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terça-feira, 11 de setembro de 2012

Reflexões sobre a Moral Divina


CHRISTIANO TORCHI
Não é raro conhecermos pessoas que, apesar de viverem em condições adversas,
em ambientes viciosos, conseguem furtar-se às influências negativas do meio e se destacam
na sociedade como homens e mulheres dignos. Há outras que, mesmo depois de terem experimentado
uma vida de transgressões, crimes, prostituição e drogas, conseguem se recuperar, tornando-
se referência para muitos outros indivíduos. Esses exemplos de superação mostram do que o ser humano é capaz, quando tem fé.
No conhecido livro do escritor francês Victor Hugo (1802-1885),
Os Miseráveis, também retratado em filme, encontramos a história de um ex-presidiário (Jean Valjean)
que, ante um dilema moral, originado de um furto por ele praticado após ganhar a liberdade,
foi inocentado pela própria vítima, o caridoso bispo Charles Myriel, atitude que causou um
profundo impacto no ex-condenado, motivando-o, daí por diante, a se tornar um homem de
bem. Esta obra, embora seja um romance de ficção social, é inspirada na realidade e nos faz
refletir sobre a questão filosófica da moral, tratada em O Livro
dos Espíritos.(1)
A crença inata em um ser superior, comum a todos nós, sugere a existência de uma constituição
divina insculpida na alma. Toda vez que infringimos as leis naturais, um juízo secreto nos diz que
estamos no caminho errado. Dominados pelas paixões, nem sempre seguimos os ditames desse tribunal
interior, ficando sujeitos, depois, ao arrependimento, à expiação e à reparação dos erros cometidos.
Do ponto de vista espírita, “a moral é a regra de bem proceder, isto é, a distinção entre o bem e o
mal.Funda-se na observância da Lei de Deus. O homem procede bem quando faz tudo pelo bem de
todos, porque então cumpre a Lei de Deus”.(2) A infração das leis morais resulta numa sanção imposta
pela própria consciência, que se traduz no remorso, sem prejuízo da eventual condenação imposta
pela sociedade e suas instituições.
O bem e o mal estão relacionados ao comportamento humano ditado pelo livre-arbítrio, pois “a noção
de moralidade é inseparável da de liberdade”.(3) Procedendo
corretamente, o homem dá mostras de que sabe distinguir o bem do mal. O bem é tudo o que
é compatível com a lei de Deus e o mal é tudo aquilo que não se harmoniza
com ela. Em resumo: quando fazemos o bem, procedemos conforme a lei de Deus, e quando fazemos o mal estamos infringindo essa lei.
Nem todos, porém, se comprazem em fazer o bem, dependendo da evolução do indivíduo e dos
valores que cultua.
Quando o homem procura agir acertadamente, utilizando a razão e a reflexão, encontra meios de distinguir, por si mesmo, o que é bem do que é mal. Ainda que esteja sujeito a enganar- se, em vista de sua falibilidade, possui uma bússola que o guiará no caminho certo, que é o de colocar-se na posição do outro,
analisando o resultado de sua decisão: aprovaria eu o que estou fazendo ao próximo, se estivesse
no lugar dele?
Esse método de pôr-se no lugar do outro para medir a qualidade de nossos atos é bem eficiente,
quando nos habituamos a utilizá-lo, porque o metro de cada um está na lei natural, que estabelece
o limite de nossas próprias necessidades, razão por que experimentamos o sofrimento toda
vez que ultrapassamos essa fronteira. Por isso, se ouvíssemos mais a voz da consciência, estaríamos
a salvo de muitos males que atribuímos a fatores externos ou à Natureza.
Deus poderia, se quisesse, ter feito o Espírito pronto e acabado, mas o criou simples e ignorante,
dando-lhe, assim, a oportunidade de progredir pelo próprio esforço, para que tenha a ventura de chegar
ao cume da jornada e exclamar, satisfeito: eu venci!
Com o advento tanto do progresso e a consequente proliferação dos grupos sociais, caracterizados
por sua diversidade cultural, como também das novas necessidades criadas pela modernidade
e pelo avanço da tecnologia, somos tentados a pensar que a lei natural não é uma regra uniforme para a coletividade.
Todavia, este modo de raciocinar é equivocado, uma vez que a lei natural possui tantas gradações
quantas necessárias para cada tipo de situação, sem perder a unidade e a coerência, cabendo a
cada um distinguir as necessidades reais das artificiais ou convencionais.
A lei de Deus é a mesma para todos, independentemente da posição evolutiva do homem, que
tem a liberdade de praticar o bem ou o mal. A diferença que existe está no grau de responsabilidade,
como no caso do selvagem que, outrora, sob domínio dos instintos primitivos, considerava
normal alimentar-se de carne humana, a saber: o homem é tanto mais culpado quanto
melhor sabe o que faz. À medida que o Espírito adquire experiência, em sucessivas encarnações,
alcança estágios superiores que lhe permitem discernir melhor as coisas. Portanto, a responsabilidade
do ser humano é proporcional aos meios de que dispõe para diferenciar o bem do mal. Apesar disso, não se pode dizer que são menos repreensíveis as faltas que comete, embora decorrentes da posição que
ocupa na sociedade.
O mal desaparece à medida que a alma se depura. É então que, senhor de si, o homem se torna
mais culpado quando comete o mal, porque tem melhor compreensão
da existência deste. A culpa pelo mal praticado recai sobre quem deu causa a ele, porém,
aquele que foi compelido, levado ou induzido a praticar o mal por outrem, é menos culpado do que
aquele que lhe deu causa.
Outrossim, o fato de se achar num ambiente desfavorável ou nocivo à moral, devido às influências
dos vícios e dos crimes, não quer dizer que a criatura esteja isenta de culpa, se, deixando-se
levar por essas influências, também praticar o mal. Em primeiro lugar, porque dispõe de um instrumento
poderoso para superar as circunstâncias infelizes: a vontade.
Em segundo, porque, antes de encarnar, pode ter escolhido essa prova, submetendo-se à tentação
para ter o mérito da resistência.
De outras vezes, o Espírito renasce em um meio hostil com a missão de exercer influência positiva
sobre seus semelhantes, retardatários.
Por outro lado, aquele que,mesmo não praticando diretamente o mal, se aproveita da maldade feita
por outrem, age como se fosse o autor, isso porque talvez não tivesse coragem de cometê-lo,
mas, encontrando o mal feito, tira partido da situação, o que significa que o aprova e o teria praticado,
se pudesse ou tivesse ousadia para tanto. Enquanto Espíritos, quase todos nos equiparamos,
na Terra, a condenados em regime de liberdade condicional, sujeitos, graças à misericórdia divina, a diversas restrições que,
muitas vezes, nos são impostas para nos proteger das próprias fraquezas. Assim, podemos dizer
que muitos de nós só não praticamos o mal por falta de oportunidade, considerando que nem
sempre temos vontade forte o bastante para resistir a determinadas conjunturas, em virtude da
ausência de autocontrole.
O desejo de praticar o mal pode ser tão repreensível quanto o próprio mal, contudo, aquele
que resiste às tentações, com a finalidade de superar-se, tem grande mérito, sobretudo quando
depende apenas de sua vontade para tomar essa ou aquela decisão. Não basta, porém, que
deixe de praticar o mal. É preciso que faça o bem no limite de suas forças, pois cada um responderá
por todo mal que resulte de sua omissão em praticar o bem. Os Espíritos superiores são
taxativos em dizer que ninguém está impossibilitado de fazer o bem, independentemente de sua
posição, pois que todos os dias da existência nos oferecem oportunidades
de ajudar o próximo, ainda que seja por meio de uma singela oração.
O grande mérito de se fazer o bem reside na dificuldade que se tem de praticá-lo. Quanto maiores
forem os obstáculos para a realização do bem, maior é o merecimento daquele que o executa.
Contrário senso, não existe tanta valia em se fazer o bem sem esforço ou quando nada custa, como
no caso do afortunado que dá um pouco aos pobres do que lhe sobra em abundância. A parábola
do óbolo da viúva, contida em o Novo Testamento,4 retrata bem tal circunstância.
Finalizando, a essência da moral divina pode ser encontrada na
máxima do amor ao próximo, ensinada por Jesus, porque abarca todos os deveres que os homens
têm uns para com os outros, razão pela qual temos necessidade de vivenciar essa lei constantemente,
porquanto o bem é a lei suprema do Universo que nos conduz a Deus “e o mal será sempre representado por aquela triste vocação do bem unicamente para nós mesmos [...]”.(5)
Junho 2010 • Reformador


