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quarta-feira, 8 de agosto de 2012

AJUDA-TE


Emmanuel
 
Rogando amparo ao Senhor, não olvides a prestação de amparo a ti mesmo.
Deus confere ao lavrador a luz do sol, a bênção da chuva e o fator do vento, mas não lhe dispensa o próprio suor, no trato da sementeira, para que a colheita lhe surja às mãos por recurso divino.
Concede ao artista o mármore bruto, o buril e a inspiração generosa; entretanto, não o exonera do próprio labor na consecução da obra prima.
Pedirás o concurso do Céu em teu benefício; entretanto, de que valeria a bênção do Alto, se te consagras, deliberadamente, ao menosprezo da própria vida?
O médico mais competente nada conseguirá na assistência ao enfermo que não deseja curar-se e o professor mais exímio nada alcançara do aluno que foge sistematicamente à lição.
Não basta rogar alguém auxílio para que se veja auxiliado com segurança.
É imprescindível o senso de responsabilidade de viver para que as vantagens da existência nos engrandeçam o espírito.
A oração será sempre o desejo expresso, exigindo esforço próprio, a fim de concretizar-se.
Lembremo-nos de que um edifício não se ergue do solo tão-somente pela beleza e pelo merecimento da planta.
A prece que nos exterioriza o anseio de progresso e de luz é o projeto louvável de nossa melhor esperança, mas se em verdade pretendemos chegar ao progresso e à luz, que anelamos ardentemente, é preciso nos disponhamos a lutar e sofrer, trabalhar e servir na construção de nosso ideal.
Ajudemo-nos cada dia para que o Céu nos ajude com o devido proveito, de vez que o Céu ajuda sempre mas nem sempre sabemos aquilo que procuramos para fixar em nosso caminho a incessante ajuda celestial.

Do livro Instrumentos do Tempo. Psicografia de Francisco Candido Xavier.  
 

ANTE OS ADVERSÁRIOS

 
Emmanuel
 
        Interpretemos nossos adversários por irmãos, quando não nos seja possível recebê-los por instrutores.
         Quando o Senhor nos aconselhou a paz com os inimigos do nosso modo de ser, recomendou-nos certamente o olvido de todo o mal.
         Às vezes, fustigando aqueles que nos ofendem, a pretexto de servirmos à verdade, quase sempre faltamos ao nosso dever de amor.
         Nem todos podem enxergar a vida por nossos olhos ou aceitar o mapa da jornada terrestre, através da cartilha dos nossos pontos de vista.
         E, não raro, em zurzindo os outros com o látego de nossa crítica ou intoxicando-os com o vinagre de nosso azedume, procederemos à maneira do lavrador que enlouquecesse, de improviso, espalhando cáusticos destruidores sobre a plantação nascente, necessitada de auxílio pela fragilidade natural.
         Claro que o amor fraterno encontra mil modos diversos para fazer-se sentir, no reajuste das situações difíceis no caminho da vida e é justamente para a verdadeira solidariedade que devemos apelar em qualquer circunstância obscura do roteiro comum.
         Se não apagamos o incêndio, atirando-lhe combustível, e se não podemos sanar feridas, alargando-lhes as bordas, a golpes de força, também não entraremos em harmonia com os nossos adversários por intermédio da violência.
         Usemos o amor que o Mestre nos legou, se desejamos a paz na Vida Maior.
         Compreendamos aos que nos ofendem.
         Oremos pelos que nos perseguem ou caluniam.
         Amparemos os que nos perturbam.
         Sejamos o apoio dos companheiros mais fracos.
         E o Divino Senhor da Vinha do Mundo, que nos aconselhou o livre crescimento do joio e do trigo, no campo da Terra, em momento oportuno, se fará revelar, amparando-nos e selecionando os nossos sentimentos, através do seu justo julgamento.
 
Do livro Instrumentos do Tempo. Psicografia de Francisco Cândido Xavier.

