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quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Depressões

Depressões

Autor: Emmanuel (espírito) / psicografia de Chico Xavier

Se trazes o espírito agoniado por sensações depressivas, concede ligeira pausa a ti mesmo, no capítulo das próprias aflições, a fim de raciocinar.

Se alguém te ofendeu, desculpa.

Se feriste alguém, reconsidera a própria atitude .

Contratempos do mundo estarão constantemente no mundo, onde estiveres.

Parentes difíceis repontam de todo núcleo familiar.

Trabalho é a lei do Universo.

Disciplina é alicerce da educação.

Circunstâncias constrangedoras assemelham-se a nuvens que aparecem no firmamento de qualquer clima.

Imcompreensões com relação a caminho e decisões que se adotem são empeços e desafios, na experiência de quantos desejem equilíbrio e trabalho.

Agradar a todos, ao mesmo tempo, é realização imposível.

Separações e renovações representam imperativos inevitáveis do progresso espiritual.

Mudanças equivalem a tratamento da alma, para os ajustes e reajustes necessários à vida.

Conflitos íntimos marcam toda criatura que aspire a elevar-se.

Fracassos de hoje são lições para os acertos de amanhã.

Problemas enxameiam a existência de todos aqueles que não se acomodam com estagnação.

Compreendendo a realidade de toda a pessoa que anseie por felicidade e paz, aperfeiçoamento e renovação, toda vez que sugestões de desânimo nos visitem a alma, retifiquemos em nós o que deva ser corrigido e, abraçando o trabalho que a vida nos deu a realizar, prossigamos à frente.

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Maria de Betânia.(...)Por isso te digo, que os seus muitos pecados lhe são perdoados, porque ela muito amou; mas aquele a quem pouco é perdoado pouco ama...

"MARIA ERA AQUELA QUE O TINHA UNGIDO COM UNGUENTO
E LHE TINHA ENXUGADO OS PÉS COM SEUS CABELOS".
(JOÃO 11:2)
Quando demandava a aldeia de Betânia, Jesus Cristo tinha por hábito visitar Lázaro, que ali morava em companhia de suas duas irmãs: Marta e Maria. Numa dessas visitas, enquanto Marta se preocupava com os afazeres da casa, Maria se assentou aos pés do Mestre, que conversava com um grupo de pessoas, e ali ficou aprendendo os maravilhosos ensinos que brotavam dos seus lábios.

Marta, não se conformando com a situação, indagou do Senhor: Mestre! não te parece razoável que Maria viesse ajudar-me nos trabalhos de casa?, ao que o Nazareno retrucou incontinente: Marta, tu te preocupas com as coisas transitórias, Maria escolheu a melhor parte, a qual jamais lhe será tirada.

Na realidade, Maria jamais poderia perder a oportunidade ímpar que se lhe oferecia de ouvir os consoladores ensinamentos do Mestre, ensinamentos esses que conflitavam profundamente com tudo aquilo que ela estava habituada a ouvir dos escribas, pois, enquanto estes, escudando-se nos códigos rígidos estabelecidos por Moisés, proclamavam a pena de talião, ou seja, a lei do olho por
olho, dente por dente, o Senhor prescrevia a necessidade de perdoar não sete, mas setenta vezes sete vezes. Enquanto o Deuteronômio, um dos livros de Moisés, prescrevia uma série de regras brutais e aberrantes, mandando apedrejar mulheres adúlteras e filhos rebeldes, ali estava o recomendando que se deveria perdoar até os próprios inimigos.

As narrativas evangélicas sobre Maria de Betânia diferem ligeiramente nos quatro evangelhos: João, em seu Evangelho, afirma que Jesus estava na casa de Lázaro após a chamada ressurreição deste, na aldeia de Betânia, e Marta servia, sendo Lázaro um dos que estavam com ele à mesa. Maria, tomando de um arrátel de unguento de nardo puro, de muito valor, ungiu os pés do Senhor, enxugando-os com seus cabelos, enchendo-se a casa com o cheiro do perfume.

Mateus e Marcos afirmam que, estando Jesus em Betânia, na casa de Simão o leproso, aproximou-se uma mulher portando um vaso de alabastro, com unguento de elevado valor, derramando-o sobre a sua cabeça enquanto ele estava assentado à mesa. Lucas, no entanto, sustenta que Jesus estava à na casa de Simão, o fariseu, quando uma pecadora da cidade (Lucas, 7:36-50), levando consigo um vaso de alabastro com unguento e estando a seus pés, chorando começou a regá-los com lágrimas, e beijando-os, enxugava os com seus cabelos e ungia-os com unguento.

Simão, o fariseu, observando aquele estranho espetáculo, dizia em seu íntimo: Se este fora realmente profeta bem saberia que a mulher que está a seus pés é uma pecadora. Notando o pensamento negativo que se aninhara no coração do homem que o hospedara, o Mestre ponderou: Simão, uma coisa tenho a dizer-te: um certo credor tinha dois devedores, um devia-lhe quinhentos dinheiros, e o outro cinquenta. E não tendo eles com que lhe pagar, perdoou a ambos. Dize, pois, qual deles o amará mais?
Simão pensou um pouco e respondeu: Tenho para mim que é aquele a quem mais perdoou! Esta resposta mereceu franca aprovação por parte de Jesus: Julgaste bem. Em seguida o Senhor acrescentou, dirigindo-se a Simão: Entrei em tua casa e não me deste água para os pés, mas esta os regou com suas lágrimas, enxugando-os com seus cabelos. Não me deste desculpa, mas esta, desde que entrou, não tem cessado de me beijar os pés. Não me ungiste a cabeça com óleo, mas esta ungiu-me os pés com unguento.
Por isso te digo, que os seus muitos pecados lhe são perdoados, porque ela muito amou; mas aquele a quem pouco é perdoado pouco ama. Alguns apóstolos, dentre eles Judas Iscariotes, passaram a criticar a ação da mulher, dizendo que poderia ter vendido aquele perfume por alto preço e dado o dinheiro aos pobres, ao que o Mestre retrucou: Os pobres sempre os tendes convosco, mas a mim nem sempre me tendes.
Aditando ainda: Em verdade vos digo que, onde quer que este Evangelho for pregado, em todo o mundo, também será referido o que fez essa mulher, para memória sua. Esta passagem evangélica enseja-nos a oportunidade de aprender um maravilhoso ensinamento, deixando entrever, mais uma vez, o empenho de Jesus em salientar a excelência da caridade e do perdão, exaltando os aspectos positivos que sempre são encontrados na vida de criaturas pecadoras.
Paulo A. Godoy
Livro: Crônicas Evangélicas.

domingo, 30 de dezembro de 2012

Reconcilia-te sem demora com o teu adversário


RECONCILIA-TE SEM DEMORA COM O TEU ADVERSÁRIO

Disse Jesus:
"Se estiveres fazendo tua oferta diante do altar e te lembrares de que um teu irmão tem contra ti alguma coisa, deixa ali tua oferta e vai reconciliar-te primeiro com teu irmão; depois, então, volta a fazê-la.