1-KARDEC, Allan. O livro dos espíritos.
Trad. Evandro Noleto Bezerra. 2. ed. Rio
de Janeiro: FEB, 2010. Q. 629-646.
2-Idem, ibidem. Q. 629.
3-DENIS, Léon. O problema do ser, do destino
e da dor. 2. reimp. Rio de Janeiro: FEB,
2009. P. 3, As potências da alma, item 22,
4-LUCAS, 21:1-4.
5-XAVIER, Francisco C. Ação e reação. 28.
ed. 2. reimp. Pelo Espírito André Luiz. Rio
de Janeiro: FEB, 2009. Cap. 7, p. 110.

Mundo em transição


Conforme se observa na questão 55 de O Livro dos Espíritos, cuja primeira
edição ocorreu em 18 de abril de 1857, Allan Kardec pergunta: São habitados
todos os globos que se movem no espaço? E os Espíritos superiores respondem:
“Sim e o homem terreno está longe de ser, como supõe, o primeiro em inteligência,
em bondade e em perfeição”.
Aprofundando a análise deste assunto, Kardec observa:
Nos mundos intermédios, misturam-se o bem e o mal, predominando um ou outro,
segundo o grau de adiantamento da maioria dos que os habitam. Embora se não possa
fazer, dos diversos mundos, uma classificação absoluta, pode-se contudo, em virtude
do estado em que se acham e da destinação que trazem, tomando por base os matizes
mais salientes, dividi-los, de modo geral, como segue: mundos primitivos, destinados
às primeiras encarnações da alma humana;mundos de expiação e provas, onde domina
o mal;mundos de regeneração, nos quais as almas que ainda têm o que expiar haurem
novas forças, repousando das fadigas da luta; mundos ditosos, onde o bem sobrepuja
o mal; mundos celestes ou divinos, habitações de Espíritos depurados, onde
exclusivamente reina o bem. (O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. III, item 4.)
Em mensagem transmitida através de Divaldo Pereira Franco no encerramento
do 3o Congresso Espírita Brasileiro, em 18 de abril de 2010, publicada nesta edição
de Reformador (p. 8), Bezerra de Menezes assevera:
...Estamos agora em um novo período.
Estes dias assinalam uma data muito especial, a data da mudança do mundo de provas
e expiações para o mundo de regeneração.
A grande noite que se abatia sobre a Terra lentamente deu lugar ao amanhecer de
bênçãos.
E continua sinalizando para a necessidade de todos nós aumentarmos a nossa
capacidade de nos amarmos uns aos outros a fim de podermos ser realmente úteis
na construção desse novo mundo e assegurar o direito de nele permanecer.
Devemos lembrar, ainda, a mensagem de Santo Agostinho, de 1862, que, falando
sobre os mundos de regeneração, destaca:
[...] Em todas as frontes, vê-se escrita a palavra amor; perfeita equidade preside às relações
sociais, todos reconhecem Deus e tentam caminhar para Ele, cumprindo-lhe as leis.
Mas [...] nesses mundos, ainda falível é o homem e o Espírito do mal não há perdido
completamente o seu império. Não avançar é recuar, e, se o homem não se houver firmado
bastante na senda do bem, pode recair nos mundos de expiação, onde, então,
novas e mais terríveis provas o aguardam. (Op. cit., itens 17 e 18.)
Com todos estes esclarecimentos, só nos resta, em nosso próprio benefício,
empenharmo-nos no nosso aprimoramento moral.