PERANTE OS CAÍDOS


Emmanuel
 
Tão fácil relegar ao infortúnio os nossos irmãos caídos!... Muitos passam por aqueles que foram acidentados em terríveis enganos e nada encontram a fim de oferecer-lhes, senão frases como estas: "eu bem disse", "avisei muito"...
No entanto, por trás da queda de nosso amigo menos feliz estão as lutas da resistência, que só a Justiça divina pode medir.
Este foi impelido à delinqüência e faz-se conhecido agora por uma ficha no cadastro policial; mas, até que se lhe consumasse a ruína, quanto abandono e quanta penúria terá arrastado na existência, talvez desde os mais recuados dias da infância!... Aquele se arrojou aos precipícios da revolta e do desânimo, abraçando o delírio da embriaguez; contudo, até que tombasse no descrédito de si mesmo, quantos dias e quantas noites de aflição terá atravessado, a estorcegar-se sob o guante da tentação para não cair!.. Aquela entrou pelas vias da insensatez e acomodou-se
no poço da infelicidade que cavou para si própria; todavia, em quantos espinheiros de necessidade e perturbação ter-se-á ferido, até que a loucura se lhe instalasse no cérebro atormentado!... Aquele outro desertou de tarefas e compromissos em cuja execução empenhara a vitória da própria alma e resvalou para experiências menos dignas, comprometendo os fundamentos da própria vida; no entanto, quantas tribulações terá agüentado e quantas lágrimas vertido, até que a razão se lhe entenebrecesse, abrindo caminho à irresponsabilidade e à demência!...
Diante dos companheiros apontados à censura, jamais condenes! Pensa nas trilhas de provação e tristeza que perlustram até que os pés se lhes esmorecessem, vacilantes, na jornada difícil! Reflete nas correntes de fogo invisível que lhes terão requeimado a mente, até que cedessem às compulsões terríveis das trevas!...
Então, e só então, sentirás a necessidade de pensar no bem, falar no bem, procurar o bem e realizar unicamente o bem, compreendendo, por fim, a amorosa afirmação de Jesus: "Eu não vim à Terra para curar os sãos".

Do livro Instrumentos do Tempo. Psicografia de Francisco Candido Xavier.  
 
 

CARIDADE DO ESQUECIMENTO

CARIDADE  DO  ESQUECIMENTO

Emmanuel
 
Não olvides a caridade do esquecimento de todo mal.
Nela reside a força progressiva do bem.
Dissabores revividos são espinhos bem cultivados.
Diariamente, é possível exercê-la, porque o cipoal dos desgostos de toda sorte nasce também de sementes minúsculas.
A benefício da paz, não te fixes nas pequenas desarmonias que te rodeiam.
Esquece o erro do vizinho.
O mau temperamento do próximo.
A irritação do companheiro.
A ingratidão da parentela.
 A intriga sutil.
A palavra maldosa.
A frase contundente.
A resposta impensada dos outros.
A saudação não respondida.
A ilusão dos que te seguem.
A irreflexão de alguns ou de muitos.
A ignorância do associado de luta.
A atitude do irmão, em desacordo com a tua.
A opinião diferente da que adotas.
A cicatriz ou a ferida dos semelhantes.
A infelicidade do companheiro inseguro.
A observação injuriosa que procura ferir-te a dignidade pessoal.
A incompreensão do meio a que serves.
A dificuldade e o obstáculo que se apresentam por abençoadas provas à tua fortaleza moral ou à tua boa vontade.
Lembra-te do auxílio simples do esquecimento da sombra que se interpõe entre o nosso espírito e a realidade.
Abre o coração à Luz e adianta-te, olvidando as trevas da jornada.
Quem recebe a dádiva da luta na condição de um tesouro por engrandecer e aperfeiçoar, realmente encontrou para a própria felicidade, o verdadeiro caminho do Céu.

Do livro Instrumentos do Tempo. Psicografia de Francisco Candido Xavier.  
 

CULTO INDIVIDUAL DO EVANGELHO


 
Emmanuel
 
 
         Nem sempre encontrarás a colaboração precisa ao Culto do Evangelho no templo familiar.
         Por vezes, será necessário esperar o amadurecimento dos companheiros que se mostram semelhantes à folhagem viçosa nas robustas frondes da vida, incapazes de perceber a glória da frutificação no futuro.
         Ainda assim, procura a intimidade do Mestre e, sozinho embora, sintoniza-te com Ele, através da leitura divina.
         Realmente, por agora, és parte integrante do grupo consangüíneo, mas, no fundo, és o irmão da Humanidade inteira, com obrigações de seguir para a frente.
         Todos somos peregrinos da eternidade, em trânsito para a vida superior.
         Cada situação no círculo das formas, em que experimentamos e somos experimentados, é simples posição provisória.
         Lembra-te de que o dia será a inevitável arena do testemunho e, ao longo das horas, encontrarás mil alvitres diferentes.
         É a cólera pretendendo insinuar-se através do teu campo emotivo.
         É a dor que tentará subtrair-te o ânimo.
         É a ventania das provas, buscando apagar-te a fé vacilante e humilde.
         É o verbo desvairado que te visitará nas bocas alheias, concitando-te a esquecer as melhores conquistas espirituais.
         É a revolta que projetará fel sobre a tua esperança.
È a insubmissão do próprio “eu” que te criará dificuldades inúmeras.
         É a vaidade que te repetirá velhas fantasias acerca de tua superioridade inexistente.
         É o orgulho que te apartará da fraternidade legítima.
         É a preguiça que te fará acreditar no poder da enfermidade sobre a saúde e do desalento improdutivo sobre a alegria edificante
         É a maldade que te inclinará a palavra ao julgamento leviano ou apressado, no intuito de arrojar-te às trevas.
          Recorda semelhantes inimigos que nos desafiam constantemente, na luta sem quartel da evolução e do aperfeiçoamento, e, no culto individual da Boa-Nova, grava em ti mesmo as observações do Mestre Divino, anotando-lhe os conselhos e avisos e tomando as armas da compreensão e do bem para lutar dignamente, cada dia, na abençoada conquista do futuro glorificado e sem fim.
 

