Na
edição 286 desta revista publicamos na seção de Cartas um interessante
questionamento feito por nossa leitora Edaci Giacomin Gonçalves, de Porto
Alegre-RS, a respeito do tema reencarnações acidentais, uma expressão utilizada
por Adenáuer Novaes no livro “Reencarnação”.
Por
reencarnações acidentais Adenáuer Novaes entende os casos em que a fecundação
não estava prevista e a união sexual foi fortuita. Um determinado Espírito que
esteja próximo ao casal será atraído pelo óvulo fecundado. Mecanismos
automáticos encarregar-se-ão de propiciar lições de aprendizagem de que o
Espírito, nessa circunstância, necessite. Nesses casos, estariam incluídas as
reencarnações oriundas de estupros e acidentes semelhantes.
Consultado
por um de nossos colaboradores, Adenáuer Novaes escreveu-nos o seguinte:
“O
questionamento da leitora é pertinente. O senso crítico é desejável em tudo que
se refira ao conhecimento. A análise a respeito das reencarnações ‘acidentais’
deve contemplar a questão do livre-arbítrio. Os atos humanos nem sempre são programados
com antecedência, graças à liberdade de escolha que foi atingida a essa altura
da evolução do Espírito. É pouco provável que haja Espíritos à espera de cada
possibilidade decisória.
Se
considerarmos, por exemplo, o estupro como uma escolha do indivíduo doente que
o pratica, temos que considerar também que, do outro lado, sua vítima teria a
probabilidade de sofrê-lo, mas não o determinismo de que iria acontecer. Será
que haveria, antecipadamente, um Espírito desencarnado à espera de que o fato
ocorresse? Não seria considerar que há um determinismo? Prefiro considerar que,
num plano menor, trata-se de um ‘acidente’. Num plano maior, divino, não há
acidentes.
É
também possível considerar que um casal possa mudar seus planos, aceitando a
encarnação de um Espírito sem que tenha sido planejado recebê-lo anteriormente.
Esse novo filho seria fruto do livre-arbítrio de ambos, portanto, não planejado
previamente. O contrário, isto é, a redução do número de filhos, também poderia
ocorrer. Vale considerar que os casos de separação dos casais também promovem
mudanças no planejamento reencarnatório, provocando ‘acidentes’. Desconheço
discussão sobre o assunto em outras obras.”
*
De
fato, não existe nenhuma obra espírita confiável que utilize a expressão
“reencarnação acidental”, que nos parece ter sido utilizada pelo confrade em
face da pobreza do nosso idioma. “Acidental” seria, de acordo com a explicação
dada por ele mesmo, um termo oposto a “planejado”. Além disso, Adenáuer
reconhece, como estudioso que é, que num plano maior “não há acidentes”.
Antes
de redigir este texto, ouvimos quase duas dezenas de articulistas e estudiosos
espíritas que colaboram habitualmente com nossa revista. O que abaixo se vai
ler é, portanto, uma síntese da pesquisa que fizemos e das considerações
enviadas por nossos colaboradores.
As
leis da genética encontram-se, segundo Emmanuel (O Consolador, pergunta 35),
presididas por numerosos agentes psíquicos que a ciência da Terra está longe de
formular. Esses agentes psíquicos são, muitas vezes, movimentados pelos
mensageiros do plano espiritual, encarregados dessa ou daquela missão junto às
correntes da profunda fonte da vida. A conjugação entre o campo espiritual e o
campo físico não se faz por acaso e está na dependência de múltiplas condições,
a maioria delas absolutamente desconhecida.
Entende
Dr. Jorge Andréa (Encontro com a Cultura Espírita, págs. 91 a 95) que nenhum
Espírito chegará ao processo reencarnatório sem uma atração específica com sua
futura mãe. O mergulho na reencarnação só se dará quando a sintonia entre mãe e
futuro filho estiver praticamente indissolúvel. Qualquer que seja a qualidade
do reencarnante, haverá sempre com a mãe correlação de causas, onde ambos
lucrarão sempre, no sentido evolutivo, quer os mecanismos se exteriorizem nas
faixas do amor ou do ódio. O Espírito reencarnante, com o seu campo específico
de energias, fará a seleção do espermatozoide pelas contingências de suas
irradiações, adquirindo e construindo o futuro corpo de acordo com as suas
necessidades.
Reencarnações
se processam, muitas vezes, sem qualquer consulta aos que necessitam de
segregação em certas lutas no plano físico, providências essas comparáveis às
que assumimos no mundo com enfermos e criminosos que, pela própria condição ou
conduta, perderam temporariamente a faculdade de resolver quanto à sorte que
lhes convém no espaço de tempo em que se lhes perdura a enfermidade ou em que
se mantenham sob as determinações da justiça. São os problemas especiais, em
que a individualidade renasce de cérebro parcialmente inibido ou padecendo
mutilações congênitas, ao lado daqueles que lhe devem abnegação e carinho.
