como nas
coletividades, instituições, famílias, cidades, povos, obstaculizando os anseios
incipientes de redenção e libertação.
Na Codificação, Kardec estuda a obsessão em “O Livro dos Médiuns”, no
capítulo XXIII, enfocando aqueles casos em que os médiuns eram obsidiados e
como se devia fazer para evitá-la ou combatê-la, fossem casos simples, de
fascinação ou subjugação.
Em obras complementares, André Luiz estuda o assunto com detalhes,
publicando até mesmo uma obra específica, de título “Desobsessão”, em 1946.
Por todo o Brasil, nos Centros Espíritas, vão surgindo reuniões mediúnicas
voltadas para o seu tratamento, caracterizando-se pelo diálogo fraterno e o
esclarecimento dos obsessores trazidos pelos mentores espirituais, que se
manifestam através da psicofonia. Hermínio C. Miranda em “Diálogo com as
Sombras”, de 1979, aprofunda o tema valorizando ainda mais a doutrinação e o
atendimento individualizado.
Nas obras de André Luiz, pela mediunidade de Francisco Cândido Xavier,
bem como nas de autores espirituais como Manoel Philomeno de Miranda, há
referência às manifestações de grupos de Espíritos vinculados a certos casos por
eles narrados.
Durante sucessivos anos de experiência em reuniões de desobsessão,
notamos, em muitos casos, a presença de grupos maiores ou menores de
Espíritos que eram identificados pelo autor e por médiuns videntes como sendo
os responsáveis pela influência nociva sobre os doentes atendidos.
Em todos esses casos havia ou não a manifestação pela psicofonia de
uma das entidades que fazia parte do grupo e do processo obsessivo. A partir
dos primeiros casos fomos desenvolvendo algumas técnicas para atender não
apenas ao Espírito comunicante (quando este se manifestava, “representando”
os demais) mas a todo o grupo coletivamente. Estas foram sendo testadas e na
medida que podiam ser repetidas em situações semelhantes com resultados
igualmente positivos, foram sendo incorporadas como recursos de tratamento.
Passamos ao estudo de alguns casos ou situações que exemplificam a
necessidade de se atentar para o coletivo, multiplicando os benefícios do atendimento.
Muitas vezes comparece ou é trazida entidade que desencarnou
violentamente como vítima de guerra. São Espíritos que, passado um tempo
maior ou menor desde o conflito, por vezes séculos, se apresentam como
mutilados, sentindo dores físicas intensas, em várias partes do corpo, com fome
e frio, muitas vezes desconhecendo que já desencarnaram. Através da oração,
do diálogo fraterno e consolador e da transferência de recursos fluídicos para ele,
apresenta profunda recuperação de seus males físicos e morais. Por ocasião de
seu atendimento, os médiuns percebem o cenário da última batalha e a presença
de inúmeros Espíritos dispersos pelo chão, “agonizantes”, andrajosos, com
uniformes rotos, esquálidos, amontoados entre gritos e gemidos, armas
espalhadas... Este quadro é cheio de vida, independentemente de quando tenha
sido o confronto e aqueles que ali permaneceram lá se encontram desde então.
Este contexto se apresenta quando iniciamos o atendimento para uma pessoa
encarnada, doente, com as mais variadas patologias, físicas ou mentais,
incluindo a depressão, síndrome do pânico ou a esquizofrenia. Outras vezes este
contexto é aberto pela espiritualidade mesmo sem estarmos atendendo a algum
encarnado identificado no início. Quase sempre o encarnado foi um dos
agressores e responsáveis por tudo aquilo que se apresenta no cenário do
conflito e é quando o contexto todo é tratado, com a recuperação e
encaminhamento de todas as vítimas é que ocorre, algum tempo depois sua
melhora clínica, independente do tratamento médico concomitante. Outras vezes
o paciente encarnado é uma das vítimas e, apesar de mergulhado em nova
existência corporal, algo de si, através de vínculos sutis, em fenomenologia de
ressonância, o mantém ainda atrelado àquela experiência dolorosa. E com
repercussões negativas em si próprio, contribuindo para ou mesmo gerando sua
doença atual. Só com a abordagem ampla e coletiva em que todos são
beneficiados, recuperados e conduzidos para hospitais e colônias espirituais é
que se dá a reversão moral de todo o drama e a libertação da vítima bem como
de todos os envolvidos. A isto se segue, comumente, significativa melhora
clínica. Todo o desenrolar das diversas etapas de tratamento é monitorado pelos
médiuns videntes. Situações análogas têm sido geradas por guerras, revoluções,
conflitos armados em geral e apesar do tempo que delas tenha decorrido, suas
conseqüências ainda se arrastam até que tudo efetivamente seja tratado e se
harmonize. São verdadeiros bolsões de Espíritos, que sem energia externa
benéfica e por ignorância quanto aos meios para sua libertação detêm-se
estagnados, sofrendo e fazendo sofrer, consciente ou inconscientemente, por
ação direta ou por fenômenos ressonantes psíquicos.