Do livro Instrumentos do Tempo. Psicografia de Francisco Cândido Xavier.

ANTE O REINO DOS CÉUS


Emmanuel
 
Indubitavelmente, a palavra do Mestre, no comentário sobre a dificuldade dos ricos ante o Reino dos Céus, exprime incontestável realidade, porquanto a posse exagerada de bens terrestres é quase sempre a crucificação da alma em pesados madeiros de ouro.
 
Enquanto a pobreza de recursos materiais vive independente para a amizade e para a fé, para a confiança e para a compreensão, os detentores da fortuna amoedada vivem quase sempre prisioneiros da suspeita e da desilusão, nos tormentos da defensiva...
Mas, existem outros ricos do mundo com infinitos obstáculos no acesso ao paraíso da alegria e da paz.
Vejamos, por exemplo:
os ricos de exigências;
os ricos da cólera a se desvairarem nos conflitos das trevas;
os ricos de melindres pessoais que nunca conseguem elementos de tolerância, necessários à superação das próprias fraquezas;
os ricos da mentira que tecem a rede de sombras em que enleiam a própria alma;
os ricos de tristeza e desânimo, recolhidos à inutilidade em que se acolhem;
os ricos de reclamações e de queixas que atravessam o mundo, entre a insatisfação e a ociosidade;
os ricos de ignorância que se agarram à penúria de espírito;
os ricos de letras e artes que se encarceram em torres de marfim, para o culto ao próprio egoísmo;
os ricos de saúde e de possibilidades que imobilizam o coração na caixa do peito, aguardando que o dinheiro fácil lhes venha ao encontro, para o exercício da caridade;
os ricos de ódio;
os ricos de usura;
os ricos de medo da verdade e do bem;
e os ricos numerosos da vaidade que se trancafiam nas masmorras do próprio “eu”, exigindo que o Céu se converta em propriedade exclusiva dos seus caprichos individuais.
 
Enriqueçamo-nos de amor e sirvamos sempre.
O dinheiro pode ajudar muitíssimo, mas, só o coração aberto ao esplendor solar do bem pode amparar, libertar, erguer, salvar e aperfeiçoar para sempre.
 
 
Do livro Instrumentos do Tempo. Psicografia de Francisco Cândido Xavier.
 

