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terça-feira, 18 de setembro de 2012

O Pecado é a Falta de Cada Um


Escrito por Bezerra de Menezes quando ainda encarnado

Artigo publicado no século 18, no jornal "O Paiz", no Rio de Janeiro - Fonte: "Espiritismo, Estudos Filosóficos", Volume I, Editora FAE - Agosto de 2001

11º - “Foi preciso que viesse à Terra o divino Jesus tomar sobre seus ombros os pecados do mundo e ensinar, pela palavra e pelo exemplo, o caminho da salvação, para correrem os ferrolhos que trancavam as portas da morada dos bem-aventurados”.
A revelação messiânica tem o maior alcance moral para a Humanidade, quer a considere em relação ao ortodoxismo, quer em relação ao Espiritismo.
No primeiro caso, Deus mandou seu unigênito Filho à Terra para sofrer, em si, a pena do pecado humano, e, por este sublime ato de amor, resgatar a culpa do primeiro tronco humano.
No segundo caso, suscitou Deus um enviado, um Messias pata trazer à Terra luz maior, luz que a Terra por seu adiantamento, já podia receber, a fim de, pela palavra e pelo exemplo, esclarecer-nos o caminho que leva à morada do Pai, e ensinar-nos a sofrer, até à morte, todas as misérias da vida, louvando o Senhor e seguindo seus preceitos.
Em ambos os casos, Cristo é o sublime reformador da Humanidade, o seu eterno modelo, mas sua missão é, pelos dois, diferentemente encarada.
Importa, pois, investigar os fundamentos das duas doutrinas, para reconhecer qual delas encara com Verdade o grandioso fato.
Subsistindo o dogma do pecado original e o da existência única dos espíritos, com os seus co-relativos: juízo definitivo, depois da morte, e definição eterna do destino humano, a interpretação ortodoxa da missão do Cristo, como redentor, é correta, e é mais do que isso, é necessária.
O Pai da Misericórdia não podia, sem tornar estéril esse superior atributo, manter, eternamente, suspensa sobre a raça condenada de seus pais a espada flamejante de sua tremenda justiça.
Mas, uma coisa notamos desde já, a ortodoxia explica sempre as coisas sobre-humanas por meios e processos rasteiramente humanos!
Se Deus quis, acalmando os ímpetos de sua cólera (sic), (assim) espargir sobre as vítimas de sua justiça o orvalho do amor e da misericórdia, por que não fazê-lo por simples ato de sua vontade, e exigir que fosse Ele próprio, na segunda pessoa da Trindade Divina, quem viesse sofrer o que cabia ao ser humano?
E, se o divino Jesus veio remir a Humanidade da culpa original, como se explica que sublata causa, (suprimida a causa) é eliminado o efeito, visto que o mal, oriundo daquele pecado, continua a produzir a danação do homem?
Nós compreendemos a redenção, como a entende a ortodoxia, pela extinção da causa que danou a Humanidade, e pela conseqüente extinção do verme do mal que ela produziu.
Assim, compreendemos a redenção.
Vir, porém, o próprio Deus a remir a Humanidade da causa do mal, deixando este incólume, como dantes, é incompreensível.
O Cristo não deixou a Humanidade como dantes, responder-nos-á a ortodoxia.
Ele remiu-a da culpa que não lhe permitia a entrada no Céu, e deixou ao livre-arbítrio de cada um aproveitar seu ensino e seu exemplo, que são a via e a vida.
Tudo isto é metafísico e reduz-se, em última análise, a dois princípios: o Cristo veio abrir as portas do Céu pela redenção da culpa original, mas deixou dependente do livre-arbítrio de cada um procurá-la ou evitá-las.
Ora, para se abrirem às portas do Céu à Humanidade, não era preciso o sacrifício de um Deus, coisa muito semelhante ao que se encontra em outras cosmogonias; bastava que o Eterno o quisesse.
E quanto a deixar ao livre-arbítrio de cada um o mérito ou demérito para a salvação, compreende-se que muito menos valia a pena o enorme sacrifício do Divino Cordeiro.
Tudo isto, porém, desaparece, evidenciando a procedência das nossas reflexões, uma vez removido o princípio fundamental da redenção ortodoxa: o pecado original.
Cremos ter provado este ponto de um modo incontroverso; e, pois, não tendo havido pecado original, nem podendo a culpa do pai passar aos filhos, é óbvio que a teoria ortodoxa sobre a redenção não subsiste, senão como uma ficção.
Jesus veio remir os pecados do homem, ensina o Espiritismo; mas veio fazê-lo, não abrindo as portas do Céu, que sempre estiveram abertas, não limpando a Humanidade do pecado original, que é um mito; porém, ensinando, com a palavra e com o exemplo, novas verdades, que esclareceram os horizontes da Humanidade, e lhe deram mais força e virtude para ascender a seu destino.
A missão de Jesus foi tão divina, assim considerada, como a considera a ortodoxia.
A diferença está, somente, em que num caso ela é um meio de resgate, que não resgatou, pois que ficou vigorando o mal, ao passo que no outro caso ela é sublime ensino, que tem produzido o grande progresso moral dos povos.
Jesus foi o continuador da obra de Moisés, foi o emissário da mais ampla revelação do Céu.
Jesus veio fazer o que está fazendo o Espiritismo, trazer a luz à medida do progresso que havia feito a Humanidade.
O pecado é falta de cada um e, portanto, a luz é trazida a todos, um por um.
Por este modo, a missão do Cristo subsiste, a despeito da eliminação do pecado original: e em nada a pode contrariar a subsistência do mal, como acontece na hipótese do ortodoxismo.
Jesus não veio arrancar a Humanidade da escravidão do pecado, transmitido de Adão e Eva; veio, sim, ensinar as Verdades, que alentam nossa natureza, para repudiarmos o Mal e mais nos afeiçoarmos ao Bem.