Incapazes de eleger o caminho de reajuste, pelo estado de loucura ou de
sofrimento que evidenciam, semelhantes enfermos são decididamente internados na
cela física como doentes isolados sob assistência precisa. Vemo-los, assim,
repontando de lares faustosos ou paupérrimos, contrariando, por vezes, até
certo ponto, os estatutos que regem a hereditariedade, por representarem
dolorosas exceções no caminho normal. (Evolução em dois Mundos, 1a Parte, cap. XIX, pág. 150.)
Não
existe uma técnica invariável no serviço reencarnatório na Terra. Cada entidade
reencarnante apresenta particularidades essenciais na recorporificação a que se
entrega na esfera física, quanto cada pessoa expõe característicos diferentes
quando se rende ao processo liberatório, não obstante o nascimento e a morte
parecerem iguais. Os Espíritos inferiores, na maioria das ocasiões, padecendo
monoideísmo tiranizante, entram em simbiose fluídica com as organizações
femininas a que se agregam, experimentando o definhamento do corpo espiritual
ou o fenômeno de “ovoidização”, sendo inelutavelmente atraídos ao vaso uterino,
em circunstâncias adequadas, para a reencarnação que lhes toca, em moldes
inteiramente dependentes da hereditariedade, como acontece à semente que, após
desligar-se do fruto seco, germina no solo, segundo os princípios organogênicos
a que obedece, tão logo encontre o favor ambiental. Entre ambas as classes,
porém, contamos com milhões de Espíritos medianos na evolução, portadores de
créditos apreciáveis e dívidas numerosas, cuja reencarnação exige cautela de
preparo e esmero de previsão. (Evolução
em dois Mundos, 1a Parte, cap. XIX, pp.
152 e 153.)
A
planificação para a reencarnação é quase infinita e obedece a critérios que
decorrem das conquistas morais ou dos prejuízos ocasionais de cada candidato.
Na generalidade, existem estabelecidos automatismos que funcionam sem maiores
preocupações por parte dos técnicos em renascimento, e pelos quais a grande
maioria dos Espíritos retorna à carne, assinalados pelas próprias injunções
evolutivas. Ao lado desse automatismo das leis da reencarnação, há programas e
labores especializados para atendimento de finalidades específicas. Os candidatos
em nível médio de evolução, antes de serem encaminhados às experiências
terrenas, requerem a oportunidade, empenhando nisso os melhores propósitos e
apresentando os recursos que esperam utilizar, a fim de granjearem a bênção do
recomeço, na bendita escola humana. Examinados por hábeis e dedicados
programadores, que recorrem a técnicas especiais de avaliação das
possibilidades apresentadas, são eles submetidos a demorados treinamentos, de
acordo com o serviço a empreender,
com vistas ao bem-estar da
Humanidade, após o que são selecionados
os melhores, o que reduz a margem de insucesso. Os que não são aceitos, voltam
a cursos de especialização para outras atividades, especialmente de equilíbrio,
com que se armam de forças para vencer as más inclinações defluentes das
existências anteriores que se malograram, bem como para a aquisição de valiosas habilidades que lhes
repontarão, futuramente, no corpo como tendências e aptidões. (Temas da Vida e
da Morte, Reencarnação -- Dádiva de Deus, pp. 13 e 14.)
De
acordo com a ficha pessoal do candidato, é feita, concomitantemente, pesquisa
sobre aqueles que lhe podem oferecer guarida, dentro dos mapas cármicos,
providenciando-se necessários encontros ou reencontros na esfera dos sonhos, se
os futuros genitores já estão reencarnados, ou diretamente, quando for um plano
elaborado com antecedência, no qual os membros do futuro clã convivem,
primeiro, na Erraticidade, de onde partem já com a família adredemente
estabelecida. Executada a etapa de avaliação das possibilidades e a aproximação
com a necessária anuência dos futuros pais, são meticulosamente estudados os
mapas genéticos de modo a facultarem, no corpo, a ocorrência das manifestações
físicas como psíquicas, de saúde e doença, normalidade ou idiotia, lucidez e
inteligência, memória e harmonia emocional, duração do cometimento corporal e
predisposições para prolongamento ou antecipação da viagem de retorno,
ensejando, desse modo, probabilidades dentro do comportamento de cada aluno à
aprendizagem terrena. “Fenômenos de determinismo são estabelecidos com margem a alternâncias decorrentes do uso do
livre-arbítrio, de modo a permitir uma ampla faixa de movimentação com certa
independência emocional em torno do destino, embora sob controles que funcionam
automaticamente, em consonância com as leis do equilíbrio geral.” Travam-se
debates entre o futuro reencarnante e seus fiadores espirituais, expondo-se as
dificuldades a enfrentar e os problemas a vencer, nascendo daí a euforia e a
esperança em relação ao futuro. É assim que, em clima de prece, entre promessas
de luta e coragem, sob o apoio de abnegados Instrutores, o Espírito mergulha no
oceano compacto da psicosfera terrena e se vincula à célula fecundada, dando
início a novo compromisso. Os que o amam, na Espiritualidade, ficam expectantes
e interessados pelos acontecimentos, preocupados pelos sucessos que ocorrerão,
e buscarão interceder nas horas graves, auxiliando nos momentos mais difíceis,
encorajando sempre... (Temas da Vida e da Morte, Reencarnação -- Dádiva de
Deus, pp. 14 e 15.)