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Fobia social

Fobia social
Pressionado pelas constrições de vária ordem, exceção feita aos
fenômenos patológicos, na área da personalidade, o indivíduo tímido,
desistindo de reagir, assume comportamentos fóbicos.
Neuroses e psicoses se lhe manifestam, atormentando-o e gerando-lhe um
clima de pesadelo onde quer que se encontre.
A liberdade, que lhe é de fundamental importância para a vida, perde o seu
significado externo, face às prisões sem paredes que são erguidas, nelas
encarcerando-se.
Da melancolia profunda ele passa à ansiedade, com alternâncias de
insatisfação e tentativas de autodestruição, e da desconfiança sistemática
tomba, por falta de resistências morais, diante dos insucessos banais da
existência. Nem mesmo o êxito nos negócios, na vida social e familiar,
consegue minimizar-lhe o desequilíbrio que, muitas vezes, aumenta, em razão
dejá não lhe sendo necessário fazer maiores esforços para conseguir,
considera-se sem finalidade que justifique prosseguir.
Os estados fóbicos desgastam-lhe os nervos e conduzem-no às depressões
profundas. São vários estes fenômenos no comportamento humano.
Surge, porém, no momento, um que se generaliza, a pouco e pouco, o
denominado como fobia social, graças ao qual, o indivíduo começa a detestar o
convívio com as demais pessoas, retraindo-se, isolando-se.
A princípio, apresenta-se como forma de mal-estar, depois, como
insegurança, quando o homem é conduzido a enfrentar um grupo social ou o
público que lhe aguarda apresença, a palavra.
O grau de ansiedade foge-lhe ao controle, estabelecendo conflitos
psicológicos perturbadores.
A ansiedade comedida é fenômeno perfeitamente natural, resultante da
expectativa ante o inusitado, face ao trabalho a ser desenvolvido, diante da
ação que deve ser aplicada como investimento de conquista, sem que isto
provoque desarmonia interior com reflexos físicos negativos.
Quando, então, se revela, desencadeada por problemas de somenos
importância, produzindo taquicardias, sudorese álgida, tremores contínuos,
estão ultrapassados os limites do equilíbrio, tornando-se patológica.
A fobia social impede uma leitura em voz alta, uma assinatura diante de
alguém que acompanhe o gesto, segurar um talher para uma refeição, pegar
um vaso com líquido sem o entornar... O paciente, nesses casos, tem a
impressão de que está sob severa observação e análise dos outros, passando
a detestar as presenças estranhas até os familiares e amigos mais íntimos.
Em algumas circunstâncias, quando o processo se encontra em instalação,
a concentração e o esforço para superar o impedimento auxiliam-no,
facultando-o somente relaxar-se e adquirir naturalidade após constatar que
ninguém o observa, perdendo, assim, o prazer do diálogo, face à tensão
gerada pelo problema.
A tendência natural do portador de fobia social é fugir, ocultar-se
malbaratando o dom da existência, vitimado pela ansiedade e pelo medo.
O homem é o único animal ético existente.
Para adquirir a condição de uma consciência ética é convidado a desafios
contínuos, graças aos quais discerne o bem do mal, o belo do feio, o lógico do
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absurdo, imprimindo-se um comportamento que corresponda ao seu grau de
compreensão existencial.
Aprofundando-se no exame dos valores, distingue-os. passando a viver
conforme os padrões que estabelece como indispensáveis às metas que
persegue, porqüanto pretende constituir-lhe a felicidade.
A fim de lograr o domínio desses legítimos valores, aplica outra das suas
características essenciais, que é o de ser um animal biossocial.
A vida de relação com os demais indivíduos é-lhe essencial ao progresso
ético.
Isolado, asselvaja-se ou entrega-se a uma submissão indiferente,
perniciosa.
As imposições do relacionamento social exterior, sem profundidade
emocional, respondem por esta explosão fóbica, face à ausência de segurança
afetiva entre os indivíduos e à competição que grassa, desenfreada, fazendo
que se veja sempre, no atual amigo, o potencial usurpador da sua função, o
possível inimigo de amanhã.
Tal desconfiança arma as pessoas de suspeição, levando-as a uma conduta
artificial, mediante a qual se devem apresentar como bem estruturadas
emocionalmente, superiores às vicissitudes, capazes de enfrentar riscos,
indiferentes às agressões do meio, porque seguras das suas reservas de forças
morais.
Gerando instabilidade entre o que demonstram e aquilo que são realmente,
surge o pavor de serem vencidas, deixadas à margem, desconsideradas. O
mecanismo de fuga da luta sem quartel apresenta-se-lhes como alternativa
saudável, por poupar-lhes esforços que lhes parecem inúteis, desde que não
se sentem inclinadas a usar dos mesmos métodos de que se crêem vítimas.
Simultaneamente, as atividades trepidantes e as festas ruidosas mais
afastam os amigos, que dizem não dispor de tempo para o intercâmbio
fraternal, a assistência cordial, receosos, por sua vez, de igualmente
tombarem, vitimados pelo mesmo mal que os ronda, implacável.
Nestas circunstâncias, mentes desencarnadas, deprimentes, se associam
aos pacientes, complicando-lhes o quadro e empurrando-os para as psicoses
profundas, irreversíveis.
A desumanização do homem, que se submete aos caprichos do momento
dourado das ilusões, conspira contra ele próprio e o seu próximo, tornando esta
a geração do medo, a sociedade sem destino.

