05 - O CAMINHO DO REINO
Na tosca residência de Arão, o curtidor, dizia Jesus a Zacarias, dono de extensos vinhedos
em Jericó:
- O Reino de Deus será, por fim, a vitória do bem, no domínio dos homens!... O Sol cobrirá o
mundo por manto de alegria luminosa, guardando a paz triunfante. Os filhos de todos os
povos andarão vinculados uns aos outros, através do apoio mútuo. As guerras terão
desaparecido, arredadas da memória, quais pesadelos que o dia relega aos princípios da
noite!... Ninguém se lembrará de exigir o supérfluo e nem se esquecerá de prover os
semelhantes do necessário, quando o necessário se lhes faça preciso. A seara de um
lavrador produzirá o bastante para o lavrador que não conseguiu as oportunidades da
sementeira e o teto de um irmão erguer-se-á igualmente como refúgio do peregrino sequioso
de afeto, sem que a idéia do mal lhes visite a cabeça... A viuvez e a orfandade nunca mais
derramarão sequer ligeira lágrima de sofrimento, porquanto a morte nada mais será que
antecâmara da união no amor perpétuo que clareia o sem-fim. Os enfermos, por mais
aparentemente desvalidos, acharão leito repousante, e as moléstias do corpo deixarão de
ser monstros que espreitam a moradia terrestre, para significarem simplesmente notícias
breves das leis naturais no arcabouço das formas. O trabalho não será motivo de cativeiro e
sim privilégio sagrado da inteligência. A felicidade e o poder não marcarão o lugar dos que
retenham ouro e púrpura, mas o coração daqueles que mais se empenham no doce
contentamento de entender e servir. O lar não se erigirá em cadinho de provação, porque
brilhará incessantemente por ninho de bênçãos, em cujo aconchego palpitarão as almas
felizes que se encontram para bendizer a confiança e a ternura sem mácula. O homem
sentir-se-á responsável pela tranqüilidade comum, nos moldes da reta consciência,
transfigurando a ação edificante em norma de cada dia; a mulher será respeitada, na
condição de mãe e companheira, a que devemos, originariamente, todas as esperanças e
regozijos que desabrocham na Terra, e as crianças serão consideradas por depósitos de
Deus!... A dor de alguém será repartida, qual transitória sombra entre todos, tanto quanto o
júbilo de alguém se espalhará, na senda de todos, recordando a beleza do clarão estelar... A
inveja e o egoísmo não mais subsistirão, visto que ninguém desejará para os outros aquilo
que não aguarda em favor de si mesmo! Fontes deslizarão entre jardins, e frutos
substanciosos penderão nas estradas, oferecendo-se à fome do viajor, sem pedir-lhe nada
mais que uma prece de gratidão à bondade do Pai, de vez que todas as criaturas alentarão
consigo o anseio de construir o Céu na Terra que o todo misericordioso lhes entregou!...
Deteve-se Jesus contemplando a turba que o aplaudia, frenética, minutos depois da sua
entrada em Jerusalém para as celebrações da Páscoa, e, notando que os israelitas se
diferençavam entre si, a revelarem particularidades das regiões diversas de que procediam
acentuou:
- Quando atingirmos, coletivamente, o Reino dos Céus, ninguém mais nascerá sob qualquer
sinal de separação ou discórdia, porque a Humanidade se regerá pelos ideais e interesses
de um mundo só!...
Enlevado, Zacarias fitou-o com ansiosa expectação e ponderou com respeito:
- Senhor, vim de Jericó para o culto às tradições de nossos antepassados; todavia, acima de
tudo, aspirava a encontrar-te e ouvir-te... Envelheci, arando a gleba e sonhando com a paz!...
Tenho vivido nos princípios de Moisés; no entanto, do fundo de minha alma, quero chegar ao
Reino de Deus do qual te fazes mensageiro nos tempos novos!... Mestre! Mestre!... Para
buscar-te percorri a trilha de minha estância até aqui, passo a passo... De vila em vila, de
casa em casa, um caminho existe, claro, determinado... Qual é, porém, Senhor, o Caminho
para o Reino de Deus?
- A estrada para o Reino de Deus é uma longa subida... – começou Jesus, explicando.