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Amanhecer de esperanças

Os acontecimentos se precipitavam incontroláveis.
A região desértica e triste, que reverdecera sob a chuva de esperanças da palavra do Batista, seria o cenário de inusitadas ocorrências, preparando o amanhecer de uma nova e demorada Era - a do amor.
*
O amor ainda não abrasava os corações. Apenas em pequenos grupos vicejava, unindo familiares e greis que se prendiam a interesses recíprocos.
Raramente o sentimento de amor a Deus oferecia equipamentos para uma vida de confiança e irrestrita dedicação à fé.
Da mesma forma, o amor à Pátria esmaecera nos corações e o mercenarismo era o recurso legal para formar os exércitos e defensores da sociedade.
O sentimento de fraternidade espontânea quão desinteressada cedia lugar à mesquinhez moral do comportamento que assinalava pela traição, discórdia e realização do ego.
O amor começaria naquele momento a distender as suas raízes e desabrochar-se pela aridez das criaturas, alternando o comportamento humano.
Não se tratava de uma tarefa simples e fácil, porquanto iria alterar os conceitos da Filosofia hedonista, do imediatismo, ensejando uma transformação da sociedade, que só os lentos milênios conseguiriam materializar.
Para tanto, fazia-se inadiável começar; para isso veio Jesus.
*
As tribulações que Ele experimenta foram rudes.
Era necessário macerar-se, a fim de permanecer em Deus e o Pai nEle.
Por isso, o demorado jejum se fizera indispensável.
Tratava-se da preparação silenciosa, mortificadora, a fim de poder enfrentar a algaravia, o tumulto e as competições traiçoeiras que logo mais viriam.
As tentações foram rechaçadas pelo Seu caráter rigoroso e o momento havia chegado. João acabara de ser preso e os prognósticos eram sombrios.
Ele ousara desafiar Herodes Ântipas com o verbo flamejante, censurando-lhe a conduta reprochável da vida em concubinato com a cunhada Heroíades.
Os pigmeus morais, que se fazem grandes no mundo, não perdoamos gigantes da verdade, que os incomodam ou desconsideram as suas malezas.
Como parecera que João, ultrapassara os limites do suportável, seguindo pelo assassinato legal, eram as únicas maneiras de silenciar-lhe a voz.
Clamando no deserto, ele viera anunciar o Construtor do mundo novo, e lograra chamar a atenção das massas, que acorriam a escutá-lo, a fim de que estivessem vigilantes.
Seria naqueles dias, e a hora se fazia próxima.
Desse modo, o seu encarceramento, parecendo encerrar-lhe o ministério público, era o sinal
de mudança dos tempos.
Nesse momento, apareceu Jesus, na Galiléia, anunciando o novo panorama. Sua voz, clara
e doce, com matizes de sabedoria e força, começou a informar: - Completou-se o tempo e o
reino de Deus está perto: arrependei-vos e acreditai na Boa Nova. (*)
Os ouvidos e corações que aguardavam, escutaram-no e logo a multidão se reuniu para escutá-lo.
O verbo inflamava-se ao expor as bases das Mensagens e os objetivos transformadores de que se fazia portadora.
Não se tratava de mais um recurso salvacionista de ocasião, mas, de todo um portentoso,
trabalho de iluminação de consciência com a natural transformação moral, que lhe era
subseqüente para a renovação e felicidade da criatura e do mundo.
Não era fácil absorver-lhe de imediato os profundos conteúdos. No entanto, a poderosa
irradiação de beleza e ternura que dele se espraiava seduzia quantos lhes escutavam o convite.
Sorrisos confraternizavam com esperanças de melhores tempos, os de superação dos sofrimentos.
As criaturas não se apercebem que antes da colheita farta, é necessário cortar a terra, matar a semente, cuidar da planta com o contributo do suor e da constância para fruir a etapa final,
que é o recolher sazonado.
Mas isso, naquele tempo, não importava.
Havia sede e fome de paz, de justiça e de pão, e como Ele prometia Boas notícias em torno
do reino de amor e fartura, o que interessava era consegui-lo de imediato.
Estavam sendo, porém lançadas as primeiras balizas; tornava-se preciso reunir os obreiros,
aqueles que iriam trabalhar nas fundações da nova sociedade humana.
Ele saiu, portanto, após o primeiro discurso e rumou na direção das bandas do mar da
Galiléia.
Seria aquela região capital do reino na sua face terrestre.
Ali estavam as gentes simples, sofridas, necessitadas, mais fáceis de ser trabalhadas, mais
susceptível ao amor.
Logo viu Simão e André, seu irmão, que lançavam as redes ao mar, pois eram pescadores.
As criaturas humanas, mergulhadas no oceano das paixões, necessitavam de ser resgatadas. Desse modo, ele disse aos dois homens, que se detiveram a olhá-lo:
- Vinde após mim e farei de vós pescadores de homens.
Dominados pela voz e pela magia da Sua presença, sem qualquer discussão ou comentário,
eles, de imediato, deixaram as redes e seguiram-no.
Iniciava-se uma odisséia como jamais houvera antes e nunca mais volveria a acontecer.
Os convidados deixavam tudo e acompanhavam-no.
Pareciam conhecê-Lo e o conheciam. Sentiam-se amados e amavam apesar dos seus limites.
Logo após, a pequena distância, Ele viu Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão, que
estavam no barco a consertar as redes, e também os chamou.
A Sua voz penetrava a acústica da alma, e sem outra alternativa, como se O aguardassem,
eles deixando no barco seu pai com os assalariados seguiram-no e dirigiram-se a Cafarnaum.
Eles não conheciam qualquer plano ou projeto, como era a empresa e qual o seu desempenho nela nada sabiam...Apenas de seguiram-no.
Era original a Sua mensagem.
Os potentados do mundo, quando desejam algo, planejam-no, estudam-no e discutem os programas.
Os convidados a participar das suas empresas debatem os interesses, argumentam em defesa dos seus desejos, tomam e gastam tempo em considerações e diálogo infindáveis.
Com Ele, não, tudo era diferente, porque a Sua era uma proposta única, irrecusável, incomum.
Com quatro amigos, dois irmãos e mais dois, Ele iniciou a mais portentosa marcha
revolucionária da Humanidade: a construção do reino de Deus nos corações.
No sábado, Ele entrou na sinagoga e passou a ensinar, fundamentado na Tradição e no texto do dia, sem ter recebido informação prévia do tema para a discussão.
Sua palavra exteriorizava autoridade superior aos escribas e fariseus, facultando que todos se deslumbrassem ate os seus ímpares conceitos, jamais antes escutados.
De nenhuma Causa a humanidade tomara conhecimento com aquelas características.
*
Enquanto João amargava a prisão em Masquerus, na Peréia, Jesus vinha à luz na
verdejante e sorridente Galiléia.
Um período entrava em crepúsculo, em sombras e outro iniciava em amanhecer de lúculas
alvinitentes, iluminadoras.
(*) Marcos: 1 - 14 a 21.
Nota da Autora Espiritual

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Perguntas respondidas por Divaldo e Raul acerca do Evangelho.

Matéria retirada do Livro: Os Evangelhos e o Espiritismo da editora Leal .

Pergunta No 3.
" A luz veio ao mundo, e os homens amaram mais as trevas do que a luz , porque as obras deles eram más".(Jó.3:13-21). Hoje, no mundo, existem diversas seitas religiosas disputando a primazia da luz. Onde, afinal, encontrar a verdadeira luz?

Raul:Não é difícil encontrar a verdadeira luz nos dias atuais do mundo, mesmo que nos achemos em meio às disputas pela primazia. A luz verdadeira ilumina sem alarde, penetra os escaninhos das almas, a vida dos seres humanos e interfere positivamente no seu modo de ser. A mensagem que consegue alavancar o coração humano das limitações das sombras para as vultuosas claridades do intelecto e do sentimento , essa corresponde à grande e vera luz.

Divaldo: A verdadeira luz desceu à Terra nas jamais ultrapassadas canções apresentadas por Jesus no Sermão da Montanha.
Em razão da predominância da natureza animal sobre a natureza espiritual do homem,permanece vigorosa a aceitação tácita das questões defluentes do ego e dos seus sicários, que são as paixões dissolventes. Ainda prevalece o interesse mesquinho e perturbador pela mentira, pela manipulação,pela prepotência , em que muitos indivíduos preferem estagiar.
Inúmeras seitas religiosas surgem com periodicidade, adaptando os ensinamentos austeros da busca do Reino dos Céus, mediante os valores enganosos da Terra, atraindo multidões ansiosas e sedentas de poder e gozo, porém distantes da verdade.
A proposta de Jesus , por ser a verdadeira - renúncia, amor, abnegação, caridade, autoiluminação - é preterida por alguns segmentos sociais e indivíduos egotistas, permanecendo, não obstante, como única alternativa para a felicidade.
Lenta, no entanto, seguramente, a luz da verdade imorredoura espalha-se pela Terra, proporcionando a renovação social e espiritual dos seus habitantes.

7- Quem é o " Espírito Santo" na concepção espiritual?

Raul: Essa expressão nos sugere que a governança do mundo existam plêiades de entidades luminosas que, sob o comando Celeste Benfeitor - Jesus, o Messias - cuidam de investir os recursos do seu poder espiritual em favor do progresso geral e da renovação das humanas criaturas. O que as teologias convencionaram chamar de Espírito Santo pode ser compreendido como esses conjuntos de Espíritos sublimados que cuidam da evolução planetária.

