"E,
quando orardes, não sejais como os hipócritas: pois se comprazem
em orar em pé nas sinagogas e nas esquinas das praças, para serem
vistos pelos homens. Em verdade vos digo que já receberam o seu galardão.
Mas tu, quando orares, entra no teu aposento, e, fechando a porta, ora a teu
Pai que está em oculto, e teu Pai, que vê em secreto, recompensar-te-á.
E, orando, não useis de vãs repetições, como os
gentios, que pensam que por muito falarem serão atendidos" (Mateus
6: 5-7).
A
prece deve ser concisa e emanada do âmago dos corações,
para que possa atingir o seu objetivo.
Acrescentou
ainda o Mestre que "Deus sabe o que nos é necessário antes
de nós lho pedirmos" (Mateus 6:8).
Com
o objetivo de ensinar a seus discípulos como fazer uma prece singela,
curta, mas de elevado poder de síntese, o Senhor nos prescreveu a prece
do Pai Nosso, ou Oração Dominical:
"Pai
Nosso, que estas nos céus, santificado seja o seu nome: venha o teu reino,
seja feita a tua vontade, assim na Terra como no Céu: o pão nosso
de cada dia nos dá hoje: e perdoa-nos as nossas dívidas, assim
como nós perdoamos aos nossos devedores: não nos deixes cair em
tentação, mas livrai-nos do ma! Assim seja !" (Mateus 6:9-13).
Na
parábola do ''Fariseu e o Publicano ", Lucas 18:9-14, Jesus nos
ensinou que entre a prece humilde do publicano, que apenas disse: "Meu
Pai, sê propício a mim, pecador", e a prece prolongada do
fariseu enaltecendo suas próprias qualidades e acusando o seu próximo,
Deus apenas ouviu a prece do primeiro, o qual saiu do Templo justificado.
Ladainhas
intermináveis, preces repetidas e prolongadas, orações
impregnadas de orgulho e de vaidade, preces pagas ou encomendadas, não
são formas eficazes de dirigirmo-nos a Deus.
"Deus
é Espírito e em Espírito e em Verdade deve ser adorado
pelos seus adoradores", conforme asseverou o Mestre à Mulher Samaritana
(João 4:24).
No
Horto das Oliveiras, Jesus Cristo elevou fervorosa prece ao Criador: 'Meu Pai:
Se possível, passa de mim este cálice. Todavia, nâo seja
como eu quero, e sim, como tu queres" (Mateus 26:39). Entretanto, apesar
de o Mestre conhecer o valor da prece e a sua rogativa ser justa, Ele tinha
de ser glorificado no sacrifício do Calvário, por isso a Sua prece
foi indeferida e o grande drama consumou-se em seus mínimos detalhes.
Recomendou-nos
Jesus Cristo que tudo aquilo que por meio da oração pedíssemos
ao Pai, Ele nos daria, entretanto, estabeleceu uma fórmula: ''Pedi e
dar-se-vos-á; buscai, e acharás, batei e abrir-se-'a". Isso
implica em dizer que, para pedir e receber, é também necessário
buscar. Para recebermos os talentos que os céus nos concedem sob as mais
variadas modalidades, é imperioso também darmos algo de nós.
Isso é implícito na recomendação de Jesus Cristo:
"Buscai antes o Reino dos Céus e sua justiça e todas as coisas
serâo acrescentadas': (Mateus 6-33). Buscar o reino dos céus significa
lutar pelo próprio aprimoramento e, sobretudo, amar a Deus sobre todas
as coisas e ao próximo como a si mesmo.
O
Evangelho é pródigo na demonstração do valor da
prece: - Jesus orou ao Pai para que Espíritos trevosos fossem afastados
do apóstolo Pedro, não abalando as suas convicções
e fé (Lucas.22:31-32).
-
O apóstolo Paulo orou a Jesus para que afastasse dele os emissários
das trevas que, idênticos a espinhos na carne, procuravam
tolher o seu trabalho de divulgação da Boa Nova (lI Cor., 12:7-8).
A
prece é um apelo veemente que dirigimos aos céus, imprecando sustentação,
orientação e suavização daquilo que nos aflige.
A
prece é mais do que simples enunciação de palavras belas
ou ininteligíveis: é muito mais sublime do que um amontoado de
vocábulos repetidos um após outro, de forma maquinal, emanado
dos lábios e sem a participação dos corações.
É
por intermédio dessa forma de elevarmos os nossos corações
a Deus, que buscamos a assistência dos Bons Espíritos para as nossas
dificuldades e tribulações. Na prece encontramos refúgio
para as nossas tristezas e desencontros; nela haurimos forças para levar
avante a nossa caminhada rumo à perfeição .
Na
prece encontramos meios de interceder junto a Deus, mediante Seus prepostos,
em favor dos nossos irmãos sofredores de todos os matizes: nela mantemos
um colóquio interior com aqueles que nos foram caros na Terra, isto é,
com os Espíritos que formaram a nossa família terrena e aos quais
continuamos ligados por sentimentos de simpatia e amor.
A
prece é, pois, poderosa alavanca que nos ajuda a remover as imperfeições
que dormitam dentro de nossa alma, fazendo com que, um dia, possamos nos enquadrar
na assertiva do Mestre: . 'Sede perfeito como perfeito é o nosso Pai
Celeste" (Mateus 5-48).
Paulo
Alves Godoy
Os quatro sermões
Os quatro sermões
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