Dotado
de expressiva capacidade plasmadora, o perispírito registra todas as ações do
Espírito através dos mecanismos sutis da mente que sobre ele age, estabelecendo
os futuros parâmetros de comportamento, que serão fixados por automatismos
vibratórios nas reencarnações porvindouras. Intermediário entre a alma e o
corpo físico, por ele se processam as imposições da mente sobre a matéria e os
efeitos dela em retorno à causa geratriz. Captando o impulso do pensamento e
computando a resposta da ação, a ele se incorporam os fenômenos da conduta
atual do homem, assim programando os sucessos porvindouros, mediante os quais
serão aprimoradas as conquistas, corrigidos os erros e reparados os danos
destes últimos derivados. Constituído por campos de força muito especiais, o
perispírito irradia vibrações específicas portadoras de carga própria, que
facultam a perfeita sintonia com energias semelhantes, estabelecendo áreas de
afinidade e repulsão de acordo com as ondas emitidas. Desse modo, quando o
Espírito é encaminhado, por ocasião da reencarnação, aos futuros genitores, no
momento da fecundação o gameta masculino vitorioso esteve impulsionado pela
energia do perispírito do reencarnante, que naquele espermatozoide encontrou os
fatores genéticos de que necessitava para a programática a que se deve
submeter. A partir desse momento, os códigos genéticos da hereditariedade, em
consonância com o conteúdo vibratório dos registos perispirituais, vão
organizando o corpo que o Espírito habitará. Como é certo que, em casos
especiais, há toda uma elaboração de programa para o reencarnante, na
generalidade, os automatismos vibratórios das Leis de Causalidade respondem
pela ocorrência, que jamais tem lugar ao acaso. Todo elemento irradia vibrações
que lhe tipificam a espécie e respondem pela sua constituição. Espermatozoides
e óvulos, em consequência, possuem campo de força específico, que propele os
primeiros para o encontro com os últimos, facultando o surgimento da célula
ovo. Por sua vez, cada gameta exterioriza ondas que correspondem à sua
fatalidade biológica, na programação genética de que se faz portadora. (Temas
da Vida e da Morte, Pensamento e perispírito, pp. 35 e 36.)
Concluindo, reproduzimos uma das perguntas propostas ao conhecido escritor Hermínio Correa de Miranda em uma entrevista publicada pelo CVDEE - Centro Virtual de Divulgação e Estudo do Espiritismo, que o leitor pode ver na internet clicando neste link
- http://geal-ba.blogspot.com.br:
–
Como se dão as reencarnações regidas pelo automatismo? Esta situação abrange os
casos de reencarnação forçada que os Espíritos de pouca luz unidos em falanges
impõem a seus subjugados?
Hermínio
Correa Miranda: “Há reencarnações com um componente de compulsoriedade,
obviamente em benefício da entidade reencarnante. O livro Prontuário da Obra de
Allan Kardec, de Deoclécio de Demócrito, recomenda ler, sobre este aspecto, a
Questão 262, em O Livro dos Espíritos. Recorro, ainda, ao Indicador Espírita,
compilado por outro meticuloso e competente confrade, João Gonçalves. Veja o
que contém o verbete número 2155: ‘Reencarnações se processam muita vez sem
qualquer consulta aos que necessitam segregação em certas lutas no plano
físico, qual enfermos e criminosos que, pela própria condição ou conduta,
perderam temporariamente a faculdade de resolver quanto à sorte que lhes
convém. Incapazes de eleger o caminho de reajuste, são decididamente internando
na cela física como doentes isolados sob assistência precisa. Vemo-los, assim,
repontando de lares faustosos ou paupérrimos, ao lado daqueles que lhe devem
abnegação e carinho, contrariando por vezes até certo a hereditariedade, por
representarem dolorosas exceções no caminho normal.’ São indicadas, nesse
verbete, as seguintes fontes de consulta: Evolução em Dois Mundos, Entre a
Terra e o Céu, Missionários da Luz, Nosso Lar, No Mundo Maior, Obreiros da Vida
Eterna, todos de André Luiz e mais: Autodescobrimento - uma busca interior, de
Joanna de Ângelis e, ainda, As Mil Faces da Realidade Espiritual, de Hermínio
C. Miranda, bem como Nascer e Renascer (?) e, finalmente, O Problema do Ser, de
Léon Denis. Sobre a segunda parte de sua pergunta, lembro meu artigo ‘O médium
do Anti-Cristo’ (Reformador, março e abril de 1976), no qual é examinada a
hipótese de reencarnações de um mesmo grupo de entidades em torno de Adolf
Hitler.”
FONTE : ASTOLFO O. OLIVEIRA FILHO EDITOR DA
REVISTA ELETRÔNICA O CONSOLADOR
http://www.oconsolador.com.br/ano6/292/oespiritismoresponde.html
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