Eis, contudo, que filas de manifestantes penetraram o recinto, interrompendo-lhe a frase e
arrebatando-o à praça fronteiriça, recoberta de flores.
* * *
Zacarias, em êxtase, demandou o sítio de parentes, no vale de Hinom, demorando-se por
dois dias em comentários entusiastas, ao redor das promessas e ensinos do Cristo, mas, de
retorno à cidade, não surpreende outro quadro que não seja a multidão desvairada e
agressiva...
Não mais a glorificação, não mais a festa. Diante do ajuntamento, o Mestre, em pessoa, não
mais querido. Aqueles mesmos que o haviam honorificado em cânticos de louvor apupavamno
agora com requintes de injúria.
O velho de Jericó, translúcido de espanto, viu que o Amado Amigo, cambaleante e suarento,
arrastava a cruz dos malfeitores... Ansiou abraçá-lo e esgueirou-se, dificilmente, suportando
empuxões e zombarias do populacho... Rente ao madeiro, notou que um grupo de mulheres
chorosas abrigava o Mestre a parada imprevista e, antecedendo-se-lhes à palavra, ajoelhouse
diante dele e clamou:
- Senhor!... Senhor!...
Jesus retirou do lenho a destra ferida, afagou-lhe, por instantes, os cabelos que o tempo
alvejara, lembrando o linho quando a estriga descansa junto da roca, e falou, humilde:
- Sim, Zacarias, os que quiserem alcançar o Reino de Deus subirão ladeira escabrosa...
Em seguida, denotou a atenção de quem escutava os insultos que lhe eram endereçados...
Finda a pausa ligeira, apontou para o amigo, com um gesto, a poeira e o pedregulho que se
avantajavam à frente e, como a recordar-lhe a pergunta que deixara sem resposta, afirmou
com voz firme:
- Para a conquista do Reino de Deus, este é o caminho...
Caros amigos leitores , gostaríamos, na medida do possível ,contar com a interação de todos ,através de comentários , tornando se seguidores deste blog divulgando para seus conhecidos ,para que assim possamos estudar e aprendermos juntos , solidários e fraternos. Inscrevam-se no blog!
quarta-feira, 8 de agosto de 2012
LIÇÃO DAS TREVAS do Livro Cartas e Crônicas
LIÇÃO DAS TREVAS
No vale das trevas, delirava a legião de Espíritos infelizes.
Rixas, obscenidades, doestos, baldões.
Planejavam-se assaltos, maquinavam-se crimes.
O Espírito Benfeitor penetrou a caverna, apaziguando e abençoando.
Aqui, abraçava um desventurado, apartando-o da malta, de modo a entregá-lo, mais tarde, a
equipes socorristas; mais adiante, aliviava com suave magnetismo a cabeça atormentada de
entidades em desvario.
O serviço assistencial seguia difícil, quando enfurecido mandante da crueldade, ao descobrilo,
se aquietou em súbita acalmia e, impondo respeitosa serenidade a chusma de loucos,
declinou-lhe a nobre condição. Que os companheiros rebelados se acomodassem, deixando
livre passagem àquele que reconhecia por missionário do bem.
- Conheces-me? - interrogou o recém-chegado, entra espantado e agradecido.
- Sim - disse o rude empreiteiro da sombra -, eu era um doente na Terra e curaste meu corpo
que a moléstia desfigurava.
Lembro-me perfeitamente de teu cuidado ao lavar-me as feridas.
Os circunstantes entraram na conversação de improviso e um deles, de dura carranca,
apontou o visitador e clamou para o amigo:
Que mais te fez este homem no mundo para que sejamos forçados à deferência?
Deu-me teto e agasalho.
Outro inquiriu:
Que mais?
Supriu minha casa de pão e roupa, libertando-nos, a mim e a família, da nudez e da fome.
Outro ainda perguntou com ironia:
Mais nada?
Muitas vezes, dividia comigo o que trazia na bolsa, entregando-me abençoado dinheiro para
que a penúria não me arrasasse.