Revista O Reformador 2010-Junho

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

ANSIEDADE III



Terapia para a Ansiedade


                Todas as aflições e todos os desapontamentos que aturdem o ser humano procedem-lhe do espírito que é, atado aos conflitos que se derivam das malogradas experiências corporais passadas.
O self, ao largo das vivências acumuladas, exterioriza as inquietações e culpas que necessitam ser liberadas mediante a catarse pelo sofrimento reparador, a fim de harmonizar-se.
Quando isso não ocorre o ego apresenta-se inquieto, ansioso...
                Na ansiedade esses fenômenos atormentadores são a liberação dos dramas íntimos que jazem no inconsciente profundo e afetam o sistema emocional.
                A terapêutica libertadora inicia-se na racionalização do tormento, trabalhando-o mediante a reflexão e a adoção do otimismo, de modo que lentamente a paciência e o equilíbrio possam instalar-se nas paisagens interiores.
                Em relação às causas atuais, o terapeuta infunde no paciente a confiança, encorajando-o pra os cometimentos saudáveis.
                Quando há problema da libido, o psicanalista poderá reconduzir o indivíduo à experiência da vida fetal, natal, infantil, destrinchando as teias retentivas em torno da perturbação que não conseguiu resolver no período da ocorrência.
                O paciente, quando compreende a finalidade da sua atual existência corporal, instrumentaliza-se para trabalhar-se, adaptando-se ao esquema de saúde e de paz.
                Outros recursos valiosos são as leituras edificantes, que propiciam renovação mental e emocional; as técnicas de ioga, que disciplina a vontade e o sistema nervoso; a meditação, induzindo à calma e ao bem-estar. Estas técnicas inspiram a ação no bem, haurindo alegria de viver, fazendo com que o indivíduo entregue-se aos desígnios divinos, conscientizando-se das próprias responsabilidades.
                Acrescenta-se a estes a bioenergia – que restauram o campo vibratório e revitalizam as células – o hábito da oração e o cultivo dos pensamentos dignificadores coroam o processo curativo para o encontro da saúde e da paz.

Do livro: CONFLITOS EXISTENCIAIS

Divaldo Pereira Franco/Joanna de Angelis

ANSIEDADE II


Desdobramento dos Fenômenos Ansiosos


                A ausência de serenidade para enfrentar os desafios, faz que o comportamento do indivíduo se torne doentio, cheio de expectativas, normalmente perturbadoras, gerando incapacidade e ação equilibrada e de desenvolvimento dos valores ético-morais corretos.
                Ao mesmo tempo, avoluma-se na mente uma grande quantidade de ambições, de desejos de execução ou de conquista de coisas simultâneas, aturdindo, desorientando o paciente, que sempre se transfere de um estado psicológico para outro, muitas vezes alternando também o humor. A necessidade conflitiva de preencher os minutos com atividades, mesmo que desconexas, diminui-lhe a capacidade de observação, confunde-lhe o pensamento e, quando, por motivo imperioso vê-se obrigado a parar, amolenta-se, deixando de prestar atenção ao que ocorre, para escorregar pelo sono no rumo da evasão da realidade.
                Justifica que não está dormindo, mas de olhos fechados, dominado por um estranho torpor, que é fruto do desinteresse pelo que acontece em volta, convocando-o a outras motivações que, não fazendo parte do seu tormento, infelizmente não despertam interesse.
                O comportamento ansioso é estimulado por descargas contínuas de adrenalina, o hormônio secretado pelas glândulas supra-renais, que ativam a movimentação do indivíduo, parecendo vitaliza-lo de energias, que logo diminuem de intensidade.
                Algumas vezes torna-se loquaz, ativo, alternando movimentações que o mantenham em intenso trabalho, nem sempre produtivo, por falta de coordenação e direcionamento. Noutras ocasiões, sofreia a inquietação e atormenta-se em estado de mutismo, mas interiormente tumultuado.
                Quanto mais se deixa arrastar pela insatisfação do que faz, mais deseja realizar, não se fixando na análise das operações concluídas, logo desejando outros desafios e labores que não tem capacidade para atender conforme seria de desejar.
                Na turbulência comportamental, os indivíduos tornam-se, não raras vezes, exigentes e preconceituosos, agressivos e violentos, desejosos de impor a sua vontade contra a ordem estabelecida ou aquilo que consideram como errado e carente de reparação.
                Os seus relacionamentos são turbulentos,  porque se desejam impor, não admitindo restrições à forma de conduta, nem orientação que os invite a uma mudança de comportamento.
                Quando são atraídos sexualmente, tornam-se quase sempre passionais, porque supõem que é amor aquilo que experimentam, desejando submeter a outra pessoa aos seus caprichos e exigências, como demonstração de fidelidade, o que, após algum tempo de convivência, torna-se insuportável, em ração dessas descargas contínuas de epinefrina que respondem por essa necessidade e mudanças de conduta, pela instabilidade nas realizações.
                Estressando-se com facilidade, em razão da falta de autoconfiança e de harmonia interna, o paciente tende a padecer transtornos depressivos, quase sempre de natureza bipolar, com graves ressonâncias nos equipamentos neuroniais.
                Passados os momentos de abstração da realidade, o salto para a exaltação leva-o aos delírios visuais e auditivos, extrapolando as possibilidades, para assumir personificações místicas ou histriônicas, poderosas e invejadas, cujas existências enganosas encontram-se no seu inconsciente.
                Terminado o período de excitação, no trânsito para o novo submergir na angústia, torna-se muito perigoso, porque a realidade perde os contornos, e o desejo de fuga, de libertação do mal estar atira-o nos abismos do autocídio.
                Desfilam em nossa sociedade inúmeros indivíduos ansiosos que se negam ao reconhecimento do distúrbio que os atormenta, procurando disfarçar com o álcool, o tabaco, nos quais dizem dispor de um bastão psicológico para apoio e melhor reflexão, nas drogas aditivas ou no sexo desvairado, insaciável, o que mais lhe complica o quadro de insanidade emocional.
                O reconhecimento da situação abre oportunidade para uma terapia de auto-ajuda.