Divaldo: O Espírito Santo pode ser entendido como o Espírito de Verdade, o Consolador constituído pelas coortes espirituais formadas pelos nobres Guias da Humanidade.
Podemos identificá-lo também como as estrelas que cairão sobre a Terra, as forças espirituais , o Cristo de Deus...


49- O que devemos entender por "Humildes de Espírito" ou " Pobres de Espírito" ,  os quais Jesus elege para o Reino dos Céus? (Mt. 5: 3)

Raul: Essa bem aventurança de Jesus exprime, de fato, a ventura experimentada pelos que conseguem desenvolver a humildade, a simplicidade em si próprios. Humildade que não significa tolice nem pieguice, simplicidade que não é papalvice.
É assim que achamos em o Livro dos Médiuns, de Allan kardec, que no Cap. XXXI, item XVI , o Espírito Santo Agostinho a afirmar que Deus ama os simples de espírito , o que não quer dizer tolos, mas que renunciam a si mesmos e que , sem orgulho, para Ele se encaminham.
Divaldo: Os pobres de espírito podem ser considerados todos aqueles que se despojaram dos andrajos morais da ira, do ódio, do orgulho, da insensatez, da sensualidade, verdadeiras fortunas que muitos preservam e disputam. Nestes mundo rico de espíritos pobres de valores éticos, Jesus glorifica aqueles que são os liberados das mazelas da alma, dos vícios e dependências infelizes das paixões primárias. Esses alcançarão o Reino dos Céus que , de alguma forma, já se lhes encontra ínsito no coração puro de inferioridade.

Reflexões sobre a Moral Divina


CHRISTIANO TORCHI
Não é raro conhecermos pessoas que, apesar de viverem em condições adversas,
em ambientes viciosos, conseguem furtar-se às influências negativas do meio e se destacam
na sociedade como homens e mulheres dignos. Há outras que, mesmo depois de terem experimentado
uma vida de transgressões, crimes, prostituição e drogas, conseguem se recuperar, tornando-
se referência para muitos outros indivíduos. Esses exemplos de superação mostram do que o ser humano é capaz, quando tem fé.
No conhecido livro do escritor francês Victor Hugo (1802-1885),
Os Miseráveis, também retratado em filme, encontramos a história de um ex-presidiário (Jean Valjean)
que, ante um dilema moral, originado de um furto por ele praticado após ganhar a liberdade,
foi inocentado pela própria vítima, o caridoso bispo Charles Myriel, atitude que causou um
profundo impacto no ex-condenado, motivando-o, daí por diante, a se tornar um homem de
bem. Esta obra, embora seja um romance de ficção social, é inspirada na realidade e nos faz
refletir sobre a questão filosófica da moral, tratada em O Livro
dos Espíritos.(1)
A crença inata em um ser superior, comum a todos nós, sugere a existência de uma constituição
divina insculpida na alma. Toda vez que infringimos as leis naturais, um juízo secreto nos diz que
estamos no caminho errado. Dominados pelas paixões, nem sempre seguimos os ditames desse tribunal
interior, ficando sujeitos, depois, ao arrependimento, à expiação e à reparação dos erros cometidos.
Do ponto de vista espírita, “a moral é a regra de bem proceder, isto é, a distinção entre o bem e o
mal.Funda-se na observância da Lei de Deus. O homem procede bem quando faz tudo pelo bem de
todos, porque então cumpre a Lei de Deus”.(2) A infração das leis morais resulta numa sanção imposta
pela própria consciência, que se traduz no remorso, sem prejuízo da eventual condenação imposta
pela sociedade e suas instituições.
O bem e o mal estão relacionados ao comportamento humano ditado pelo livre-arbítrio, pois “a noção
de moralidade é inseparável da de liberdade”.(3) Procedendo
corretamente, o homem dá mostras de que sabe distinguir o bem do mal. O bem é tudo o que
é compatível com a lei de Deus e o mal é tudo aquilo que não se harmoniza
com ela. Em resumo: quando fazemos o bem, procedemos conforme a lei de Deus, e quando fazemos o mal estamos infringindo essa lei.
Nem todos, porém, se comprazem em fazer o bem, dependendo da evolução do indivíduo e dos
valores que cultua.
Quando o homem procura agir acertadamente, utilizando a razão e a reflexão, encontra meios de distinguir, por si mesmo, o que é bem do que é mal. Ainda que esteja sujeito a enganar- se, em vista de sua falibilidade, possui uma bússola que o guiará no caminho certo, que é o de colocar-se na posição do outro,
analisando o resultado de sua decisão: aprovaria eu o que estou fazendo ao próximo, se estivesse
no lugar dele?
Esse método de pôr-se no lugar do outro para medir a qualidade de nossos atos é bem eficiente,
quando nos habituamos a utilizá-lo, porque o metro de cada um está na lei natural, que estabelece
o limite de nossas próprias necessidades, razão por que experimentamos o sofrimento toda
vez que ultrapassamos essa fronteira. Por isso, se ouvíssemos mais a voz da consciência, estaríamos
a salvo de muitos males que atribuímos a fatores externos ou à Natureza.
Deus poderia, se quisesse, ter feito o Espírito pronto e acabado, mas o criou simples e ignorante,
dando-lhe, assim, a oportunidade de progredir pelo próprio esforço, para que tenha a ventura de chegar
ao cume da jornada e exclamar, satisfeito: eu venci!
Com o advento tanto do progresso e a consequente proliferação dos grupos sociais, caracterizados
por sua diversidade cultural, como também das novas necessidades criadas pela modernidade
e pelo avanço da tecnologia, somos tentados a pensar que a lei natural não é uma regra uniforme para a coletividade.
Todavia, este modo de raciocinar é equivocado, uma vez que a lei natural possui tantas gradações
quantas necessárias para cada tipo de situação, sem perder a unidade e a coerência, cabendo a
cada um distinguir as necessidades reais das artificiais ou convencionais.
A lei de Deus é a mesma para todos, independentemente da posição evolutiva do homem, que
tem a liberdade de praticar o bem ou o mal. A diferença que existe está no grau de responsabilidade,
como no caso do selvagem que, outrora, sob domínio dos instintos primitivos, considerava
normal alimentar-se de carne humana, a saber: o homem é tanto mais culpado quanto
melhor sabe o que faz. À medida que o Espírito adquire experiência, em sucessivas encarnações,
alcança estágios superiores que lhe permitem discernir melhor as coisas. Portanto, a responsabilidade
do ser humano é proporcional aos meios de que dispõe para diferenciar o bem do mal. Apesar disso, não se pode dizer que são menos repreensíveis as faltas que comete, embora decorrentes da posição que
ocupa na sociedade.
O mal desaparece à medida que a alma se depura. É então que, senhor de si, o homem se torna
mais culpado quando comete o mal, porque tem melhor compreensão
da existência deste. A culpa pelo mal praticado recai sobre quem deu causa a ele, porém,
aquele que foi compelido, levado ou induzido a praticar o mal por outrem, é menos culpado do que
aquele que lhe deu causa.
Outrossim, o fato de se achar num ambiente desfavorável ou nocivo à moral, devido às influências
dos vícios e dos crimes, não quer dizer que a criatura esteja isenta de culpa, se, deixando-se
levar por essas influências, também praticar o mal. Em primeiro lugar, porque dispõe de um instrumento
poderoso para superar as circunstâncias infelizes: a vontade.
Em segundo, porque, antes de encarnar, pode ter escolhido essa prova, submetendo-se à tentação
para ter o mérito da resistência.
De outras vezes, o Espírito renasce em um meio hostil com a missão de exercer influência positiva
sobre seus semelhantes, retardatários.
Por outro lado, aquele que,mesmo não praticando diretamente o mal, se aproveita da maldade feita
por outrem, age como se fosse o autor, isso porque talvez não tivesse coragem de cometê-lo,
mas, encontrando o mal feito, tira partido da situação, o que significa que o aprova e o teria praticado,
se pudesse ou tivesse ousadia para tanto. Enquanto Espíritos, quase todos nos equiparamos,
na Terra, a condenados em regime de liberdade condicional, sujeitos, graças à misericórdia divina, a diversas restrições que,
muitas vezes, nos são impostas para nos proteger das próprias fraquezas. Assim, podemos dizer
que muitos de nós só não praticamos o mal por falta de oportunidade, considerando que nem
sempre temos vontade forte o bastante para resistir a determinadas conjunturas, em virtude da
ausência de autocontrole.
O desejo de praticar o mal pode ser tão repreensível quanto o próprio mal, contudo, aquele
que resiste às tentações, com a finalidade de superar-se, tem grande mérito, sobretudo quando
depende apenas de sua vontade para tomar essa ou aquela decisão. Não basta, porém, que
deixe de praticar o mal. É preciso que faça o bem no limite de suas forças, pois cada um responderá
por todo mal que resulte de sua omissão em praticar o bem. Os Espíritos superiores são
taxativos em dizer que ninguém está impossibilitado de fazer o bem, independentemente de sua
posição, pois que todos os dias da existência nos oferecem oportunidades
de ajudar o próximo, ainda que seja por meio de uma singela oração.
O grande mérito de se fazer o bem reside na dificuldade que se tem de praticá-lo. Quanto maiores
forem os obstáculos para a realização do bem, maior é o merecimento daquele que o executa.
Contrário senso, não existe tanta valia em se fazer o bem sem esforço ou quando nada custa, como
no caso do afortunado que dá um pouco aos pobres do que lhe sobra em abundância. A parábola
do óbolo da viúva, contida em o Novo Testamento,4 retrata bem tal circunstância.
Finalizando, a essência da moral divina pode ser encontrada na
máxima do amor ao próximo, ensinada por Jesus, porque abarca todos os deveres que os homens
têm uns para com os outros, razão pela qual temos necessidade de vivenciar essa lei constantemente,
porquanto o bem é a lei suprema do Universo que nos conduz a Deus “e o mal será sempre representado por aquela triste vocação do bem unicamente para nós mesmos [...]”.(5)
Junho 2010 • Reformador


