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terça-feira, 1 de janeiro de 2013

AS PRECES :"A prece é, pois, poderosa alavanca que nos ajuda a remover as imperfeições.."


"E, quando orardes, não sejais como os hipócritas: pois se comprazem em orar em pé nas sinagogas e nas esquinas das praças, para serem vistos pelos homens. Em verdade vos digo que já receberam o seu galardão. Mas tu, quando orares, entra no teu aposento, e, fechando a porta, ora a teu Pai que está em oculto, e teu Pai, que vê em secreto, recompensar-te-á. E, orando, não useis de vãs repetições, como os gentios, que pensam que por muito falarem serão atendidos" (Mateus 6: 5-7).
A prece deve ser concisa e emanada do âmago dos corações, para que possa atingir o seu objetivo.
Acrescentou ainda o Mestre que "Deus sabe o que nos é necessário antes de nós lho pedirmos" (Mateus 6:8).
Com o objetivo de ensinar a seus discípulos como fazer uma prece singela, curta, mas de elevado poder de síntese, o Senhor nos prescreveu a prece do Pai Nosso, ou Oração Dominical:
"Pai Nosso, que estas nos céus, santificado seja o seu nome: venha o teu reino, seja feita a tua vontade, assim na Terra como no Céu: o pão nosso de cada dia nos dá hoje: e perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores: não nos deixes cair em tentação, mas livrai-nos do ma! Assim seja !" (Mateus 6:9-13).
Na parábola do ''Fariseu e o Publicano ", Lucas 18:9-14, Jesus nos ensinou que entre a prece humilde do publicano, que apenas disse: "Meu Pai, sê propício a mim, pecador", e a prece prolongada do fariseu enaltecendo suas próprias qualidades e acusando o seu próximo, Deus apenas ouviu a prece do primeiro, o qual saiu do Templo justificado.
Ladainhas intermináveis, preces repetidas e prolongadas, orações impregnadas de orgulho e de vaidade, preces pagas ou encomendadas, não são formas eficazes de dirigirmo-nos a Deus.
"Deus é Espírito e em Espírito e em Verdade deve ser adorado pelos seus adoradores", conforme asseverou o Mestre à Mulher Samaritana (João 4:24).
No Horto das Oliveiras, Jesus Cristo elevou fervorosa prece ao Criador: 'Meu Pai: Se possível, passa de mim este cálice. Todavia, nâo seja como eu quero, e sim, como tu queres" (Mateus 26:39). Entretanto, apesar de o Mestre conhecer o valor da prece e a sua rogativa ser justa, Ele tinha de ser glorificado no sacrifício do Calvário, por isso a Sua prece foi indeferida e o grande drama consumou-se em seus mínimos detalhes.
Recomendou-nos Jesus Cristo que tudo aquilo que por meio da oração pedíssemos ao Pai, Ele nos daria, entretanto, estabeleceu uma fórmula: ''Pedi e dar-se-vos-á; buscai, e acharás, batei e abrir-se-'a". Isso implica em dizer que, para pedir e receber, é também necessário buscar. Para recebermos os talentos que os céus nos concedem sob as mais variadas modalidades, é imperioso também darmos algo de nós. Isso é implícito na recomendação de Jesus Cristo: "Buscai antes o Reino dos Céus e sua justiça e todas as coisas serâo acrescentadas': (Mateus 6-33). Buscar o reino dos céus significa lutar pelo próprio aprimoramento e, sobretudo, amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.
O Evangelho é pródigo na demonstração do valor da prece: - Jesus orou ao Pai para que Espíritos trevosos fossem afastados do apóstolo Pedro, não abalando as suas convicções e fé (Lucas.22:31-32).
- O apóstolo Paulo orou a Jesus para que afastasse dele os emissários das trevas que, idênticos a espinhos na carne, procuravam tolher o seu trabalho de divulgação da Boa Nova (lI Cor., 12:7-8).
A prece é um apelo veemente que dirigimos aos céus, imprecando sustentação, orientação e suavização daquilo que nos aflige.
A prece é mais do que simples enunciação de palavras belas ou ininteligíveis: é muito mais sublime do que um amontoado de vocábulos repetidos um após outro, de forma maquinal, emanado dos lábios e sem a participação dos corações.
É por intermédio dessa forma de elevarmos os nossos corações a Deus, que buscamos a assistência dos Bons Espíritos para as nossas dificuldades e tribulações. Na prece encontramos refúgio para as nossas tristezas e desencontros; nela haurimos forças para levar avante a nossa caminhada rumo à perfeição .
Na prece encontramos meios de interceder junto a Deus, mediante Seus prepostos, em favor dos nossos irmãos sofredores de todos os matizes: nela mantemos um colóquio interior com aqueles que nos foram caros na Terra, isto é, com os Espíritos que formaram a nossa família terrena e aos quais continuamos ligados por sentimentos de simpatia e amor.
A prece é, pois, poderosa alavanca que nos ajuda a remover as imperfeições que dormitam dentro de nossa alma, fazendo com que, um dia, possamos nos enquadrar na assertiva do Mestre: . 'Sede perfeito como perfeito é o nosso Pai Celeste" (Mateus 5-48).
Paulo Alves Godoy
Os quatro sermões

"Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus"


"Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus ... (Mateus 5:3)
Parece um contra-senso Jesus oferecer a bem-aventurança aos pobres de espírito, se considerarmos o conceito que essas palavras têm entre nós: outro era, no entanto, o pensamento de Jesus.
Pobre de espírito não é o homem néscio e baldo de inteligência, mas os simples, os humildes, pois para estes está reservada a conquista do reino dos céus, que tem entre nós o sentido de reforma interior.
Os orgulhosos, aqueles que se deixaram dominar pela soberbia, os recalcitrantes, estes julgam-se superiores e acham que as coisas divinas não merecem sua atenção.
Preeocupam-se em demasia com as conquistas do mundo e relegam para plano secundário a sua reforma íntima.
Os simples e humildes compreendem a sublimidade da justiça divina, conformam-se com os seus ditames e, como decorrência, ajustam-se para atingir siituações mais relevantes na vida futura.
Certa vez os apóstolos indagaram de Jesus: "Quem é o maior no reino dos céus", e o Mestre, tomando de um menino e assentando-o em seu joelho, disse:
-"Quem não se fizer pequenino como este menino, não entrará no reino dos Céus".
É fora de cogitação que o menino mereceria o acesso aos planos espirituais superiores, simplesmente pelo fato de ser criança.
O objetivo do Mestre foi ensinar que quem não se fizer simples ou pequenino em humildade, não merecerá o tão almejado acesso a essas regiões elevadas.
Não afirmou o Senhor que o reino de Deus é para elas, mas para aqueles que se lhes assemelham.
Pois, não tendo a criança ainda podido manifestar nenhuma tendência perversa, oferece-nos a imagem da inocência e da candura.
Paulo Alves Godoy
Os quatro Sermões

CONSTRUIR O REINO DE DEUS EM NOSSOS CORAÇÕES


O reino de Deus não vem com visível aparência (Lucas 17:.20): precisamos construí-lo pacientemente em nossos corações. O reino de Deus não é subjetivo, ou pertencente a um mundo estranho. Ele foi implantado na Terra, e está crescendo entre os homens e as nações de boa vontade.
Aditou Jesus que o reino de Deus será subtraído ao povo que se tornar infiel e dado a um outro que apresentar melhores condições de assimilação.
A razão primária do preparo do povo de Israel para a gloriosa missão que lhe estava reservada, residia no fato de ser a única comunidade monoteísta da época - o único povo que esposava a crença num Deus uno e indivisível -, tornando-se, como decorrência, a nação que apresenta, as melhores condições para receber em seu seio o Messias prometido.
Por essa razão fundamental, o povo judeu foi alvo de intensa preparação por parte de entidades espirituais, sob a égide do Espírito Jeová, sendo desta forma propiciado para o advento sucessivo de numerosos profetas e missionários, precursores da vinda de Jesus Cristo.
Não houve, entretanto, a ressonância devida: muitos profetas foram apedrejados e mortos e o Messias foi crucificado. Cumpriu-se, assim, o vaticínio de Jesus contido em Mateus (23:37-39) "Jerusalém, que matas os profetase apedrejamos que te são enviados. Quantas vezes quis eu ajuntar os teus filhos, como a galinha ajunta os seus pintainhos debaixo das asas, e não o quiseste! Eis que a vossa casa vai ficar-vos deserta. Pois eu vos digo que desde agora já não me vereis mais, até que digais: Bendito o que vem em nome do Senhor".
As hostes romanas de Tito invadiram a famosa cidade, no ano 69, destruindo-a e forçando o povo israelita a se dispersar pelo mundo, perdendo a sua própria pátria. A sua terra foi dada a um povo diferente.
O reino de Deus, entretanto, tem sido dado e retirado de outros povos. Muitas nações tiveram em suas mãos a viabilidade de disseminar o conhecimento desse reino, porém assoberbadas pela glória terrena, pelo orgulho e pela vaidade, pouco ou nada fizeram a fim de corresponder à expectativa do Alto .
A Espanha dos reis católicos, em cujos domínios jamais se deixava de ver o sol, experimentou glória e opulência. Poderia ter sido consolidado no mundo um reino de paz e solidariedade, no entanto, ofuscou-se com o fausto e com o orgulho. Muitos emissários do Alto foram devorados pelas suas fogueiras inquisitoriais e perseguidos pela sanha intolerante daqueles que tinham em suas mãos o cetro do poder. O reino de Deus não encontrou terreno adequado. A velha nação entrou numa fase de decadência e de expiação.
A França napoleônica, cujos domínios se estenderam a boa parcela do mundo, não soube levar a paz e a concórdia às nações conquistadas .. A vaidade e a presunção passaram a nortear os rumos dos seus governantes. A possibilidade de amoldar-se às normas evangélicas simbolizadas no reino de Deus não encontrou guarida.
O Reino de Deus se fundamenta na primazia dos ensinamentos do Evangelho. A sua lei básica é o Amor; a sua bandeira é a Justiça: o seu escudo é a Verdade; o seu símbolo é a Paz. Seu objetivo é irmanar o gênero humano de modo a haver "um só rebanho sob a égide de um só pastor". Não é um reino que se impõe, mas que expõe: que não quer vencer, mas convencer; que quer ação em vez de adoração: que pretende transformar os homens em lídimos herdeiros de um Pai soberanamente justo e bom. Suas guerras são apenas intelectuais feitas contra o egoísmo, o orgulho, a vaidade, a inveja, o ódio, o ciúme e outras formas de defeitos e ócios.
O reino de Deus pode ser subtraído das comunidades religiosas, quando elas se divorciam dos ditames evangélicos; quando se distanciam das massas sofredoras; quando se encastelam no orgulho e na vaidade: quando passam somente a cogitar das riquezas temporais, esquecidas do tesouro que o Mestre recomendou ser acumulado nos céus.
O reino de Deus é, também, tirado, temporariamente, de seio das famílias quando os seus componentes não vivem nas pautas da moral da compreensão, do amor recíproco, preferindo antes viverem chafurdados nos vícios e na intemperança, esquecidos da reforma interior.
O reino de Deus é tirado, provisoriamente, do coração do homem, quando este se torna avaro, assassino, perdulário, dissoluto: quando vive mergulhado nos vicíos terrenos; quando malbarata os seus deveres fundamentais no recesso do lar, aniquilando seus próprios valores morais e anulando os benefícios de mais uma vida terrena. Muitos homens de Israel se arroganm ao título de Filhos do Reino, por se considerarem mais puros que todos os outros homens, no entanto, o Mestre preceituou, enfático: "Os filhos do Reino serão lançados nas trevas exteriores, em que haverá choro e ranger de dentes" Mateus 8:12).
Somente através dos processos expiatórios as nações redimem-se, predispondo-se a novas experiências de adaptação ao reino de Deus. Somente pelos processos reencarnatórios as famílias e o homem podem fazer jus a novas experiências no tocante à reimplantação daquele reino em seus corações. Somente por intermédio da reforma de base, da derrocada dos dogmas, da adaptação aos postulados evangélicos, cingindo-se às práticas do amor e do apego à verdade, as religiões poderão atrair a si, novamente, o reino de Deus.
Paulo Alves Godoy
Os quatro Sermões