Do livro: CONFLITOS EXISTENCIAIS

Divaldo Pereira Franco/Joanna de Angelis

ANSIEDADE I



Psicogênese da Ansiedade
                Além das conjunturas ancestrais defluentes dos conflitos trazidos de outras existências, a criança pode apresentar, desde cedo, os primeiros sintomas de ansiedade no modo inato do desconhecido – vinculação – e do não familiar. Essa vinculação apresenta um lado positivo que é o de oferecer-lhe conforto e segurança, principalmente junto à mãe com a qual interage em forma de prazer. Havendo este sentimento desde o nascimento, a criança prepara-se para uma sólida interação com a sociedade.
                Quando isso não ocorre, há a possibilidade da criança não sobreviver ou atravessar períodos difíceis, em face do medo inespecífico, originado pela ausência da mãe, chamado ansiedade livre flutuante.
                Apresenta um medo exagerado, e porque não sabe de quê, fica com mais medo. Dessa ansiedade, as aparentes ameaças externas, tornam-se enormes, culminando, na idade adulta, com uma dependência infantil.
                Quando a criança é severamente punida pelos pais, há maior necessidade de apego, tornando-a mais dependente, buscando refúgio, neles mesmos, que são os fatores de seu medo.
                Esse medo do desconhecido, impõe uma vinculação familiar que, ao ser desfeita amplia a área da ansiedade.
                O fenômeno tem as suas raízes na necessidade de reparação da afetividade que vem de outras existências espirituais, quando houve desgoverno de conduta, gerando animosidade e necessidade de apoio.
                A vinculação com o pai produz segurança, a separação proporciona angústia.
                No período inicial, essa vinculação pode ser transferida para outrem, mais tarde, a criança não tendo a mãe, chora, perturba-se e transfere a insegurança para os outros períodos da existência.
                Essa ansiedade representa a segurança que resulta de sentir-se sós, num mundo hostil, em total desamparo, levando-a a um tormento, no qual nunca está emocionalmente onde se encontra, desejando conseguir o que ainda não aconteceu.
                Como decorrência da instabilidade que a caracteriza, anseia por situações proeminentes, destaques, conquistas de valores, realização pelo amor, em mecanismos espetaculares de fuga do conflito...
                A busca do amor faz-se-lhe, tormentosa e desesperadora, como se pudesse, através desse recurso, amortecer a ansiedade. No íntimo, porém, evita envolvimentos emocionais verdadeiros por medo de os perder e vir a sofrer-lhes as conseqüências.
                Existe uma necessidade e identificação de pensamentos irracionais que são os responsáveis pelo desencadeamento da ansiedade.
                No inconsciente do indivíduo inseguro existe uma necessidade de auto-realização que, não conseguida, favorece-lhe a fuga pela ansiedade, normalmente produzindo-lhe desgaste no sistema emocional, por efeito gerando estresse no comportamento.
                No problemática dos conflitos humanos surge o recalcamento, resultado da ansiedade intensa, de um estado emocional muito semelhante ao medo.
                Por ser a ansiedade muito desagradável, o indivíduo esforça-se por ver-se livre. Não conseguindo, foge para dentro de si mesmo, experiênciando a insegurança por sentir-se impossibilitada de reprimir o que a desperta – o ato interdito.
                Processos enfemiços no organismo físico igualmente respondem pelo fenômeno da ansiedade, especialmente se o indivíduo não se encontra com estrutura emocional equilibrada para os enfrentamentos que qualquer enfermidade proporciona.
                O medo de piorar, de não se libertar da doença, recuperando a saúde, o receio da falta de recursos para atender às necessidades defluentes da situação, o temor dos comentários maliciosos de pessoas insensatas em torno da questão, o pavor da morte favorecem o distúrbio da ansiedade, que se agrava na razão direta em que as dificuldades se apresentam.
                A ansiedade é, na conjuntura social da atualidade, um grave fator de perturbação e de desequilíbrio, que merece cuidados especiais, observação profunda e terapia especializada.