1-KARDEC, Allan. O livro dos espíritos.
Trad. Evandro Noleto Bezerra. 2. ed. Rio
de Janeiro: FEB, 2010. Q. 629-646.
2-Idem, ibidem. Q. 629.
3-DENIS, Léon. O problema do ser, do destino
e da dor. 2. reimp. Rio de Janeiro: FEB,
2009. P. 3, As potências da alma, item 22,
4-LUCAS, 21:1-4.
5-XAVIER, Francisco C. Ação e reação. 28.
ed. 2. reimp. Pelo Espírito André Luiz. Rio
de Janeiro: FEB, 2009. Cap. 7, p. 110.

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

ANSIEDADE II


Desdobramento dos Fenômenos Ansiosos


                A ausência de serenidade para enfrentar os desafios, faz que o comportamento do indivíduo se torne doentio, cheio de expectativas, normalmente perturbadoras, gerando incapacidade e ação equilibrada e de desenvolvimento dos valores ético-morais corretos.
                Ao mesmo tempo, avoluma-se na mente uma grande quantidade de ambições, de desejos de execução ou de conquista de coisas simultâneas, aturdindo, desorientando o paciente, que sempre se transfere de um estado psicológico para outro, muitas vezes alternando também o humor. A necessidade conflitiva de preencher os minutos com atividades, mesmo que desconexas, diminui-lhe a capacidade de observação, confunde-lhe o pensamento e, quando, por motivo imperioso vê-se obrigado a parar, amolenta-se, deixando de prestar atenção ao que ocorre, para escorregar pelo sono no rumo da evasão da realidade.
                Justifica que não está dormindo, mas de olhos fechados, dominado por um estranho torpor, que é fruto do desinteresse pelo que acontece em volta, convocando-o a outras motivações que, não fazendo parte do seu tormento, infelizmente não despertam interesse.
                O comportamento ansioso é estimulado por descargas contínuas de adrenalina, o hormônio secretado pelas glândulas supra-renais, que ativam a movimentação do indivíduo, parecendo vitaliza-lo de energias, que logo diminuem de intensidade.
                Algumas vezes torna-se loquaz, ativo, alternando movimentações que o mantenham em intenso trabalho, nem sempre produtivo, por falta de coordenação e direcionamento. Noutras ocasiões, sofreia a inquietação e atormenta-se em estado de mutismo, mas interiormente tumultuado.
                Quanto mais se deixa arrastar pela insatisfação do que faz, mais deseja realizar, não se fixando na análise das operações concluídas, logo desejando outros desafios e labores que não tem capacidade para atender conforme seria de desejar.
                Na turbulência comportamental, os indivíduos tornam-se, não raras vezes, exigentes e preconceituosos, agressivos e violentos, desejosos de impor a sua vontade contra a ordem estabelecida ou aquilo que consideram como errado e carente de reparação.
                Os seus relacionamentos são turbulentos,  porque se desejam impor, não admitindo restrições à forma de conduta, nem orientação que os invite a uma mudança de comportamento.
                Quando são atraídos sexualmente, tornam-se quase sempre passionais, porque supõem que é amor aquilo que experimentam, desejando submeter a outra pessoa aos seus caprichos e exigências, como demonstração de fidelidade, o que, após algum tempo de convivência, torna-se insuportável, em ração dessas descargas contínuas de epinefrina que respondem por essa necessidade e mudanças de conduta, pela instabilidade nas realizações.
                Estressando-se com facilidade, em razão da falta de autoconfiança e de harmonia interna, o paciente tende a padecer transtornos depressivos, quase sempre de natureza bipolar, com graves ressonâncias nos equipamentos neuroniais.
                Passados os momentos de abstração da realidade, o salto para a exaltação leva-o aos delírios visuais e auditivos, extrapolando as possibilidades, para assumir personificações místicas ou histriônicas, poderosas e invejadas, cujas existências enganosas encontram-se no seu inconsciente.
                Terminado o período de excitação, no trânsito para o novo submergir na angústia, torna-se muito perigoso, porque a realidade perde os contornos, e o desejo de fuga, de libertação do mal estar atira-o nos abismos do autocídio.
                Desfilam em nossa sociedade inúmeros indivíduos ansiosos que se negam ao reconhecimento do distúrbio que os atormenta, procurando disfarçar com o álcool, o tabaco, nos quais dizem dispor de um bastão psicológico para apoio e melhor reflexão, nas drogas aditivas ou no sexo desvairado, insaciável, o que mais lhe complica o quadro de insanidade emocional.
                O reconhecimento da situação abre oportunidade para uma terapia de auto-ajuda.

