Caros amigos leitores , gostaríamos, na medida do possível ,contar com a interação de todos ,através de comentários , tornando se seguidores deste blog divulgando para seus conhecidos ,para que assim possamos estudar e aprendermos juntos , solidários e fraternos. Inscrevam-se no blog!

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

CARIDADE DO ESQUECIMENTO

CARIDADE  DO  ESQUECIMENTO

Emmanuel
 
Não olvides a caridade do esquecimento de todo mal.
Nela reside a força progressiva do bem.
Dissabores revividos são espinhos bem cultivados.
Diariamente, é possível exercê-la, porque o cipoal dos desgostos de toda sorte nasce também de sementes minúsculas.
A benefício da paz, não te fixes nas pequenas desarmonias que te rodeiam.
Esquece o erro do vizinho.
O mau temperamento do próximo.
A irritação do companheiro.
A ingratidão da parentela.
 A intriga sutil.
A palavra maldosa.
A frase contundente.
A resposta impensada dos outros.
A saudação não respondida.
A ilusão dos que te seguem.
A irreflexão de alguns ou de muitos.
A ignorância do associado de luta.
A atitude do irmão, em desacordo com a tua.
A opinião diferente da que adotas.
A cicatriz ou a ferida dos semelhantes.
A infelicidade do companheiro inseguro.
A observação injuriosa que procura ferir-te a dignidade pessoal.
A incompreensão do meio a que serves.
A dificuldade e o obstáculo que se apresentam por abençoadas provas à tua fortaleza moral ou à tua boa vontade.
Lembra-te do auxílio simples do esquecimento da sombra que se interpõe entre o nosso espírito e a realidade.
Abre o coração à Luz e adianta-te, olvidando as trevas da jornada.
Quem recebe a dádiva da luta na condição de um tesouro por engrandecer e aperfeiçoar, realmente encontrou para a própria felicidade, o verdadeiro caminho do Céu.

Do livro Instrumentos do Tempo. Psicografia de Francisco Candido Xavier.  
 

CULTO INDIVIDUAL DO EVANGELHO


 
Emmanuel
 
 
         Nem sempre encontrarás a colaboração precisa ao Culto do Evangelho no templo familiar.
         Por vezes, será necessário esperar o amadurecimento dos companheiros que se mostram semelhantes à folhagem viçosa nas robustas frondes da vida, incapazes de perceber a glória da frutificação no futuro.
         Ainda assim, procura a intimidade do Mestre e, sozinho embora, sintoniza-te com Ele, através da leitura divina.
         Realmente, por agora, és parte integrante do grupo consangüíneo, mas, no fundo, és o irmão da Humanidade inteira, com obrigações de seguir para a frente.
         Todos somos peregrinos da eternidade, em trânsito para a vida superior.
         Cada situação no círculo das formas, em que experimentamos e somos experimentados, é simples posição provisória.
         Lembra-te de que o dia será a inevitável arena do testemunho e, ao longo das horas, encontrarás mil alvitres diferentes.
         É a cólera pretendendo insinuar-se através do teu campo emotivo.
         É a dor que tentará subtrair-te o ânimo.
         É a ventania das provas, buscando apagar-te a fé vacilante e humilde.
         É o verbo desvairado que te visitará nas bocas alheias, concitando-te a esquecer as melhores conquistas espirituais.
         É a revolta que projetará fel sobre a tua esperança.
È a insubmissão do próprio “eu” que te criará dificuldades inúmeras.
         É a vaidade que te repetirá velhas fantasias acerca de tua superioridade inexistente.
         É o orgulho que te apartará da fraternidade legítima.
         É a preguiça que te fará acreditar no poder da enfermidade sobre a saúde e do desalento improdutivo sobre a alegria edificante
         É a maldade que te inclinará a palavra ao julgamento leviano ou apressado, no intuito de arrojar-te às trevas.
          Recorda semelhantes inimigos que nos desafiam constantemente, na luta sem quartel da evolução e do aperfeiçoamento, e, no culto individual da Boa-Nova, grava em ti mesmo as observações do Mestre Divino, anotando-lhe os conselhos e avisos e tomando as armas da compreensão e do bem para lutar dignamente, cada dia, na abençoada conquista do futuro glorificado e sem fim.
 

Do livro Instrumentos do Tempo. Psicografia de Francisco Cândido Xavier.

ANTE O REINO DOS CÉUS


Emmanuel
 
Indubitavelmente, a palavra do Mestre, no comentário sobre a dificuldade dos ricos ante o Reino dos Céus, exprime incontestável realidade, porquanto a posse exagerada de bens terrestres é quase sempre a crucificação da alma em pesados madeiros de ouro.
 
Enquanto a pobreza de recursos materiais vive independente para a amizade e para a fé, para a confiança e para a compreensão, os detentores da fortuna amoedada vivem quase sempre prisioneiros da suspeita e da desilusão, nos tormentos da defensiva...
Mas, existem outros ricos do mundo com infinitos obstáculos no acesso ao paraíso da alegria e da paz.
Vejamos, por exemplo:
os ricos de exigências;
os ricos da cólera a se desvairarem nos conflitos das trevas;
os ricos de melindres pessoais que nunca conseguem elementos de tolerância, necessários à superação das próprias fraquezas;
os ricos da mentira que tecem a rede de sombras em que enleiam a própria alma;
os ricos de tristeza e desânimo, recolhidos à inutilidade em que se acolhem;
os ricos de reclamações e de queixas que atravessam o mundo, entre a insatisfação e a ociosidade;
os ricos de ignorância que se agarram à penúria de espírito;
os ricos de letras e artes que se encarceram em torres de marfim, para o culto ao próprio egoísmo;
os ricos de saúde e de possibilidades que imobilizam o coração na caixa do peito, aguardando que o dinheiro fácil lhes venha ao encontro, para o exercício da caridade;
os ricos de ódio;
os ricos de usura;
os ricos de medo da verdade e do bem;
e os ricos numerosos da vaidade que se trancafiam nas masmorras do próprio “eu”, exigindo que o Céu se converta em propriedade exclusiva dos seus caprichos individuais.
 