O Homem Integral
Divaldo/Joana de Angelis

Medo

Medo
Decorrente dos referidos fatores sociológicos, das pressões psicológicas,
dos impositivos econômicos, o medo assalta o homem, empurrando-o para a
violência irracional ou amargurando-o em profundos abismos de depressão.
Num contexto social injusto, a insegurança engendra muitos mecanismos
de evasão da realidade, que dilaceram o comportamento humano, anulando,
por fim, as aspirações de beleza, de idealismo, de afetividade da criatura.
Encarcerando-se, cada vez mais, nos receios just ificáveis do
relacionamento instável com as demais pessoas, surgem as ilhas individuais e
grupais para onde fogem os indivíduos, na expectativa de equilibrarem-se,
sobrevivendo ao tumulto e à agressividade, assumindo, sem darem-se conta,
um comportamento alienado, que termina por apresentar-se igualmente
patológico.
As precauções para resguardar-se, poupar a família aos dissabores dos
delinquentes, mantendo os haveres em lugares quase inexpugnáveis, fazem o
homem emparedar-se no lar ou aglomerar-se em clubes com pessoal
selecionado, perdendo a identidade em relação a si mesmo, ao seu próximo e
consumindo-se em conflitos individualistas, a caminho dos desequilíbrios de
grave porte.
Os valores da nossa sociedade encontram-se em xeque, porque são
transitórios.
Há uma momentânea alteração de conteúdo, com a conseqüente perda de
significado.
A nova geração perdeu a confiança nas afirmações do passado e deseja
viver novas experiências ao preço da alucinação, como forma escapista de
superar as pressões que sofre, impondo diferentes experiências.
No âmago das suas violações e protestos, do vilipêndio aos conceitos
anteriores vige o medo que atormenta e submete às suas sombras espessas.
A quantidade expressiva de atemorizados trabalha a qualidade do receio de
cada um, que cresce assustadoramente, comprimindo a personalidade, até que
esta se libere em desregramento agressivo, como forma de escapar à
constrição.
Quem, porém, não consiga seguir a correnteza da nova ordem, fica afogado
no rio volumoso, perde o respeito por si mesmo, aliena-se e sucumbe.
Na luta furiosa, as festas ruidosas, as extravagâncias de conduta, os
desperdícios de moedas e o exibicionismo com que algumas pessoas pensam
vencer os medos íntimos, apenas se transformam em lâminas baças de vidro
pelas quais observam a vida sempre distorcida, face à óptica incorreta que se
permitem. São atitudes patológicas decorrentes da fragilidade emocional para
enfrentar os desafios externos e internos.
A consumação da sociedade moderna é a história da desídia do homem em
si mesmo, enlanguescido pelos excessos ou esfogueado pelos desejos
absurdos.
Adaptando-se às sombras dominadoras da insensatez, neglicencia o
sentido ético gerador da paz.
A anarquia então impera, numa volúpia destrutiva, tentando apagar as
memórias do ontem, enquanto implanta a tirania do desconcerto.
Os seus vultos expressivos são imaturos e alucinados, em cuja rebelião
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pairam o oportunismo e a avidez.
Procedentes dos guetos morais, querem reverter a ordem que os apavora,
revolucionando com atrevimento, face ao insólito, o comportamento vigente.
Os antigos ídolos, que condenaram a década de 20 e 30 como a da
“geração perdida”, produziram a atual “era da insegurança”, na qual
malograram as profecias exageradamente otimistas dos apaniguados do prazer
em exaustão, fabricando os super-homens da mídia que, em análise última,
são mais frágeis do que os seus adoradores, pois que não passam de heróis
da frustração.
Guindados às posições de liderança, descambaram, esses novos
condutores, em lamentáveis desditas, consumidos pelas drogas, vencidos
pelas enfermidades ainda não controladas, pelos suicídios discretos ou
espetaculares.
A alucinação generalizada certamente aumenta o medo nos temperamentos
frágeis, nas constituições emocionais de pouca resistência, de começo, no
indivíduo, depois, na sociedade.
Esta é uma sociedade amedrontada.
As gerações anteriores também cultivaram os seus medos de origem
atávica e de receios ocasionais.
O excesso de tecnicismo com a correspondente ausência de solidariedade
humana produziram a avalanche dos receios.
A superpopulação tomando os espaços e a tecnologia reduzindo as
distâncias arrebataram a fictícia segurança individual, que os grupos passaram
a controlar, e as conseqüências da insânia que cresce são imprevistas.
Urge uma revisão de conceitos, uma mudança de conduta, um reestudo da
coragem para a imediata aplicação no organismo social e individual necrosado.
Todavia, é no cerne do ser — o Espírito — que se encontram as causas
matrizes desse inimigo rude da vida, que é o medo.
Os fenômenos fóbicos procedem das experiências passadas —
reencarnações fracassadas —, nas quais a culpa não foi liberada, face ao
crime haver permanecido oculto, ou dissimulado, ou não justiçado,
transferindo-se a consciência faltosa para posterior regularização.
Ocorrências de grande impacto negativo, pavores, urdi-duras perversas,
homicídios programados com requintes de crueldade, traições infames sob
disfarces de sorrisos produziram a atual consciência de culpa, de que padecem
muitos atemorizados de hoje, no inter-relacionamento pessoal.
Outrossim, catalépticos sepultados vivos, que despertaram na tumba e
vieram a falecer depois, por falta de oxigênio, reencarnam-se vitimados pelas
profundas claustrofobias, vivendo em precárias condições de sanidade mental.
O medo é fator dissolvente na organização psíquica do homem,
predispondo-o, por somatização, a enfermidades diversas que aguardam
correta diagnose e específica terapêutica.
À medida que a consciência se expande e o indivíduo se abriga na fé
religiosa racional, na certeza da sua imortalidade, ele se liberta, se agiganta,
recupera a identidade e humaniza-se definitivamente, vencendo o medo e os
seus sequazes, sejam de ontem ou de agora.