Do livro: CONFLITOS EXISTENCIAIS

Divaldo Pereira Franco/Joanna de Angelis

ANSIEDADE I



Psicogênese da Ansiedade
                Além das conjunturas ancestrais defluentes dos conflitos trazidos de outras existências, a criança pode apresentar, desde cedo, os primeiros sintomas de ansiedade no modo inato do desconhecido – vinculação – e do não familiar. Essa vinculação apresenta um lado positivo que é o de oferecer-lhe conforto e segurança, principalmente junto à mãe com a qual interage em forma de prazer. Havendo este sentimento desde o nascimento, a criança prepara-se para uma sólida interação com a sociedade.
                Quando isso não ocorre, há a possibilidade da criança não sobreviver ou atravessar períodos difíceis, em face do medo inespecífico, originado pela ausência da mãe, chamado ansiedade livre flutuante.
                Apresenta um medo exagerado, e porque não sabe de quê, fica com mais medo. Dessa ansiedade, as aparentes ameaças externas, tornam-se enormes, culminando, na idade adulta, com uma dependência infantil.
                Quando a criança é severamente punida pelos pais, há maior necessidade de apego, tornando-a mais dependente, buscando refúgio, neles mesmos, que são os fatores de seu medo.
                Esse medo do desconhecido, impõe uma vinculação familiar que, ao ser desfeita amplia a área da ansiedade.
                O fenômeno tem as suas raízes na necessidade de reparação da afetividade que vem de outras existências espirituais, quando houve desgoverno de conduta, gerando animosidade e necessidade de apoio.
                A vinculação com o pai produz segurança, a separação proporciona angústia.
                No período inicial, essa vinculação pode ser transferida para outrem, mais tarde, a criança não tendo a mãe, chora, perturba-se e transfere a insegurança para os outros períodos da existência.
                Essa ansiedade representa a segurança que resulta de sentir-se sós, num mundo hostil, em total desamparo, levando-a a um tormento, no qual nunca está emocionalmente onde se encontra, desejando conseguir o que ainda não aconteceu.
                Como decorrência da instabilidade que a caracteriza, anseia por situações proeminentes, destaques, conquistas de valores, realização pelo amor, em mecanismos espetaculares de fuga do conflito...
                A busca do amor faz-se-lhe, tormentosa e desesperadora, como se pudesse, através desse recurso, amortecer a ansiedade. No íntimo, porém, evita envolvimentos emocionais verdadeiros por medo de os perder e vir a sofrer-lhes as conseqüências.
                Existe uma necessidade e identificação de pensamentos irracionais que são os responsáveis pelo desencadeamento da ansiedade.
                No inconsciente do indivíduo inseguro existe uma necessidade de auto-realização que, não conseguida, favorece-lhe a fuga pela ansiedade, normalmente produzindo-lhe desgaste no sistema emocional, por efeito gerando estresse no comportamento.
                No problemática dos conflitos humanos surge o recalcamento, resultado da ansiedade intensa, de um estado emocional muito semelhante ao medo.
                Por ser a ansiedade muito desagradável, o indivíduo esforça-se por ver-se livre. Não conseguindo, foge para dentro de si mesmo, experiênciando a insegurança por sentir-se impossibilitada de reprimir o que a desperta – o ato interdito.
                Processos enfemiços no organismo físico igualmente respondem pelo fenômeno da ansiedade, especialmente se o indivíduo não se encontra com estrutura emocional equilibrada para os enfrentamentos que qualquer enfermidade proporciona.
                O medo de piorar, de não se libertar da doença, recuperando a saúde, o receio da falta de recursos para atender às necessidades defluentes da situação, o temor dos comentários maliciosos de pessoas insensatas em torno da questão, o pavor da morte favorecem o distúrbio da ansiedade, que se agrava na razão direta em que as dificuldades se apresentam.
                A ansiedade é, na conjuntura social da atualidade, um grave fator de perturbação e de desequilíbrio, que merece cuidados especiais, observação profunda e terapia especializada.

Do livro: CONFLITOS EXISTENCIAIS

Divaldo Pereira Franco/Joanna de Angelis

CIÚME III



Psicogênese do Ciúme
                O espírito imaturo, vitimado por desvios de comportamentos em existências transatas, renasce assinalando o sistema emocional com as marcas infelizes disso resultantes.
                Inquieto e insatisfeito, não consegue desenvolver em profundidade a auto-estima, permanecendo em deplorável situação de infância psicológica. Mesmo quando atinge a idade adulta possui reações de insegurança e capricho, caracterizando suas dificuldades para um ajustamento equilibrado no contexto social.
                Aspira ao amor e teme entregar-se-lhe, porquanto o sentido de posse que lhe daria autoconfiança está adstrito à dominação de coisas, de pessoas e de interesses imediatistas, ambicionando transferi-lo para quem não se permitirá dominar pela sua morbidez. Quando se trata de um relacionamento com outra personalidade igualmente infantil, esta deixa-se, temporariamente, manipular-se por acomodação ou sentimento subalterno, reagindo a posteriori de maneira imprevisível.
                Em outras oportunidades permite-se conduzir, desinteressando-se das próprias aspirações, enquanto submete-se aos caprichos do dominador, resultando numa afetividade doentia, destituída de significados nobres e de vivências enriquecedoras.
                Porque a culpa se lhe encontra no íntimo, esse indivíduo não consegue decodifica-la, a fim de libertar-se, ocultando-a na desconfiança que permanece no seu inconsciente, assim experimentando tormentos e desajustes.
                Incapaz de oferecer-se em clima de tranqüilidade ao afeto, desconfia das demais pessoas, supondo que também são incapazes de dedicar-se com integração desinteressada, sem ocultar sentimentos infelizes.
                Porque não consegue manter um bom nível de auto-estíma, acredita não merecer o carinho nem o devotamento de outrem, afligindo-se, em razão do medo de perder-lhe aa companhia. Esse tormento faz-se tão cruel, que se encarrega, inconscientemente, de afastar a outra pessoa, tornando-lhe a convivência insuportável, em face da geração de contínuos conflitos que o inseguro se permite.
                A imaturidade psicológica daqueles que assim agem, torna-se tão grave, que procura justificar o ciúme como o sal do amor, como se a afetividade tivesse qualquer tipo de necessidade de conflito, de desconfiança.
                O amor nutre-se de amor e consolida-se mediante a confiança irrestrita que gera, reafirmando-o com belas vibrações de ternura e da amizade bem estruturada.
                Incapaz de enfrentar a realidade e as situações que se apresentam como necessárias ao crescimento contínuo da capacidade de discernimento e de luta, faculta-se a permanência na fantasia, no cultivo utópico da ilusão, imaginando um mundo irreal que gostaria de habitar, evitando a convivência com o destemor e o trabalho sério, de forma que se conduz asfixiado pelo que imagina em relação ao que defronta na vida real.
                Torna-se capaz de manter uma vida interior conflitiva, que mascara com sorrisos e outros disfarces, padecendo o medo e a incerteza de ser feliz.
                Sempre teme ser descoberto e conduzido à vivência dos fatos conforme são e não consoante desejaria.
                Evita diálogos profundos, receando falsear e ser identificado.
                Procedentes de uma infância, na qual teve de escamotear a verdade e disfarçar as próprias necessidades por medo de punição ou de incompreensão dos demais, atinge a idade adulta sem a libertação das inseguranças juvenis.
                Sentindo-se sempre desconsiderado, porque não consegue submeter aqueles a quem gostaria de amar-dominando, entrega-se aos ciúmes injustificáveis, nos quais a imaginação atormentada exerce uma função patológica.
                Transfere as fantasias do seu mundo íntimo para subjulgar o ser a quem diz amar.
                Atormentado pela autocompaixão, refugia-se na infelicidade, de modo a inspirar piedade, quando deveria esforçar-se para conquistar afeição; subestima-se ou sobrevaloriza-se assumindo posturas inadequadas à idade fisiológica que deveria estar acompanhada do desempenho saudável de ser psicológico maduro.
                Compara aflições alheias com as próprias, defendendo a idéia de que ninguém é fiel, pessoa alguma consegue dedicar-se a outrem sem que não mantenha sentimentos servis.
                Incapaz de afeiçoar-se pelo prazer de querer bem, portador de insatisfações em relação a si mesmo, mesquinho no que se refere à autodoação... Enxerga o amor como mecanismo de manipulação ou instrumento para conquista de valores amoedados ou de projeção política ou social sem entender que exista outra maneira de amar.
                O ciúme tem raízes no egoísmo exagerado, superável mediante trabalho de autodisciplina e entrega pessoal.
                Quanto mais o indivíduo valorizar o ego, sem administrar-lhe as heranças da inferioridade, mais se atormenta, em face da necessidade do relacionamento interpessoal que, sem a presença da afetividade, sempre torna-se frio, distante, sem sentido nem continuidade.
                Trabalhar a emoção, reflexionar em torno dos sentimentos próprios e do próximo constituem uma saudável psicoterapia para a aquisição da confiança em si mesmo e nos outros.