Enriqueçamo-nos de amor e sirvamos sempre.
O dinheiro pode ajudar muitíssimo, mas, só o coração aberto ao esplendor solar do bem pode amparar, libertar, erguer, salvar e aperfeiçoar para sempre.
 
 
Do livro Instrumentos do Tempo. Psicografia de Francisco Cândido Xavier.
 

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Fobia social

Fobia social
Pressionado pelas constrições de vária ordem, exceção feita aos
fenômenos patológicos, na área da personalidade, o indivíduo tímido,
desistindo de reagir, assume comportamentos fóbicos.
Neuroses e psicoses se lhe manifestam, atormentando-o e gerando-lhe um
clima de pesadelo onde quer que se encontre.
A liberdade, que lhe é de fundamental importância para a vida, perde o seu
significado externo, face às prisões sem paredes que são erguidas, nelas
encarcerando-se.
Da melancolia profunda ele passa à ansiedade, com alternâncias de
insatisfação e tentativas de autodestruição, e da desconfiança sistemática
tomba, por falta de resistências morais, diante dos insucessos banais da
existência. Nem mesmo o êxito nos negócios, na vida social e familiar,
consegue minimizar-lhe o desequilíbrio que, muitas vezes, aumenta, em razão
dejá não lhe sendo necessário fazer maiores esforços para conseguir,
considera-se sem finalidade que justifique prosseguir.
Os estados fóbicos desgastam-lhe os nervos e conduzem-no às depressões
profundas. São vários estes fenômenos no comportamento humano.
Surge, porém, no momento, um que se generaliza, a pouco e pouco, o
denominado como fobia social, graças ao qual, o indivíduo começa a detestar o
convívio com as demais pessoas, retraindo-se, isolando-se.
A princípio, apresenta-se como forma de mal-estar, depois, como
insegurança, quando o homem é conduzido a enfrentar um grupo social ou o
público que lhe aguarda apresença, a palavra.
O grau de ansiedade foge-lhe ao controle, estabelecendo conflitos
psicológicos perturbadores.
A ansiedade comedida é fenômeno perfeitamente natural, resultante da
expectativa ante o inusitado, face ao trabalho a ser desenvolvido, diante da
ação que deve ser aplicada como investimento de conquista, sem que isto
provoque desarmonia interior com reflexos físicos negativos.
Quando, então, se revela, desencadeada por problemas de somenos
importância, produzindo taquicardias, sudorese álgida, tremores contínuos,
estão ultrapassados os limites do equilíbrio, tornando-se patológica.
A fobia social impede uma leitura em voz alta, uma assinatura diante de
alguém que acompanhe o gesto, segurar um talher para uma refeição, pegar
um vaso com líquido sem o entornar... O paciente, nesses casos, tem a
impressão de que está sob severa observação e análise dos outros, passando
a detestar as presenças estranhas até os familiares e amigos mais íntimos.
Em algumas circunstâncias, quando o processo se encontra em instalação,
a concentração e o esforço para superar o impedimento auxiliam-no,
facultando-o somente relaxar-se e adquirir naturalidade após constatar que
ninguém o observa, perdendo, assim, o prazer do diálogo, face à tensão
gerada pelo problema.
A tendência natural do portador de fobia social é fugir, ocultar-se
malbaratando o dom da existência, vitimado pela ansiedade e pelo medo.
O homem é o único animal ético existente.
Para adquirir a condição de uma consciência ética é convidado a desafios
contínuos, graças aos quais discerne o bem do mal, o belo do feio, o lógico do
27
absurdo, imprimindo-se um comportamento que corresponda ao seu grau de
compreensão existencial.
Aprofundando-se no exame dos valores, distingue-os. passando a viver
conforme os padrões que estabelece como indispensáveis às metas que
persegue, porqüanto pretende constituir-lhe a felicidade.
A fim de lograr o domínio desses legítimos valores, aplica outra das suas
características essenciais, que é o de ser um animal biossocial.
A vida de relação com os demais indivíduos é-lhe essencial ao progresso
ético.
Isolado, asselvaja-se ou entrega-se a uma submissão indiferente,
perniciosa.
As imposições do relacionamento social exterior, sem profundidade
emocional, respondem por esta explosão fóbica, face à ausência de segurança
afetiva entre os indivíduos e à competição que grassa, desenfreada, fazendo
que se veja sempre, no atual amigo, o potencial usurpador da sua função, o
possível inimigo de amanhã.
Tal desconfiança arma as pessoas de suspeição, levando-as a uma conduta
artificial, mediante a qual se devem apresentar como bem estruturadas
emocionalmente, superiores às vicissitudes, capazes de enfrentar riscos,
indiferentes às agressões do meio, porque seguras das suas reservas de forças
morais.
Gerando instabilidade entre o que demonstram e aquilo que são realmente,
surge o pavor de serem vencidas, deixadas à margem, desconsideradas. O
mecanismo de fuga da luta sem quartel apresenta-se-lhes como alternativa
saudável, por poupar-lhes esforços que lhes parecem inúteis, desde que não
se sentem inclinadas a usar dos mesmos métodos de que se crêem vítimas.
Simultaneamente, as atividades trepidantes e as festas ruidosas mais
afastam os amigos, que dizem não dispor de tempo para o intercâmbio
fraternal, a assistência cordial, receosos, por sua vez, de igualmente
tombarem, vitimados pelo mesmo mal que os ronda, implacável.
Nestas circunstâncias, mentes desencarnadas, deprimentes, se associam
aos pacientes, complicando-lhes o quadro e empurrando-os para as psicoses
profundas, irreversíveis.
A desumanização do homem, que se submete aos caprichos do momento
dourado das ilusões, conspira contra ele próprio e o seu próximo, tornando esta
a geração do medo, a sociedade sem destino.

