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quinta-feira, 9 de agosto de 2012

O CIRENEU E O SAMARITANO


“E constrangeram um certo Simão
Cireneu, pai de Alexandre e de Rufo, que
por ali passava, vindo do campo, a que
levasse a cruz.”
(Marcos, 15:21)
“E, quando saíam, encontraram um
certo homem cireneu, chamado Simão, a
quem constrangeram a levar a sua cruz.”
(Mateus, 27:32)
“Descia um homem de Jerusalém
para Jericó, e caiu nas mãos dos
salteadores, os quais o despojaram, e,
espancando-o, se retiraram, deixando-o
meio morto. E ocasionalmente descia pelo
mesmo caminho certo sacerdote; e, vendoo,
passou de largo. E de igual modo
também um levita, chegando àquele lugar,
e, vendo-o, passou de largo. Mas um
Samaritano, que ia de viagem, chegou ao pé
dele, e, vendo-o, moveu-se de íntima
compaixão. E, aproximando-se, atou-lhe as
feridas, deitando-lhes azeite e vinho; e
pondo-o sobre a sua cavalgadura, levou-o
para uma estalagem e cuidou dele. E,
partindo ao outro dia, tirou dois dinheiros, e
deu-os ao hospedeiro e disse-lhe: Cuida
dele; e tudo o que de mais gastares eu to
pagarei quando voltar.”
(Lucas, 10: 30-35)
Embora o Cireneu tenha sempre sido tomado como paradigma para a ação de
se auxiliar, voluntariamente, o nosso próximo, o fato é que não houve espontaneidade
no ato, pois, segundo os evangelistas Marcos e Mateus, a ajuda de Simão foi
compulsória: ambos afirmam que houve constrangimento.
O Evangelho de João silencia sobre essa ocorrência. Lucas, por sua vez,
embora não falando em constrangimento, afirma que “tomaram um certo Simão,
cireneu, que vinha do campo, e puseram-lhe a cruz às costas, para que a levasse
após Jesus”, o que redunda na mesma coisa, pois os verbos usados na descrição

deixam transparecer que não houve iniciativa própria do Cireneu em querer auxiliar o
Mestre.
Longe de nós a idéia de querer subtrair a Simão Cireneu o mérito que lhe tem
sido concedido no decurso dos séculos, entretanto queremos apenas frisar que,
quando não há um impulso natural numa ação, o seu mérito fica sensivelmente
diminuído, e preferimos, quando se quer acenar com um paradigma para uma ação
espontânea, completa em todas as direções, sem limitações, que se tome como
bandeira a figura exponencial do Bom Samaritano.
O Samaritano, segundo a descrição de Lucas (10:30-35), encontrou o homem
moribundo à margem da estrada, moveu-se de íntima compaixão, prestando-lhe todo
o socorro que lhe havia sido negado pelo sacerdote e pelo levita que por ali haviam
passado: desceu do cavalo, fez curativos em seus ferimentos, deu-lhe alimento,
colocou-o sobre a sua cavalgadura, fazendo a caminhada a pé, devagarinho, até uma
pousada, onde propiciou-lhe todo o conforto, prontificando-se a indenizar o
hospedeiro por todos os gastos havidos e por aqueles que viessem a ser necessários.
O Samaritano ajudou realmente o ferido a levar a cruz dos seus sofrimentos.
Há, consequentemente, uma diversidade enorme entre as ações desenvolvidas
pelo Cireneu e pelo Samaritano, pois, enquanto na primeira houve constrangimento, a
segunda foi ampla, irrestrita, espontânea e partida do coração.
Tudo sugere que os algozes de Jesus Cristo, temendo que Ele viesse a
desfalecer na rude jornada rumo ao Calvário, sob o peso tremendo do madeiro
infamante, resolveram coagir o Cireneu a ajudá-lo, pois não queriam perder o
espetáculo adredemente preparado de ver o Senhor crucificado entre dois ladrões, o
que viria, segundo a interpretação dos interessados na sua morte, justificar. perante as
massas, aquele inqualificável homicídio.
A história nos dá conta de muitos casos de condenados que, acometidos de
enfermidades graves ou tentando o suicídio para fugir aos horrores do suplício, são
tratados com o máximo empenho e reintegrados em pleno gozo de saúde, para depois
serem submetidos às torturas do gênero de morte estabelecido na condenação.
Os fariseus, os escribas e os principais dos sacerdotes não toleravam a idéia da
morte física do Messias de modo prematuro; como decorrência, não trepidaram em
forçar o Cireneu, que vinha do campo, a secundar o Senhor no transporte da cruz,
pois só assim teriam a certeza de que o drama do Calvário seria consumado em todos
os pormenores.

Padrões Evangélicos- Paulo Alves de Godoy

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