Estabelecido o silêncio, o Espírito Benfeitor, encorajado pelo que ouvia, indagou com
humildade:
Meu irmão, nada fiz senão cumprir o dever que a fraternidade me impunha; entretanto, se te
mostras tão generoso para comigo, em tuas manifestações de reconhecimento e de amor
que reconheço não merecer, porque te entregas, assim, à obsessão e à delinqüência?! .
O interpelado pareceu sensibilizar-se, meneou tristemente a cabeça e explicou:
Em verdade, és bom e amparaste a minha vida, mas não me ensinaste a viver!
Espíritas, irmãos!
Cultivemos a divulgação da Doutrina Renovadora que nos esclarece e reúne!
Com o pão do corpo, estendamos a luz da alma que nos habilite a aprender e compreender,
raciocinar e servir.
Chico Xavier / Irmão X
No vale das trevas, delirava a legião de Espíritos infelizes.
Rixas, obscenidades, doestos, baldões.
Planejavam-se assaltos, maquinavam-se crimes.
O Espírito Benfeitor penetrou a caverna, apaziguando e abençoando.
Aqui, abraçava um desventurado, apartando-o da malta, de modo a entregá-lo, mais tarde, a
equipes socorristas; mais adiante, aliviava com suave magnetismo a cabeça atormentada de
entidades em desvario.
O serviço assistencial seguia difícil, quando enfurecido mandante da crueldade, ao descobrilo,
se aquietou em súbita acalmia e, impondo respeitosa serenidade a chusma de loucos,
declinou-lhe a nobre condição. Que os companheiros rebelados se acomodassem, deixando
livre passagem àquele que reconhecia por missionário do bem.
- Conheces-me? - interrogou o recém-chegado, entra espantado e agradecido.
- Sim - disse o rude empreiteiro da sombra -, eu era um doente na Terra e curaste meu corpo
que a moléstia desfigurava.
Lembro-me perfeitamente de teu cuidado ao lavar-me as feridas.
Os circunstantes entraram na conversação de improviso e um deles, de dura carranca,
apontou o visitador e clamou para o amigo:
Que mais te fez este homem no mundo para que sejamos forçados à deferência?
Deu-me teto e agasalho.
Outro inquiriu:
Que mais?
Supriu minha casa de pão e roupa, libertando-nos, a mim e a família, da nudez e da fome.
Outro ainda perguntou com ironia:
Mais nada?
Muitas vezes, dividia comigo o que trazia na bolsa, entregando-me abençoado dinheiro para
que a penúria não me arrasasse.
Estabelecido o silêncio, o Espírito Benfeitor, encorajado pelo que ouvia, indagou com
humildade:
Meu irmão, nada fiz senão cumprir o dever que a fraternidade me impunha; entretanto, se te
mostras tão generoso para comigo, em tuas manifestações de reconhecimento e de amor
que reconheço não merecer, porque te entregas, assim, à obsessão e à delinqüência?! .
O interpelado pareceu sensibilizar-se, meneou tristemente a cabeça e explicou:
Em verdade, és bom e amparaste a minha vida, mas não me ensinaste a viver!
Espíritas, irmãos!
Cultivemos a divulgação da Doutrina Renovadora que nos esclarece e reúne!
Com o pão do corpo, estendamos a luz da alma que nos habilite a aprender e compreender,
raciocinar e servir.
Chico Xavier / Irmão X
O FILHO OCIOSO
Neio Lúcio
Reportava-se a
pequena assembléia a variados problemas da fé em Deus, quando Jesus,
tomando a palavra, narrou, complacente: — Um grande Soberano possuía
vastos domínios.
Terras, rios,
fazendas, pomares e rebanhos eram incontáveis em seu reino prodigioso.
Vassalos inúmeros
serviam-lhe a casa, em todas as direções.
Alguns deles nunca
se perdiam dos olhos do Senhor, de maneira absoluta.
De tempos a tempos,
visitavam-lhe a residência, ofereciam-lhe préstimos ou traziam-lhe flores
de ternura, recebendo novos roteiros de trabalho edificante.
Outros, porém,
viviam a belprazer nas florestas imensas.
Estimavam a
liberdade plena com declarada indisciplina.
Eram verdadeiros
perturbadores do vasto império, porquanto, ao invés de ajudarem a
Natureza, desprezavam- na sem comiseração.