O Homem Integral
Divaldo/Joana de Angelis

Medo

Medo
Decorrente dos referidos fatores sociológicos, das pressões psicológicas,
dos impositivos econômicos, o medo assalta o homem, empurrando-o para a
violência irracional ou amargurando-o em profundos abismos de depressão.
Num contexto social injusto, a insegurança engendra muitos mecanismos
de evasão da realidade, que dilaceram o comportamento humano, anulando,
por fim, as aspirações de beleza, de idealismo, de afetividade da criatura.
Encarcerando-se, cada vez mais, nos receios just ificáveis do
relacionamento instável com as demais pessoas, surgem as ilhas individuais e
grupais para onde fogem os indivíduos, na expectativa de equilibrarem-se,
sobrevivendo ao tumulto e à agressividade, assumindo, sem darem-se conta,
um comportamento alienado, que termina por apresentar-se igualmente
patológico.
As precauções para resguardar-se, poupar a família aos dissabores dos
delinquentes, mantendo os haveres em lugares quase inexpugnáveis, fazem o
homem emparedar-se no lar ou aglomerar-se em clubes com pessoal
selecionado, perdendo a identidade em relação a si mesmo, ao seu próximo e
consumindo-se em conflitos individualistas, a caminho dos desequilíbrios de
grave porte.
Os valores da nossa sociedade encontram-se em xeque, porque são
transitórios.
Há uma momentânea alteração de conteúdo, com a conseqüente perda de
significado.
A nova geração perdeu a confiança nas afirmações do passado e deseja
viver novas experiências ao preço da alucinação, como forma escapista de
superar as pressões que sofre, impondo diferentes experiências.
No âmago das suas violações e protestos, do vilipêndio aos conceitos
anteriores vige o medo que atormenta e submete às suas sombras espessas.
A quantidade expressiva de atemorizados trabalha a qualidade do receio de
cada um, que cresce assustadoramente, comprimindo a personalidade, até que
esta se libere em desregramento agressivo, como forma de escapar à
constrição.
Quem, porém, não consiga seguir a correnteza da nova ordem, fica afogado
no rio volumoso, perde o respeito por si mesmo, aliena-se e sucumbe.
Na luta furiosa, as festas ruidosas, as extravagâncias de conduta, os
desperdícios de moedas e o exibicionismo com que algumas pessoas pensam
vencer os medos íntimos, apenas se transformam em lâminas baças de vidro
pelas quais observam a vida sempre distorcida, face à óptica incorreta que se
permitem. São atitudes patológicas decorrentes da fragilidade emocional para
enfrentar os desafios externos e internos.
A consumação da sociedade moderna é a história da desídia do homem em
si mesmo, enlanguescido pelos excessos ou esfogueado pelos desejos
absurdos.
Adaptando-se às sombras dominadoras da insensatez, neglicencia o
sentido ético gerador da paz.
A anarquia então impera, numa volúpia destrutiva, tentando apagar as
memórias do ontem, enquanto implanta a tirania do desconcerto.
Os seus vultos expressivos são imaturos e alucinados, em cuja rebelião
16
pairam o oportunismo e a avidez.
Procedentes dos guetos morais, querem reverter a ordem que os apavora,
revolucionando com atrevimento, face ao insólito, o comportamento vigente.
Os antigos ídolos, que condenaram a década de 20 e 30 como a da
“geração perdida”, produziram a atual “era da insegurança”, na qual
malograram as profecias exageradamente otimistas dos apaniguados do prazer
em exaustão, fabricando os super-homens da mídia que, em análise última,
são mais frágeis do que os seus adoradores, pois que não passam de heróis
da frustração.
Guindados às posições de liderança, descambaram, esses novos
condutores, em lamentáveis desditas, consumidos pelas drogas, vencidos
pelas enfermidades ainda não controladas, pelos suicídios discretos ou
espetaculares.
A alucinação generalizada certamente aumenta o medo nos temperamentos
frágeis, nas constituições emocionais de pouca resistência, de começo, no
indivíduo, depois, na sociedade.
Esta é uma sociedade amedrontada.
As gerações anteriores também cultivaram os seus medos de origem
atávica e de receios ocasionais.
O excesso de tecnicismo com a correspondente ausência de solidariedade
humana produziram a avalanche dos receios.
A superpopulação tomando os espaços e a tecnologia reduzindo as
distâncias arrebataram a fictícia segurança individual, que os grupos passaram
a controlar, e as conseqüências da insânia que cresce são imprevistas.
Urge uma revisão de conceitos, uma mudança de conduta, um reestudo da
coragem para a imediata aplicação no organismo social e individual necrosado.
Todavia, é no cerne do ser — o Espírito — que se encontram as causas
matrizes desse inimigo rude da vida, que é o medo.
Os fenômenos fóbicos procedem das experiências passadas —
reencarnações fracassadas —, nas quais a culpa não foi liberada, face ao
crime haver permanecido oculto, ou dissimulado, ou não justiçado,
transferindo-se a consciência faltosa para posterior regularização.
Ocorrências de grande impacto negativo, pavores, urdi-duras perversas,
homicídios programados com requintes de crueldade, traições infames sob
disfarces de sorrisos produziram a atual consciência de culpa, de que padecem
muitos atemorizados de hoje, no inter-relacionamento pessoal.
Outrossim, catalépticos sepultados vivos, que despertaram na tumba e
vieram a falecer depois, por falta de oxigênio, reencarnam-se vitimados pelas
profundas claustrofobias, vivendo em precárias condições de sanidade mental.
O medo é fator dissolvente na organização psíquica do homem,
predispondo-o, por somatização, a enfermidades diversas que aguardam
correta diagnose e específica terapêutica.
À medida que a consciência se expande e o indivíduo se abriga na fé
religiosa racional, na certeza da sua imortalidade, ele se liberta, se agiganta,
recupera a identidade e humaniza-se definitivamente, vencendo o medo e os
seus sequazes, sejam de ontem ou de agora.