VOLTARÁ O CRISTO?


Afirmam solenemente os Evangelhos que a volta de Jesus Cristo será como o relâmpago que sai do oriente e se mostra até ao ocidente (Mateus 24:27).
Sustentam ainda os Evangelhos que o Mestre virá com grande poder e glória e diante de tods as nações reunidas separará um dos outros, como o pastor aparta dos bodes as ovelhas (Mateus, 25:31-32)
Estes e outros trechos dos Evangelhos fizeram com que muitos homens passassem a acalentar a idéia da volta de Jesus de forma corpórea, no chamado "Final dos Tempos."
Não haverá necessidade da volta do Messias da maneira como o fez há vinte séculos, nem de qualquer outra forma, uma vez que os Espíritos Superiores estão enviando Terra um aluvião de mensagens espirituais que está suplementando a Revelação cristã a qual já foi complementada há pouco mais de um século com o advento da Terceira Revelação, consubstanciada na Doutrina Espírita.
Considerando-se que o processo de revelação emanado do Alto não sofre solução de continuidade, é óbvio que os Espíritos Superiores não cessam nem cessarão de nos enviar novas mensagens e novos ensinamentos, fazendo-o numa progressão geométrica à medida que os homens vão evoluindo espiritualmente ou, pelo menos, capacitando-se para a assimilação de novas verdades.
A separação dos "bodes e das ovelhas" que simboliza os recalcitrantes no mal e os bons, dar-se-á de forma harmoniosa, através das vidas sucessivas sob a égide de Jesus.
Os bons (as ovelhas) continuarão a viver na Terra, mas os maus recalcitrantes (os bodes) daqui serão afastados; irão habitar mundos menos evoluídos, onde guardarão a lembrança de terem perdido um paraíso.
Paulo Alves Godoy
Os 4 Sermões

EVANGELHO E EDUCAÇÃO:"O coração educado aparece, por abençoada luz, nas sombras da vida..."


Quando o mestre confiou ao mundo a divina mensagem da Boa Nova, a Terra, sem
dúvida, não se achava desprovida de sólida cultura.
Na Grécia, as artes haviam atingido luminosa culminância e, em Roma, bibliotecas
preciosas circulavam por toda parte, divulgando a política e a ciência, a filosofia e a
religião.
Os escritores possuíam corpos de copistas especializados e professores eméritos
conservavam tradições e ensinamentos, preservando o tesouro da inteligência.
Prosperava a instituição, em todos os lugares, mas a educação demorava-se em
lamentável pobreza.
O cativeiro consagrado por lei era flagelo comum.
A mulher, aviltada em quase todas as regiões, recebia tratamento inferior ao que se
dispensava aos cavalos.
Homens de consciência enobrecia, por infelicidade financeira ou por questiúnculas de
raça, eram assinalados a ferro candente e submetidos à penosa servidão, anotados como
animais.
Os pais podiam vender os filhos.
Era razoável cegar os vencidos e aproveita-los em serviços domésticos.
As crianças fracas eram, quase sempre, punidas com a morte.
Enfermos eram sentenciados ao abandono.
As mulheres infelizes podiam ser apedrejadas com o beneplácito da justiça.
Os mutilados deviam perecer nos campos de luta, categorizados à conta de carne inútil.
Qualquer tirano desfrutava o direito do reduzir os governados à extrema penúria, sem ser
incomodado por ninguém.
Feras devoravam homens vivos nos espetáculos e divertimentos públicos, com aplauso
geral.
Rara a festividade do povo que transcorria sem vasta efusão de sangue humano, como
impositivo natural dos costumes.
Com Jesus, entretanto, começa uma era nova para o sentimento.
Condenado ao supremo sacrifício, sem reclamar, e rogando o perdão celeste para
aqueles que o vergastavam a feriam, instila no ânimo dos seguidores novas disposições
espirituais.
Iluminados pela Divina Influência, os discípulos do Mestre consagram-se ao serviço dos
semelhantes.
Simão Pedro e os companheiros dedicam-se aos doentes e infortunados.
Instituem-se casas de socorro para os necessitados e escolas de evangelização para o
espírito popular.
Pouco a pouco, altera-se a paisagem social, no curso dos séculos.
Dilacerados e atormentados, entregues ao supremo sacrifício nas demonstrações
sanguinolentas dos tribunais e das praças públicas, ou trancafiados nas prisões, os
aprendizes do Evangelho ensinam a compaixão e a solidariedade, a bondade e o amor, a
fortaleza moral e a esperança.
Há grupos de servidores, que se devotam ao trabalho remunerado para a libertação de
numerosos cativos.
Senhores da fortuna e da terra, tocados nas fibras mais íntimas, devolvem escravos ao
mundo livre.
Doentes encontram remédio, mendigos acham teto, desesperados se reconfortam, órfãos
são recebidos no lar.
Nova mentalidade surge na Terra.
O coração educado aparece, por abençoada luz, nas sombras da vida.
A gentileza e a afabilidade passam a reger o campo das boas maneiras e, sob a
inspiração do Mestre Crucificado, homens de pátrias e raças diferentes aprenderam a
encontrar-se com alegria, exclamando, felizes: _ “meu irmão”.

segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

REENCARNAÇÕES ACIDENTAIS?