Do livro: CONFLITOS EXISTENCIAIS

Divaldo Pereira Franco/Joanna de Angelis

CIÚME II



Comportamentos Doentios

                Na morbidez do ciúme o paciente estertora sempre na inquietação.
                Anela pelo amor e recusa-o pelo receio de ser traído. Não se sentindo portador de sentimentos de abnegação e devotamento, desconsidera as belezas da afetividade, tidas como recurso de conquista de coisas, sem procurar entender a nobreza deste sentimento.
                A busca neurótica pelo amor prevalece nesses comportamentos ansiosos. E porque o indivíduo pensa que a satisfação do instinto poderá acalmar-lhe a ansiedade, frustra-se com facilidade, já que as suas exigências de afeto são excessivas, totais. A mínima insatisfação fá-lo pensar que foi recusado, sentindo-se rejeitado. Assim, aumenta-lhe a ansiedade, que o tornará mais afatigado na busca do afeto ainda não alcançado, ampliando as possibilidades de repulsa.
                Desvairado, permite-se a hostilidade que não consegue identificar, sempre receando a perda total do ser que diz amar. Desvaloriza-se a si mesmo, a fim de enaltecer o outro a quem se afeiçoa ou passa a desconsiderar, imaginando que se equivocou, quando atribuiu excessivos valores e recursos que a pessoa não possui.
                Em face desta insegurança deixa-se dominar por idéias perversas de autocídio ou homicídio. O ciúme está na raiz de muitos crimes.
                Sentindo-se recusado porque é cansativo o apego do paciente e o outro parceiro exaure-se na sua convivência, isso pe tido como rejeição, passa a pensar que outrem interfere no relacionamento.
                Desencadeada a idéia suspeitosa, a maquinação doentia aumenta, pondo-se em observação alucinada, deformando os acontecimentos de uma óptica distorcida, confirmando o que deseja que esteja acontecendo.
                Quando a mente descontrola o comando do discernimento, o paciente introduz pessoas suspeitas no convívio do lar, para melhor poder confirmar as expectativas, culminando em loucura ou crime.
                O ciúme estimula a inveja o ambos trabalham em comum acordo para anular a ação daquele que lhes inspira o sentimento negativo.
                Se a criatura é indiferente ou agressiva, ao encontrar outra equivalente forma o grupo social desinteressado pelo bem-estar comum.
                Os indivíduos tímidos ou que sofreram agressões na infância, sentem-se rejeitados e repelidos, expulsos sem consideração, em mecanismo evocativo inconsciente do que experimentaram durante a construção da personalidade.
                Irão formar bolsões de adversários inconscientes uns dos outros, todos eles insensíveis aos sentimentos de humanidade, porque se sentem excluídos da sociedade.
                A convivência com o paciente ciumento é martirizante, especialmente quando se recusa ao tratamento libertador.

Do livro: CONFLITOS EXISTENCIAIS

Divaldo Pereira Franco/Joanna de Angelis

CIUME I



Terapia para o Ciúme

                Todo e qualquer distúrbio orgânico, psicológico ou mental, necessita de tratamento especializado.
                Essas terapias não podem esquecer-se que o espírito, em si mesmo, é o grande enfermo. Esse conhecimento pode minimizar os efeitos perturbadores através do reencontro com as causas da existência presente, que tiveram origem no lar agressivo ou negligente, no grupo social perverso, nas condutas extravagantes ou em processos enfermiços que atingiram a organização física.
                Em todos os indivíduos encontram-se os conflitos inconscientes e os mecanismos de defesa, diferenciando-se através de como são resolvidos.
                O paciente ciumento, em sua insegurança, não tem qualquer consideração por si próprio, necessitando de ser conduzido à auto-estima, à superação dos conflitos de inferioridade e de insegurança, tomando conhecimento lúcido das infinitas possibilidades de equilíbrio e de afetividade que lhe estão ao alcance.
                A libertação das idéias masoquistas que nele permanecem, da culpa inconsciente que necessita de punição, bem direcionada pelo psicoterapeuta, ensejar-lhe-á a compreensão de que todos erram, de que todos devem assumir a consciência dos equívocos, mas a ninguém é  concedido o direito de permanecer no muro das lamentações em torno de reais ou imaginárias aflições.
                O amor faculta saúde emocional e bem-estar a todos.
                Quando buscado com afã, torna-se neurótico e perturbador.
                A ação fraternal da solidariedade enseja uma visão diferente daquela na qual o paciente encarcera-se, acreditando-se, apenas ele, como pessoa que vive um tipo de incompletude.
                A ação de benemerência direcionada ao próximo conduz ao descobrimento de quanto é saudável ajudar, facultando o entendimento dos dramas alheios e encontrando solução para os próprios conflitos.
                A terapêutica da bondade ao lado da psicoterapia especializada constitui elemento constritivo para a superação do ciúme, porque, nesse serviço, o afeto se amplia, os horizontes alargam-se, os interesses deixam de ser personalistas e a visão a respeito do mundo e da sociedade torna-se mais complacente e menos rigorosa.