Do livro: CONFLITOS EXISTENCIAIS

Divaldo Pereira Franco/Joanna de Angelis

CIÚME III



Psicogênese do Ciúme
                O espírito imaturo, vitimado por desvios de comportamentos em existências transatas, renasce assinalando o sistema emocional com as marcas infelizes disso resultantes.
                Inquieto e insatisfeito, não consegue desenvolver em profundidade a auto-estima, permanecendo em deplorável situação de infância psicológica. Mesmo quando atinge a idade adulta possui reações de insegurança e capricho, caracterizando suas dificuldades para um ajustamento equilibrado no contexto social.
                Aspira ao amor e teme entregar-se-lhe, porquanto o sentido de posse que lhe daria autoconfiança está adstrito à dominação de coisas, de pessoas e de interesses imediatistas, ambicionando transferi-lo para quem não se permitirá dominar pela sua morbidez. Quando se trata de um relacionamento com outra personalidade igualmente infantil, esta deixa-se, temporariamente, manipular-se por acomodação ou sentimento subalterno, reagindo a posteriori de maneira imprevisível.
                Em outras oportunidades permite-se conduzir, desinteressando-se das próprias aspirações, enquanto submete-se aos caprichos do dominador, resultando numa afetividade doentia, destituída de significados nobres e de vivências enriquecedoras.
                Porque a culpa se lhe encontra no íntimo, esse indivíduo não consegue decodifica-la, a fim de libertar-se, ocultando-a na desconfiança que permanece no seu inconsciente, assim experimentando tormentos e desajustes.
                Incapaz de oferecer-se em clima de tranqüilidade ao afeto, desconfia das demais pessoas, supondo que também são incapazes de dedicar-se com integração desinteressada, sem ocultar sentimentos infelizes.
                Porque não consegue manter um bom nível de auto-estíma, acredita não merecer o carinho nem o devotamento de outrem, afligindo-se, em razão do medo de perder-lhe aa companhia. Esse tormento faz-se tão cruel, que se encarrega, inconscientemente, de afastar a outra pessoa, tornando-lhe a convivência insuportável, em face da geração de contínuos conflitos que o inseguro se permite.
                A imaturidade psicológica daqueles que assim agem, torna-se tão grave, que procura justificar o ciúme como o sal do amor, como se a afetividade tivesse qualquer tipo de necessidade de conflito, de desconfiança.
                O amor nutre-se de amor e consolida-se mediante a confiança irrestrita que gera, reafirmando-o com belas vibrações de ternura e da amizade bem estruturada.
                Incapaz de enfrentar a realidade e as situações que se apresentam como necessárias ao crescimento contínuo da capacidade de discernimento e de luta, faculta-se a permanência na fantasia, no cultivo utópico da ilusão, imaginando um mundo irreal que gostaria de habitar, evitando a convivência com o destemor e o trabalho sério, de forma que se conduz asfixiado pelo que imagina em relação ao que defronta na vida real.
                Torna-se capaz de manter uma vida interior conflitiva, que mascara com sorrisos e outros disfarces, padecendo o medo e a incerteza de ser feliz.
                Sempre teme ser descoberto e conduzido à vivência dos fatos conforme são e não consoante desejaria.
                Evita diálogos profundos, receando falsear e ser identificado.
                Procedentes de uma infância, na qual teve de escamotear a verdade e disfarçar as próprias necessidades por medo de punição ou de incompreensão dos demais, atinge a idade adulta sem a libertação das inseguranças juvenis.
                Sentindo-se sempre desconsiderado, porque não consegue submeter aqueles a quem gostaria de amar-dominando, entrega-se aos ciúmes injustificáveis, nos quais a imaginação atormentada exerce uma função patológica.
                Transfere as fantasias do seu mundo íntimo para subjulgar o ser a quem diz amar.
                Atormentado pela autocompaixão, refugia-se na infelicidade, de modo a inspirar piedade, quando deveria esforçar-se para conquistar afeição; subestima-se ou sobrevaloriza-se assumindo posturas inadequadas à idade fisiológica que deveria estar acompanhada do desempenho saudável de ser psicológico maduro.
                Compara aflições alheias com as próprias, defendendo a idéia de que ninguém é fiel, pessoa alguma consegue dedicar-se a outrem sem que não mantenha sentimentos servis.
                Incapaz de afeiçoar-se pelo prazer de querer bem, portador de insatisfações em relação a si mesmo, mesquinho no que se refere à autodoação... Enxerga o amor como mecanismo de manipulação ou instrumento para conquista de valores amoedados ou de projeção política ou social sem entender que exista outra maneira de amar.
                O ciúme tem raízes no egoísmo exagerado, superável mediante trabalho de autodisciplina e entrega pessoal.
                Quanto mais o indivíduo valorizar o ego, sem administrar-lhe as heranças da inferioridade, mais se atormenta, em face da necessidade do relacionamento interpessoal que, sem a presença da afetividade, sempre torna-se frio, distante, sem sentido nem continuidade.
                Trabalhar a emoção, reflexionar em torno dos sentimentos próprios e do próximo constituem uma saudável psicoterapia para a aquisição da confiança em si mesmo e nos outros.