Na edição 286 desta revista publicamos na seção de Cartas um interessante questionamento feito por nossa leitora Edaci Giacomin Gonçalves, de Porto Alegre-RS, a respeito do tema reencarnações acidentais, uma expressão utilizada por Adenáuer Novaes no livro “Reencarnação”.

Por reencarnações acidentais Adenáuer Novaes entende os casos em que a fecundação não estava prevista e a união sexual foi fortuita. Um determinado Espírito que esteja próximo ao casal será atraído pelo óvulo fecundado. Mecanismos automáticos encarregar-se-ão de propiciar lições de aprendizagem de que o Espírito, nessa circunstância, necessite. Nesses casos, estariam incluídas as reencarnações oriundas de estupros e acidentes semelhantes.

Consultado por um de nossos colaboradores, Adenáuer Novaes escreveu-nos o seguinte:

“O questionamento da leitora é pertinente. O senso crítico é desejável em tudo que se refira ao conhecimento. A análise a respeito das reencarnações ‘acidentais’ deve contemplar a questão do livre-arbítrio. Os atos humanos nem sempre são programados com antecedência, graças à liberdade de escolha que foi atingida a essa altura da evolução do Espírito. É pouco provável que haja Espíritos à espera de cada possibilidade decisória.

Se considerarmos, por exemplo, o estupro como uma escolha do indivíduo doente que o pratica, temos que considerar também que, do outro lado, sua vítima teria a probabilidade de sofrê-lo, mas não o determinismo de que iria acontecer. Será que haveria, antecipadamente, um Espírito desencarnado à espera de que o fato ocorresse? Não seria considerar que há um determinismo? Prefiro considerar que, num plano menor, trata-se de um ‘acidente’. Num plano maior, divino, não há acidentes.

É também possível considerar que um casal possa mudar seus planos, aceitando a encarnação de um Espírito sem que tenha sido planejado recebê-lo anteriormente. Esse novo filho seria fruto do livre-arbítrio de ambos, portanto, não planejado previamente. O contrário, isto é, a redução do número de filhos, também poderia ocorrer. Vale considerar que os casos de separação dos casais também promovem mudanças no planejamento reencarnatório, provocando ‘acidentes’. Desconheço discussão sobre o assunto em outras obras.”

*

De fato, não existe nenhuma obra espírita confiável que utilize a expressão “reencarnação acidental”, que nos parece ter sido utilizada pelo confrade em face da pobreza do nosso idioma. “Acidental” seria, de acordo com a explicação dada por ele mesmo, um termo oposto a “planejado”. Além disso, Adenáuer reconhece, como estudioso que é, que num plano maior “não há acidentes”.

Antes de redigir este texto, ouvimos quase duas dezenas de articulistas e estudiosos espíritas que colaboram habitualmente com nossa revista. O que abaixo se vai ler é, portanto, uma síntese da pesquisa que fizemos e das considerações enviadas por nossos colaboradores.

As leis da genética encontram-se, segundo Emmanuel (O Consolador, pergunta 35), presididas por numerosos agentes psíquicos que a ciência da Terra está longe de formular. Esses agentes psíquicos são, muitas vezes, movimentados pelos mensageiros do plano espiritual, encarregados dessa ou daquela missão junto às correntes da profunda fonte da vida. A conjugação entre o campo espiritual e o campo físico não se faz por acaso e está na dependência de múltiplas condições, a maioria delas absolutamente desconhecida.

Entende Dr. Jorge Andréa (Encontro com a Cultura Espírita, págs. 91 a 95) que nenhum Espírito chegará ao processo reencarnatório sem uma atração específica com sua futura mãe. O mergulho na reencarnação só se dará quando a sintonia entre mãe e futuro filho estiver praticamente indissolúvel. Qualquer que seja a qualidade do reencarnante, haverá sempre com a mãe correlação de causas, onde ambos lucrarão sempre, no sentido evolutivo, quer os mecanismos se exteriorizem nas faixas do amor ou do ódio. O Espírito reencarnante, com o seu campo específico de energias, fará a seleção do espermatozoide pelas contingências de suas irradiações, adquirindo e construindo o futuro corpo de acordo com as suas necessidades.

Reencarnações se processam, muitas vezes, sem qualquer consulta aos que necessitam de segregação em certas lutas no plano físico, providências essas comparáveis às que assumimos no mundo com enfermos e criminosos que, pela própria condição ou conduta, perderam temporariamente a faculdade de resolver quanto à sorte que lhes convém no espaço de tempo em que se lhes perdura a enfermidade ou em que se mantenham sob as determinações da justiça. São os problemas especiais, em que a individualidade renasce de cérebro parcialmente inibido ou padecendo mutilações congênitas, ao lado daqueles que lhe devem abnegação e carinho. Incapazes de eleger o caminho de reajuste, pelo estado de loucura ou de sofrimento que evidenciam, semelhantes enfermos são decididamente internados na cela física como doentes isolados sob assistência precisa. Vemo-los, assim, repontando de lares faustosos ou paupérrimos, contrariando, por vezes, até certo ponto, os estatutos que regem a hereditariedade, por representarem dolorosas exceções no caminho normal. (Evolução em dois Mundos, 1a  Parte, cap. XIX, pág. 150.)