O Homem Integral
Divaldo/Joana de Angelis

A ansiedade


Não se deixando vitimar pela rotina, o homem tende, às vezes, a assumir
um comportamento ansioso que o desgasta, dando origem a processos
enfermiços que o consomem.
A ansiedade é uma das características mais habituais da conduta
contemporânea.
Impulsionado ao competitivismo da sobrevivência e esmagado pelos fatores
constringentes de uma sociedade eticamente egoísta, predomina a
insegurança no mundo emocional das criaturas.
As constantes alterações da Bolsa de Valores, a compressão dos gastos, a
correria pela aquisição de recursos e a disputa de cargos e funções bem
remunerados geram, de um lado, a insegurança individual e coletiva. Por outro,
as ameaças de guerras constantes, a prepotência de governos inescrupulosos
e chefes de atividades arbitrários quão ditadores; os anúncios e estardalhaços
sobre enfermidades devastadoras; os comunicados sobre os danos
perpetrados contra a ecologia prenunciando tragédias iminentes; a catalogação
de crimes e violências aterradoras respondem pela inquietação e pelo medo
que grassam em todos os meios sociais, como constante ameaça contra o ser
e o seu grupo, levando-os a permanente ansiedade que deflui das incertezas
da vida.
Passando, de uma aparente segurança, que era concedida pelos padrões
individualistas do século 19, no apogeu da industrialização, para o período
eletrônico, a robotização ameaça milhões de empregados, que temem a perda
de suas atividades remuneradas, ao tempo em que o coletivismo, igualando os
homens nas aparências sociais, nos costumes e nos hábitos, alija os estímulos
de luta, neles instalando a incerteza, a necessidade de encontrar-se sempre na
expectativa de notícias funestas, desagradáveis, perturbadoras.
Esvaziados de idealismo e comprimidos no sistema em que todos fazem a
mesma coisa, assumem iguais composturas, passando de uma para outra
pauta de compromisso com ansiedade crescente.
A preocupação de parecer triunfador, de responder de forma semelhante
aos demais, de ser bem recebido e considerado é responsável pela
desumanização do indivíduo, que se torna um elemento complementar no
grupamento social, sem identidade, nem individualidade.
Tendo como modelo personalidades extravagantes, que ditam modas e
comportamento exóticos, ou liderado por ídolos da violência, como da astúcia
dourada, o descobrimento dos limites pessoais gera inquietação e conflitos que
mal disfarçam a contínua ansiedade humana.
A ansiedade tem manifestações e limites naturais, perfeitamente aceitáveis.
Quando se aguarda uma notícia, uma presença, uma resposta, uma
conclusão, é perfeitamente compreensível uma atitude de equilibrada
expectativa.
Ao extrapolar para os distúrbios respiratórios, o colapso periférico, a
sudorese, a perturbação gástrica, a insônia, o clima de ansiedade torna-se um
estado patológico a caminho da somatização física em graves danos para a
vida.
O grande desafio contemporâneo para o homem é o seu
autodescobrimento.
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Não apenas identificação das suas necessidades, mas, principalmente, da
sua realidade emocional, das suas aspirações legítimas e reações diante das
ocorrências do cotidiano.
Mediante o aprofundamento das descobertas íntimas, altera-se a escala de
valores e surgem novos significados para a sua luta, que contribuem para a
tranqüilidade e a autoconfiança.