Concerta-te sem demora com o teu adversário, enquanto estás posto a caminho com ele, para que não suceda que ele, o adversário, te entregue ao juiz e que o juiz te entregue ao ministro e sejas mandado para a cadeia. Em verdade te digo que não sairás de lá enquanto não pagares o último ceitil.'" (Mateus, 5:23-26.)

A oferta sacrifical era um ato de fé largamente praticado pelos judeus, através do qual buscavam alcançar a remissão de seus pecados.
Julgavam suficiente o sacrifício de inocentes ovelhas, cabras ou novilhos, para obter esse favor, ignorando fosse preciso, a seu turno, agir com bondade em relação ao próximo.

Jesus, entretanto, aponta-nos a inutilidade de toda e qualquer prática devocional, quando feita sem a necessária tranquilidade de consciência.

Deus é Amor e, com sentimentos ou propósitos inamistosos no coração, é impossível entrarmos em sintonia com Ele ou recebermos a graça de Seu perdão.

Assim, sempre que nos sintamos ofendidos por alguém, ao invés de lhe censurarmos o procedimento com terceiros, o que nos cumpre fazer é entendermo-nos direta e francamente com nosso ofensor.
É bem provável que não tenha tido a intenção de magoar-nos e que seus esclarecimentos satisfaçam-nos plenamente. De qualquer maneira, é sempre mais correto dirimirem-se atritos e dificuldades, agindo dessa forma, do que dando-se livre curso à maledicência.

Se, ao contrário, nós é que defraudamos um irmão, temos a obrigação moral de, como cristãos que pretendemos ser, fazer-lhe a devida restituição e pedir-lhe que nos desculpe; ou, se o agravamos, afetando-lhe a honorabilidade, buscar as pessoas às quais demos informações falsas ou maldosas a seu respeito, e retirá-las quanto antes, confessando humildemente nosso erro.
Quem, por orgulho, se esquive a essa reconciliação, poderá ser surpreendido pela morte, em débito com a Lei de Harmonia que preside às relações dos homens entre si, e, obrigado, então, a responder em "Juízo" pela inobservância dessa Lei, não escapará à "prisão" das reencarnações expiatórias, eis que, "a cada um será dado segundo as suas obras".
A Justiça Divina, no entanto, é rigorosamente perfeita e não exige do devedor mais do que ele deve. Afirmando: "não sairás da cadeia enquanto não pagares o último ceitil", Jesus deixa claro que não há pecados irremissíveis, nem, por conseguinte, condenação eterna.

Nossas dívidas, por maiores que sejam, expressam-se por um valor determinado, têm um limite e, desde o instante em que paguemos "o último ceitil", já não ficaremos devendo nada e, pois, seremos postos em liberdade, o que vale dizer, seremos novamente senhores de nosso destino, podendo, trabalhados por essa amarga experiência, caminhar com mais segurança, rumo à felicidade reservada a todos os filhos de Deus.
Rodolfo Calligaris
Sermão da Montanha

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Por que Perdoar?


JOSÉ SIQUARA DA ROCHA
É comum ouvir-se dizer: - “Não perdôo!” – Ou então: “Perdôo, mas não
esqueço!”
Perdoar com restrições não é perdoar. O perdão deve ser, tem quer ser
total, pleno, sem reservas. O perdão faz bem ao psiquismo, ao físico e à alma de
quem perdoa.
Quando uma pessoa diz que perdoa mas não esquece, está guardando
mágoa e estabelecendo uma condição de sofrimento psíquico-físico e até para a
própria alma, porque esta se conserva cativa a uma vibração negativa.
Quando Pedro perguntou ao Mestre quantas vezes devia perdoar, se até
sete vezes, a resposta foi incisiva:
- “Não sete vezes mas setenta vezes sete”, querendo portanto dizer que
devemos perdoar sempre.
O perdão tem valor ético e místico para quem perdoa, porque com esse ato
ou atitude nós nos libertamos – certamente perdão de verdade, não só de
palavras, mas com sentimento, com amor! – de enorme carga negativa de ódio,
mágoa, suspeição, preconceito, contra quem quer que seja.
Quando temos um pensamento, uma atitude positiva, beneficiamos a nós
mesmos em primeiro lugar. Quando pensamos ou agimos contrariamente, já
prejudicamos inicialmente a nós mesmos, porque já sofremos a ação inicial da
nossa própria vibração negativa.
Quando perdoamos de verdade estamos nos beneficiando, mesmo que
não nos tenha sido solicitado esse perdão, porque aliviados daquela carga
terrível, o que não importa dizer que quem foi perdoado passe de imediato a uma
situação de beatitude, de isenção de culpa. O perdoado não recai de imediato em
estado de pureza.
O perdão, como diz Hermínio C. Miranda em “Cristianismo – a mensagem
esquecida”, p. 145, “não nos repõe em estado de pureza instantânea por um
passe de mágica ou graça divina; ele apenas – e já é muito – nos coloca de novo
na trilha e diz: - ‘Agora você vai e repare o mal que praticou’.