Não existe uma técnica invariável no serviço reencarnatório na Terra. Cada entidade reencarnante apresenta particularidades essenciais na recorporificação a que se entrega na esfera física, quanto cada pessoa expõe característicos diferentes quando se rende ao processo liberatório, não obstante o nascimento e a morte parecerem iguais. Os Espíritos inferiores, na maioria das ocasiões, padecendo monoideísmo tiranizante, entram em simbiose fluídica com as organizações femininas a que se agregam, experimentando o definhamento do corpo espiritual ou o fenômeno de “ovoidização”, sendo inelutavelmente atraídos ao vaso uterino, em circunstâncias adequadas, para a reencarnação que lhes toca, em moldes inteiramente dependentes da hereditariedade, como acontece à semente que, após desligar-se do fruto seco, germina no solo, segundo os princípios organogênicos a que obedece, tão logo encontre o favor ambiental. Entre ambas as classes, porém, contamos com milhões de Espíritos medianos na evolução, portadores de créditos apreciáveis e dívidas numerosas, cuja reencarnação exige cautela de preparo e esmero de previsão.  (Evolução em dois Mundos, 1a  Parte, cap. XIX, pp. 152 e 153.)

A planificação para a reencarnação é quase infinita e obedece a critérios que decorrem das conquistas morais ou dos prejuízos ocasionais de cada candidato. Na generalidade, existem estabelecidos automatismos que funcionam sem maiores preocupações por parte dos técnicos em renascimento, e pelos quais a grande maioria dos Espíritos retorna à carne, assinalados pelas próprias injunções evolutivas. Ao lado desse automatismo das leis da reencarnação, há programas e labores especializados para atendimento de finalidades específicas. Os candidatos em nível médio de evolução, antes de serem encaminhados às experiências terrenas, requerem a oportunidade, empenhando nisso os melhores propósitos e apresentando os recursos que esperam utilizar, a fim de granjearem a bênção do recomeço, na bendita escola humana. Examinados por hábeis e dedicados programadores, que recorrem a técnicas especiais de avaliação das possibilidades apresentadas, são eles submetidos a demorados treinamentos, de acordo com o serviço a empreender,  com  vistas ao bem-estar da Humanidade,  após o que são selecionados os melhores, o que reduz a margem de insucesso. Os que não são aceitos, voltam a cursos de especialização para outras atividades, especialmente de equilíbrio, com que se armam de forças para vencer as más inclinações defluentes das existências anteriores que se malograram, bem como para  a aquisição de valiosas habilidades que lhes repontarão, futuramente, no corpo como tendências e aptidões. (Temas da Vida e da Morte, Reencarnação -- Dádiva de Deus, pp. 13 e 14.)

De acordo com a ficha pessoal do candidato, é feita, concomitantemente, pesquisa sobre aqueles que lhe podem oferecer guarida, dentro dos mapas cármicos, providenciando-se necessários encontros ou reencontros na esfera dos sonhos, se os futuros genitores já estão reencarnados, ou diretamente, quando for um plano elaborado com antecedência, no qual os membros do futuro clã convivem, primeiro, na Erraticidade, de onde partem já com a família adredemente estabelecida. Executada a etapa de avaliação das possibilidades e a aproximação com a necessária anuência dos futuros pais, são meticulosamente estudados os mapas genéticos de modo a facultarem, no corpo, a ocorrência das manifestações físicas como psíquicas, de saúde e doença, normalidade ou idiotia, lucidez e inteligência, memória e harmonia emocional, duração do cometimento corporal e predisposições para prolongamento ou antecipação da viagem de retorno, ensejando, desse modo, probabilidades dentro do comportamento de cada aluno à aprendizagem terrena. “Fenômenos de determinismo são estabelecidos com  margem a alternâncias decorrentes do uso do livre-arbítrio, de modo a permitir uma ampla faixa de movimentação com certa independência emocional em torno do destino, embora sob controles que funcionam automaticamente, em consonância com as leis do equilíbrio geral.” Travam-se debates entre o futuro reencarnante e seus fiadores espirituais, expondo-se as dificuldades a enfrentar e os problemas a vencer, nascendo daí a euforia e a esperança em relação ao futuro. É assim que, em clima de prece, entre promessas de luta e coragem, sob o apoio de abnegados Instrutores, o Espírito mergulha no oceano compacto da psicosfera terrena e se vincula à célula fecundada, dando início a novo compromisso. Os que o amam, na Espiritualidade, ficam expectantes e interessados pelos acontecimentos, preocupados pelos sucessos que ocorrerão, e buscarão interceder nas horas graves, auxiliando nos momentos mais difíceis, encorajando sempre... (Temas da Vida e da Morte, Reencarnação -- Dádiva de Deus, pp. 14 e 15.)

Dotado de expressiva capacidade plasmadora, o perispírito registra todas as ações do Espírito através dos mecanismos sutis da mente que sobre ele age, estabelecendo os futuros parâmetros de comportamento, que serão fixados por automatismos vibratórios nas reencarnações porvindouras. Intermediário entre a alma e o corpo físico, por ele se processam as imposições da mente sobre a matéria e os efeitos dela em retorno à causa geratriz. Captando o impulso do pensamento e computando a resposta da ação, a ele se incorporam os fenômenos da conduta atual do homem, assim programando os sucessos porvindouros, mediante os quais serão aprimoradas as conquistas, corrigidos os erros e reparados os danos destes últimos derivados. Constituído por campos de força muito especiais, o perispírito irradia vibrações específicas portadoras de carga própria, que facultam a perfeita sintonia com energias semelhantes, estabelecendo áreas de afinidade e repulsão de acordo com as ondas emitidas. Desse modo, quando o Espírito é encaminhado, por ocasião da reencarnação, aos futuros genitores, no momento da fecundação o gameta masculino vitorioso esteve impulsionado pela energia do perispírito do reencarnante, que naquele espermatozoide encontrou os fatores genéticos de que necessitava para a programática a que se deve submeter. A partir desse momento, os códigos genéticos da hereditariedade, em consonância com o conteúdo vibratório dos registos perispirituais, vão organizando o corpo que o Espírito habitará. Como é certo que, em casos especiais, há toda uma elaboração de programa para o reencarnante, na generalidade, os automatismos vibratórios das Leis de Causalidade respondem pela ocorrência, que jamais tem lugar ao acaso. Todo elemento irradia vibrações que lhe tipificam a espécie e respondem pela sua constituição. Espermatozoides e óvulos, em consequência, possuem campo de força específico, que propele os primeiros para o encontro com os últimos, facultando o surgimento da célula ovo. Por sua vez, cada gameta exterioriza ondas que correspondem à sua fatalidade biológica, na programação genética de que se faz portadora. (Temas da Vida e da Morte, Pensamento e perispírito, pp. 35 e 36.)