Matavam animais pelo
simples gosto da caça, envenenavam as águas para assassinarem os peixes em
massa, perseguiam as aves ou queimavam as plantações dos servos fiéis, não
obstante saberem, no íntimo, que deviam obediência ao Poderoso Senhor.
Um desses servidores
levianos e ociosos não regateava sua crença na existência e na bondade do
Rei.
Depois de longas
aventuras na mata, exterminando aves indefesas, quando o estômago jazia
farto, costumava comentar a fé que depositava no rico Proprietário de
extenso e valioso domínio.
Um Soberano tão
previdente quanto aquele que soubera dispor das águas e das terras, das
árvores e dos rebanhos, devia ser muito sábio e justiceiro — explanava
consciente.
Sutilmente, todavia,
escapava-lhe a todos os decretos.
Pretendia viver a
seu modo, sem qualquer imposição, mesmo daquele que lhe confiara o vale em
que consumia a existência regalada e feliz.
Decorridos muitos
anos, quando as suas mãos já não conseguiam erguer a menor das armas para
perturbar a Natureza, quando os olhos embaciados não mais enxergavam a
paisagem com a mesma clareza da juventude, inclinando-se-lhe o corpo,
cansado e triste, para o solo, resolveu procurar o Senhor, a fim de
pedir-lhe proteção e arrimo.
Atravessou lindos
campos, nos quais os servos leais, operosos e felizes, cultivavam o chão
da propriedade imensa e chegou ao iluminado domicílio do Soberano.
Experimentando
aflitivo assombro, reparou que os guardas do limiar não lhe permitiam o
suspirado ingresso, porque seu nome não constava no livro de servidores
ativos.
Implorou, rogou,
gemeu; no entanto, uma das sentinelas lhe observou:
— O tempo disponível
do Rei é consagrado aos cooperadores.
— Como assim? —
bradou o trabalhador imprevidente.
— Eu sempre
acreditei na soberania e na bondade do nosso glorioso ordenador...
O guarda, contudo,
redargüiu, sem pestanejar:
— Que te adiantava
semelhante convicção, se fugiste aos decretos de nosso Soberano, gastando
precioso tempo em perturbar-lhe as obras? O teu passado está vivo em tua
própria condição...
Em que te servia a
confiança no Senhor, se nunca vieste a Ele, trazendo um minuto de
colaboração a benefício de todos? Observa-se, logo, que a tua crença era
simples meio de acomodar a consciência com os próprios desvarios do
coração.
E o servo, já
comprometido pelos atos menos dignos, e de saúde arruinada, foi
constrangido a começar toda a sua tarefa, de novo, de maneira a
regenerar-se.
O Mestre calou-se,
durante alguns momentos, e concluiu:
— Aqui temos a
imagem de todo ocioso filho de Deus.
O homem válido e
inteligente que admite a existência do Eterno Pai, que lhe conhece o
poder, a justiça e a bondade, através da própria expressão física da
Natureza, e que não o visita em simples oração, de quando em quando, nem
lhe honra as leis com o mínimo gesto de amparo aos semelhantes, sem o mais
47 leve traço de interesse nos propósitos do Grande Soberano, poderá
retirar alguma vantagem de suas convicções inúteis e mortas? Com essa
indagação que calou nos ouvidos dos presentes, o culto evangélico da noite
foi expressivamente encerrado.
Do Livro
Jesus no Lar - Francisco C. Xavier
A RESPOSTA CELESTE
A RESPOSTA
CELESTE
Neio Lúcio
Solicitando
Bartolomeu esclarecimentos quanto às respostas do Alto às súplicas dos
homens, respondeu Jesus para elucidação geral:
— Antigo instrutor
dos Mandamentos Divinos ia em missão da Verdade Celeste, de uma aldeia
para outra, profundamente distanciadas entre si, fazendo-se acompanhar de
um cão amigo, quando anoiteceu, sem que lhe fosse possível prever o número
de milhas que o separavam do destino.
Reparando que a
solidão em plena Natureza era medonha, orou, implorando a proteção do
Eterno Pai, e seguiu.
Noite fechada e sem
luar, percebeu a existência de larga e confortadora cova, à margem da
trilha em que avançava, e acariciando o animal que o seguia, vigilante,
dispôs-se a deitar-se e dormir.
