Desdobramento dos Fenômenos Ansiosos
A
ausência de serenidade para enfrentar os desafios, faz que o
comportamento do indivíduo se torne doentio, cheio de expectativas,
normalmente perturbadoras, gerando incapacidade e ação equilibrada e de
desenvolvimento dos valores ético-morais corretos.
Ao
mesmo tempo, avoluma-se na mente uma grande quantidade de ambições, de
desejos de execução ou de conquista de coisas simultâneas, aturdindo,
desorientando o paciente, que sempre se transfere de um estado
psicológico para outro, muitas vezes alternando também o humor. A
necessidade conflitiva de preencher os minutos com atividades, mesmo que
desconexas, diminui-lhe a capacidade de observação, confunde-lhe o
pensamento e, quando, por motivo imperioso vê-se obrigado a parar,
amolenta-se, deixando de prestar atenção ao que ocorre, para escorregar
pelo sono no rumo da evasão da realidade.
Justifica
que não está dormindo, mas de olhos fechados, dominado por um estranho
torpor, que é fruto do desinteresse pelo que acontece em volta,
convocando-o a outras motivações que, não fazendo parte do seu tormento,
infelizmente não despertam interesse.
O
comportamento ansioso é estimulado por descargas contínuas de
adrenalina, o hormônio secretado pelas glândulas supra-renais, que
ativam a movimentação do indivíduo, parecendo vitaliza-lo de energias,
que logo diminuem de intensidade.
Algumas
vezes torna-se loquaz, ativo, alternando movimentações que o mantenham
em intenso trabalho, nem sempre produtivo, por falta de coordenação e
direcionamento. Noutras ocasiões, sofreia a inquietação e atormenta-se
em estado de mutismo, mas interiormente tumultuado.
Quanto
mais se deixa arrastar pela insatisfação do que faz, mais deseja
realizar, não se fixando na análise das operações concluídas, logo
desejando outros desafios e labores que não tem capacidade para atender
conforme seria de desejar.
Na
turbulência comportamental, os indivíduos tornam-se, não raras vezes,
exigentes e preconceituosos, agressivos e violentos, desejosos de impor a
sua vontade contra a ordem estabelecida ou aquilo que consideram como
errado e carente de reparação.
Os seus relacionamentos são turbulentos, porque
se desejam impor, não admitindo restrições à forma de conduta, nem
orientação que os invite a uma mudança de comportamento.
Quando
são atraídos sexualmente, tornam-se quase sempre passionais, porque
supõem que é amor aquilo que experimentam, desejando submeter a outra
pessoa aos seus caprichos e exigências, como demonstração de fidelidade,
o que, após algum tempo de convivência, torna-se insuportável, em ração
dessas descargas contínuas de epinefrina que respondem por essa
necessidade e mudanças de conduta, pela instabilidade nas realizações.
Estressando-se
com facilidade, em razão da falta de autoconfiança e de harmonia
interna, o paciente tende a padecer transtornos depressivos, quase
sempre de natureza bipolar, com graves ressonâncias nos equipamentos
neuroniais.
Passados
os momentos de abstração da realidade, o salto para a exaltação leva-o
aos delírios visuais e auditivos, extrapolando as possibilidades, para
assumir personificações místicas ou histriônicas, poderosas e invejadas,
cujas existências enganosas encontram-se no seu inconsciente.
Terminado
o período de excitação, no trânsito para o novo submergir na angústia,
torna-se muito perigoso, porque a realidade perde os contornos, e o
desejo de fuga, de libertação do mal estar atira-o nos abismos do
autocídio.
Desfilam
em nossa sociedade inúmeros indivíduos ansiosos que se negam ao
reconhecimento do distúrbio que os atormenta, procurando disfarçar com o
álcool, o tabaco, nos quais dizem dispor de um bastão psicológico para
apoio e melhor reflexão, nas drogas aditivas ou no sexo desvairado,
insaciável, o que mais lhe complica o quadro de insanidade emocional.
O reconhecimento da situação abre oportunidade para uma terapia de auto-ajuda.
Do livro: CONFLITOS EXISTENCIAIS
Divaldo Pereira Franco/Joanna de Angelis
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