Do livro: CONFLITOS EXISTENCIAIS

Divaldo Pereira Franco/Joanna de Angelis

CIÚME II



Comportamentos Doentios

                Na morbidez do ciúme o paciente estertora sempre na inquietação.
                Anela pelo amor e recusa-o pelo receio de ser traído. Não se sentindo portador de sentimentos de abnegação e devotamento, desconsidera as belezas da afetividade, tidas como recurso de conquista de coisas, sem procurar entender a nobreza deste sentimento.
                A busca neurótica pelo amor prevalece nesses comportamentos ansiosos. E porque o indivíduo pensa que a satisfação do instinto poderá acalmar-lhe a ansiedade, frustra-se com facilidade, já que as suas exigências de afeto são excessivas, totais. A mínima insatisfação fá-lo pensar que foi recusado, sentindo-se rejeitado. Assim, aumenta-lhe a ansiedade, que o tornará mais afatigado na busca do afeto ainda não alcançado, ampliando as possibilidades de repulsa.
                Desvairado, permite-se a hostilidade que não consegue identificar, sempre receando a perda total do ser que diz amar. Desvaloriza-se a si mesmo, a fim de enaltecer o outro a quem se afeiçoa ou passa a desconsiderar, imaginando que se equivocou, quando atribuiu excessivos valores e recursos que a pessoa não possui.
                Em face desta insegurança deixa-se dominar por idéias perversas de autocídio ou homicídio. O ciúme está na raiz de muitos crimes.
                Sentindo-se recusado porque é cansativo o apego do paciente e o outro parceiro exaure-se na sua convivência, isso pe tido como rejeição, passa a pensar que outrem interfere no relacionamento.
                Desencadeada a idéia suspeitosa, a maquinação doentia aumenta, pondo-se em observação alucinada, deformando os acontecimentos de uma óptica distorcida, confirmando o que deseja que esteja acontecendo.
                Quando a mente descontrola o comando do discernimento, o paciente introduz pessoas suspeitas no convívio do lar, para melhor poder confirmar as expectativas, culminando em loucura ou crime.
                O ciúme estimula a inveja o ambos trabalham em comum acordo para anular a ação daquele que lhes inspira o sentimento negativo.
                Se a criatura é indiferente ou agressiva, ao encontrar outra equivalente forma o grupo social desinteressado pelo bem-estar comum.
                Os indivíduos tímidos ou que sofreram agressões na infância, sentem-se rejeitados e repelidos, expulsos sem consideração, em mecanismo evocativo inconsciente do que experimentaram durante a construção da personalidade.
                Irão formar bolsões de adversários inconscientes uns dos outros, todos eles insensíveis aos sentimentos de humanidade, porque se sentem excluídos da sociedade.
                A convivência com o paciente ciumento é martirizante, especialmente quando se recusa ao tratamento libertador.

Do livro: CONFLITOS EXISTENCIAIS

Divaldo Pereira Franco/Joanna de Angelis

CIUME I



Terapia para o Ciúme

                Todo e qualquer distúrbio orgânico, psicológico ou mental, necessita de tratamento especializado.
                Essas terapias não podem esquecer-se que o espírito, em si mesmo, é o grande enfermo. Esse conhecimento pode minimizar os efeitos perturbadores através do reencontro com as causas da existência presente, que tiveram origem no lar agressivo ou negligente, no grupo social perverso, nas condutas extravagantes ou em processos enfermiços que atingiram a organização física.
                Em todos os indivíduos encontram-se os conflitos inconscientes e os mecanismos de defesa, diferenciando-se através de como são resolvidos.
                O paciente ciumento, em sua insegurança, não tem qualquer consideração por si próprio, necessitando de ser conduzido à auto-estima, à superação dos conflitos de inferioridade e de insegurança, tomando conhecimento lúcido das infinitas possibilidades de equilíbrio e de afetividade que lhe estão ao alcance.
                A libertação das idéias masoquistas que nele permanecem, da culpa inconsciente que necessita de punição, bem direcionada pelo psicoterapeuta, ensejar-lhe-á a compreensão de que todos erram, de que todos devem assumir a consciência dos equívocos, mas a ninguém é  concedido o direito de permanecer no muro das lamentações em torno de reais ou imaginárias aflições.
                O amor faculta saúde emocional e bem-estar a todos.
                Quando buscado com afã, torna-se neurótico e perturbador.
                A ação fraternal da solidariedade enseja uma visão diferente daquela na qual o paciente encarcera-se, acreditando-se, apenas ele, como pessoa que vive um tipo de incompletude.
                A ação de benemerência direcionada ao próximo conduz ao descobrimento de quanto é saudável ajudar, facultando o entendimento dos dramas alheios e encontrando solução para os próprios conflitos.
                A terapêutica da bondade ao lado da psicoterapia especializada constitui elemento constritivo para a superação do ciúme, porque, nesse serviço, o afeto se amplia, os horizontes alargam-se, os interesses deixam de ser personalistas e a visão a respeito do mundo e da sociedade torna-se mais complacente e menos rigorosa.