Alguns dos casos tratados foram de guerras ou batalhas conhecidas da
História, mas a maioria situava--se sob o véu da obscuridade. Uma de que me
recordo foi na região de Hiroshima, onde restavam milhares de Espíritos
vitimados pela radiação ionizante no final da Segunda Grande Guerra. Outra
recente reunião possibilitou o atendimento às vítimas de conflitos étnicos entre
minorias da África e no Kosovo. Levas de Espíritos são resgatadas e
encaminhadas aos hospitais da espiritualidade.
Outra situação é a dos Espíritos enfermos que desencarnaram por
enfermidades diversas, mais ou menos longas, que são trazidas à psicofonia,
manifestando suas dores, limitações funcionais e com a impressão de estarem
ainda no leito de hospital, geralmente em enfermarias, onde permaneceram por
muito tempo até serem resgatados. Espontaneamente ou questionados por nós
referem-se a inúmeros outros doentes que vivem em situações semelhantes no
mesmo ambiente hospitalar. Uma vez confirmada esta realidade pelos próprios
médiuns em tarefa, após o atendimento do caso inicial, dedicamos a etapa
seguinte aos demais e com as técnicas e recursos pertinentes, os benefícios lhes
são dirigidos, alcançando a todos, modificando suas condições perispirituais no
próprio ambiente em que se demoravam, sendo, após, levados para os núcleos
de assistência na espiritualidade. Já houve casos em que o mentor propunha o
atendimento a determinados hospitais de nossa cidade para o encaminhamento
dos Espíritos aí retidos. Tivemos oportunidade de atender processos
semelhantes, mas de enfermos vitimados por epidemias como a peste bubônica

na Europa, há vários séculos ou por suicídio coletivo de tribo indígena na
Amazônia em 1991. A distância não impede que possamos atendê-los, bem
como a defasagem de tempo entre o ocorrido e a data dos atendimentos.
Por vezes, são trazidas vítimas de acidentes de avião, trens, terremotos,
enchentes, incêndios, furacões. Tenham sido recentes ou esquecidos nos
registros humanos, permanecem juntas e em profundo sofrimento, necessitando
de energia externa para serem resgatados. Quando qualquer deste tipo de vítima
é trazido procuramos dedicar uma etapa seguinte na busca de grupos de
entidades com semelhante padecimento vinculados entre si e ao que foi trazido
inicialmente. Busca tratamento ainda na região onde se deu a catástrofe e
posterior encaminhamento.
