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terça-feira, 7 de agosto de 2012

A ansiedade


Não se deixando vitimar pela rotina, o homem tende, às vezes, a assumir
um comportamento ansioso que o desgasta, dando origem a processos
enfermiços que o consomem.
A ansiedade é uma das características mais habituais da conduta
contemporânea.
Impulsionado ao competitivismo da sobrevivência e esmagado pelos fatores
constringentes de uma sociedade eticamente egoísta, predomina a
insegurança no mundo emocional das criaturas.
As constantes alterações da Bolsa de Valores, a compressão dos gastos, a
correria pela aquisição de recursos e a disputa de cargos e funções bem
remunerados geram, de um lado, a insegurança individual e coletiva. Por outro,
as ameaças de guerras constantes, a prepotência de governos inescrupulosos
e chefes de atividades arbitrários quão ditadores; os anúncios e estardalhaços
sobre enfermidades devastadoras; os comunicados sobre os danos
perpetrados contra a ecologia prenunciando tragédias iminentes; a catalogação
de crimes e violências aterradoras respondem pela inquietação e pelo medo
que grassam em todos os meios sociais, como constante ameaça contra o ser
e o seu grupo, levando-os a permanente ansiedade que deflui das incertezas
da vida.
Passando, de uma aparente segurança, que era concedida pelos padrões
individualistas do século 19, no apogeu da industrialização, para o período
eletrônico, a robotização ameaça milhões de empregados, que temem a perda
de suas atividades remuneradas, ao tempo em que o coletivismo, igualando os
homens nas aparências sociais, nos costumes e nos hábitos, alija os estímulos
de luta, neles instalando a incerteza, a necessidade de encontrar-se sempre na
expectativa de notícias funestas, desagradáveis, perturbadoras.
Esvaziados de idealismo e comprimidos no sistema em que todos fazem a
mesma coisa, assumem iguais composturas, passando de uma para outra
pauta de compromisso com ansiedade crescente.
A preocupação de parecer triunfador, de responder de forma semelhante
aos demais, de ser bem recebido e considerado é responsável pela
desumanização do indivíduo, que se torna um elemento complementar no
grupamento social, sem identidade, nem individualidade.
Tendo como modelo personalidades extravagantes, que ditam modas e
comportamento exóticos, ou liderado por ídolos da violência, como da astúcia
dourada, o descobrimento dos limites pessoais gera inquietação e conflitos que
mal disfarçam a contínua ansiedade humana.
A ansiedade tem manifestações e limites naturais, perfeitamente aceitáveis.
Quando se aguarda uma notícia, uma presença, uma resposta, uma
conclusão, é perfeitamente compreensível uma atitude de equilibrada
expectativa.
Ao extrapolar para os distúrbios respiratórios, o colapso periférico, a
sudorese, a perturbação gástrica, a insônia, o clima de ansiedade torna-se um
estado patológico a caminho da somatização física em graves danos para a
vida.
O grande desafio contemporâneo para o homem é o seu
autodescobrimento.
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Não apenas identificação das suas necessidades, mas, principalmente, da
sua realidade emocional, das suas aspirações legítimas e reações diante das
ocorrências do cotidiano.
Mediante o aprofundamento das descobertas íntimas, altera-se a escala de
valores e surgem novos significados para a sua luta, que contribuem para a
tranqüilidade e a autoconfiança.
Não há, em realidade, segurança enquanto se transita no corpo físico.
A organização mais saudável durante um período, debilita-se em outro,
assim como os melhores equipamentos orgânicos e psíquicos sofrem natural
desgaste e consumição, dando lugar às enfermidades e à morte, que também
é fenômeno da vida.
A ansiedade trabalha contra a estabilidade do corpo e da emoção.
A análise cuidadosa da existência planetária e das suas finalidades
proporciona a vivência salutar da oportunidade orgânica, sem o apego mórbido
ao corpo nem o medo de perdê-lo.
Os ideais espiritualistas, o conhecimento da sobrevivência à morte física
tranqüilizam o homem, fazendo que considere a transitoriedade do corpo e a
perenidade da vida, da qual ninguém se eximirá.
Apegado aos conflitos da competição humana ou deixando-se vencer pela
acomodação, o homem desvia-se da finalidade essencial da existência terrena,
que se resume na aplicação do tempo para a aquisição dos recursos eternos,
propiciadores da beleza, da paz, da perfeição.
O pandemônio gerado pelo excesso de tecnologia e de conforto material
nas chamadas classes superiores, com absoluta indiferença pela humanidade
dos guetos e favelas, em promiscuidade assustadora, revela a falência da
cultura e da ética estribada no imediatismo materialista com o seu arrogante
desprezo pelo espiritualismo.
Certamente, ao fanatismo e proibição espiritualista de caráter medieval, que
ocultavam as feridas morais dos homens, sob o disfarce da hipocrisia, o
surgimento avassalador da onda de cinismo materialista seria inevitável. No
entanto, o abuso da falsa cultura desnaturada, que pretendeu solucionar os
problemas humanos de profundidade como reparava os desajustes das
engrenagens das máquinas que construiu, resultou na correria alucinada para
lugar nenhum e pela conquista de coisas mortas, incapazes de minimizar a
saudade, de preencher a solidão, de acalmar a ansiedade, de evitar a dor, a
doença e a morte...
Magnatas, embora triunfantes, proíbem que se pronuncie o nome da morte
diante deles.
Capitães de monopólios recusam-se a sair à rua, para evitarem contágio de
enfermidades, e alguns impõem, para viver, ambientes assepsiados, tentando
driblar o processo de degeneração celular.
Ases da beleza cercam-se de jovens, receando a velhice, e utilizam-se de
estimulantes para preservarem o corpo, aplicando-se massagens, exercícios,
cirurgias plásticas, musculação e, não obstante, acompanham a degeneração
física e mental, ansiosos, desventurados.
Propalando-se que as conquistas morais fazem parte das instituições
vencidas — matrimônio, família, lar — os apaniguados da loucura crêem que
aplicam, na velha doença das proibições passadas, uma terapêutica ideal. E
olvidam-se que o exagero de medicamento utilizado em uma doença, gera
danos maiores do que aqueles que eram sofridos.
A sociedade atual sofre a terapia desordenada que usou na enfermidade
antiga do homem, que ora se revela mais debilitado do que antes.
São válidas, para este momento de ansiedade, de insatisfação, de
tormento, as lições do Cristo sobre o amor ao próximo, a solidariedade
fraternal, a compaixão, ao lado da oração, geradora de energias otimistas e da
fé, propiciadora de equilíbrio e paz, para uma vida realmente feliz, que baste ao
homem conforme se apresente, sem as disputas conflitantes do passado, nem
a acomodação coletivista do presente.

O Homem Integral
Divaldo/Joana de angelis

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