O Homem Integral
Divaldo/Joana de Angelis

A ansiedade


Não se deixando vitimar pela rotina, o homem tende, às vezes, a assumir
um comportamento ansioso que o desgasta, dando origem a processos
enfermiços que o consomem.
A ansiedade é uma das características mais habituais da conduta
contemporânea.
Impulsionado ao competitivismo da sobrevivência e esmagado pelos fatores
constringentes de uma sociedade eticamente egoísta, predomina a
insegurança no mundo emocional das criaturas.
As constantes alterações da Bolsa de Valores, a compressão dos gastos, a
correria pela aquisição de recursos e a disputa de cargos e funções bem
remunerados geram, de um lado, a insegurança individual e coletiva. Por outro,
as ameaças de guerras constantes, a prepotência de governos inescrupulosos
e chefes de atividades arbitrários quão ditadores; os anúncios e estardalhaços
sobre enfermidades devastadoras; os comunicados sobre os danos
perpetrados contra a ecologia prenunciando tragédias iminentes; a catalogação
de crimes e violências aterradoras respondem pela inquietação e pelo medo
que grassam em todos os meios sociais, como constante ameaça contra o ser
e o seu grupo, levando-os a permanente ansiedade que deflui das incertezas
da vida.
Passando, de uma aparente segurança, que era concedida pelos padrões
individualistas do século 19, no apogeu da industrialização, para o período
eletrônico, a robotização ameaça milhões de empregados, que temem a perda
de suas atividades remuneradas, ao tempo em que o coletivismo, igualando os
homens nas aparências sociais, nos costumes e nos hábitos, alija os estímulos
de luta, neles instalando a incerteza, a necessidade de encontrar-se sempre na
expectativa de notícias funestas, desagradáveis, perturbadoras.
Esvaziados de idealismo e comprimidos no sistema em que todos fazem a
mesma coisa, assumem iguais composturas, passando de uma para outra
pauta de compromisso com ansiedade crescente.
A preocupação de parecer triunfador, de responder de forma semelhante
aos demais, de ser bem recebido e considerado é responsável pela
desumanização do indivíduo, que se torna um elemento complementar no
grupamento social, sem identidade, nem individualidade.
Tendo como modelo personalidades extravagantes, que ditam modas e
comportamento exóticos, ou liderado por ídolos da violência, como da astúcia
dourada, o descobrimento dos limites pessoais gera inquietação e conflitos que
mal disfarçam a contínua ansiedade humana.
A ansiedade tem manifestações e limites naturais, perfeitamente aceitáveis.
Quando se aguarda uma notícia, uma presença, uma resposta, uma
conclusão, é perfeitamente compreensível uma atitude de equilibrada
expectativa.
Ao extrapolar para os distúrbios respiratórios, o colapso periférico, a
sudorese, a perturbação gástrica, a insônia, o clima de ansiedade torna-se um
estado patológico a caminho da somatização física em graves danos para a
vida.
O grande desafio contemporâneo para o homem é o seu
autodescobrimento.
13
Não apenas identificação das suas necessidades, mas, principalmente, da
sua realidade emocional, das suas aspirações legítimas e reações diante das
ocorrências do cotidiano.
Mediante o aprofundamento das descobertas íntimas, altera-se a escala de
valores e surgem novos significados para a sua luta, que contribuem para a
tranqüilidade e a autoconfiança.
Não há, em realidade, segurança enquanto se transita no corpo físico.
A organização mais saudável durante um período, debilita-se em outro,
assim como os melhores equipamentos orgânicos e psíquicos sofrem natural
desgaste e consumição, dando lugar às enfermidades e à morte, que também
é fenômeno da vida.
A ansiedade trabalha contra a estabilidade do corpo e da emoção.
A análise cuidadosa da existência planetária e das suas finalidades
proporciona a vivência salutar da oportunidade orgânica, sem o apego mórbido
ao corpo nem o medo de perdê-lo.
Os ideais espiritualistas, o conhecimento da sobrevivência à morte física
tranqüilizam o homem, fazendo que considere a transitoriedade do corpo e a
perenidade da vida, da qual ninguém se eximirá.
Apegado aos conflitos da competição humana ou deixando-se vencer pela
acomodação, o homem desvia-se da finalidade essencial da existência terrena,
que se resume na aplicação do tempo para a aquisição dos recursos eternos,
propiciadores da beleza, da paz, da perfeição.
O pandemônio gerado pelo excesso de tecnologia e de conforto material
nas chamadas classes superiores, com absoluta indiferença pela humanidade
dos guetos e favelas, em promiscuidade assustadora, revela a falência da
cultura e da ética estribada no imediatismo materialista com o seu arrogante
desprezo pelo espiritualismo.
Certamente, ao fanatismo e proibição espiritualista de caráter medieval, que
ocultavam as feridas morais dos homens, sob o disfarce da hipocrisia, o
surgimento avassalador da onda de cinismo materialista seria inevitável. No
entanto, o abuso da falsa cultura desnaturada, que pretendeu solucionar os
problemas humanos de profundidade como reparava os desajustes das
engrenagens das máquinas que construiu, resultou na correria alucinada para
lugar nenhum e pela conquista de coisas mortas, incapazes de minimizar a
saudade, de preencher a solidão, de acalmar a ansiedade, de evitar a dor, a
doença e a morte...
Magnatas, embora triunfantes, proíbem que se pronuncie o nome da morte
diante deles.
Capitães de monopólios recusam-se a sair à rua, para evitarem contágio de
enfermidades, e alguns impõem, para viver, ambientes assepsiados, tentando
driblar o processo de degeneração celular.
Ases da beleza cercam-se de jovens, receando a velhice, e utilizam-se de
estimulantes para preservarem o corpo, aplicando-se massagens, exercícios,
cirurgias plásticas, musculação e, não obstante, acompanham a degeneração
física e mental, ansiosos, desventurados.
Propalando-se que as conquistas morais fazem parte das instituições
vencidas — matrimônio, família, lar — os apaniguados da loucura crêem que
aplicam, na velha doença das proibições passadas, uma terapêutica ideal. E
olvidam-se que o exagero de medicamento utilizado em uma doença, gera
danos maiores do que aqueles que eram sofridos.
A sociedade atual sofre a terapia desordenada que usou na enfermidade
antiga do homem, que ora se revela mais debilitado do que antes.
São válidas, para este momento de ansiedade, de insatisfação, de
tormento, as lições do Cristo sobre o amor ao próximo, a solidariedade
fraternal, a compaixão, ao lado da oração, geradora de energias otimistas e da
fé, propiciadora de equilíbrio e paz, para uma vida realmente feliz, que baste ao
homem conforme se apresente, sem as disputas conflitantes do passado, nem
a acomodação coletivista do presente.