Uma última situação comum que gostaríamos de lembrar é a dos Espíritos
aprisionados em regiões umbralinas ou trevosas por magos, gênios do mal,
“dragões” e outras criaturas maléficas que, em suas bases edificadas, mantêmse
por séculos dominando e hostilizando aqueles mais enfraquecidos ou
doentes. São vistas em masmorras, cavernas, ambientes infectos, em meio a
roedores, morcegos, etc. Nesse caso, o coletivo se prende tanto às numerosas
hostes dos obsessores hierarquicamente organizados em verdadeiros impérios
do mal, como às de suas vítimas desencarnadas, sem falarmos do que atuam
sobre pessoas e instituições na crosta da Terra. A hierarquia das trevas, também
na nossa experiência é algo impressionante e foi objeto de estudo por parte de
Áureo no livro “Universo e Vida”, psicografia de Hernani T. Sant’Anna (edição da
FEB). Para estas questões existem recursos tanto para resgatar destas prisões
coletivas aqueles que lá são mantidos, como para neutralizar a ação de seus
algozes. Quando um de seus líderes é encaminhado, um número apreciável de
vítimas, dos dois lados da vida, é liberado concomitantemente. Quanto maior seu
poderio ou mais maléficos eles são, maior o benefício e o número de criaturas
que se libertam quando de sua capitulação e afastamento definitivo, em relação
aos que se lhes estavam subjugados. Chama-nos a atenção a quantidade, o
conjunto de Espíritos ligados a cada caso, tanto no rol de seus asseclas como
de suas vitimas encarnadas e desencarnadas. À guisa de exemplo, lembro-me
de que, recentemente, em uma de nossas reuniões, compareceu pela psicofonia
uma freira desejando falar-nos. Contava que ouvira dizer que poderíamos ajudála
e expôs seu problema. Havia um grupo de crianças sob sua responsabilidade,
mas que se detinha em região inferior sob influência de certos Espíritos trevosos.
Sem entrarmos no mérito causal e aplicando recursos específicos, pudemos
constatar a liberação e migração desse grupo de entidades na direção de um
jardim, em torno de um hospital na espiritualidade em colônia próxima da crosta.
A irmã acompanhou todo o atendimento até que a última criança lá chegasse e,
emocionada, agradeceu. A edificação das trevas foi vista ruir ao impacto das
vibrações de altíssima freqüência dirigidas para lá.
Como tratar as situações coletivas? Na medida que o coordenador passa
a verificar atentamente, diante de cada caso que é trazido, a presença de outros
Espíritos, como nos exemplos citados, seja por sua sensibilidade, seja pela dos
médiuns videntes do grupo, ele deve predispor-se a expandir o tratamento aos
demais, sem deixar de cuidar daquele que, escolhido pelo Mundo Maior,
exatamente propiciará que todos se beneficiem. A freqüência vibratória do
comunicante, seja um enfermo, seja um prisioneiro numa base ou edificação das
sombras, é um registro de identidade que ele irradia e que possui vínculos
mento-fluido-magnéticos com todos aqueles que viveram (e ainda vivem) tal
drama, tanto vítimas quanto eventuais causadores. Após a constatação e o
diálogo iniciais, o coordenador deve projetar energia mental, consciente do que
se passa com o grupo em questão, de tal modo que suas reais necessidades
espirituais sejam atendidas, de forma a plasmar, por exemplo, a recuperação,
integridade e saúde de seus perispíritos ou sua libertação dos liames que os
mantinham cativos. Após esta etapa fundamental faz-se necessária a condução
de todo o grupo para as regiões astralinas, onde estão os hospitais e zonas de
triagem para que lá o tratamento tenha continuidade e se conclua, sob a égide
dos benfeitores do Alto. A condução através de energia mental e vital emitida
pelo doutrinador é acompanhada pelos médiuns até que se complete,
certificando-se de que todos foram beneficiados e que efetivamente chegaram
até lá. Cada grupo de trabalho conta com a cobertura necessária destes núcleos
de assistência e guardam relação “geográfica” com sua localização na Terra.
Não se preterem quaisquer dos cuidados atinentes ao trabalho habitual de
desobsessão, como o preparo dos médiuns, do coordenador, a estruturação do
grupo, o diálogo fraterno, a prece, a fluidoterapia... A energia vital do grupo, a
coesão e solidez da corrente e o monitoramento pela vidência são essenciais.
Alguém poderia questionar por que não se deixar para a Espiritualidade Superior
realizar estas coisas no mundo espiritual. Pelas mesmas razões que não
esperamos que eles façam e resolvam no mundo espiritual os atendimentos
individuais, trazendo-os através da psicofonia.
Lembramos ainda que esta abrangência que a atividade de desobsessão
pode alcançar surgiu da experiência no trato dos casos individuais e foram
acontecendo naturalmente na medida que notávamos o conjunto de entidades
vinculadas a cada caso e nos propúnhamos a beneficiá-las.