Começou a
instalar-se, pacientemente, mas espessa nuvem de moscas vorazes o atacou,
de chofre, obrigando-o a retomar o caminho.
O ancião continuou a
jornada, quando se lhe deparou volumoso riacho, num trecho em que a
estrada se bifurcava.
Ponte rústica
oferecia passagem pela via principal, e, além dela, a terra parecia
sedutora, porque, mesmo envolvida na sombra noturna, semelhava-se a
extenso lençol branco.
O santo pregador
pretendia ganhar a outra margem, arrastando o companheiro obediente,
quando a ponte se desligou das bases, estalando e abatendo-se por inteiro.
Sem recursos, agora,
para a travessia, o velhinho seguiu pelo outro rumo, e, encontrando
robusta árvore, ramalhosa e acolhedora, pensou em abrigar-se,
convenientemente, porque o firmamento anunciava a tempestade pelos trovões
longínquos.
O vegetal
respeitável oferecia asilo fascinante e seguro no próprio tronco aberto.
Dispunha-se ao
refúgio, mas a ventania começou a soprar tão forte que o tronco vigoroso
caiu, partido, sem remissão.
Exposto então à
chuva, o peregrino movimentou-se para diante.
Depois de
aproximadamente duas milhas, encontrou um casebre rural, mostrando doce
luz por dentro, e suspirou aliviado.
Bateu à porta.
O homem ríspido que
veio atender foi claro na negativa, alegando que o sítio não recebia
visitas à noite e que não lhe era permitido acolher pessoas estranhas.
Por mais que
chorasse e rogasse, o pregador foi constrangido a seguir além.
Acomodou-se, como
pode, debaixo do temporal, nas cercanias da casinhola campestre; no
entanto, a breve espaço, notou que o cão, aterrado pelos relâmpagos
sucessivos, fugia a uivar, perdendo-se nas trevas.
O velho, agora
sozinho, chorou angustiado, acreditando-se esquecido por Deus e passou a
noite ao relento.
Alta madrugada,
ouviu gritos e palavrões indistintos, sem poder precisar de onde partiam.
Intrigado, esperou o
alvorecer e, quando o Sol ressurgiu resplandecente, ausentou-se do
esconderijo, vindo a saber, por intermédio de camponeses aflitos, que uma
quadrilha de ladrões pilhara a choupana onde lhe fora negado o asilo,
assassinando os moradores.
Repentina luz
espiritual aflorou-lhe na mente.
Compreendeu que a
Bondade Divina o livrara dos malfeitores e que, afastando dele o cão que
uivava, lhe garantira a tranqüilidade do pouso.
Informando-se de que
seguia em trilho oposto à localidade do destino, empreendeu a marcha de
regresso, para retificar a viagem, e, junto à ponte rompida, foi
esclarecido por um lavrador de que a terra branca, do outro lado, não
passava de pântano traiçoeiro, em que muitos viajores imprevidentes haviam
sucumbido.
O velho agradeceu
o salvamento que o Pai lhe enviara e, quando alcançou a árvore tombada, um
rapazinho observou-lhe que o tronco, dantes acolhedor, era conhecido covil
de lobos.
Muito grato ao
Senhor que tão milagrosamente o ajudara, procurou a cova onde tentara
repouso e nela encontrou um ninho de perigosas serpentes.
Endereçando infinito
reconhecimento ao Céu pelas expressões de variado socorro que não soubera
entender, de pronto, prosseguiu adiante, são e salvo, para desempenho de
sua tarefa.
Nesse ponto da
curiosa narrativa, o Mestre fitou Bartolomeu demoradamente e terminou: — O
Pai ouve sempre as nossas rogativas, mas é preciso discernimento para
compreender as respostas d’Ele e aproveitá-las.
Do Livro
Jesus no Lar - Francisco C. Xavier
CARIDADE - ATITUDE
Emmanuel
Caridade que se
expresse tão-somente na cessão do supérfluo pode facilmente induzir-nos à
vaidade.
* * *
Não é difícil dar o que
retemos, no entanto, a virtude genuína pede a doação de nós mesmos, através
do que temos e do que somos.
