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terça-feira, 18 de setembro de 2012

O Pecado é a Falta de Cada Um


Escrito por Bezerra de Menezes quando ainda encarnado

Artigo publicado no século 18, no jornal "O Paiz", no Rio de Janeiro - Fonte: "Espiritismo, Estudos Filosóficos", Volume I, Editora FAE - Agosto de 2001

11º - “Foi preciso que viesse à Terra o divino Jesus tomar sobre seus ombros os pecados do mundo e ensinar, pela palavra e pelo exemplo, o caminho da salvação, para correrem os ferrolhos que trancavam as portas da morada dos bem-aventurados”.
A revelação messiânica tem o maior alcance moral para a Humanidade, quer a considere em relação ao ortodoxismo, quer em relação ao Espiritismo.
No primeiro caso, Deus mandou seu unigênito Filho à Terra para sofrer, em si, a pena do pecado humano, e, por este sublime ato de amor, resgatar a culpa do primeiro tronco humano.
No segundo caso, suscitou Deus um enviado, um Messias pata trazer à Terra luz maior, luz que a Terra por seu adiantamento, já podia receber, a fim de, pela palavra e pelo exemplo, esclarecer-nos o caminho que leva à morada do Pai, e ensinar-nos a sofrer, até à morte, todas as misérias da vida, louvando o Senhor e seguindo seus preceitos.
Em ambos os casos, Cristo é o sublime reformador da Humanidade, o seu eterno modelo, mas sua missão é, pelos dois, diferentemente encarada.
Importa, pois, investigar os fundamentos das duas doutrinas, para reconhecer qual delas encara com Verdade o grandioso fato.
Subsistindo o dogma do pecado original e o da existência única dos espíritos, com os seus co-relativos: juízo definitivo, depois da morte, e definição eterna do destino humano, a interpretação ortodoxa da missão do Cristo, como redentor, é correta, e é mais do que isso, é necessária.
O Pai da Misericórdia não podia, sem tornar estéril esse superior atributo, manter, eternamente, suspensa sobre a raça condenada de seus pais a espada flamejante de sua tremenda justiça.
Mas, uma coisa notamos desde já, a ortodoxia explica sempre as coisas sobre-humanas por meios e processos rasteiramente humanos!
Se Deus quis, acalmando os ímpetos de sua cólera (sic), (assim) espargir sobre as vítimas de sua justiça o orvalho do amor e da misericórdia, por que não fazê-lo por simples ato de sua vontade, e exigir que fosse Ele próprio, na segunda pessoa da Trindade Divina, quem viesse sofrer o que cabia ao ser humano?
E, se o divino Jesus veio remir a Humanidade da culpa original, como se explica que sublata causa, (suprimida a causa) é eliminado o efeito, visto que o mal, oriundo daquele pecado, continua a produzir a danação do homem?
Nós compreendemos a redenção, como a entende a ortodoxia, pela extinção da causa que danou a Humanidade, e pela conseqüente extinção do verme do mal que ela produziu.
Assim, compreendemos a redenção.
Vir, porém, o próprio Deus a remir a Humanidade da causa do mal, deixando este incólume, como dantes, é incompreensível.
O Cristo não deixou a Humanidade como dantes, responder-nos-á a ortodoxia.
Ele remiu-a da culpa que não lhe permitia a entrada no Céu, e deixou ao livre-arbítrio de cada um aproveitar seu ensino e seu exemplo, que são a via e a vida.
Tudo isto é metafísico e reduz-se, em última análise, a dois princípios: o Cristo veio abrir as portas do Céu pela redenção da culpa original, mas deixou dependente do livre-arbítrio de cada um procurá-la ou evitá-las.
Ora, para se abrirem às portas do Céu à Humanidade, não era preciso o sacrifício de um Deus, coisa muito semelhante ao que se encontra em outras cosmogonias; bastava que o Eterno o quisesse.
E quanto a deixar ao livre-arbítrio de cada um o mérito ou demérito para a salvação, compreende-se que muito menos valia a pena o enorme sacrifício do Divino Cordeiro.
Tudo isto, porém, desaparece, evidenciando a procedência das nossas reflexões, uma vez removido o princípio fundamental da redenção ortodoxa: o pecado original.
Cremos ter provado este ponto de um modo incontroverso; e, pois, não tendo havido pecado original, nem podendo a culpa do pai passar aos filhos, é óbvio que a teoria ortodoxa sobre a redenção não subsiste, senão como uma ficção.
Jesus veio remir os pecados do homem, ensina o Espiritismo; mas veio fazê-lo, não abrindo as portas do Céu, que sempre estiveram abertas, não limpando a Humanidade do pecado original, que é um mito; porém, ensinando, com a palavra e com o exemplo, novas verdades, que esclareceram os horizontes da Humanidade, e lhe deram mais força e virtude para ascender a seu destino.
A missão de Jesus foi tão divina, assim considerada, como a considera a ortodoxia.
A diferença está, somente, em que num caso ela é um meio de resgate, que não resgatou, pois que ficou vigorando o mal, ao passo que no outro caso ela é sublime ensino, que tem produzido o grande progresso moral dos povos.
Jesus foi o continuador da obra de Moisés, foi o emissário da mais ampla revelação do Céu.
Jesus veio fazer o que está fazendo o Espiritismo, trazer a luz à medida do progresso que havia feito a Humanidade.
O pecado é falta de cada um e, portanto, a luz é trazida a todos, um por um.
Por este modo, a missão do Cristo subsiste, a despeito da eliminação do pecado original: e em nada a pode contrariar a subsistência do mal, como acontece na hipótese do ortodoxismo.
Jesus não veio arrancar a Humanidade da escravidão do pecado, transmitido de Adão e Eva; veio, sim, ensinar as Verdades, que alentam nossa natureza, para repudiarmos o Mal e mais nos afeiçoarmos ao Bem.

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