O Homem Integral
Divaldo/Joana de angelis

A rotina


A natural transformação social, decorrente dos efeitos da ciência aliada à
tecnologia a partir do século 19, impôs que o individualismo competitivo pós
renascentista cedesse lugar ao coletivismo industrial e comunitário da
atualidade.
A cisão decorrente do pensamento cartesiano, na dicotomia do corpo e da
alma, ensejou uma radical mudança nos hábitos da sociedade, dando
surgimento a uma série de conflitos que irrompem na personalidade humana e
conduzem a alienações perturbadoras.
Antes, os tabus e as superstições geravam comportamentos extravagantes,
e a falsa moral mascarava os erros que se tornavam fatores de desagregação
da personalidade, a serviço da hipocrisia refinada.
A mudança de hábitos, no entanto, se liberou o homem de algumas fobias e
mecanismos de evasão perniciosos, impôs outros padrões comportamentais de
massificação, nos quais surgem novos ídolos e mitos devoradores, que respondem
por equivalentes fenômenos de desequilíbrio.
Houve troca de conduta, mas não de renovação saudável na forma de
encarar-se a vida e de vivê-la.
De um lado, a ciência em constante progresso, não se fazendo acompanhar
por um correspondente desenvolvimento ético-espiritual, candidata-se a
conduzir o homem ao milismo, ao conceito de aniquilamento.
Noutro sentido, o contubérnio subjacente, apresenta um elenco exasperador
de áreas conflitantes nas guerras e ameaças de guerras que se sucedem, nas
variações da economia, nos volumosos bolsões de miséria de vária ordem,
empurrando o homem para a ansiedade, a insegurança, a suspeição
contumaz, a violência.
A fim de fugir à luta desigual — o homem contra a máquina — os
mecanismos responsáveis pela segurança emocional levam o indivíduo, que
não se encoraja ao competitivismo doentio, à acomodação, igualmente
enferma, como forma de sobrevivência no báratro em que se encontra,
receando ser vencido, esmagado ou consumido pela massa crescente ou pelo
desespero avassalador.
Estabelece algumas poucas metas, que conquista com relativa facilidade,
passando a uma existência rotineira e neurotizante, que culmina por matar-lhe
o entusiasmo de viver, os estímulos para enfrentar desafios novos.
Rotina é como ferrugem na engrenagem de preciosa maquinaria, que a
corrói e arrebenta.
Disfarçada como segurança, emperra o carro do progresso social e
automatiza a mente, que cede o campo do raciocínio ao mesmismo cansador,
deprimente.
O homem repete a ação de ontem com igual intensidade hoje; trabalha no
mesmo labor e recompõe idênticos passos; mantém as mesmas
desinteressantes conversações: retorna ao lar ou busca os repetidos
espairecimentos: bar, clube, televisão, jornal, sexo, com frenético receio da
solidão, até alcançar a aposentadoria.. - Nesse ínterim, realiza férias programadas,
visita lugares que o desagradam, porém reúne-se a outros grupos
igualmente tediosos e, quando chega ao denominado período do gozorepouso,
deixa-se arrastar pela inutilidade agradável, vitimado por problemas
10
cardíacos, que resultam das pressões largamente sustentadas ou por neuroses
que a monotonia engendra.
O homem é um mamífero biossocial, construído para experiências e
iniciativas constantes, renovadoras.
A sua vida é resultado de bilhões de anos de transformações celulares, sob
o comando do Espírito, que elaborou equipamentos orgânicos e psíquicos para
as respostas evolutivas que a futura perfeição lhe exige.
O trabalho constitui-lhe estímulo aos valores que lhe dormem latentes,
aguardando despertamento, ampliação, desdobramento.
Deixando que esse potencial permaneça inativo por indolência ou rotina, a
frustração emocional entorpece os sentimentos do ser ou leva-o à violência, ao
crime, como processo de libertação da masmorra que ele mesmo construiu,
nela encarcerando-se.
Subitamente, qual correnteza contida que arrebenta a barragem, rompe os
limites do habitual e dá vazão aos conflitos, aos instintos agressivos, tombando
em processos alucinados de desequilíbrios e choque.
Nesse sentido, os suportes morais e espirituais contribuem para a mudança
da rotina, abrindo espaços mentais e emocionais para o idealismo do amor ao
próximo, da solidariedade, dos serviços de enobrecimento humano.
O homem se deve renovar incessantemente, alterando para melhor os
hábitos e atividades, motivando-se para o aprimoramento íntimo, com
conseqüente movimentação das forças que fomentam o progresso pessoal e
comunitário, a benefício da sociedade em geral.
Face a esse esforço e empenho, o homem interior sobrepõe-se ao exterior,
social, trabalhado pelos atavismos das repressões e castrações, propondo
conceitos mais dignos de convivência humana, em consonância com as
ambições espirituais que lhe passam a comandar as disposições íntimas.
O excesso de tecnologia, que aparentemente resolveria os problemas
humanos, engendrou novos dramas e conflitos comportamentais, na rotina
degradante, que necessitam ser reexaminados para posterior correção.
O individualismo, que deu ênfase ao enganoso conceito do homem de ferro
e da mulher boneca, objeto de luxo e de inutilidade, cedeu lugar ao coletivismo
consumista, sem identidade, em que os valores obedecem a novos padrões de
crítica e de aceitação para os triunfos imediatos sob os altos preços da
destruição do indivíduo como pessoa racional e livre.
A liberdade custa um alto preço e deve ser conquistada na grande luta que
se trava no cotidiano.
Liberdade de ser e atuar, de ter respeitados os seus valores e opções de
discernir e aplicar, considerando, naturalmente, os códigos éticos e sociais,
sem a submissão acomodada e indiferente aos padrões de conveniência dos
grupos dominantes.
A escala de interesses, apequenando o homem, brinda-o com prêmios que
foram estabelecidos pelo sistema desumano, sem participação do indivíduo
como célula viva e pensante do conjunto geral.
Como profilaxia e terapêutica eficaz, existem os desafios propostos por
Jesus, que são de grande utilidade, induzindo a criatura a dar passos mais
largos e audaciosos do que aqueles que levam na direção dos breves objetivos
da existência apenas material.
A desenvoltura das propostas evangélicas facilita a ruptura da rotina, dando
saudável dinâmica para uma vida integral em favor do homem-espírito eterno e
1não apenas da máquina humana pensante a caminho do túmulo, da
dissolução, do esquecimento.