Em razão disso, é
preciso não esquecer que a caridade também e acima de qualquer
circunstância, o sentimento que nos rege a atitude.
No templo doméstico, é
compreensão e gentileza.
Em família, é
cooperação desinteressada e fraterna.
Na profissão, é a
honestidade.
No trabalho, é o dever
bem cumprido.
Na dor, é fortaleza.
Na alegria, é
temperança.
Na saúde, é a presença
útil.
Na enfermidade, é a
paciência.
Na abastança, é o
serviço a todos.
Na pobreza, é
diligência.
Na direção, é a
responsabilidade.
Na obediência, é
humildade digna.
Entre amigos, é a
confiança.
Entre adversários, é
perdão das ofensas.
Entre os fortes, é o
socorro aos mais fracos.
Entre os bons, é o
auxílio aos menos bons.
Na cultura, é o amparo
à ignorância.
No poder, é a
autoridade sem abuso.
Em sociedade, é o apoio
fraterno que devemos uns aos outros.
Na vida privada, é a
conduta reta ante o próprio julgamento.
Não vale espalhar um
tesouro amoedado com as vítimas de penúria, alimentando o ódio e a
incompreensão, a revolta e o pessimismo nas almas.
* * *
Aceitemos a experiência
que o Senhor nos reserva cada dia, fazendo o melhor ao nosso alcance.
* * *
Seja a nossa tarefa um
cântico de paz e esperança, eficiência e alegria, onde estivermos.
* * *
E recebendo o divino
dom de pensar e entender, irradiando os mais belos ideais que nos enriquecem
a vida, em forma de serviço aos semelhantes, a caridade será, em nossos
corações, a luz constante clareando, desde as sombras da terra os mais
remotos horizontes de nosso luminoso porvir.
QUEIXAS NÃO
QUEIXAS NÃO
Emmanuel
A vida é uma escola.
Por mais difícil o
processo educativo a que nos vejamos submetidos, saibamos valorizar o
tempo, agradecendo e trabalhando ao invés de reclamar ou ferir.
Todos somos chamados
a estudar e aprender, prestigiando as oportunidades e as horas.
-o-
Imagina quanta
atividade ser-nos-á possível desenvolver em trinta minutos.
Despendendo
semelhante cota de tempo, conseguimos facilmente reconfortar corações
aflitos, estender apoio aos que sofrem mais que nós mesmos, reerguer
esperanças caídas e efetuar prestações de serviço, à feição de viveiros de
paz e luz.
-o-
Por mais
constrangedoras as circunstâncias que nos cerquem, nunca nos lamentemos.
Ao contrário disso,
apliquemo-nos, quanto se nos faça possível, à concretização do bem de
todos.
Nessa diretriz,
entretanto, é indispensável se nos amplie a visão.
Compreender mais,
para servir melhor.
Os motivos para
inquietação surgem freqüentemente no cotidiano, mas, se lhes penetramos o
objetivo, saberemos acolhê-los, de imediato, por ensinos da vida em nosso
favor.
A desarmonia sugere
a necessidade de entendimento.
O obstáculo leciona
confiança.
A solidão fornece
aulas de auto-análise.
O fracasso
administra experiência.
Imperioso discernir,
a fim de que nos reconheçamos na condição de alunos, em todos os lances e
dificuldades do caminho que nos foi apontado ao trânsito comum.
-o-
Cada dia é uma
fração de recursos que podemos empregar em aprendizado e melhoria por
fora, para enriquecimento e sublimação por dentro de nós.
Ante aqueles que já
despertaram nas responsabilidades próprias, não existe ocasião para
queixas.
Todas as horas são
instrumentos que favorecem a execução das tarefas que fomos induzidos ou
claramente requisitados a realizar no campo do bem.
Empenhemo-nos em
lutar pela própria elevação.
Ninguém está
excluído.
Quantos se afastam
de semelhante imposição da existência caem facilmente na reclamação ou na
rebeldia, encontrando em si mesmos o infortúnio dos que param de agir e
servir.
Inexperientes ainda,
acomodam-se com a ociosidade e com a sombra, esquecendo-se, porém, de que
unicamente aqueles que dormem sobre colchões de rosas são os que sabem
dramatizar a agressão dos espinhos.