Do livro: CONFLITOS EXISTENCIAIS

Divaldo Pereira Franco/Joanna de Angelis

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

A Origem dos Vícios

Por Carlos Campetti

A questão da origem dos vícios é muito complexa e exige acurada pesquisa, análise e meditação. Em função
dessa mesma complexidade e da pobreza de nossa capacidade atual de sondar nossas próprias origens,
não há possibilidade de se esgotar o assunto. Dessa forma, faremos apenas algumas considerações como
tentativa de entender um pouco mais tão intrincada problemática.
Para dirigir nossa análise, vamos examinar a questão do interesse pessoal e sua relação com os vícios
do indivíduo.
Curiosamente, ao apresentar o significado da palavra interesse em seu dicionário, Aurélio Buarque
de Holanda Ferreira, em certo momento, liga o verbete à expressão “vantagem pessoal”.
Vejamos:
“Interesse [...] S.m. 1. Lucro material
ou pecuniário; ganho. 2. Parte
ou participação que alguém tem
nalguma coisa: Qual o seu interesse
na firma? 3.Vantagem, proveito; benefício:
Só age em seu próprio interesse.
4. Aquilo que convém, que importa, seja em que domínio for.
5. Sentimento de cobiça; avidez.
6. Procura de vantagem pessoal, de proveito.
7. Sentimento de zelo, simpatia, preocupação ou curiosidade por alguém ou alguma coisa: Demonstra interesse pela menina;
Tem interesse por assuntos científicos.
8. Empenho: Não tenho interesse na resolução do caso.
[...]” Como se evidencia, apesar da conotação tendente ao negativo, o problema não está propriamente
no interesse, que pode apresentar aspectos positivos. Afinal, para fazer o bem ao próximo é necessário
interessar-se positivamente por ele. Allan Kardec e os Espíritos Superiores dizem que o egoísmo fundamenta- se no sentimento do interesse pessoal na questão 914 de O Livro dos Espíritos; e, na 917, afirmam que “[...] o egoísmo assenta na importância da personalidade [...]”.O interesse pessoal se qualifica como sendo exclusivo, exclusivista. O indivíduo não estaria propriamente dedicado à sua evolução espiritual,
mas interessado em superar os demais, em ganhos, quaisquer que sejam, que não pretenderia, não desejaria, não teria interesse em compartilhar com outros. Ele se julgaria o mais importante, com direitos exclusivos e merecedor de privilégios em relação aos demais.Nessa situação, ainda que tivesse interesse em
compartilhar algo, teria a preocupação de reservar a melhor parte para si, de garantir primeiro o seu
lado, depois pensaria nos outros em um âmbito restrito.
Mas essa atitude não é a que caracteriza o mais forte, o mais apto a sobreviver pela lei da seleção natural?
Não faria parte do instinto de sobrevivência, pelo menos entre os seres mais inferiores da Natureza?
O ser humano não teria herdado parte desses instintos no processo de evolução?
O que diferencia a espécie animal da humana?
As duas possuem inteligência, mas só a última tem capacidade moral. O homem é dotado de instintos e estes são mais fortes quanto menos evoluído ele é. Precisa trabalhar para o seu desenvolvimento, de forma
que a razão sobrepuje os instintos e ele deixe de ser governado pelas leis mecânicas que regem a vida
dos seres menos evoluídos, destinadas a garantir sua sobrevivência e dar as condições necessárias ao
seu desenvolvimento nos primeiros estágios de evolução.
Cabe ao ser humano desenvolver a capacidade de governar o próprio destino, sendo responsável pelo
uso do livre-arbítrio, da razão, na busca cada vez mais ampla da compreensão do significado da vida,
que, para ser plena, implica a concretização de uma existência ética – no sentido de reguladora das relações
com os demais seres. Porém, mais do que isso, a concretização de uma conduta moral, inspiradora e
norteadora do desenvolvimento integral do ser para o cumprimento do objetivo de sua existência,
cuja meta é o uso pleno da razão a caminho da conquista da intuição.
Quanto mais evoluído, menos interesse em relação à personalidade, menos apego ao que é pessoal,
maior submissão à vontade de Deus, mais dedicação ao bem do próximo, maior luz interior. Quanto
mais interesse pessoal, mais restrito está o ser ao mundo do ego, mais preocupado em defender seus
pontos de vista, seu mundo, seus objetivos particulares. Quanto mais livre do interesse pessoal, mais o
indivíduo se dedica ao próximo, pois sabe que o seu interesse está resguardado pela Justiça Divina.
Quanto mais desinteressado de si mesmo, mais cresce, pois se liberta da jaula do ego para conhecer o
universo do eu profundo que se identifica com as potências superiores
da alma.
O Espiritismo não incentiva o interesse pessoal, ainda que a pretexto da busca de evolução, pois, ao
contrário, o interesse pessoal dificulta o processo evolutivo do ser.
Quem quer que racionalize dessa forma equivocada pode estar interpretando mal o pensamento da
Doutrina, ou não consegue entender o sentido profundo do ensinamento.
É possível, ainda, que, ao ouvir os expositores que abordam o tema, esteja restringindo o conceito
à sua própria capacidade de entendimento. O Espiritismo incentiva o interesse pelo bem, que
precisa ser construído dentro de cada um, fato que possibilitará a sintonia com o bem externo. Mas
se o indivíduo tem desejo pessoal na conquista do bem que está fora dele dificilmente o alcançará, pois
o bem não pode ser somente dele: é de todos. O que ele precisa conquistar é a si mesmo, submetendo o
interesse pessoal, o culto à personalidade, e permitindo o surgimento do amor.Assim, o bem passa a existir
nele, da mesma forma que está nos demais e em todo o Universo.
Desse modo, pode-se afirmar que a raiz do problema está no interesse pessoal, pois é nele que se fundamentam o egoísmo e todos os demais vícios, inclusive a insegurança, que é falta de confiança
na Providência Divina e em si mesmo. O egoísta é profundamente
inseguro. Não confia em ninguém, nem mesmo em Deus, porque desconfia de si, da própria capacidade de compartilhar com os demais. Como possui interesse pessoal, conclui que todos também o possuem e
age, doentiamente, para garantir sua primazia em relação a tudo. A raiz do problema está, desse modo, no interesse pessoal, porque ele é a antítese da caridade, da suprema capacidade de renúncia pessoal em favor de outrem.
Deus não nos deu o interesse pessoal. Deu-nos as condições de caminhar para Ele, para aprender
com Ele e com os que cresceram antes que nós, no compartilhar da vida. Quando, por interesse pessoal,
nos recusamos, querendo a vida só para nós, morremos (filosoficamente) no engano, para renascer posteriormente, quando entendermos o profundo significado da caridade, no exercício da qual
não há espaço para o interesse pessoal, por mínimo que seja.A partir daí, todo aperfeiçoamento individual
é buscado como forma de melhor servir à grande obra da vida,
gerida pelo Criador.
O tema é complexo, difícil, pois, de esgotá-lo.Vale aguardar o futuro. O estudo e a experiência levam naturalmente a mais profundas análises e melhores conclusões sob a inspiração de nossos Benfeitores espirituais.
Setembro 2006 • Reformador

sábado, 1 de setembro de 2012

As matrizes das enfermidades encerram suas genealogias no arcabouço psicossomático

Crônicas e Artigos
Ano 6 - N° 276 - 2 de Setembro de 2012
JORGE HESSEN
jorgehessen@gmail.com
Brasília, DF (Brasil)
 

 
Bethany Jordan, uma adolescente da cidade inglesa de Stourbridge, sofre da Síndrome de Ivemark, caracterizada, também, por problemas cardiovasculares, que é uma síndrome patológica de etiologia desconhecida. (1) Jordan nasceu com alguns de seus órgãos invertidos. O fígado, o intestino e o baço estavam posicionados de trás para frente. O fenômeno foi descoberto em exames de ultrassom enquanto ela ainda estava no útero de Lisa, sua mãe. Na época, os médicos disseram que Jordan teria poucas chances de sobreviver ao parto. A garota Bethany, além de ter os órgãos mal posicionados, também nasceu com outros problemas de saúde, como os dois pulmões que convergiam em um formato, apenas, do pulmão esquerdo, e um buraco no coração. Porém, os pesquisadores se surpreenderam ao constatar que a menina sobrevivera até completar seis anos de idade.

O fato nos leva a cogitações sobre o perispírito, a Lei da Causa e Efeito, reencarnação, suicídio, entre outros assuntos que a Doutrina Espírita nos apresenta. Antes de renascermos, examinando nossas próprias necessidades de aperfeiçoamento moral, muitas vezes, exoramos a limitação psicomotora na nova experiência física, para que essa condição nos induza à ascensão de sentimentos. Solicitamos aos Benfeitores a enfermidade de longa duração, capaz de nos educar os impulsos; esse ou aquele dano físico que nos exercite a disciplina; decidida mutilação que nos bloqueie o arrastamento à agressividade exagerada; o complexo psicológico que nos remova as ideias etc. É a lógica de justiça da Reencarnação, o que nos remete a analisar as patologias congênitas pelo Princípio de Causa e Efeito. Em verdade, já vivemos, aqui na Terra, inúmeras vezes e trouxemos armazenados os registros de nossas aquisições antecedentes e desvarios, quais suportes energéticos em núcleos de potenciação, e, na união do perispírito ao óvulo, espelharam, nessa célula feminina de reprodução, o nível do nosso processo evolutivo.