Livro: O Homem Integral
Divaldo/Joana de Angelis

DOENÇAS DA ALMA

DOENÇAS DA ALMA
O ser psicológico é o perfeito reflexo da sua realidade plena. Sendo
Espírito imortal, conduz o seu patrimônio evolutivo — resultado das
experiências ancestrais — que se encarrega de modelar os conteúdos
delicados da sua personalidade, elaborando processos de harmonia ou
desequilíbrio que resultam dos condicionamentos armazenados no psiquismo
profundo.
Arquiteto da própria vida, em cada realização elabora, conscientemente ou
não, os moldes que se lhe constituirão mecanismos hábeis para a
movimentação nos novos investimentos.
Elaborado pela energia inteligente, que o torna especial no complexo
campo das vibrações que se agitam no Universo, o direcionamento que resulte
da arte e ciência de pensar responderá pela formação das estruturas
psicológicas e físicas, psíquicas e orgânicas com as quais se haverá nos
empreendimentos futuros.
Conforme pensa, constrói os delicados e sutis implementos que se
transformarão em força atuante no mundo das formas. Ao mesmo tempo,
exterioriza ondas específicas que se imprimem nos painéis mentais, aí
insculpindo os processos psíquicos que comandarão as futuras atividades.
Em razão disso, quando as elaborações mentais não possuem carga
superior de energia, elaborando imagens perniciosas e inferiores, plasmam-se
nos refolhos íntimos as estruturas que irão delinear a conduta, ensejando
harmonia ou abrindo espaço para a instalação de psicopatologias variadas, que
se imprimirão nas engrenagens do conglomerado genético, definidor, de certo
modo, graças ao perispírito, da futura estrutura do indivíduo.
As enfermidades da alma, portanto, procedem de condutas atuais como
de anteriores, a que se permitiu o Espírito, engendrando as emanações
morbíficas, que ora se convertem em distúrbio de natureza complexa, e que
passam a exigir terapia conveniente quão cuidadosa.
O ser jamais se evade de si mesmo, do Eu interior, que sobrevive à
decomposição cadavérica e é responsável por todas as ocorrências
existenciais, face à sua causalidade e à sua destinação, que tem caráter
eterno.
Assim sendo, é totalmente decepcionante uma análise do indivíduo
somente sob o ponto de vista orgânico, por mais respeitável seja a Escola de
pensamento que se atenha a esse estudo.
A hereditariedade e os implementos psicossociais, sócio-econômicos, os
fatores perinatais e outros são insuficientes para abarcar a realidade do ser
humano em toda a sua complexidade.
A alma transcende as emanações neuronais, possuindo uma realidade
que resiste à disjunção cerebral e por essa razão, podendo pensar sem os
seus equipamentos supersensíveis, embora esses não consigam elaborar o
pensamento sem a sua presença.
Felizmente, a antiga presunção organicista vem cedendo lugar a
concepções mais compatíveis com a realidade, deixando à margem a
imposição acadêmica ancestral, para se firmar no testemunho dos fatos inequívocos
da experimentação contemporânea.
Nessa investigação, séria e nobre, em torno do ser tridimensional: Espírito,
113
perispírito e matéria, se pode encontrar a psicogênese das enfermidades da
alma, como também defrontar as patogêneses que assinalam a criatura
humana no seu transcurso evolutivo.
O ser profundo, autor de todos os acontecimentos em sua volta, é o
Espírito, seja qual for o nome que se lhe atribua.