E diz ainda: “O corolário do perdão não é pois a beatificação súbita da
alma, que fica pronta para ir para o céu, é a oportunidade renovada para o
trabalho retificador”.
(Grifo nosso)
O perdoado pode não ter solicitado esse perdão, e a sua culpa continua...
se houver.
Quando, porém, ele se conscientiza do erro, pelo remorso ou pela
conclusão simples e lógica de que errou, pelo reconhecimento do erro, sente a
necessidade de repará-lo. Então aí vai enfrentar a tarefa da reparação, vai ao
trabalho da retificação que lhe exigirá providências saneadoras na pratica do bem,
do amor. Haverá o domínio do egoísmo, do orgulho e a expressão da humildade
sem humilhação, numa demonstração de equilíbrio interior. Em última análise,
portanto, nós em verdade não perdoamos o erro, a falta de alguém. Ninguém tem
essa condição de perdoar. Quando dizemos perdoar e em verdade perdoamos,
apenas, como ficou dito, nos libertamos de uma carga negativa de ódio, de
mágoa, de preconceitos ou suspeição.
Sabemos que, em face da sua justiça ser infinita, nem Deus perdoa no
sentido como entendemos o perdão. Ele simplesmente, em face de sua infinita
misericórdia, nos dá as oportunidades necessárias para que, com a reparação
devida, perdoemos a nós mesmos.
Cada um, portanto, perdoa a si mesmo quando, no esforço constante da
renovação, da reparação, da volta ao caminho direcional para a Verdade, para o
Amor, atinge a meta da reposição, de retificação para o seu reequilíbrio, para a
rearmonização com a Lei do Amor, desrespeitada pelo seu negativo agir.
Na consideração dos atributos da Divindade Criadora, vamos nos fixar na
sua infinita Justiça. Segundo a concepção dos homens, a justiça é cega e por isso
a representam de olhos vendados, para que ela não se deixe influenciar e seja
inflexível no seu julgar. Essa é a justiça dos homens, que é incapaz de procurar,
de conhecer a Verdade para então exarar o seu julgamento, a sua sentença. E
por isso mesmo são do conhecimento de todos nós as injustiças sem conta,
cometidas em nome da Justiça.
Com a divina justiça não acontece assim; ela não tem uma venda nos olhos
mas, na sua onipresença e na sua oniconsciência, tudo conhece, tudo vê, tudo
sabe. É então absolutamente imparcial, não condenando nem perdoando.
No uso do seu livre-arbítrio e da sua relativa liberdade, os Espíritos
cumprem ou não as divinas leis e, neste último caso, como culpados, têm de
arrostar as conseqüências, chegar à conscientização de seu erro e, de motopróprio,
tentar o equilíbrio, a rearmonização, procurando desfazer, compensar,
zerar o seu débito. Desaparecida a causa, cessa o efeito totalmente.
A justiça infinita de Deus aí não interfere, mas se faz presente a sua infinita
misericórdia, segundo a qual o Espírito culposo, em erro, tem todas as
oportunidades para essa volta às origens.
Volta às origens sim, porque sendo todos filhos de Deus, têm de exibir a
sua origem divina, e esse foi o grande empenho de Jesus na sua caminhada entre
nós.
Por isso é que a Lei que regula as nossas ações, atendendo à infinita
justiça do Pai, a Lei de Causa e Efeito não é boa nem má. Ela “anota” os
procedimentos de cada um e a sua ação acompanha a todos os Espíritos, que
são levados mais cedo ou mais tarde à senda da ordem, do equilíbrio, após os
desatinos cometidos no uso do seu livre-arbítrio.
A reparação, devendo ser completa, é no entanto freqüentemente atenuada
em face da misericórdia do Pai, atendendo às modificações operadas no sentir e
no agir de cada um.
A Lei de Causa e Efeito não funciona, portanto, como a Lei de Talião, do
dente por dente, olho por olho.
A conscientização do erro, o desejo e o propósito de emenda e reparação,
a prece, a prática da caridade na vivência do Amor, são condições capazes de
atenuar, como ficou dito, o cumprimento rigoroso da Lei.
Como diz ainda Hermínio Miranda, “as leis atuam independentemente da
nossa vontade ou crença na sua eficácia, e o perdão está implícito no
cumprimento das leis divinas”.

É preciso então estarmos inclinados ao perdão, lembrando sempre as
palavras de Jesus: “Quando te baterem numa face, mostra-lhes também a outra.
Quando te obrigarem a caminhar mil passos, anda também, com eles dois mil.
Quando te tornarem a capa, entrega-lhes também a camisa. Não resistais ao
mal!”

Vale lembrar ainda as palavras da segunda parte da oração ensinada pelo
Mestre aos seus discípulos, conhecida como a “Oração Dominical” ou “Pai
Nosso”: - “Perdoai as nossas ofensas assim como nós perdoamos (...)” Se em
verdade não aprendemos a perdoar, como seremos perdoados?!
A imensa maioria dos que se dizem cristãos repete essas palavras sem a
necessária consciência do que está a dizer, da sua gravidade.
Deus, portanto, como ficou dito, não perdoa. Nós é que deveremos
entender que perdoamos a nós mesmos, quando nos conscientizamos de nossas
culpas e as reparamos com a prática, a vivência do Amor.

Ele também não castiga por que, Amor Infinito, não quer que qualquer das
suas criaturas sofra. Nós castigamos a nós mesmos quando descumprimos as
Suas divinas leis. .

Revista o Reformador Maio de 1999

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Brandos e Pacíficos


A azáfama do dia cedera lugar a terna e suave tranqüilidade. As atividades fatigantes alongaram-se até as primeiras horas da noite, que se recamara de astros alvinitentes. Os últimos corações atendidos, à margem do lago, após a formosa pregação do entardecer, demandaram os seus sítios facultando que eles, a seu turno, volvessem à casa de Simão.
Depois do repasto simples, o Mestre acercou-se da praia em companhia do apóstolo afeiçoado e, porque o percebesse tristonho, interrogou com amabilidade:

Que aflição tisna a serenidade da tua face, Simão, encobrindo-a com o véu de singular tristeza?

Havia na indagação carinhoso interesse e bondade indisfarçável.

Convidado diretamente à conversação renovadora, o velho pescador contestou com expressiva entonação de voz, na qual se destacava a modulação da amargura:

- Cansaço, Senhor. Sinto-me muitas vezes descoroçoado, no ministério abraçado... Não fosse por ti...

Não conseguiu concluir a frase. As lágrimas represadas irromperam afogando o trabalhador devotado em penosa agonia. E como o silêncio se fizesse espontâneo, ante o oscular da noite que os acalentava em festival de esperança, o companheiro, sentindo-se compreendido e, passado o volume inicial da emotividade descontrolada, prosseguiu:

- Não ignoro a própria inferioridade e sei que teu amor me convocou à boa nova a fim de que me renovasse para a luz e pudesse crescer na direção do amor de nosso Pai. Todavia, deparo-me a cada instante com dificuldades que me dilaceram os sentimentos, inquietando-me a alma.

Ante o olhar dúlcido e interrogativo do Amigo discreto adiu:

- É verdade que devemos perdoar todas as ofensas, no entanto, como suportar a agressividade que nos fere, quando pretende admoestar e que humilha, quando promete ajudar?

- Guardando a paz do coração - redargüiu o divino Benfeitor.

- Todavia - revidou o discípulo sensibilizado -, como conservar a paz, estando sitiado pela hipocrisia de uns, pela suspeita pertinaz de outros, sob o olhar severo das pessoas que sabemos em pior situação do que a nossa?

- Mantendo a brandura no julgamento - respondeu o Senhor.

- Concordo que a mansuetude é medicamento eficaz - redargüiu Pedro -, não obstante, não seria de esperarmos que os companheiros afeiçoados à luz nova também a exercitassem por sua vez? Quando a dúvida sobre nossas atitudes parte de estranhos, quando a suspeição vem de fora da grei, quando a agressividade nos chega dos inimigos da fé, podemos manter a brandura e a paz íntimas. Entrementes, sofrer as dificuldades apresentadas por aqueles que nos dizem amar, tomando parte no banquete do Evangelho, convém consideremos ser muito mais difícil e grave o cometimento...

Percebendo a angústia que se apossara do servo querido, o Mestre, paciente e judicioso, explicou:

- Antes de esperarmos atitudes salutares do próximo, cabe-nos o dever de oferecê-las. Porque alguém seja enfermo pertinaz e recalcitrante no erro, impedindo que a luz renovadora do bem o penetre e sare, não nos podemos permitir o seu contágio danoso, nem nos é lícito cercear-lhe a oportunidade de buscar a saúde. Certamente, dói-nos mais a impiedade de julgamento que parte do amigo e fere mais a descortesia de quem nos é conhecido. Ignoramos, porém, o seu grau de padecimento interior e a sua situação tormentosa. Nem todos os que nos abraçam fazem-no por amor, bem o sabemos... Há os que, incapazes de amar, duvidam do amor do próximo; os que mantendo vida e atitudes dúbias descrêem da retidão alheia; os que tropeçando e tombando descuram de melhorar a estrada para os que vêm atrás... Necessário compreendê-los todos e amá-los, sem exigir que sejam melhores ou piores, convivendo sob o bombardeio do azedume deles sem nos tornar-nos displicentes para com os nossos deveres ou amargos em relação aos outros...