(De “Instrumentos do
Tempo”, de Francisco Cândido Xavier, pelo Espírito Emmanuel)
CHAMADOS E ESCOLHIDOS
Emmanuel
Estejamos convencidos de que ainda nos achamos a longa
distância do convívio com os eleitos da glória celeste;
entretanto,
pelo chamamento da fé viva que hoje nos trás ao
conhecimento superior, guardemos a certeza de que já somos os escolhidos:
para a regeneração de nós mesmos;
para o esquecimento de todas as faltas do próximo, de modo
a recapitular com rigor as nossas próprias imperfeições redimindo-as.
para o perdão incondicional, em todas as circunstâncias da
vida;
para a atividade infatigável na confraternização
verdadeira;
para auxiliar os que erram
para ensinar aos mais ignorantes que nós mesmos;
para suportar o sacrifício, no amparo aos que sofrem, ainda
sem a força da fé renovadora que já nos robustece o espírito;
para servir, além de nossas próprias obrigações, sem
direito à recompensa;
para compreender os nossos irmãos de jornada evolutiva, sem
exigir que nos entendam;
para apagar as fogueiras do ódio e da incompreensão, ao
preço de nossa própria renúncia;
para estender a caridade sem ruído, como quem sabe que
ajudar aos outros é enriquecer a própria existência;
para persistir nas boas obras sem reclamações e sem
desfalecimentos, em todos os ângulos do caminho;
para negar a nossa antiga vaidade e tomar, sobre os
próprios ombros,cada dia, a cruz abençoada e redentora de nossos deveres,
marchando, com humildade e alegria, ao encontro da vida sublime...
A indicação honrosa nos felicita.
Nossa presença nos estudos do Evangelho expressa o apelo
que flui do Céu no rumo de nossas consciências.
Chamados para a luz e escolhidos para o trabalho.
Eis a nossa posição real nas benções do “hoje”.
E se quisermos aceitar a escolha com que fomos
distinguidos, estejamos certos igualmente de que em breve “amanhã”
comungaremos felizes com o nosso Mestre e Senhor.
Do livro Instrumentos do Tempo. Psicografia de Francisco
Candido Xavier.
AJUDA-TE
Emmanuel
Rogando amparo ao Senhor, não olvides a prestação de amparo
a ti mesmo.
Deus confere ao lavrador a luz do sol, a bênção da chuva e
o fator do vento, mas não lhe dispensa o próprio suor, no trato da
sementeira, para que a colheita lhe surja às mãos por recurso divino.
Concede ao artista o mármore bruto, o buril e a inspiração
generosa; entretanto, não o exonera do próprio labor na consecução da obra
prima.
Pedirás o concurso do Céu em teu benefício; entretanto, de
que valeria a bênção do Alto, se te consagras, deliberadamente, ao
menosprezo da própria vida?
O médico mais competente nada conseguirá na assistência ao
enfermo que não deseja curar-se e o professor mais exímio nada alcançara
do aluno que foge sistematicamente à lição.
Não basta rogar alguém auxílio para que se veja auxiliado
com segurança.
É imprescindível o senso de responsabilidade de viver para
que as vantagens da existência nos engrandeçam o espírito.
A oração será sempre o desejo expresso, exigindo esforço
próprio, a fim de concretizar-se.
Lembremo-nos de que um edifício não se ergue do solo
tão-somente pela beleza e pelo merecimento da planta.
A prece que nos exterioriza o anseio de progresso e de luz
é o projeto louvável de nossa melhor esperança, mas se em verdade
pretendemos chegar ao progresso e à luz, que anelamos ardentemente, é
preciso nos disponhamos a lutar e sofrer, trabalhar e servir na construção
de nosso ideal.
Ajudemo-nos cada dia para que o Céu nos ajude com o devido
proveito, de vez que o Céu ajuda sempre mas nem sempre sabemos aquilo que
procuramos para fixar em nosso caminho a incessante ajuda celestial.
Do livro Instrumentos do Tempo. Psicografia de Francisco
Candido Xavier.
ANTE OS ADVERSÁRIOS
Emmanuel
Interpretemos nossos adversários por irmãos, quando não nos seja possível
recebê-los por instrutores.