Nossa posição moral é que originará os renascimentos com anormalidades congênitas ou não. A partir da fecundação do óvulo, sob o comando da lei, o Espírito reencarnante transmite, através da ação do perispírito, a integração da sua própria herança espiritual com o espólio genético dos genitores. A formação do respectivo DNA individualizado – composto de genes dominantes e recessivos – conduzido pelas sagradas Leis da Hereditariedade, provindas do Criador, configurará o novo corpo físico daquele particular Espírito imortal, que "renascerá" conforme o programa, previamente estabelecido e subordinado, inicialmente e voluntariamente, a fatores como família, raça, etnia, nacionalidade, predisposições para determinados estados de saúde ou doença – física ou espiritual – e inúmeras outras especificidades individuais.

O mestre Chico Xavier opinou certa vez: "sobre as reencarnações mais difíceis, lembrando que, muitas vezes, encontramos determinados casos de suicídio, e, às vezes, suicídio acompanhado de homicídio, obrigando o autor a um angustiante complexo de culpa levado para além desta vida e, depois, esse trauma de culpa renascendo com ele, através da reencarnação". (2) O médium de Pedro Leopoldo explica o seguinte: "Muitas vezes, temos encontrado irmãos nossos suicidas que dispararam um tiro contra o coração e que voltam com a cardiopatia congênita ou com determinados fenômenos que a medicina classifica dentro da chamada Tetralogia de Fallow; nós vemos companheiros que quiseram morrer pelo enforcamento e que voltam com a Paraplegia Infantil; nós vemos muitos daqueles que preferiram o veneno e que voltam com más formações congênitas; outras pessoas que violentaram o próprio ventre e que voltam, também, com as mesmas tendências e que, às vezes, acabam desencarnando com o chamado enfarto mesentérico. Nós vemos, por exemplo, aqueles que preferiram morrer pelo afogamento, num ato de rebeldia contra as leis de Deus e que voltam com o chamado enfisema pulmonar. Vemos, ainda, aqueles que dispararam tiros contra o próprio crânio e voltam com fenômenos dolorosos, como, por exemplo, a idiotia, quando o projétil alcança a hipófise; todas essas consequências, porque estamos em nosso corpo físico, mas subordinados ao nosso corpo espiritual. Então, principalmente os fenômenos decorrentes do suicídio, por tiro no crânio, são muito dolorosos, porque vemos a surdez, a cegueira, a mudez, e vemos esse sofrimento em crianças também, o que nos afigura incompatíveis com a misericórdia de Deus, porque nós sabemos que Deus não quer a dor". (3)

Os pesquisadores, que reduzem os fenômenos da vida ao exclusivo universo da matéria densa, insistem em explicar a vida como uma complexa reação química, e nada mais do que isso, prestes a penetrar nos seus profundos mistérios e propiciar a sua criação pela mão do homem, assim como, até hoje, creem ser o pensamento mera excreção do cérebro e que todas as funções psíquicas morrem com o corpo físico. Os fenômenos vitais não podem ser atribuídos à exclusiva ação mecânica da hereditariedade genética, no comando da montagem dos três bilhões de nucleotídeos que constituem os degraus do DNA humano. Infelizmente, "não há ainda lugar para o espírito na ciência pesquisacional acadêmica, empírico-indutiva, a qual, por isso, continua tomando como causa o que é efeito, fazendo das leis da hereditariedade genética as únicas presentes ao ato da vida, juízas exclusivas e inconscientes do futuro patrimônio apolíneo e saudável, ou disforme e enfermiço do ser humano, apenas concedendo algumas influências aos efeitos ambientais e ao psicossomatismo, ainda que cerebral, calcadas nas predisposições genéticas". (4)

As matrizes das moléstias têm suas raízes na estrutura do psicossoma. Ainda que esteja aparentemente saudável, uma pessoa pode trazer, nos seus Centros Vitais (chacras para os hindus), disfunções latentes adquiridas nesta ou em outras vidas, que, mais cedo ou mais tarde, virão à tona no corpo físico, sob a forma de doenças mais ou menos graves, conforme a extensão da lesão e a posição mental do devedor. Somos herdeiros de nossas ações pretéritas, tanto boas quanto más. O "Carma" (5) ou "conta do destino criada por nós mesmos" está impresso no corpo psicossomático. (6) Esses registros fluem para o corpo físico e culminam por determinar o equilíbrio ou o desequilíbrio dos campos vitais e físicos. "Só o reconhecimento – que um dia chegará – da primazia do espírito sobre a matéria, associada essa primazia ao princípio reencarnacionista, isto é, a integração da herança espiritual à hereditariedade genética, comandada pelo Espírito, via perispírito, regida pela Lei de Causa e Efeito, é que permitirá que se identifiquem, no Espírito imortal, as causas verdadeiras dos desequilíbrios que eclodem no corpo físico, mata-borrão e fio-terra que ele é, sob o nome de doenças, incluindo-se os distúrbios da psique humana." (7)

Quando forem descobertas tecnologias muito mais sofisticadas, que nos possibilitem um exame aprofundado da estrutura funcional do perispírito, a medicina transformar-se-á, radicalmente. Os hospitais, possuindo instrumentos de altíssima resolução, muito além daqueles que existem hoje, os diagnósticos serão, inequivocamente, precisos, o que possibilitará a cura real das doenças. Os profissionais da saúde trabalharão muito mais de forma preventiva, evitando, assim, por exemplo, as intervenções cirúrgicas alargadas, invasivas, realizadas, abusivamente, nos dias de hoje. Os médicos terão oportunidade de conhecer, com detalhes, a estrutura transdimensional do corpo perispiritual, compreendendo melhor o modo como se imbricam as complexas estruturas do psicossoma, nas chamadas sinergias, para melhor auxiliar na terapia e manutenção da saúde mento-física-espiritual de seus pacientes.
 

Referências bibliográficas:

(1) A Síndrome de Ivemark consiste de más formações de diferentes órgãos, e a expectativa de vida depende de como cada órgão, principalmente o coração, é afetado.

(2) Xavier, Francisco Cândido. Pinga Fogo, São Paulo: Ed. Edicel, 1975.

(3) idem.

(4) Artigo de Raphael Rios, intitulado Lei de Causa e Efeito, determina os Efeitos da Hereditariedade usando os Registros do Perispírito, publicado na Revista Internacional de Espiritismo – dez/2000.

(5) Carma, ou Karma (do sânscrito karman, em pali, kamma), significa ação. O termo tem um uso religioso dentro das doutrinas budista, hinduísta e jainista. Foi posteriormente utilizada também pela teosofia, pelo Espiritismo e por um subgrupo significativo do movimento New Age.

(6) Sugerimos leitura do livro Ação e Reação, ditado pelo Espírito André Luiz, todo ele dedicado ao estudo do compromisso cármico das vidas sucessivas.

(7) Artigo de Raphael Rios, intitulado Lei de Causa e Efeito, determina os Efeitos da Hereditariedade usando os Registros do Perispírito, publicado na Revista Internacional de Espiritismo – dez/2000.