Não há, em realidade, segurança enquanto se transita no corpo físico.
A organização mais saudável durante um período, debilita-se em outro,
assim como os melhores equipamentos orgânicos e psíquicos sofrem natural
desgaste e consumição, dando lugar às enfermidades e à morte, que também
é fenômeno da vida.
A ansiedade trabalha contra a estabilidade do corpo e da emoção.
A análise cuidadosa da existência planetária e das suas finalidades
proporciona a vivência salutar da oportunidade orgânica, sem o apego mórbido
ao corpo nem o medo de perdê-lo.
Os ideais espiritualistas, o conhecimento da sobrevivência à morte física
tranqüilizam o homem, fazendo que considere a transitoriedade do corpo e a
perenidade da vida, da qual ninguém se eximirá.
Apegado aos conflitos da competição humana ou deixando-se vencer pela
acomodação, o homem desvia-se da finalidade essencial da existência terrena,
que se resume na aplicação do tempo para a aquisição dos recursos eternos,
propiciadores da beleza, da paz, da perfeição.
O pandemônio gerado pelo excesso de tecnologia e de conforto material
nas chamadas classes superiores, com absoluta indiferença pela humanidade
dos guetos e favelas, em promiscuidade assustadora, revela a falência da
cultura e da ética estribada no imediatismo materialista com o seu arrogante
desprezo pelo espiritualismo.
Certamente, ao fanatismo e proibição espiritualista de caráter medieval, que
ocultavam as feridas morais dos homens, sob o disfarce da hipocrisia, o
surgimento avassalador da onda de cinismo materialista seria inevitável. No
entanto, o abuso da falsa cultura desnaturada, que pretendeu solucionar os
problemas humanos de profundidade como reparava os desajustes das
engrenagens das máquinas que construiu, resultou na correria alucinada para
lugar nenhum e pela conquista de coisas mortas, incapazes de minimizar a
saudade, de preencher a solidão, de acalmar a ansiedade, de evitar a dor, a
doença e a morte...
Magnatas, embora triunfantes, proíbem que se pronuncie o nome da morte
diante deles.
Capitães de monopólios recusam-se a sair à rua, para evitarem contágio de
enfermidades, e alguns impõem, para viver, ambientes assepsiados, tentando
driblar o processo de degeneração celular.
Ases da beleza cercam-se de jovens, receando a velhice, e utilizam-se de
estimulantes para preservarem o corpo, aplicando-se massagens, exercícios,
cirurgias plásticas, musculação e, não obstante, acompanham a degeneração
física e mental, ansiosos, desventurados.
Propalando-se que as conquistas morais fazem parte das instituições
vencidas — matrimônio, família, lar — os apaniguados da loucura crêem que
aplicam, na velha doença das proibições passadas, uma terapêutica ideal. E
olvidam-se que o exagero de medicamento utilizado em uma doença, gera
danos maiores do que aqueles que eram sofridos.
A sociedade atual sofre a terapia desordenada que usou na enfermidade
antiga do homem, que ora se revela mais debilitado do que antes.
São válidas, para este momento de ansiedade, de insatisfação, de
tormento, as lições do Cristo sobre o amor ao próximo, a solidariedade
fraternal, a compaixão, ao lado da oração, geradora de energias otimistas e da
fé, propiciadora de equilíbrio e paz, para uma vida realmente feliz, que baste ao
homem conforme se apresente, sem as disputas conflitantes do passado, nem
a acomodação coletivista do presente.