- Ante a impossibilidade de suportá-los -sindicou o pescador com sinceridade -, sem correr o perigo de os detestar, não seria melhor que os evitássemos, distanciando-nos deles?

- Não, Simão - esclareceu Jesus. - Deixar o enfermo entregue a si mesmo será condená-lo à morte; abandonar o revel significa torná-lo pior... Antes de outra atitude é necessário que nos pacifiquemos intimamente, a fim de que a brandura se exteriorize do nosso coração em forma de bênção.

“Na legislação da montanha foi estabelecido que são bem-aventurados os brandos e pacíficos...

“A bem-aventurança é o galardão maior. Para consegui-lo é indispensável o sacrifício, a renúncia, a vitória sobre o amor-próprio, o triunfo sobre as paixões.

“Amar aos bons é dever de retribuição, mas servir e amar aos que nos menosprezam e de nós duvidam é caridade para eles e felicidade para nós próprios.”

Como o céu continuasse em cintilações incomparáveis e o canto do mar embalasse a noite em triunfo, o Mestre silenciou como a aspirar as blandícias da Natureza.

O discípulo, desanuviado e confiante, com os olhos em fulgurações, pensando nos júbilos futuros do Evangelho, repetiu quase num monólogo, recordando o Sermão da Montanha:

“Bem-aventurados os que são brandos, porque possuirão a Terra.

“Bem-aventurados os pacíficos, porque serão chamados filhos de Deus.”

E deixou-se penetrar pela tranqüilidade, em clima de elevadas reflexões.


Autor: Amélia Rodrigues

Psicografia de Divaldo Franco


quarta-feira, 3 de outubro de 2012

PENAS ETERNAS


"Haverá alegria no céu por um pecador que se arrepende,
mais do que por noventa e nove justos que não necessitam
de arrependimento." (Lucas, 15:7)
Para melhor poder elucidar este tema, torna-se imperiosa a transcrição de alguns trechos do Velho e do Novo Testamentos:
Eu vim, não para julgar o mundo, mas para salvar o mundo. (João, 12:47)
Eu sou o bom Pastor que dá a vida pelas suas ovelhas. (João, 10:11)
Vinde a mim todos os que estão sobrecarregados e oprimidos, e eu vos aliviareis.(Mateus, 11:28)
Eu não vim chamar os justos, mas sim os pecadores. (Marcos, 2:17)
Porque qualquer que pede recebe; e quem busca, acha; e a quem bate, abrir-se-lhe-á. (Lucas, 11:10)
Por mim mesmo juro, disse o Senhor Deus, que não quero a morte do ímpio, senão que ele se converta, que deixe o mau caminho e que viva. (Ezequiel, 33:11)
Conforme se depara das citações acima, os quatro evangelistas são unânimes na demonstração da amplitude do amor de Deus para com suas criaturas.
Os livros dos profetas, de forma idêntica, atestam o desvelo que Deus tem para com o gênero humano e a transcrição que fizemos acima, de um tópico do livro de Ezequiel, não deixa pairar qualquer dúvida sobre essa assertiva.
Se as religiões afirmam que o Cristo veio para salvar o mundo e chamar os pecadores, como conceber a validade de dogmas que conflitam com essas afirmações?
Como poderia se conceber um Pai que demonstra o mais efusivo amor para com suas criaturas, ao ponto de enviar Jesus Cristo para nos trazer uma mensagem de vida eterna, pagando no cimo do Calvário essa sua ousadia, tolerar em sua justiça a existência de penas eternas e irremissíveis?
A proclamação de Jesus de que há mais alegria no Céu por um pecador que se regenera do que por noventa e nove justos que não precisam de arrependimento, representa o mais insofismável repúdio às suposições inconsistentes sobre a existência de seres devotados eternamente à prática do mal e de lugares circunscritos para a aplicação de penalidades sem remissão.
Como admitir a idéia de um Pai que situa seus filhos em vários planos de aprendizagem para, face ao menor deslize, condená-los, de forma inapelável, a um inferno tenebroso, chefiado por um arguto e despótico deus do mal, que faz perenemente afrontas ao Criador de todas as coisas? A justiça de Deus, em tais circunstâncias, seria defectível e facilmente sobrepujada pela justiça dos homens, a qual, em muitos casos, concede o sursis e dá aos réus a oportunidade de novos recomeços.
Se os pais terrenos, apesar de suas imperfeições, dão sempre a seus filhos o que há de melhor e, se estes transgridem suas ordenações não lhes negam a oportunidade de novas experiências, como negar a Deus, que é a expressão máxima de perfeição, a concessão de regalias equivalentes?
O Espiritismo, que surgiu na Terra com o objetivo primário de restaurar o autêntico Cristianismo, não pode jamais pactuar com doutrinas que apresentam um Deus unilateral, vingativo, rancoroso e despótico, em flagrante contraste com tudo aquilo que o Mestre Nazareno veio nos ensinar. O progresso humano não comporta mais postulados retrógrados que objetivem manter os homens acorrentados às férreas cadeias de dogmas esdrúxulos, verdadeiros resíduos de crenças antigas, que já não têm razão de existir.
Quando o apóstolo afirma que o amor cobre a multidão de pecados, é incisivo na demonstração de que qualquer falha pode ser remida pela prática das leis do amor. Isso anula os conceitos de penas eternas, de inferno habitado por legiões de seres que viveriam eternamente na prática do mal e que, persistentemente, atormentariam as almas que estivessem expiando nas chamas infernais o crime de terem sido fracas e sujeitas a quedas.
Jamais poderia Deus ter criado pigmeus para exigir deles obra de gigantes.
O Espírito do homem foi criado simples e ignorante, sendo situado nos vários planos de aprendizagem a fim de se despojar das imperfeições e, através dos séculos, ser guindado à situação de Espírito angelical. Se a sua natural fraqueza e imperfeição origina quedas repetidas, no desenrolar das reencarnações, não seria lógico o Criador não lhe conceder oportunidade de soerguimento e consentir a consumação de tão odienta condenação eterna.
O Espiritismo nos apresenta Deus em toda a sua magnitude, revestido dos seus verdadeiros atributos de Pai de amor e misericórdia, de justiça e de perdão. A Doutrina dos Espíritos não nega a penalidade futura, pelo contrário, confirma-a; o que, entretanto, não aceita é essa penalidade revestida de caráter eterno e a existência de inferno localizado.
Seja qual for a duração dessa penalidade transitória, ela terá um epilogo, próximo ou remoto. A alma humana tem sempre a oportuunidade de reencetar a marcha rumo à sublimação.
Por isso disse Jesus: Eu não vim chamar os justos, mas os pecadores.
Paulo A. Godoy
Livro: O Evangelho Pedi Licença

