Comportamentos Doentios
Na morbidez do ciúme o paciente estertora sempre na inquietação.
Anela
pelo amor e recusa-o pelo receio de ser traído. Não se sentindo
portador de sentimentos de abnegação e devotamento, desconsidera as
belezas da afetividade, tidas como recurso de conquista de coisas, sem
procurar entender a nobreza deste sentimento.
A
busca neurótica pelo amor prevalece nesses comportamentos ansiosos. E
porque o indivíduo pensa que a satisfação do instinto poderá acalmar-lhe
a ansiedade, frustra-se com facilidade, já que as suas exigências de
afeto são excessivas, totais. A mínima insatisfação fá-lo pensar que foi
recusado, sentindo-se rejeitado. Assim, aumenta-lhe a ansiedade, que o
tornará mais afatigado na busca do afeto ainda não alcançado, ampliando
as possibilidades de repulsa.
Desvairado,
permite-se a hostilidade que não consegue identificar, sempre receando a
perda total do ser que diz amar. Desvaloriza-se a si mesmo, a fim de
enaltecer o outro a quem se afeiçoa ou passa a desconsiderar, imaginando
que se equivocou, quando atribuiu excessivos valores e recursos que a
pessoa não possui.
Em
face desta insegurança deixa-se dominar por idéias perversas de
autocídio ou homicídio. O ciúme está na raiz de muitos crimes.
Sentindo-se
recusado porque é cansativo o apego do paciente e o outro parceiro
exaure-se na sua convivência, isso pe tido como rejeição, passa a pensar
que outrem interfere no relacionamento.
Desencadeada
a idéia suspeitosa, a maquinação doentia aumenta, pondo-se em
observação alucinada, deformando os acontecimentos de uma óptica
distorcida, confirmando o que deseja que esteja acontecendo.
Quando
a mente descontrola o comando do discernimento, o paciente introduz
pessoas suspeitas no convívio do lar, para melhor poder confirmar as
expectativas, culminando em loucura ou crime.
O ciúme estimula a inveja o ambos trabalham em comum acordo para anular a ação daquele que lhes inspira o sentimento negativo.
Se
a criatura é indiferente ou agressiva, ao encontrar outra equivalente
forma o grupo social desinteressado pelo bem-estar comum.
Os
indivíduos tímidos ou que sofreram agressões na infância, sentem-se
rejeitados e repelidos, expulsos sem consideração, em mecanismo
evocativo inconsciente do que experimentaram durante a construção da
personalidade.
Irão
formar bolsões de adversários inconscientes uns dos outros, todos eles
insensíveis aos sentimentos de humanidade, porque se sentem excluídos da
sociedade.
A convivência com o paciente ciumento é martirizante, especialmente quando se recusa ao tratamento libertador.
Do livro: CONFLITOS EXISTENCIAIS
Divaldo Pereira Franco/Joanna de Angelis
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