Do livro: CONFLITOS EXISTENCIAIS

Divaldo Pereira Franco/Joanna de Angelis

domingo, 9 de setembro de 2012

ESPÍRITO DA TREVA


Está em toda parte.
Surge inesperadamente e assume faces de surpresa que produz estados
d’alma afligentes, configurando pungentes conflitos que conduzem, não raro, a
nefandas conseqüências.
Às vezes, no lar, os problemas se avultam, na ordem moral, desconcertando
a paisagem doméstica; no trabalho, discussões inesperadas, por nonadas, tomam
aspectos de gravidade, que conduz os contendores a ódios virulentos e perniciosos;
nas relações, irrompem incompreensões urdidas nas teias da maledicência,
fragmentando velhas amizades que antes se firmavam em compromissos de lealdade
fraterna Inamovível; na rua e nas conduções gera inquietações que consomem e
lança pessoas infelizes no caminho, provocantes, capazes de atirar por coisas de
pequena monta, nos rebordos de abismos profundos, aqueles que defrontam...
É o espírito da treva. Está, sim, em toda parte.
Membro atuante do que constitui as “força do mal”, que por enquanto ainda
assolam a Terra, na atual conjuntura do planeta, irrompe inspirando e agindo, nos
múltiplos departamentos humanos, objetivando desagregar e infelicitar as criaturas,
no que se compraz.
Espírito estigmatizado pela agonia íntima que sofre, envenenado pelo ódio
em que se consome ou revoltado pelo tempo perdido, na vida passada, sintoniza com
as imperfeições morais e espirituais do homem, mantendo comércio pernicioso de
longo curso.
Está, também, às vezes, encarnado no círculo das afeições. Aqui é o esposo
rebelde, a genitora alucinada, a nubente corroída por ciúme injustificável, o filho
ingrato, o irmão venal, a filha viciada e ultrajante, a irmã desassisada; ali é o vizinho
irritante, o colega pusilânime, o chefe mesquinho, o amigo negligente, o servidor
cansativo, o companheiro hipócrita exigindo atitude de sumo equilíbrio, em convite
contínuo à serenidade e à perseverança nos bons propósitos.
Transmite a impressão de que não há lugar para o amor nem o bem, como
se a vida planetária fosse uma arbitrária punição e não sublime concessão do Amor
Divino, a benefício da nossa redenção.
* * *
Como quer que apareça o espírito das trevas, no teu caminho, enfrentao
simples de coração e limpo de consciência. Não debatas nem te irrites com ele.
87 – FLORAÇÕES EVANGÉLICAS (pelo Espírito J oanna de Ângelis)
Ante os doentes, o medicamento primeiro e mais eficaz é a compaixão que
se lhes dá, não levando em conta o que dizem ou fazem por considerar que estão
fora da razão e do discernimento, pela ausência da saúde.
Armate a todo instante com a prece e põe o capacete da piedade,
conduzindo a luz da misericórdia para clarificar o caminho e vencerás em qualquer
luta, permanecendo livre face a qualquer das suas ciladas.
E quando, enfraquecido na luta, o espírito da treva estiver a vencerte após
exasperarte danosamente, quase colimando por empurrarte
ao fosso da insensatez, lembrate
de Jesus e dize:
“Afastate de mim, espírito do mal” —, e avança sem parar na direção do dever sem olhar para trás.
*
“Depois vai e leva consigo mais sete espíritos pior es do que ele, Ali entr am e habitam”.
(Mateus, 12:45)
*
“O Espírito mau esper a que o outr o, a quem ele quer mal, esteja preso ao seu
cor po e, assim, menos livr e, par a mais facilmente o ator mentar, ferir nos seus
interesses, ou nas suas mais car as afeições”.
(O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO, Capítulo 10º — Item 6)

Livro: Florações Evangélicas
Divaldo -Joana de Angelis.