Concluindo, reproduzimos uma das perguntas propostas ao conhecido escritor Hermínio Correa de Miranda em uma entrevista  publicada pelo CVDEE - Centro Virtual de Divulgação e Estudo do Espiritismo, que o leitor pode ver na internet clicando neste link

 - http://geal-ba.blogspot.com.br:

Como se dão as reencarnações regidas pelo automatismo? Esta situação abrange os casos de reencarnação forçada que os Espíritos de pouca luz unidos em falanges impõem a seus subjugados?

Hermínio Correa Miranda: “Há reencarnações com um componente de compulsoriedade, obviamente em benefício da entidade reencarnante. O livro Prontuário da Obra de Allan Kardec, de Deoclécio de Demócrito, recomenda ler, sobre este aspecto, a Questão 262, em O Livro dos Espíritos. Recorro, ainda, ao Indicador Espírita, compilado por outro meticuloso e competente confrade, João Gonçalves. Veja o que contém o verbete número 2155: ‘Reencarnações se processam muita vez sem qualquer consulta aos que necessitam segregação em certas lutas no plano físico, qual enfermos e criminosos que, pela própria condição ou conduta, perderam temporariamente a faculdade de resolver quanto à sorte que lhes convém. Incapazes de eleger o caminho de reajuste, são decididamente internando na cela física como doentes isolados sob assistência precisa. Vemo-los, assim, repontando de lares faustosos ou paupérrimos, ao lado daqueles que lhe devem abnegação e carinho, contrariando por vezes até certo a hereditariedade, por representarem dolorosas exceções no caminho normal.’ São indicadas, nesse verbete, as seguintes fontes de consulta: Evolução em Dois Mundos, Entre a Terra e o Céu, Missionários da Luz, Nosso Lar, No Mundo Maior, Obreiros da Vida Eterna, todos de André Luiz e mais: Autodescobrimento - uma busca interior, de Joanna de Ângelis e, ainda, As Mil Faces da Realidade Espiritual, de Hermínio C. Miranda, bem como Nascer e Renascer (?) e, finalmente, O Problema do Ser, de Léon Denis. Sobre a segunda parte de sua pergunta, lembro meu artigo ‘O médium do Anti-Cristo’ (Reformador, março e abril de 1976), no qual é examinada a hipótese de reencarnações de um mesmo grupo de entidades em torno de Adolf Hitler.”

 

 

 

 

FONTE : ASTOLFO O. OLIVEIRA FILHO EDITOR DA REVISTA ELETRÔNICA O CONSOLADOR

 

              http://www.oconsolador.com.br/ano6/292/oespiritismoresponde.html

RENOVAÇÃO


As revelações dos Espíritos convidam naturalmente a ideais mais elevados, a propósitos
mais edificantes.
Para as inteligências realmente dispostas à renunciação da animalidade, são elas sublime
incentivo à renovação interior, modificando a estrutura fluídica do ambiente mental que
lhes é próprio.
Se a civilização exige o desbravamento da mata virgem, para que cidades educadas
surjam sobre o solo e para que estradas se rasguem soberanas, é indispensável a
eliminação de todos os obstáculos, à custa do sacrifício daqueles que devotam ao
apostolado do progresso.
A Humanidade atual, em seu aspecto coletivo, considerada mentalmente, ainda é a
floresta escura, povoada de monstruosidades.
Se nos fundamentos evolutivos da organização planetária encontramos os animais préhistóricos,
oferecendo a predominância do peso e da ferocidade sobre quaisquer outros
característicos, nos alicerces da civilização do espírito ainda perseveram os grandes
monstros do pensamento, constituídos por energias fluídicas, emanadas dos centros de
inteligência que lhes oferecem origem.
Temos, assim, dominando ainda a formação sentimental do mundo, os mamutes da
ignorância, os megatérios da usura, os iguanodontes da vaidade ou os dinossauros da
vingança, da barbárie, da inveja ou da ira.
As energias mentais do habitantes da Terra tecem o envoltório que os retém à superfície
do Globo. Raros são aqueles cuja mente vara o teto sombrio com os raios de luz dos
sentimentos sublimados que lhes fulguram no templo íntimo.
O pensamento é o gerador dos infracorpúsculos ou das linhas de força do mundo
subatômico, criador de correntes de bem ou de mal, grandeza ou decadência, vida ou
morte, segundo a vontade que o exterioriza e dirige. E a moradia dos homens ainda está
mergulhada em fluidos ou em pensamentos vivos e semicondensados de estreiteza
espiritual, brutalidade, angústia, incompreensão, rudeza, preguiça, má-vontade, egoísmo,
injustiça, crueldade, separação, discórdia, indiferença, ódio, sombra e miséria...
Com a demonstração da sobrevivência da alma, porém, a consciência humana adquire
domínio sobre as trevas do instinto, controlando a corrente dos desejos e dos impulsos,
soerguendo as aspirações da criatura para níveis mais altos.
Os corações despertados para a verdade começam a entender as linhas eternas da
justiça e do bem. A voz do Cristo é ouvida sob nova expressão na mais profunda acústica
da alma.
Quem acorda converte-se num ponto de luz no serro denso da Humanidade, passando a
produzir fluidos ou forças de regeneração e redenção, iluminando o plano mental da Terra
para a conquista da vida cósmica no grande futuro.
Em verdade, pois, nobre é a missão do Espiritismo, descortinando a grandeza da
universalidade divina à acanhada visão terrestre; no entanto, muito maior é muito mais
sublime é a missão do nosso ideal santificante com Jesus para o engrandecimento da
própria Terra, a fim de que o Planeta se divinize para o Reino do Amor Universal.