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

PIEDADE EM CASA




Emmanuel

Não aguardes as ocorrências da dor para desabotoares a flor da piedade no coração.
Sê afável com os teus, sê gentil em casa, sê generoso onde estiveres.
No lar, encontrarás múltiplas ocasiões, cada dia, para o cultivo da celeste virtude.
Tolera, com calma silenciosa, a cólera daqueles que vivem sob o teto que te agasalha.
Não pronuncies frases de acusação contra o parente que se ausentou por algumas horas.
Não te irrites contra o irmão enganado pela vaidade ou pelo orgulho que se transviou nos vastos despenhadeiros da ilusão.
Na tarefa de esposo, desculpa a franqueza ou a exasperação da companheira, nos dias cinzentos da incompreensão; e, no ministério da esposa, aprende a perdoar as faltas do companheiro e a esquecê-las, a fim de que ele se fortaleça no crescimento do bem.
Se és pai ou mãe, compadece-te de teus filhos, quando estejam dominados pela indisciplina ou pela cegueira; e, se és filho ou filha, ajuda aos pais, quando sofram nos excessos de rigorismo ou na intemperança mental.
Compreende o irmão que errou e ajuda-o para que não se faça pior, e capacita-te de que toda revolta nasce da ignorância para que tuas horas no lar e no mundo sejam forças de fraternidade e de auxilio.
Quando estiveres à beira da impaciência ou da ira, perdoa setenta vezes sete vezes e adota o silêncio por gênio guardião de tua própria paz.
Compadece-te sempre.
Se tudo é desespero e conturbação, onde te encontras, compadece-te ainda, ampara e espera, sem reclamar.
Guarda a piedade, entre as bênçãos do trabalho.
Habituemo-nos a ignorar todo mal, fazendo todo o bem ao nosso alcance.
A piedade do Senhor, nas grandes crises da vida, transformou-se em perdão com bondade e em ressurreição com serviço incessante pelo soerguimento do mundo inteiro.

Não te irrites contra o irmão enganado pela vaidade ou pelo orgulho que se transviou nos vastos despenhadeiros da ilusão.
Auxiliar é a honra que nos compete.

 Livro: ALVORADA DO REINO - Francisco Cândido Xavier - Emmanuel

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

ANTE OS ADVERSÁRIOS


Emmanuel

É possível encontres alguns adversários nas melhores realizações a que te entregas.
*
Se isso acontece, habitualmente estás diante de uma pessoa desinformada ou doente que te recebe com evidentes demonstrações de desapreço.
E quando esse alguém, não consegue asserenar-te o campo íntimo a certas reações negativas, por vezes, alteia a voz e se faz mais inconveniente nas provocações.
*
De qualquer modo, tolera o opositor com paciência e serenidade.
Ouve-lhe as frases ásperas em silêncio e reflete no desgosto ou na enfermidade em que provavelmente se encontre.
*
Quando haverá sofrido a criatura, até que se obrigue a trazer o coração simbolicamente transformado num vaso de fel?
*
Anota por ti mesmo que todos aqueles que ferem estarão talvez feridos.
*
Age à frente dos inimigos de teus ideais ou de teus pontos de vista, com entendimento e tolerância.
*
Advertiu-nos o Divino Mestre: - “Ora por aqueles que te perseguem ou caluniam.”
*
O Cristo nunca nos exortou ao revide ou à discussão sem proveito.
*
Induziu-nos a orar por todos os adversários ou acusadores gratuitos, dando-nos a entender que eles todos já carregam consigo sofrimento bastante, sem que necessitemos agravar-lhes as tribulações. E ainda mesmo que estejam semelhantes companheiros agindo de maneira insincera, saibamos confiá-los ao tempo, de vez que, para que se lhes reajuste os mais íntimos sentimentos, bastar-lhes-á-viver.
 
Espírito: EMMANUEL Médium: Francisco Cândido Xavier Livro:"Convivência"-

sábado, 8 de setembro de 2012

Perdão e Reparação


Editorial

A necessidade do perdão – como atitude essencial para a conquista da plenitude espiritual – foi
ensinada por Jesus em diversas ocasiões: “Se perdoardes aos homens as suas ofensas, também
vosso Pai Celeste vos perdoará”1, “Perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos
nossos devedores”(2) e “Reconcilia-te depressa com o teu adversário, enquanto estás com ele no caminho”
(3). Destacou, ainda, a importância de perdoar de forma ilimitada: “Não vos digo que perdoeis
até sete vezes, mas até setenta vezes sete vezes.”(4)
Mas o Cristo não se limitou a teorizar sobre o perdão: Do alto da cruz humilhante, submetido a
dores extremas, orou por seus algozes, compreendendo-lhes a ignorância: “Pai, perdoa-lhes porque
não sabem o que fazem.”(5)
Antídoto do ódio, o perdão é gesto de generosidade que beneficia muito mais a quem perdoa do
que àquele que é perdoado. Sentimentos como ódio, rancor e desejo de vingança escravizam as criaturas,
algemando-as a idéias fixas, estados mentais mórbidos, infelicidade e desequilíbrio. Quem perdoa
se liberta do grilhão que o mantém prisioneiro. Mas quem é perdoado não está livre da necessidade
de reparar o mal cometido. Este, registrado na consciência do Ser, exigirá corrigenda, a fim de
que a criatura se reabilite perante a Lei Divina. Mesmo depois de perdoado, sofre o aguilhão do remorso,
que lhe cobra reparação dos prejuízos materiais ou morais que causou a outrem.
Jesus assinalou o imperativo de a criatura buscar o reajuste perante Deus e a própria consciência
mediante o exercício do amor incondicional. Ao reerguer a mulher que era acusada por seus vícios,
o Cristo observa: “Seus muitos pecados lhe são perdoados, porque muito amou.”(6)
Assim, a reparação que favorece a paz interior virá pela vivência do amor, ao eleger o Bem como
prática. Mas poderá ser, também, profundamente dolorosa, quando aquele que foi perdoado permanece
em clima de enfermidade moral, recusando-se à grandeza da fraternidade.
A lição que o Evangelho nos oferece e que a Doutrina Espírita explicita não deixa dúvidas: Não
se chega à felicidade, que todos buscam, sem a vivência da lei moral que emana de Deus e que consiste
na prática da Caridade. E só praticamos a Caridade, plenamente, perdoando os outros e reparando
nossos erros, sempre!
1Mateus, 6:14 4Mateus, 18:22
2Mateus, 6:12 5Lucas, 23:34
3Mateus, 5:25 6Lucas, 7:47
Editorial
O Reformador -Julho de 2005