Queremos ressaltar que: 1) Processos obsessivos envolvendo grande
número de vítimas ou algozes são comum. 2) As situações pendentes,
acumuladas na esteira do tempo, abrangendo questões morais e cármicas,
vinculando os seres entre si, são graves, freqüentes e de enorme capacidade
geradora de enfermidades e psicopatias humanas. 3) São, por isso,
incomparavelmente maiores os benefícios advindos do tratamento coletivo. 4) Os
recursos fundamentais para se estender o atendimento para grupos de Espíritos
são os mesmos dos trabalhos bem orientados de desobsessão, acrescidos de
alguns requisitos e condições. 5) Os recursos originados e trazidos pela
Espiritualidade para esta expansão quali-quantitativa vão sendo acrescidos na
medida que o grupo funcione com esta proposição. 6) É patente o interesse do
Mundo Maior no sentido de que novos grupos se preparem para estes
cometimentos, auxiliando na mais efetiva reversão de tão doloroso quadro moral
de nosso orbe. .
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
1. SANT’ANNA, Hernani T. Pelo Espírito Áureo, ed. FEB, 1978.
2. MIRANDA, Hermínio C. Diálogo com as Sombras, ed. FEB, 1976.
3. AZEVEDO, José Lacerda. Espírito e Matéria. Novos Horizontes para a Medicina, ed.
Pallotti, 1988.
4. KARDEC, Allan. O Livro dos Médiuns, ed. FEB, 1993.
5. XAVIER, Francisco Cândido. Pelo Espírito André Luiz, ed. FEB 1946.

Perdão e Reparação


Editorial

A necessidade do perdão – como atitude essencial para a conquista da plenitude espiritual – foi
ensinada por Jesus em diversas ocasiões: “Se perdoardes aos homens as suas ofensas, também
vosso Pai Celeste vos perdoará”1, “Perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos
nossos devedores”(2) e “Reconcilia-te depressa com o teu adversário, enquanto estás com ele no caminho”
(3). Destacou, ainda, a importância de perdoar de forma ilimitada: “Não vos digo que perdoeis
até sete vezes, mas até setenta vezes sete vezes.”(4)
Mas o Cristo não se limitou a teorizar sobre o perdão: Do alto da cruz humilhante, submetido a
dores extremas, orou por seus algozes, compreendendo-lhes a ignorância: “Pai, perdoa-lhes porque
não sabem o que fazem.”(5)
Antídoto do ódio, o perdão é gesto de generosidade que beneficia muito mais a quem perdoa do
que àquele que é perdoado. Sentimentos como ódio, rancor e desejo de vingança escravizam as criaturas,
algemando-as a idéias fixas, estados mentais mórbidos, infelicidade e desequilíbrio. Quem perdoa
se liberta do grilhão que o mantém prisioneiro. Mas quem é perdoado não está livre da necessidade
de reparar o mal cometido. Este, registrado na consciência do Ser, exigirá corrigenda, a fim de
que a criatura se reabilite perante a Lei Divina. Mesmo depois de perdoado, sofre o aguilhão do remorso,
que lhe cobra reparação dos prejuízos materiais ou morais que causou a outrem.
Jesus assinalou o imperativo de a criatura buscar o reajuste perante Deus e a própria consciência
mediante o exercício do amor incondicional. Ao reerguer a mulher que era acusada por seus vícios,
o Cristo observa: “Seus muitos pecados lhe são perdoados, porque muito amou.”(6)
Assim, a reparação que favorece a paz interior virá pela vivência do amor, ao eleger o Bem como
prática. Mas poderá ser, também, profundamente dolorosa, quando aquele que foi perdoado permanece
em clima de enfermidade moral, recusando-se à grandeza da fraternidade.
A lição que o Evangelho nos oferece e que a Doutrina Espírita explicita não deixa dúvidas: Não
se chega à felicidade, que todos buscam, sem a vivência da lei moral que emana de Deus e que consiste
na prática da Caridade. E só praticamos a Caridade, plenamente, perdoando os outros e reparando
nossos erros, sempre!
1Mateus, 6:14 4Mateus, 18:22
2Mateus, 6:12 5Lucas, 23:34
3Mateus, 5:25 6Lucas, 7:47
Editorial
O Reformador -Julho de 2005