Psicogênese da Ansiedade
Além
das conjunturas ancestrais defluentes dos conflitos trazidos de outras
existências, a criança pode apresentar, desde cedo, os primeiros
sintomas de ansiedade no modo inato do desconhecido – vinculação – e do
não familiar. Essa vinculação apresenta um lado positivo que é o de
oferecer-lhe conforto e segurança, principalmente junto à mãe com a qual
interage em forma de prazer. Havendo este sentimento desde o
nascimento, a criança prepara-se para uma sólida interação com a
sociedade.
Quando
isso não ocorre, há a possibilidade da criança não sobreviver ou
atravessar períodos difíceis, em face do medo inespecífico, originado
pela ausência da mãe, chamado ansiedade livre flutuante.
Apresenta
um medo exagerado, e porque não sabe de quê, fica com mais medo. Dessa
ansiedade, as aparentes ameaças externas, tornam-se enormes, culminando,
na idade adulta, com uma dependência infantil.
Quando
a criança é severamente punida pelos pais, há maior necessidade de
apego, tornando-a mais dependente, buscando refúgio, neles mesmos, que
são os fatores de seu medo.
Esse medo do desconhecido, impõe uma vinculação familiar que, ao ser desfeita amplia a área da ansiedade.
O
fenômeno tem as suas raízes na necessidade de reparação da afetividade
que vem de outras existências espirituais, quando houve desgoverno de
conduta, gerando animosidade e necessidade de apoio.
A vinculação com o pai produz segurança, a separação proporciona angústia.
No
período inicial, essa vinculação pode ser transferida para outrem, mais
tarde, a criança não tendo a mãe, chora, perturba-se e transfere a
insegurança para os outros períodos da existência.
Essa
ansiedade representa a segurança que resulta de sentir-se sós, num
mundo hostil, em total desamparo, levando-a a um tormento, no qual nunca
está emocionalmente onde se encontra, desejando conseguir o que ainda
não aconteceu.
Como
decorrência da instabilidade que a caracteriza, anseia por situações
proeminentes, destaques, conquistas de valores, realização pelo amor, em
mecanismos espetaculares de fuga do conflito...
A
busca do amor faz-se-lhe, tormentosa e desesperadora, como se pudesse,
através desse recurso, amortecer a ansiedade. No íntimo, porém, evita
envolvimentos emocionais verdadeiros por medo de os perder e vir a
sofrer-lhes as conseqüências.
Existe uma necessidade e identificação de pensamentos irracionais que são os responsáveis pelo desencadeamento da ansiedade.
No
inconsciente do indivíduo inseguro existe uma necessidade de
auto-realização que, não conseguida, favorece-lhe a fuga pela ansiedade,
normalmente produzindo-lhe desgaste no sistema emocional, por efeito
gerando estresse no comportamento.
No
problemática dos conflitos humanos surge o recalcamento, resultado da
ansiedade intensa, de um estado emocional muito semelhante ao medo.
Por
ser a ansiedade muito desagradável, o indivíduo esforça-se por ver-se
livre. Não conseguindo, foge para dentro de si mesmo, experiênciando a
insegurança por sentir-se impossibilitada de reprimir o que a desperta –
o ato interdito.
Processos
enfemiços no organismo físico igualmente respondem pelo fenômeno da
ansiedade, especialmente se o indivíduo não se encontra com estrutura
emocional equilibrada para os enfrentamentos que qualquer enfermidade
proporciona.
O
medo de piorar, de não se libertar da doença, recuperando a saúde, o
receio da falta de recursos para atender às necessidades defluentes da
situação, o temor dos comentários maliciosos de pessoas insensatas em
torno da questão, o pavor da morte favorecem o distúrbio da ansiedade,
que se agrava na razão direta em que as dificuldades se apresentam.
A
ansiedade é, na conjuntura social da atualidade, um grave fator de
perturbação e de desequilíbrio, que merece cuidados especiais,
observação profunda e terapia especializada.
Do livro: CONFLITOS EXISTENCIAIS
Divaldo Pereira Franco/Joanna de Angelis
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