O amor cobre a multidão de pecados


Antônio Carmo Rubatino-Reformador/Outubro 2005
Uma torrente infindável de mágoas e sentimentos contraditórios leva contingentes de seres humanos exaustos a formar um séqüito de sofredores à procura de socorro psiquiátrico ou psicológico, multiplicando o volume das análises e divãs em consultórios e clínicas.
Quantitativo crescente de casosaporta aos templos religiosos, num desesperado apelo para a fé como
última saída para uma coletânea de ressentimentos, num intricado labirinto de angústias e depressões.
Em grande parte, é a dificuldade nossa de cada dia de desculpar, de desculpar-se, de começar de novo.
Dificuldade que emerge dos relacionamentos diários, tornando a vida uma administração de conflitos
– na família, na escola, no trabalho, no trânsito, no lazer. Até na Casa Espírita.
A Ciência vem fazendo importantes constatações na área do comportamento humano, levando pesquisadores a formular conceitos de extrema relevância, capazes de alterar substanciosamente a qualidade
de vida de indivíduos, famílias e grupos sociais. Revolucionando diagnósticos e substituindo terapias
convencionais, conduzindo pacientes a trocar prolongados tratamentos alopáticos por terapias inovadoras,
os níveis do conhecimento indicam a mudança de hábitos comopré-requisito terapêutico à erradicação
de males de etiologia complexa. Sem externar crenças, a maioria dos pesquisadores evita revelar
convicções religiosas de modo a dar às conclusões caráter de cunho estritamente científico, mas
acabam por fornecer subsídios valiosos ao argumento da religiosidade corrente.
Estudiosos de Stanford relataram valiosas observações, levando o cientista Fred Luskin a tratar do assunto
com admirável propriedade quando torna pública parte desse importante acervo(1):
“Estudos científicos mostram com clareza que o aprendizado do perdão é bom para a saúde e bem-
-estar – bom para a saúde mental e, de acordo com dados recentes, bom para a saúde física.
“(...) Definitivamente, o passado é passado.
“(...) A doença cardíaca é a causa mortis principal tanto para homens quanto para mulheres.
“(...) a raiva provoca a liberação de substâncias químicas associadas ao estresse, que alteram o funcionamento do coração e causam o estreitamento das artérias coronárias e periféricas.
“(...) O perdão é uma experiência complexa, que modifica o nível da autoconfiança, de ações,
pensamentos, emoções e sentimentos espirituais de pessoa vítima de afronta. Acredito que aprender a
perdoar os sofrimentos e ressentimentos da vida seja um passo importante para nos sentirmos mais
esperançosos e conectados espiritualmente, e menos deprimidos.”
Pasma o relato circunstanciado do Dr. Fred Luskin sobre algo que não é estranho ao meio espírita(2):
“Imagine que o que você vê em sua mente está sendo visto numa tela de tevê.
(...) Pelo seu controle remoto você determina o que se apresenta na sua televisão. Imagine agora que
cada um tenha um controle remoto para mudar o canal que está vendo na mente.
(...) desse ponto de vista, a mágoa pode ser vista como um controle remoto travado no canal da
mágoa.”
O raciocínio do cientista faz-nos rememorar a rica literatura advinda através de Chico Xavier, da
valiosa colaboração de André Luiz(3):


“(...) Estupefato, comecei a divisar formas movimentadas no âmbito da pequena tela sombria. Surgiu
uma casa modesta de cidade humilde. Tive a impressão de transpor- lhe a porta. Lá dentro, um quadro
horrível e angustioso. Uma senhora de idade madura, demonstrando crueldade impassível no rosto,
lutava com um homem embriagado.
– ‘Ana! Ana! pelo amor de
Deus! não me mates! – dizia ele, súplice,
incapaz de defender-se. –
‘Nunca! Nunca te perdoarei! (...)’.”
Com toda a sua dinâmica de desvendar o conhecimento a partir de observação repetida e sistemática,
a ciência experimental vem galgando passos importantes na disseminação do saber, dando saltos
quantitativos gigantescos, ora muito objetiva e rapidamente, ora muito lenta e gradualmente. E a variante
dos novos passos que são dados tem a vontade como mola propulsora.
Quando deseja, o homem caminha rápido, muito rápido; quando não, demora-se nas enseadas da
vida, às vezes evitando tratar abordagens incômodas ou de futuro incerto, postergando o transcendente
para outra instância, receoso de chegar a conclusões embaraçosas, que possam implicar em mudanças
importantes nos valores cultuados.
A ciência e a religião tocam-se nas linhas infinitas do tempo.
O Meigo Nazareno já havia recomendado o perdão na sua mensagem consoladora ao colégio apostólico,
aos discípulos, e, em todos os conflitos, externava generosidade e compreensão, procurando substituir a ofensa pela desculpa, a intransigência pela tolerância, a mágoa pelo amor. Recomendara a um
dileto amigo que desculpasse ilimitadas vezes, como que procurando dizer a ele que o perdão age como
medicamento profilático, vacinal, capaz de substituir vincos na fronte cerrada e ameaçadora pela amena
descontração de um riso relaxante e confortador (4). Acostumado a observar a infantilidade de conflituosos
contemporâneos, desaconselhava o litígio, endereçando as querelas a soluções que esvaziam as disputas (5).
Como quem quisesse nos dizer que a maioria dos aborrecimentos do dia-a-dia passariam despercebidos,
se pudéssemos as mais das vezes dizer ao semelhante que nos desafia:
– Estou errado, enganei-me.
Não faria de novo.
Habituados a não reconhecer o próprio erro, sempre empenhamos recursos verbalísticos persuasivos,
no afã de evitar o mea culpa que deixaria o assunto exaurir-se de per si. Opta-se por tentar identificar
o erro no semelhante ou descobrir nele a contribuição para a contenda, crendo na sua dissimulação,
capaz de aviltar a verdade para esquivar-se de qualquer transgressão.
De Pedro vem observação interessante, que não cogita da contenda, dotada de senso de oportunidade,
atualíssima na sociedade em que estamos inseridos, onde o conflito ainda é a via primeira para solucionar
questões do dia-a-dia (6):
(...) tende amor intenso uns para com os outros, porque o amor cobre a multidão de pecados.
Sede, mutuamente, hospitaleiros, sem reclamar. Servi uns aos outros, cada um conforme o dom que
recebeu, como bons despenseiros da multiforme graça de Deus. Se alguém fala, fale de acordo com os
oráculos de Deus; se alguém serve, faça-o na força que Deus supre...
Desculpar não é aceitar o erro que alguém pratica. Mas reconhecer o erro, nosso ou do nosso semelhante,
sem se ofender. Sem se magoar.
Sem ter que sentir de novo, no dia seguinte, a contrariedade da véspera: portanto, sem se ressentir.
É aceitar as pessoas, e a nós mesmos, sem ficarmos presos aos acontecimentos indesejados da vida em
sociedade. É admitir que “o passado é passado”, como afirma FredLuskin. Ou o próprio Emmanuel
quando escreveu: “Agora, eis o momento
da melhora que procuras. (...)
Ontem não mais existe (...).” (7)
AGORA
Agora, eis o momento
Da melhora que buscas.
De nada te lastimes.
Ontem não mais existe.
De tudo o que se foi,
Só a lição perdura.
Renova-te e caminha
Sobre o eterno presente.
Olha o tronco podado
Lançando ramos novos.
Não pares, segue e serve.
Deus cuidará de ti.
Emmanuel

1O Poder do Perdão, Fred Luskin. Editora Novo
Paradigma, cap. 7.
2Idem, ibidem, cap. 9
3Os Mensageiros – Francisco C. Xavier, pelo
Espírito André Luiz, cap. 23, p. 147, Ed. FEB.
4Mateus, 18:21-22.
5Mateus, 5:23-24.
6I Pedro, 4:8-11.
7Espera Servindo, pelo Espírito Emmanuel,
GEEM.