Amor Imbatível Amor
Divaldo/ Joana de Angelis.

QUEDA E ASCENSÃO PSICOLÓGICA

QUEDA E ASCENSÃO PSICOLÓGICA
Na base de inúmeras perturbações emocionais são encontradas a culpa e
a vergonha. A culpa procede de uma peculiar sensação de estar-se realizando
algo que está errado e de como esse comportamento afeta as demais pessoas.
Esse sentimento proporciona uma correlação entre a capacidade de agir
correta ou erradamente. O ato de haver-se equivocado, sem uma estrutura
equilibrada do ego em relação ao corpo, produz uma distonia que gera
sentimentos profundos de amargura e desajuste emocional.
Ao livre-arbítrio cabe o mister de examinar e discernir o que se deve e se
pode fazer, daquilo que se pode mas não se deve, ou se deve, porém não se
pode realizar. Ao errar, atormenta-se todo aquele que não possui resistências
psicológicas para considerar a própria fragilidade, dispondo-se a novo
cometimento reparador.
Quando o ego é saudável, enfrenta a situação do erro com naturalidade,
porque compreende que os conceitos certo e errado são abstratos, cabendolhe
discernir o que é de melhores resultados para si e para os outros, portanto,
permitindo-se o direito de errar e impondo-se o dever de corrigir.
Qualquer relacionamento humano é estabelecido dentro das diretrizes do
prazer e das compensações emocionais que proporciona. Quando a culpa se
apresenta, essa estrutura se fraciona, alterando a conduta do indivíduo. No
sentimento de culpa apresenta-se um elemento conflitivo que é o
ressentimento daquele que erra em relação ao outro a quem feriu, facultando,
não raro, uma situação recíproca.
Nos relacionamentos afetivos próximos, o sentimento de culpa é
devastador, porque gera ambivalência de conduta: um pai ou mãe que se
comporta sob sentimento de culpa em relação a um filho, mantém
ressentimento desse filho que, por sua vez, responde com o mesmo
sentimento em relação ao genitor, e culpa-se por essa atitude, que lhe parece
incorreta.
Esse tormento alastra-se no campo emocional, tornando a situação cada
vez mais embaraçosa, porque a culpa faz-se maior.
Invariavelmente, no ódio, no ressentimento, no ciúme, o paciente se sente
aprisionado no agente da sua reação, por sentimento de culpa, que procura
dissimular através de acusações contínuas em relação ao outro.
Quando se está sujeito a um julgamento moral, o conceito emocional que
envolve a culpa apresenta-se. Quando esse julgamento é oposto, portanto,
negativo, a culpa toma vulto. Por outro lado, se é positivo, tem-se a sensação
de encontrar-se sempre certo, o que é pe
rigoso, já que o erro faz parte do processo de aprendizagem e de crescimento
intelectual e moral. E graças ao conhecimento que esse sentimento se
desenvolve.
Desde a infância, o ser é orientado a descobrir o que é certo e o que é
errado, de forma que possa sempre agir acertadamente, assim amadurecendo
os conceitos morais, conforme o bem ou o mal que deles decorram em relação
a si mesmo como ao seu próximo.
Obrigada a participar do drama da vida, a criança é induzida a agir de
forma sempre correta, conforme o padrão do seu meio ambiente, os valores
éticos, as pressões existentes. Será esse comportamento que dará lugar ao
84
senso de responsabilidade. Entretanto, a ação da responsabilidade pode darse
sem se fazer acompanhar do sentimento de culpa, somente porque se haja
equivocado, considerando-se as imensas possibilidades de recuperação.
Toda vez que alguém com sentimento de culpa julga a própria conduta, se
constata que os seus sentimentos se apresentam negativos, prejudiciais, sente
vergonha dos mesmos e procura suprimi-los, amargurando-se por estar a
vivenciá-los, mesmo que sem consciência, autocondenando-se.
Com o acúmulo de conflitos e o represamento dos sentimentos, perde a
capacidade de discernimento para saber como agir com correção.
Nesse estado a auto-aceitação desaparece, dando lugar à repulsa por si
mesmo, abrindo espaço para a tristeza, o medo e outros sentimentos
perceptuais, que são identificados pelo ego.
A vergonha, de algum modo, está mais vinculada às funções do corpo, quando
não decorre dos atos morais. A herança antropológica permanece com
destaque em muitas funções orgânicas, tais a alimentação e a eliminação, a
aparência física, os movimentos... Normalmente são associados à conduta
animal, quando grotescos ou vulgares.
Torna-se indispensável que a educação contribua com orientação
adequada, de modo a definir-se um comportamento saudável, que evite as
associações depreciativas.
Não obstante, a sociedade não se estruturaria, se não existissem esses
sentimentos de culpa e de vergonha que, de alguma forma, funcionam como
árbitro de muitas ações, contribuindo para o despertar do discernimento.