Os efeitos do álcool na sociedade e no Espírito imortal

 Reformador • Abr i l 2009
ROBERTO CARLOS FONSECA
1. Introdução
O álcool, do árabe al-kuhl (essência) é uma das drogas mais antigas da Humanidade. Inicialmente
se acreditava que teria surgido em 6000 a.C., no Egito, onde foram encontradas ruínas de uma
fábrica de cerveja. Porém, recentemente, pesquisadores descobriram vestígios de uva apodrecida
em locais habitados por homens pré-históricos, a qual tinha em torno de 5% de teor alcoólico, demonstrando que o seu consumo é ancestral. No início, a utilização de bebidas alcoólicas pelas sociedades
estava muito ligada à prática religiosa, pois acreditava-se que elas facilitavam o contato com os deuses. Ainda hoje, de forma diferenciada, o álcool serve de símbolo para muitas religiões. Outro sentido para o uso de alcoólicos era a sua utilização tanto como dissipador de preocupações e dor quanto como elemento abortivo.
Com a Revolução Industrial, foram desenvolvidas bebidas destiladas como o uísque (usquebaugh –
água da vida), as quais possuem um teor extremamente alto, gerando inúmeros malefícios ao corpo humano.
Acompanhando a Revolução Industrial, as bebidas fermentadas também passaram a conter um
grau etílico maior, aumentando o número de dependentes em álcool.
O alcoolismo decorre do uso prolongado, geralmente entre 20 e 25 anos, de substâncias alcoólicas.Nesta
fase, o hábito de consumir a bebida já está relacionado ao ritmo de vida do indivíduo, sendo muito difícil
convencê-lo a parar de ingeri-la. .
2-Efeitos no cérebro
Acreditar que o álcool é somente um estimulante é um grande engano. Ele, num primeiro momento,
ao agir diretamente no lobo frontal do cérebro, desinibe o indivíduo, modificando sobremaneira
seu comportamento social, mas sua principal característica é provocar a depressão. Seus efeitos
podem ser observados em três fases:
Na primeira, o indivíduo, via de regra, perde seu senso moral, seus medos e inibições, passando
a se comportar conforme pendores
íntimos que estavam reprimidos por medo das Leis do Estado e pelos costumes vigentes no grupo
social em que se relaciona. Se tinha comportamento tímido, passa a se soltar, principalmente em
relação ao sexo oposto. Se era quieto, torna-se loquaz.
Na segunda, podem ocorrer falta de coordenação motora, descontrole dos reflexos, descontrole
emocional e agressividade. Isto explica a mudança brusca de comportamento, visualizada geralmente
quando ocorrem atos de violência após o consumo de bebidas alcoólicas. Muitos pais de
família, que fazem uso de alcoólicos, ao retornarem ao lar acabam por extravasar seus pendores de
violência na esposa e nos filhos.
A terceira é caracterizada pela depressão, condição em que o indivíduo reclama de tudo e de todos,
da vida, do salário, e normalmente extravasa suas angústias por meio de lágrimas. Ocorrem
também problemas digestivos como: vômitos, diarreias, dores de cabeça, sono, mal-estar geral, coma
etc. Esta fase é mais perigosa, pois a depressão alcoólica pode levar ao suicídio, principalmente
em alcoolistas que, ao retornarem à realidade, percebem que não conseguiram ficar sem a bebida.
Este sentimento de fracasso é agente impulsionador do comportamento suicida.
3-A dependência
Denomina-se alcoolismo a dependência à bebida alcoólica, caracterizada pelo consumo compulsivo
de álcool, com progressiva tolerância à intoxicação produzida pela droga e desenvolvimento de
sintomas de abstinência, quando o consumo é interrompido. Os sintomas mais comuns no caso de
uma crise de abstinência são sudorese, aceleração cardíaca, insônia, náuseas e vômitos. Num estado
mais avançado, ela se caracteriza como delirium tremens, causando confusão mental, alucinações
e convulsões.
Inicialmente, o alcoolista era discriminado, sendo tratado como um ser de personalidade fraca.
Mas, com o avanço da Ciência e dos tratamentos, chegou-se à conclusão de que o alcoolismo
é uma doença, potencialmente forte e destruidora do caráter do indivíduo, que faz de tudo para ter
satisfeita a sua vontade de beber: mente, rouba, trai, seduz.
O alcoolismo gera deterioração psicológica e física. O indivíduo, aos poucos, pela perda dos neurônios,
tem sua capacidade mental reduzida, descuida-se da sua apresentação, torna-se impontual e
tem a concentração nas atividades corriqueiras limitada.
Para esta doença não há cura, o que existe é um tratamento ininterrupto, a fim de que jamais ocorra
novamente o consumo, sob risco de retornar todo o prazer em sorver os alcoólicos, colocando
a perder todo o tratamento já realizado.
4-O álcool e a sociedade
Impulsionado pelos costumes sociais, pela tradição das festas
e comemorações múltiplas, o homem não se dá conta de que o álcool é um dos maiores males que
existem na face da Terra. É agente impulsionador da violência, possui inúmeras doenças atreladas ao
seu uso abusivo, e está entranhado em quase todas as ocasiões em que um grupo humano se reúne, como
se fosse impossível conversar, trocar ideias, tomar decisões na vida particular ou em sociedade, sem
estar com um copo na mão.
Aliado ao baixo custo de produção, tornando-o uma droga acessível a qualquer grupo social, e às políticas de governo pouco eficazes no combate ao seu consumo indiscriminado, ele se torna um verdadeiro destruidor de vidas, de carreiras e da sociedade.
5. Considerações
Se o indivíduo bebe uma vez por semana, é um bebedor social; se de três a quatro vezes, é um
bebedor excessivo; mas se bebe todos os dias, é considerado bebedor dependente.Nem todo bebedor
social vai ser um bebedor dependente, porém todo dependente, um dia, já foi bebedor social. Na
fase da dependência, ele dificilmente sairá sem ajuda; é preciso solicitar auxílio a parentes, amigos
e especialistas.
A maior dificuldade de se combater o uso abusivo de alcoólicos está em ser o álcool uma droga
socialmente aceita. A maioria das pessoas tem o seu primeiro contat com o álcool dentro do próprio
lar.
6. O álcool e o Espírito imortal
Joanna de Ângelis nos alerta que o uso de alcoólicos reflete o declínio dos valores espirituais da
sociedade, sendo aceito como hábito social. Enfatiza que a viciação alcoólica inicia-se pelo aperitivo
inocente, repete-se através do hábito social, impõe-se aos poucos como necessidade e converte-se em
dominação absoluta pela dependência.
Alerta também que a desencarnação se dá através do suicídio indireto, graças à sobrecarga destrutiva que o dependente de álcool depõe sobre o corpo físico.1
Os efeitos do consumo desta substância transcendem os umbrais da morte, vão além dos danos causados
ao corpo físico, instrumento de trabalho da alma reencarnada, que o devolve à terra após o desenlace, a
morte. Esta substância deixa inúmeras marcas no perispírito e na mente do dependente alcoólico, que
se refletirão na próxima encarnação.
Da análise do texto de Manoel P. de Miranda no livro Nas Fronteiras da Loucura, psicografia de
Divaldo P. Franco, podemos concluir que a intoxicação alcoólica traz os seguintes prejuízos a quem
dela se torna dependente:
1. Libera toxinas que impregnam o perispírito;
2. Introduz impurezas amortecendo as vibrações;
3. Entorpecimento psíquico;
4. Insensibilidade ao tratamento espiritual;
5. A dependência prossegue depois da morte;
6. As lesões do corpo físico refletem-se no corpo espiritual;
7. O perispírito imprime as lesões nas futuras organizações fisiológicas;

1FRANCO, Divaldo P. Após a tempestade.
Pelo Espírito Joanna de Ângelis. 8. ed. Salvador
(BA): LEAL, 1985. Cap. 9, Viciação
alcoólica, p. 49.