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Vida e Valores (Gratidão)



Encontramos um ensino notável de Paulo de Tarso, o grande Apóstolo do Cristianismo nascente, quando disse: Dai graças a Deus por todas as coisas.
Esse ensinamento de Paulo, naturalmente enfoca a questão da gratidão.
Via o Apóstolo a importância de se agradecer.
Percebemos que esta não é uma praxe entre as criaturas humanas. Todos nós gostamos de receber. E como gostamos! Mas, a questão é na hora de agradecer.
Parece que as pessoas que fazem as coisas para nós, que nos atendem de alguma forma, no nosso juízo profundo, não fazem mais que sua obrigação, quando não é verdade.
Aí começamos a encontrar espetáculos tenebrosos de ingratidão. Espetáculos de ingratidão que começam, muitas vezes, dentro de nossa casa, dentro do lar.
Quantas vezes, conversando com psicanalistas, com psicólogos,  eles falam das reclamações, das queixas de muitos filhos referentemente aos seus pais.
É muito difícil encontrar filhos que não tenham queixas de seus pais. Nada obstante vale pensar que os pais também teriam queixas dos seus filhos, mas porque os amam, os toleram.
Desse modo, vemos com muita estranheza a ingratidão dos filhos pelos pais. Muitos alegam que sua mãe têm defeitos A, defeitos B; outros dizem que seu pai tem esse ou aquele defeito. Um diz que sua mãe não liga para ele, não lhe dá importância, outro diz que sua mãe o abafa.
Outros falam que seus pais nunca os abraçaram, nunca os beijaram. Outros falam que seus pais são muito exigentes, que o pai é muito cobrador.
E nós ficamos pensando. Naturalmente aqueles que reclamam tanto dos pais, seja do pai, seja da mãe, nunca se detiveram para pensar que, por mais complicado seja o pai, seja a mãe, eles têm uma virtude pela qual se tem que ser perpetuamente agradecido.
Sim. Foram eles que nos deixaram nascer, para que tivéssemos essa vivacidade que temos hoje, para que tivéssemos essa liberdade que temos hoje, para que pudéssemos ser como somos hoje. Devemos a eles, com todos os defeitos que eles possam ter.
É natural pensar que quem não consegue agradecer ao seu pai, à sua mãe que lhe deram a vida física, que lhe concederam a oportunidade do corpo físico, da vida na Terra, dificilmente agradecerá aos outros, aos estranhos. Aquele que não agradece a seus pais, não agradece a ninguém.
Alguns dizem: Mas eu não amo a minha mãe. Outros afirmam: Mas eu não amo  meu pai, essa é uma outra questão.
Analisando tudo isso, dentro do enfoque reencarnacionista,  podemos bem admitir que, na maioria das vezes, os filhos e os pais são Espíritos antagônicos, Espíritos que tiveram experiências não muito felizes em outras existências e que, por isso, quando chegam no mesmo lar, debaixo do mesmo teto, a Divindade propõe que eles se acertem. Essa inconsciência relativamente ao passado, esse esquecimento que o passado nos impõe na nova vida, é para que nós nos acertemos e não para que criemos problemas com a questão da ingratidão.
É por isso que vale a pena pensar que a gratidão é uma virtude de quem consegue amar, mas também de quem consegue raciocinar.
Mesmo sabendo que não sentimos amor pela pessoa que nos atende, mas ela nos atende. Então, precisamos ser-lhe gratos.
Verificando essa dificuldade dentro dos lares, quando muitos filhos são ingratos para com seus pais, ficamos a pensar o que eles encontrarão pelos caminhos afora, o que a vida lhes reservará. Porque se a gente não é capaz de dedicar esse sentimento de agradecimento pela vida, pelo corpo físico, pelas oportunidades, pelo lar, pela escolaridade que tivemos, mesmo pelas lutas que nos conferiram valor, quem não consegue agradecer isto, como vai agradecer outras coisas?
A gratidão, sem dúvida, é a nossa demonstração de amadurecimento, é a nossa demonstração de maturidade diante da vida.
Todas as pessoas que nos fazem bem, que nos ajudam a crescer, mormente quem nos deu o corpo físico, são dignas do nosso agradecimento.
Agradecer é servir a vida, é uma forma de ser feliz.
*   *   *
Somente quando conseguimos agradecer a pai e mãe é que estendemos essa gratulação a outras pessoas, porque os amigos mais próximos são eles, nossos pais.
Às vezes, encontramos o hábito ruim, que vem se implantando mesmo dentro dos lares, que é o hábito de não se ensinar aos filhos a agradecer.
As relações dos nossos filhos começam com os servidores domésticos, com as empregadas domésticas. Porque são empregadas domésticas, passa pelo imaginário geral que essas pessoas não devem receber agradecimento. Como não?