Quando o Senhor nos aconselhou a
paz com os inimigos do nosso modo de ser, recomendou-nos certamente o
olvido de todo o mal.
Às vezes, fustigando aqueles que
nos ofendem, a pretexto de servirmos à verdade, quase sempre faltamos ao
nosso dever de amor.
Nem todos podem enxergar a vida por
nossos olhos ou aceitar o mapa da jornada terrestre, através da cartilha
dos nossos pontos de vista.
E, não raro, em zurzindo os outros
com o látego de nossa crítica ou intoxicando-os com o vinagre de nosso
azedume, procederemos à maneira do lavrador que enlouquecesse, de
improviso, espalhando cáusticos destruidores sobre a plantação nascente,
necessitada de auxílio pela fragilidade natural.
Claro que o amor fraterno encontra
mil modos diversos para fazer-se sentir, no reajuste das situações
difíceis no caminho da vida e é justamente para a verdadeira solidariedade
que devemos apelar em qualquer circunstância obscura do roteiro comum.
Se não apagamos o incêndio,
atirando-lhe combustível, e se não podemos sanar feridas, alargando-lhes
as bordas, a golpes de força, também não entraremos em harmonia com os
nossos adversários por intermédio da violência.
Usemos o amor que o Mestre nos
legou, se desejamos a paz na Vida Maior.
Compreendamos aos que nos ofendem.
Oremos pelos que nos perseguem ou
caluniam.
Amparemos os que nos perturbam.
Sejamos o apoio dos companheiros
mais fracos.
E o Divino Senhor da Vinha do
Mundo, que nos aconselhou o livre crescimento do joio e do trigo, no campo
da Terra, em momento oportuno, se fará revelar, amparando-nos e
selecionando os nossos sentimentos, através do seu justo julgamento.
Do livro Instrumentos do Tempo. Psicografia
de Francisco Cândido Xavier.
PERANTE OS CAÍDOS
Emmanuel
Tão fácil relegar ao infortúnio os nossos irmãos caídos!...
Muitos passam por aqueles que foram acidentados em terríveis enganos e
nada encontram a fim de oferecer-lhes, senão frases como estas: "eu bem
disse", "avisei muito"...
No entanto, por trás da queda de nosso amigo menos feliz
estão as lutas da resistência, que só a Justiça divina pode medir.
Este foi impelido à delinqüência e faz-se conhecido agora
por uma ficha no cadastro policial; mas, até que se lhe consumasse a
ruína, quanto abandono e quanta penúria terá arrastado na existência,
talvez desde os mais recuados dias da infância!... Aquele se arrojou aos
precipícios da revolta e do desânimo, abraçando o delírio da embriaguez;
contudo, até que tombasse no descrédito de si mesmo, quantos dias e
quantas noites de aflição terá atravessado, a estorcegar-se sob o guante
da tentação para não cair!.. Aquela entrou pelas vias da insensatez e
acomodou-se
no poço da infelicidade que cavou para si própria; todavia,
em quantos espinheiros de necessidade e perturbação ter-se-á ferido, até
que a loucura se lhe instalasse no cérebro atormentado!... Aquele outro
desertou de tarefas e compromissos em cuja execução empenhara a vitória da
própria alma e resvalou para experiências menos dignas, comprometendo os
fundamentos da própria vida; no entanto, quantas tribulações terá
agüentado e quantas lágrimas vertido, até que a razão se lhe
entenebrecesse, abrindo caminho à irresponsabilidade e à demência!...
Diante dos companheiros apontados à censura, jamais
condenes! Pensa nas trilhas de provação e tristeza que perlustram até que
os pés se lhes esmorecessem, vacilantes, na jornada difícil! Reflete nas
correntes de fogo invisível que lhes terão requeimado a mente, até que
cedessem às compulsões terríveis das trevas!...
Então, e só então, sentirás a necessidade de pensar no bem,
falar no bem, procurar o bem e realizar unicamente o bem, compreendendo,
por fim, a amorosa afirmação de Jesus: "Eu não vim à Terra para curar os
sãos".
Do livro Instrumentos do Tempo. Psicografia de Francisco
Candido Xavier.
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