Livro: Roteiro
Chico Xavier/Emmanuel

Mediunidade Intuitiva



Sábado à tarde. Um pedido de orientação me fez chegar mais cedo ao Célia Xavier. A jovem não havia entrado em detalhes, apenas queria conversar sobre
mediunidade. A pergunta era: como eu posso ter certeza que sou médium?

Se fosse uma mediunidade de vidência ou audiência, a pergunta seria: será que eu não sou louca? Mas tratava-se de uma mediunidade que Kardec classifica
como intuitiva.

Mediunidade intuitiva é uma classificação que cabe em uma gama diversa de manifestações. Embora Kardec estivesse tratando de médiuns escreventes quando tocou no assunto (O Livro dos Médiuns, cap. XV.), sua definição se aplica também a médiuns falantes, de pressentimentos, pintores, entre outros.

A descrição da faculdade é simples. O médium percebe o conteúdo do que vai escrever ou falar antes do fenômeno acontecer, e movimenta o lápis ou a garganta de vontade própria. Como não há nenhuma interferência do espírito comunicante nas vias motoras do médium, não há mudança de caligrafia ou de entonação de voz, a menos que o médium assim o deseje (e o faça por conta própria, muitas vezes para se sentir mais seguro).

O problema dos médiuns intuitivos é a distinção entre seus próprios pensamentos e os pensamentos oriundos dos espíritos. Há faculdades em que a percepção dos espíritos é nítida e semelhante à percepção dos órgãos
dos sentidos. O mesmo não se dá com a intuição. O médium tem razões para crer que o pensamento não foi criado por ele, mas também não sente segurança para afirmar que é oriundo de um espírito, e em caso afirmativo, hesita quanto à fidelidade do que está escrevendo.

A mediunidade intuitiva é um conjunto de sugestões espirituais registradas pelo pensamento/sentimento do intermediário que é traduzido, interpretado e registrado por ele.

Para se ter noção da precariedade da comunicação intuitiva, faça uma vivência. Peça a um amigo para lhe contar, sem citar nomes, um episódio que aconteceu com ele, em ritmo de narrativa, pegue um lápis e vá anotando da forma possível o que ele diz. Compare o resultado final com uma gravação daquilo que ele narrou. Como se saiu?

Imagine agora uma situação em que você não é capaz de ouvir claramente, em que as idéias são percebidas com dificuldade, é necessário manter a concentração sobre o conteúdo, sem dispersar-se e as suas próprias emoções
alteram a comunicação com a fonte. Estas são algumas das dificuldades deste tipo de mediunidade.

Kardec estava atento a este tipo de situações quando escreveu sobre o assunto. Acostumado a trabalhar com médiuns mecânicos e semimecânicos, ele assim se
refere à mediunidade intuitiva:

“Efetivamente, a distinção é às vezes difícil de fazer-se. (...)”

Uma observação que Kardec faz quanto ao mecanismo desta faculdade é o que se pode chamar de criação simultânea. O médium não cria o texto em sua
mente e organiza as idéias para, a seguir, redigir. O pensamento “nasce à medida que a escrita vai sendo traçada e, amiúde, é contrário à idéia que antecipadamente se formara. Pode mesmo estar fora dos limites dos
conhecimentos e capacidades do médium”. (O Livro dos Médiuns, parágrafo 180)

Quatro elementos identificadores se encontram, portanto, no texto kardequiano: a falta de impulsos mecânicos, a voluntariedade da escrita mediúnica, a criação
simultânea das idéias do texto e a presença de conhecimentos e informações que podem estar além das capacidades do médium.

Mesmo encontrando estas quatro características (e a última é muito importante para a identificação de um médium intuitivo), ainda assim o produto desta mediunidade é passível de mescla com as idéias pessoais do intermediário. Isto fez com que os espíritos dissessem a Kardec a seguinte frase sobre os médiuns intuitivos:

“São muito comuns, mas muito sujeitos a erro, por não poderem, muitas vezes, discernir o que provêm dos Espíritos e o que deles próprios emana”. (O Livro dos Médiuns, parágrafo 191)

Este tipo de faculdade desaponta bastante os que desejam ver fenômenos definitivos, que dão evidências da vida após a morte. Parece-se com o garimpo manual, descarta-se muita areia para encontrar uma ou outra pepita de ouro verdadeiro. O curioso é que os céticos ficam a dizer: “só vejo areia”, e quando surge o ouro vociferam “quem sabe este charlatão não o colocou aí quando nos
distraímos”.

Eu expliquei aos poucos estas informações à jovem, que me pareceu um pouco desapontada no final da conversa. Talvez ela tenha sido incentivada a escrever o
que lhe ocorria, mas não tenha surgido nada em seu texto que atenda ao quarto critério de Kardec. Tudo indica que continuou em dúvida.

