Allan Kardec e O Livro dos Espíritos
Outros estudiosos,
lúcidos e sérios, empreenderam o tentame de interpretar o homem,
elucidando os mistérios nos quais ele se encontrava oculto.
Através dos tempos foram
realizadas pesquisas demoradas e aprofundada a sonda de averiguação no
corpo ciclópico do conhecimento, buscando-se respostas.
Livros memoráveis foram
escritos, abordando o fenômeno da vida e especialmente o ser pensante,
significando um passo audacioso nas interpretações valiosas.
Ninguém, no entanto, logrou penetrar tanto nas causas geradoras da vida em si mesma conforme ele o conseguiu.
Buda mergulhou em profundo silêncio, descobrindo a felicidade íntima.
Pitágoras construiu a sua escola de sabedoria iniciática em Crotona e transmitiu a técnica do conhecimento imortalista.
Os cristãos primitivos, que se celebrizaram pela busca e dedicação à verdade, defrontaram a Espiritualidade e apaziguaram-se.
Os santos da escatologia
católica, em retiros, silêncios e sacrifícios, superaram-se, abrindo
espaços para futuras experiências ditosas...
Dante Alighieri vislumbrou as paisagens post-mortem, fazendo grandioso legado à posteridade.
Allan Kardec, entretanto,
encarou com coragem os fenômenos da vida e entregou-se por inteiro ao
trabalho de demitizá-la dos tabus teológicos, das superstições da
ingenuidade, dos arrazoados anticientíficos, que desfrutavam de
cidadania cultural.
De princípio, sem parti pris,
investigou com absoluta serenidade as manifestações mediúnicas,
demandando as suas causas e procurando compreendê-las com o escalpelo da
razão, fato após fato, buscando encontrar uma linguagem universal
lógica, irrecusável, eliminando todas as hipóteses que não as
enfrentassem com segurança.
Identificada essa causa, verificou a qualidade moral dos agentes propiciadores e suas consequências éticas profundas.
Refundiu, ante as
sucessivas evidências, as conclusões estabelecidas de começo até quando
confirmadas pela demonstração experimental que lhes concedeu
legitimidade.
Restituiu a Deus a
dignidade perdida ante a vulgar conceituação antropomórfica que os
homens Lhe emprestaram e estudou as origens da vida, nos elementos
espiritual e material, constitutivos do Universo, para proclamar o
mecanismo da evolução num processo constante e irreversível, através das
etapas sucessivas da reencarnação que atesta a Sabedoria Divina e
propõe a todos os seres a fatalidade da perfeição relativa, que
certamente alcançarão.
Passou pelo crivo da
observação os antigos postulados religiosos e os analisou com os
instrumentos de que dispunha, mediante a constante comunicação com os
Espíritos, o que resultou na reformulação da ideia da morte, aniquilando
em definitivo esse fantasma de que se utilizavam os fátuos das
religiões e das crendices para concederem bênçãos e maldições ao talante
da astúcia e do suborno mediante os bens perecíveis.
Allan Kardec situou Jesus no Seu devido lugar como o ser mais perfeito que Deus ofereceu aos homens para servir-lhes de modelo e guia,
tornando-O o amigo e irmão mais sábio, que nos ensinou a técnica da
felicidade, sem fugir, Ele mesmo, à exemplificação até o holocausto,
justo e simples, mestre e companheiro de todas as criaturas.
Enquanto permaneciam os
ditames impostos pela presunção dos teólogos, confundindo as leis civis,
transitórias, com as leis divinas, Kardec apoiou-se na lei natural – o
amor – para lecionar deveres e responsabilidades iguais para todos os
homens, que são os construtores do próprio destino.
Perscrutou os problemas decorrentes da exploração do homem pelo homem
e recordou a igualdade de direitos e deveres, eliminando todo e
qualquer privilégio de casta, credo, posição social e econômica,
concedendo à caridade, envilecida pelo pieguismo e adulteração de
finalidade, o seu verdadeiro sentido paulino e social, que propicia o
socorro ao carente, de imediato, quando for o caso, promovendo-o em
seguida, a fim de realizar-se na comunidade onde vive.
Abriu as portas para a
investigação paranormal, pioneiro que permanece insuperado, pedagogo e
psicólogo exemplar, equilibrado em todas as colocações apresentadas, que
fazem de O Livro dos Espíritos, por ele escrito com a cooperação dos
Mentores da Humanidade, uma Obra ímpar, que desafia o segundo século de
publicação sem sofrer qualquer fissura no seu conteúdo, num período em
que todo o conhecimento sofreu contestação e alterou a face cultural da
Terra.
O Livro dos Espíritos,
desse modo, não é apenas a pedra angular sobre a qual se ergue a
Doutrina Espírita, mas, também, é o tratado de robusta estrutura para
orientar a Economia, a Sociologia, a Psicologia, a Embriologia, a Ética,
então desvairadas, elucidando a Antropologia, a Biologia, a Fé, cujos
fundamentos necessitavam da preexistência e sobrevivência do ser
inteligente, que o Espiritismo comprovou e tornou acessível a todo
examinador consciente e responsável.
Assim, sem O Livro dos
Espíritos, com seus parâmetros soberanos e esclarecedores, não existe
Doutrina Espírita, tanto quanto sem Allan Kardec não existiria esse
colosso granítico demarcador da Humanidade, que é O Livro dos Espíritos,
que o porvir bendirá, tornando-se manual iluminativo para as
consciências do presente e do futuro.
Vianna de Carvalho
Psicografia de Divaldo Pereira Franco.
Em 03.01.2011.
Psicografia de Divaldo Pereira Franco.
Em 03.01.2011.
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