O Homem Integral
Divaldo/Joana de angelis

A rotina


A natural transformação social, decorrente dos efeitos da ciência aliada à
tecnologia a partir do século 19, impôs que o individualismo competitivo pós
renascentista cedesse lugar ao coletivismo industrial e comunitário da
atualidade.
A cisão decorrente do pensamento cartesiano, na dicotomia do corpo e da
alma, ensejou uma radical mudança nos hábitos da sociedade, dando
surgimento a uma série de conflitos que irrompem na personalidade humana e
conduzem a alienações perturbadoras.
Antes, os tabus e as superstições geravam comportamentos extravagantes,
e a falsa moral mascarava os erros que se tornavam fatores de desagregação
da personalidade, a serviço da hipocrisia refinada.
A mudança de hábitos, no entanto, se liberou o homem de algumas fobias e
mecanismos de evasão perniciosos, impôs outros padrões comportamentais de
massificação, nos quais surgem novos ídolos e mitos devoradores, que respondem
por equivalentes fenômenos de desequilíbrio.
Houve troca de conduta, mas não de renovação saudável na forma de
encarar-se a vida e de vivê-la.
De um lado, a ciência em constante progresso, não se fazendo acompanhar
por um correspondente desenvolvimento ético-espiritual, candidata-se a
conduzir o homem ao milismo, ao conceito de aniquilamento.
Noutro sentido, o contubérnio subjacente, apresenta um elenco exasperador
de áreas conflitantes nas guerras e ameaças de guerras que se sucedem, nas
variações da economia, nos volumosos bolsões de miséria de vária ordem,
empurrando o homem para a ansiedade, a insegurança, a suspeição
contumaz, a violência.
A fim de fugir à luta desigual — o homem contra a máquina — os
mecanismos responsáveis pela segurança emocional levam o indivíduo, que
não se encoraja ao competitivismo doentio, à acomodação, igualmente
enferma, como forma de sobrevivência no báratro em que se encontra,
receando ser vencido, esmagado ou consumido pela massa crescente ou pelo
desespero avassalador.
Estabelece algumas poucas metas, que conquista com relativa facilidade,
passando a uma existência rotineira e neurotizante, que culmina por matar-lhe
o entusiasmo de viver, os estímulos para enfrentar desafios novos.
Rotina é como ferrugem na engrenagem de preciosa maquinaria, que a
corrói e arrebenta.
Disfarçada como segurança, emperra o carro do progresso social e
automatiza a mente, que cede o campo do raciocínio ao mesmismo cansador,
deprimente.
O homem repete a ação de ontem com igual intensidade hoje; trabalha no
mesmo labor e recompõe idênticos passos; mantém as mesmas
desinteressantes conversações: retorna ao lar ou busca os repetidos
espairecimentos: bar, clube, televisão, jornal, sexo, com frenético receio da
solidão, até alcançar a aposentadoria.. - Nesse ínterim, realiza férias programadas,
visita lugares que o desagradam, porém reúne-se a outros grupos
igualmente tediosos e, quando chega ao denominado período do gozorepouso,
deixa-se arrastar pela inutilidade agradável, vitimado por problemas
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cardíacos, que resultam das pressões largamente sustentadas ou por neuroses
que a monotonia engendra.
O homem é um mamífero biossocial, construído para experiências e
iniciativas constantes, renovadoras.
A sua vida é resultado de bilhões de anos de transformações celulares, sob
o comando do Espírito, que elaborou equipamentos orgânicos e psíquicos para
as respostas evolutivas que a futura perfeição lhe exige.
O trabalho constitui-lhe estímulo aos valores que lhe dormem latentes,
aguardando despertamento, ampliação, desdobramento.
Deixando que esse potencial permaneça inativo por indolência ou rotina, a
frustração emocional entorpece os sentimentos do ser ou leva-o à violência, ao
crime, como processo de libertação da masmorra que ele mesmo construiu,
nela encarcerando-se.
Subitamente, qual correnteza contida que arrebenta a barragem, rompe os
limites do habitual e dá vazão aos conflitos, aos instintos agressivos, tombando
em processos alucinados de desequilíbrios e choque.
Nesse sentido, os suportes morais e espirituais contribuem para a mudança
da rotina, abrindo espaços mentais e emocionais para o idealismo do amor ao
próximo, da solidariedade, dos serviços de enobrecimento humano.
O homem se deve renovar incessantemente, alterando para melhor os
hábitos e atividades, motivando-se para o aprimoramento íntimo, com
conseqüente movimentação das forças que fomentam o progresso pessoal e
comunitário, a benefício da sociedade em geral.
Face a esse esforço e empenho, o homem interior sobrepõe-se ao exterior,
social, trabalhado pelos atavismos das repressões e castrações, propondo
conceitos mais dignos de convivência humana, em consonância com as
ambições espirituais que lhe passam a comandar as disposições íntimas.
O excesso de tecnologia, que aparentemente resolveria os problemas
humanos, engendrou novos dramas e conflitos comportamentais, na rotina
degradante, que necessitam ser reexaminados para posterior correção.
O individualismo, que deu ênfase ao enganoso conceito do homem de ferro
e da mulher boneca, objeto de luxo e de inutilidade, cedeu lugar ao coletivismo
consumista, sem identidade, em que os valores obedecem a novos padrões de
crítica e de aceitação para os triunfos imediatos sob os altos preços da
destruição do indivíduo como pessoa racional e livre.
A liberdade custa um alto preço e deve ser conquistada na grande luta que
se trava no cotidiano.
Liberdade de ser e atuar, de ter respeitados os seus valores e opções de
discernir e aplicar, considerando, naturalmente, os códigos éticos e sociais,
sem a submissão acomodada e indiferente aos padrões de conveniência dos
grupos dominantes.
A escala de interesses, apequenando o homem, brinda-o com prêmios que
foram estabelecidos pelo sistema desumano, sem participação do indivíduo
como célula viva e pensante do conjunto geral.
Como profilaxia e terapêutica eficaz, existem os desafios propostos por
Jesus, que são de grande utilidade, induzindo a criatura a dar passos mais
largos e audaciosos do que aqueles que levam na direção dos breves objetivos
da existência apenas material.
A desenvoltura das propostas evangélicas facilita a ruptura da rotina, dando
saudável dinâmica para uma vida integral em favor do homem-espírito eterno e
1não apenas da máquina humana pensante a caminho do túmulo, da
dissolução, do esquecimento.

Livro: O Homem Integral
Divaldo/Joana de Angelis