Claro que elas estão recebendo um salário para nos servir, para nos ser úteis, no entanto, toda criatura se sente feliz, gratificada, quando lhe agradecemos.
É por isso que vale a pena agradecer a toda criatura que, de alguma forma, nos atende.
O servidor doméstico pôs a comida à mesa: Muito obrigado, Fulano. Retirou o nosso copo, o nosso prato: Obrigado, Fulano. Porque a criatura pode fazer com má vontade.
Se aprendemos a agradecer, ela terá gosto em nos servir, gosto em nos atender. E, nessas relações todas que estabelecemos uns com outros, não podemos perder de vista a questão energética, a questão vibratória.
Aquela criatura que sabe que nós a estamos desdenhando, vibra mal com relação a nós, faz as coisas vibrando negativamente. Será capaz de impregnar aquilo que nos serve, aquilo com que nos atende. E não custa dizer à nossa servidora doméstica: Fulana, Beltrana, por favor, traga-me um café. Fulana, Beltrana, muito obrigado. Não custa, é uma palavra a cada momento em que nos sintamos agraciados.
Quantas vezes entramos num restaurante, chamamos o garçom de moço ou garçom, não lhe sabemos o nome, nem temos interesse em saber, e o tratamos como se ele não fizesse mais do que a obrigação ao nos servir.
É verdade, ele recebe salário para nos servir, mas, como pessoas amorosas, como pessoas que buscam a paz no mundo e querem ajudar com aquilo que lhes é mais fácil, não nos custaria agradecer ao garçom que nos serve à mesa.
Com toda certeza, cada vez que ele vier à mesa para nos servir, ele terá um sorriso, terá alegria, terá aquela satisfação em colocar no nosso prato, no nosso copo aquilo que estamos solicitando.
A grande questão é trabalharmos, energeticamente, as relações, sabedores do quanto o indivíduo se sente feliz quando recebe um agradecimento.
O balconista, quem é que agradece ao balconista? Ele não faz mais que a obrigação, ele está recebendo para isso, esse é o discurso que nós usamos.
Mas é tão bom quando alguém nos atende e, depois de termos feito o balconista descer todos os produtos para que nós verificássemos qual deles iríamos levar e, às vezes, não levamos, depois daquele sacrifício todo nós dizermos: Muito obrigado, você foi muito gentil.
Quantas vezes essa criatura, que está do outro lado, atendendo no balcão, espera uma palavra de alguém, diante das crises humanas que está vivendo.
Há algum tempo, saindo do aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, dirigindo o carro, estava com um amigo e passei pela jovem que cobrava a entrada do estacionamento. Parei o carro e entreguei-lhe o tiquet, ela me disse o valor e, por trás dessa moça registrei uma presença espiritual.
Era um senhor de cabeça branca, com ar preocupado, e dizia-me assim: Mexa com ela, brinque com ela, ela é do Ceará. Naquele átimo, olhei aquela jovem entristecida, aborrecida, e disse-lhe: Olá, cearense. Ela abriu um sorriso.
Como é que o senhor sabe que eu sou do Ceará? Eu digo: Pelo seu jeito. E ela ficou feliz, agradecida.
Eu lhe disse: Muito obrigado, embora ela estivesse ali para atender a todo mundo que fosse pagar o estacionamento.
Agradecer não deveria ser uma obrigação, deveria ser uma alegria, um dever nosso de fraternidade.
Por isso, desde os tempos apostólicos, Paulo de Tarso nos ensinou com relação a Deus: Dai graças a Deus por todas as coisas e, quando agradeço o meu próximo,  estou agradecendo a Deus que o colocou no meu caminho.
Transcrição do Programa Vida e Valores, de número 139, apresentado
por Raul Teixeira,
 sob coordenação da Federação Espírita do Paraná.
Programa gravado em abril de 2008.
 Exibido pela NET, Canal 20,
Curitiba, no dia 15 de março de 2009.

Em 13.07.2009.

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Compaixão



Escasseia, na atual conjuntura terrestre, o sentimento da compaixão. Habituando-se aos próprios problemas e aflições, o homem passa a não perceber os sofrimentos do seu próximo.

Mergulhado nas suas necessidades, fica alheio às do seu irmão, às vezes, resguardando-se numa couraça de indiferença, a fim de poupar-se a maior soma de dores.

Deixando de interessar-se pelos outros, estes esquecem-se dele, e a vida social não vai além das superficialidades imediatistas, insignificantes.

Empedernindo o sentimento da compaixão, a criatura avança para a impiedade e até para o crime.

Olvida-se da gratidão aos pais e aos benfeitores, tornando-se de feitio soberbo, no qual a presunção domina com arbitrariedade.

Movimentando-se, na multidão, o indivíduo que foge da compaixão, distancia-se de todos, pensando e vivendo exclusivamente para o seu ego e para os seus. No entanto, sem um relacionamento salutar, que favorece a alegria e a amizade, os sentimentos se deterioram, e os objetivos da vida perdem a sua alta significação tornando-se mais estreitos e egotistas.

A compaixão é uma ponte de mão dupla, propiciando o sentimento que avança em socorro e o que retorna em aflição.

É o primeiro passo para a vigência ativa das virtudes morais, abrindo espaços para a paz e o bem-estar pessoal.

O individualismo é-lhe a grande barreira, face a sua programação doentia, estabelecida nas bases do egocentrismo, que impede o desenvolvimento das colossais potencialidades da vida, jacentes em todos os indivíduos.

A compaixão auxilia o equilíbrio psicológico, por fazer que se reflexione em torno das ocorrências que atingem a todos os transeuntes da experiência humana.

É possível que esse sentimento não resolva grandes problemas, nem execute excelentes programas. Não obstante, o simples desejo de auxiliar os outros proporciona saudáveis disposições físicas e mentais, que se transformarão em recursos de socorro nas próximas oportunidades.

Mediante o hábito da compaixão, o homem aprende a sacrificar os sentimentos inferiores e a abrir o coração.

Pouco importa se o outro, o beneficiado pela compaixão, não o valoriza, nem a reconheça ou sequer venha a identificá-la. O essencial é o sentimento de edificação, o júbilo da realização por menor que seja, naquele que a experimenta.

Expandir esse sentimento é dar significação à vida.

A compaixão está cima da emotividade desequilibrada e vazia. Ela age, enquanto a outra lamenta; realiza o socorro, na razão em que a última apenas se apiada.

Quando se é capaz de participar dos sofrimentos alheios, os próprios não parecem tão importantes e significativos.

Repartindo a atenção com os demais, desaparece o tempo vazio para as lamentações pessoais.

Graças à compaixão, o poder de destruição humana cede lugar aos anseios da harmonia e de beleza na Terra.

Desenvolve esse sentimento de compaixão para com o teu próximo, o mundo, e, compadecendo-te das suas limitações e deficiências, cresce em ação no rumo do Grande Poder.



Autor: Joanna de Ângelis
Psicografia de Divaldo Franco. Da obra: Responsabilidade

sexta-feira, 27 de julho de 2012

SACUDIR O PÓ

SACUDIR  O  PÓ

Emmanuel

“E se ninguém vos receber, nem escutar as vossas palavras,
saindo daquela casa ou cidade, sacudi o pó de vossos pés.”
– Jesus. (Mateus, 10:14)

Os próprios discípulos materializaram o ensinamento de Jesus, sacudindo a poeira das sandálias, em se retirando desse ou daquele lugar de rebeldia ou impenitência. Todavia, se o símbolo que transparece da lição do Mestre estivesse destinado apenas a gesto mecânico, não teríamos nele senão um conjunto de palavras vazias.
O ensinamento, porém, é mais profundo. Recomenda a extinção do fermento doentio.
Sacudir o pó dos pés é não conservar qualquer mágoa ou qualquer detrito nas bases da vida em face da ignorância e da perversidade que se manifestam no caminho de nossa experiência comum.
Natural é o desejo de confiar a outrem as sementes da verdade e do bem, entretanto, se somos recebidos pela hostilidade do meio a que nos dirigimos, não é razoável nos mantenhamos em longas observações e apontamentos, que, ao invés de conduzir-nos a tarefa a êxito oportuno, estabelecem sombras e dificuldades em torno de nós.
Se alguém te não recebeu a boa vontade, nem te percebeu a boa intenção, porque a perda de tempo em sentenças acusatórias? Tal atitude não soluciona os problemas espirituais. Ignoras, acaso, que o negador e o indiferente serão igualmente chamados pela morte do corpo à nossa pátria de origem? Encomenda-os a Jesus com amor e prossegue, em linha reta, buscando os teus sagrados objetivos. Há muito por fazer na edificação espiritual do mundo e de ti mesmo. Sacode, pois, as más impressões e marcha alegremente.
Emmanuel

Pão Nosso – Psicografia: Francisco Cândido Xavier – Ed.: FEB.