Com o surgimento da Psicologia Analítica, a distinção entre mediunidade intuitiva e animismo ficou ainda mais difícil. Jung afirmou que alguns fenômenos psicológicos nos quais a pessoa se sente um expectador, são frutos da fantasia ou da imaginação ativa; esta última, uma manifestação de arquétipos do inconsciente coletivo, mas isto é assunto para um outro artigo.

Blog Espiritismo Comentado

REFLEXÕES DE ANO NOVO




Os conceitos abaixo, coletados por Carlos Antônio Baccelli, biógrafo de Chico,  valem por uma verdadeira declaração de princípios ético-espirituais.
Como o próprio nome indica, esses conceitos nos levam a profunda reflexão.

Ei-los:

“Anotei o que Chico nos disse, certa vez”, registra Baccelli: “Estamos numa doutrina de muitos contatos... Temos oportunidade de fazer muitos amigos... O trabalho a ser desenvolvido é imenso... Temos a crença na imortalidade, o intercâmbio com os irmãos desencarnados, o conhecimento do evangelho... A visão que o Espiritismo nos proporciona da Vida é maravilhosa... Compreendemos a função da dor e adentramos a causa das provações humanas... Oramos, sabendo que a prece é o nosso fio de ligação com Deus... As nossas perspectivas para o futuro da Humanidade são as melhores... A nossa fé é um tesouro!... Mas, se somos muito requisitados, se temos muitos envolvimentos doutrinários, muitas tarefas, compromissos, mediunidade, não podemos nos esquecer de que o momento do testemunho é uma hora extremamente solitária... A vivência cotidiana do Evangelho é pessoal; nem os espíritos poderão substituir-nos, quando formos chamados à aplicação de tudo quanto já sabemos, ou, pelo menos, supomos saber... Este é o problema fundamental do espírita – a sua própria renovação! O espírita que não se melhora, não está assimilando a Doutrina. Dizem que eu tenho escrito muitos livros... Tudo é obra dos espíritos amigos. De fato, tenho recebido muita coisa, mas Emmanuel tem me ensinado que nenhum livro que eu possa ter recebido ou que venha a receber vale pelo que eu esteja fazendo de minha própria vida... Tenho visto tantos médiuns preocupados em escrever, em publicar livros... Tudo muito justo – devemos fazer pela divulgação da Doutrina o que pudermos; no entanto, depois de tantos livros publicados, digo a vocês que a minha luta maior continua sendo comigo mesmo... Tantos conflitos entre os companheiros de ideal, tantas disputas, tanta cizânia... Ora, após a desencarnação, só poderemos recorrer às nossas próprias obras... Os benfeitores espirituais, por mais queiram, nada poderão fazer para nos alterar a realidade... No Espiritismo, ninguém faz mais do que aquele que se esforça para viver conforme crê – ou seja, colocando em prática a lição... As ações são minhas, mas os livros pertencem aos espíritos! Não posso reivindicar a obra de Emmanuel para mim . Eu não fiz nada! O médium não passa de instrumento... Dei apenas do meu tempo, e muito pouco: poderia ter dado mais, dormido menos, me preocupado menos com os outros, mormente com aqueles que sempre criticaram as minhas imperfeições no trabalho dos espíritos... Tenho receio de ver a minha ficha no Mundo Espiritual... Não vou pedir para ver coisa alguma... Se eu puder continuar trabalhando, renderei graças! A Misericórdia Divina há de me possibilitar continuar rastejando para a frente... Rastejando, sim, mas para a frente!... Não posso mais pensar em retrocesso... Então, eu não compreendo tanta vaidade, tanta pretensão .. Vamos preocupar-nos com os outros, mas para auxiliar... ”


Fonte:
Do Livro O APÓSTOLO DO SÉCULO XX - CHICO XAVIER - Weimar Muniz de Oliveira - Edição FEEGO.

Resolução para o Ano Novo



Afora tu mesmo, ninguém te decide o destino...

Somos tangidos por fatos e problemas a exigirem a manifestação de nossa vontade em todas as circunstâncias.

Muito embora disponhamos de recursos infinitos de escolha para assumir gesto determinado ou desenvolver certa ação, invariavelmente, estamos constrangidos a optar por um só caminho, de cada vez, para expressar os desígnios pessoais na construção do destino.

Conquanto possamos caminhar mil léguas, somente progredimos em substância avançando passo a passo.

Daí, a importância da existência terrena, temporária e limitada em muitos ângulos porém rica e promissora quanto aos ensejos que nos faculta para automatizar o bem, no campo de nós mesmos, mediante a possibilidade de sermos bons para os outros.

Decisão é necessidade permanente.

Nossa vontade não pode ser multipartida.

Idéia, verbo e atitude exprimem resoluções de nossas almas, a frutificarem bênçãos de alegria ou lições de reajuste no próprio íntimo.

Vacilação é sintoma de fraqueza moral, tanto quanto desânimo é sinal de doença.

Certeza no bem denuncia felicidade real e confiança de hoje indica serenidade futura.

Progresso é fruto de escolha.

Não há nobre desincumbência com flexibilidade de intenção.

Afora tu mesmo, ninguém te decide o destino...

Se a eventualidade da sementeira é infinita, a fatalidade da colheita é inalienável.

Guardas contigo tesouros de experiências acumulados em milênios de luta que podem crescer, aqui e agora, a critério do teu alvitre.

Recorda que o berço de teu espírito fulge longe da existência terrestre.

O objetivo da perfeição é inevitável benção de Deus e a perenidade da vida constitui o prazo de nosso burilamento, entretanto, o minuto que vives é o veículo da oportunidade para a seleção de valores, obedecendo a horário certo e revelando condições próprias, no ilimitado caminho da evolução.
[Decisão, E - Cap. XXIV - Item 15]

Afora tu mesmo, ninguém te decide o destino...


Autor: André Luiz
Psicografia de Francisco Cândido Xavier. Da obra: Opinião Espírita