Amor Imbatível Amor
Divaldo/Joana de Angelis

COMPORTAMENTOS AUTODESTRUTIVOS

COMPORTAMENTOS AUTODESTRUTIVOS
A falta de iniciativa e o medo constituem fatores relevantes para a
instalação dos comportamentos autodestrutivos, decorrência natural da
insegurança pessoal e da hostilidade social presente na competitividade da
sobrevivência humana.
Conflitos autopunitivos da consciência de culpa não superados
apresentam-se de forma patológica, contribuindo para a ausência de autoestima
e compulsão auto-exterminadora. Nem sempre porém, assumem a
tendência para o suicídio direto, manifestando-se, entretanto, de maneira
mascarada, como desinteresse pela existência, ausência de objetivos para
lutar, atitudes pessimistas...
Noutras ocasiões, a freqüente ingestão das vibrações perniciosas do mau
humor, do ressentimento, da rebeldia sistemática, do ódio, do ciúme
desenvolvem transtornos psíquicos que terminam por desarmonizar as células,
comprometer os órgãos e conduzir à morte.
Diversas enfermidades têm causalidade psicossomática, que culminam em
verdadeiros desastres orgânicos.
Na raiz de toda doença há sempre componentes psíquicos ou espirituais,
que são heranças decorrentes da Lei de causa e efeito, procedentes de vidas
transatas, que imprimiram nos genes os fatores propiciadores para a instalação
dos distúrbios na área da saúde.
A vida moderna, geradora de estresses e angústias, por sua vez também
desencadeia mecanismos de ansiedade e de fobias várias, que desgastam os
núcleos do equilíbrio psicológico com lamentáveis disfunções dos
equipamentos físicos.
As pressões contínuas que decorrem do trabalho, dos compromissos
sociais, das necessidades econômicas, da tensão emocional e dos impositivos
psíquicos, desestabilizam o ser humano, que se torna vítima fácil de falsas
necessidades de fugas, como recurso de buscar a paz, engendrando
comportamentos autodestrutivos.
Desequipado psicologicamente para os enfrentamentos incessantes e
sentindo-se incapaz para acompanhar e absorver o desenvolvimento
tecnológico e toda a parafernália dos divertimentos que induzem ao
consumismo rigoroso e insensato, o indivíduo de temperamento tímido
perturba-se, desistindo de prosseguir, ou se engaja na loucura generalizada,
auto-destruindo-se igualmente através da excitação e da insatisfação, da
competitividade com os seus intervalos de fastio e amargura, buscando, nos
alcoólicos, no tabaco, no sexo e nas drogas os estímulos e as compensações
para substituírem o cansaço, o tédio e a saturação diante do que já haja
conseguido.
A velocidade que assinala os acontecimentos hodiernos supera as suas
resistências emocionais, e deixa-se conduzir, a princípio, sem dar-se conta do
excesso da carga psíquica, para depois automatizar-se, sem reservar-se
períodos para o auto-refazimento, para a renovação, para o encontro consigo
mesmo e uma análise tranqüila das metas em desenvolvimento, elaborando e
seguindo uma escala de valores legítimos, a fim de não consumir as horas e as
forças nas buscas impostas pelo contexto social, no qual se encontra, e que
não lhe correspondem às aspirações íntimas.
81
A existência terrena é portadora de valiosa contribuição ética, estética,
intelectual, espiritual, e não somente dos impositivos materiais e das
satisfações ligeiras do ego sem a compensação do Self.
São muitos os mecanismos que levam à autodestruição, dentre os quais, a
fadiga pelo adquirir e poder acompanhar tudo; estar envolvido nas armadilhas
criadas pelo mercado devorador que desencadeia inquietação; a quantidade de
propostas perturbadoras pela mídia, que aturde; o excesso de ruídos em toda
parte, que desorienta, e a superpoluição nos centros urbanos, que desenvolve
os instintos violentos e agressivos, eliminando quase as possibilidades para a
aquisição da beleza, do entesouramento da paz, de ensanchas de autorealização.
O ser humano é a medida das suas aspirações e conquistas, sem o que a
mediocridade o vence.
Cada meta desenvolvida propicia a compensação da vitória e o estímulo
para novas realizações. Quando isso não ocorre, os insucessos mal
interpretados levam-no à desarmonia, da qual procedem os fatores inibidores
para novos tentames com a desistência do esforço e a perda da capacidade
para recomeçar.
É justo não se desfalecer jamais. Toda ascensão impõe sacrifício, toda
libertação resulta de esforço.
A ruptura das algemas psicológicas responsáveis pelo desprezo de si
mesmo, pelo acabrunhamento e autonegação torna-se de urgência, a fim de
favorecer a visão clara da realidade e os meios hábeis para bem vivê-la.
Cada momento propicia renascimento, quando se está vigilante para fazêlo.
Na impossibilidade de mudar-se a vida moderna, melhor explicando, os
fatores negativos que conduzem aos conflitos — desde que existem valiosos
contributos para a sua valorização, aquisição do seu significado, crescimento
interior e progresso individual como geral
— cumpre se criem condições próprias para enfrentá-la, se elaborem
programas pessoais para a auto-realização e bem-estar, não se deixando
atormentar com as imposições secundárias, desde que percam o significado de
que desfrutam...
Exercícios físicos e rítmicos — natação, caminhada, ciclismo, de acordo
com a eleição de cada qual —, ao lado de exercícios mentais — boa leitura,
música inspiradora, conversações instrutivas, relacionamentos estimulantes,
orações, meditação, ajuda ao próximo — são excelentes terapias para a
redescoberta do significado existencial e da vida, aceitando sem estresse as
imposições contemporâneas, decorrentes do processo da evolução científicotecnológica.
A existência enriquecida de ideais deve ser utilizada mediante os diversos
recursos hodiernos para transformar o tumulto em harmonia, a doença em
saúde e a tendência à autodestruição em prolongamento da vida sob a égide
do amor que a tudo deve comandar, inspirar e vencer.
Face à sua presença e vitalidade, o mundo se modifica e o ser se liberta,
plenificando-se.