"Haverá
alegria no céu por um pecador que se arrepende,
mais do que por noventa e nove justos que não necessitam
de arrependimento." (Lucas, 15:7)
mais do que por noventa e nove justos que não necessitam
de arrependimento." (Lucas, 15:7)
Para
melhor poder elucidar este tema, torna-se imperiosa a transcrição
de alguns trechos do Velho e do Novo Testamentos:
Eu
vim, não para julgar o mundo, mas para salvar o mundo. (João,
12:47)
Eu
sou o bom Pastor que dá a vida pelas suas ovelhas. (João, 10:11)
Vinde
a mim todos os que estão sobrecarregados e oprimidos, e eu vos aliviareis.(Mateus,
11:28)
Eu
não vim chamar os justos, mas sim os pecadores. (Marcos, 2:17)
Porque
qualquer que pede recebe; e quem busca, acha; e a quem bate, abrir-se-lhe-á.
(Lucas, 11:10)
Por
mim mesmo juro, disse o Senhor Deus, que não quero a morte do ímpio,
senão que ele se converta, que deixe o mau caminho e que viva. (Ezequiel,
33:11)
Conforme
se depara das citações acima, os quatro evangelistas são
unânimes na demonstração da amplitude do amor de Deus para
com suas criaturas.
Os
livros dos profetas, de forma idêntica, atestam o desvelo que Deus tem
para com o gênero humano e a transcrição que fizemos acima,
de um tópico do livro de Ezequiel, não deixa pairar qualquer dúvida
sobre essa assertiva.
Se
as religiões afirmam que o Cristo veio para salvar o mundo e chamar os
pecadores, como conceber a validade de dogmas que conflitam com essas afirmações?
Como
poderia se conceber um Pai que demonstra o mais efusivo amor para com suas criaturas,
ao ponto de enviar Jesus Cristo para nos trazer uma mensagem de vida eterna,
pagando no cimo do Calvário essa sua ousadia, tolerar em sua justiça
a existência de penas eternas e irremissíveis?
A
proclamação de Jesus de que há mais alegria no Céu
por um pecador que se regenera do que por noventa e nove justos que não
precisam de arrependimento, representa o mais insofismável repúdio
às suposições inconsistentes sobre a existência de
seres devotados eternamente à prática do mal e de lugares circunscritos
para a aplicação de penalidades sem remissão.
Como
admitir a idéia de um Pai que situa seus filhos em vários planos
de aprendizagem para, face ao menor deslize, condená-los, de forma inapelável,
a um inferno tenebroso, chefiado por um arguto e despótico deus do mal,
que faz perenemente afrontas ao Criador de todas as coisas? A justiça
de Deus, em tais circunstâncias, seria defectível e facilmente
sobrepujada pela justiça dos homens, a qual, em muitos casos, concede
o sursis e dá aos réus a oportunidade de novos recomeços.
Se
os pais terrenos, apesar de suas imperfeições, dão sempre
a seus filhos o que há de melhor e, se estes transgridem suas ordenações
não lhes negam a oportunidade de novas experiências, como negar
a Deus, que é a expressão máxima de perfeição,
a concessão de regalias equivalentes?
O
Espiritismo, que surgiu na Terra com o objetivo primário de restaurar
o autêntico Cristianismo, não pode jamais pactuar com doutrinas
que apresentam um Deus unilateral, vingativo, rancoroso e despótico,
em flagrante contraste com tudo aquilo que o Mestre Nazareno veio nos ensinar.
O progresso humano não comporta mais postulados retrógrados que
objetivem manter os homens acorrentados às férreas cadeias de
dogmas esdrúxulos, verdadeiros resíduos de crenças antigas,
que já não têm razão de existir.
Quando
o apóstolo afirma que o amor cobre a multidão de pecados, é
incisivo na demonstração de que qualquer falha pode ser remida
pela prática das leis do amor. Isso anula os conceitos de penas eternas,
de inferno habitado por legiões de seres que viveriam eternamente na
prática do mal e que, persistentemente, atormentariam as almas que estivessem
expiando nas chamas infernais o crime de terem sido fracas e sujeitas a quedas.
Jamais
poderia Deus ter criado pigmeus para exigir deles obra de gigantes.
O
Espírito do homem foi criado simples e ignorante, sendo situado nos vários
planos de aprendizagem a fim de se despojar das imperfeições e,
através dos séculos, ser guindado à situação
de Espírito angelical. Se a sua natural fraqueza e imperfeição
origina quedas repetidas, no desenrolar das reencarnações, não
seria lógico o Criador não lhe conceder oportunidade de soerguimento
e consentir a consumação de tão odienta condenação
eterna.
O
Espiritismo nos apresenta Deus em toda a sua magnitude, revestido dos seus verdadeiros
atributos de Pai de amor e misericórdia, de justiça e de perdão.
A Doutrina dos Espíritos não nega a penalidade futura, pelo contrário,
confirma-a; o que, entretanto, não aceita é essa penalidade revestida
de caráter eterno e a existência de inferno localizado.
Seja
qual for a duração dessa penalidade transitória, ela terá
um epilogo, próximo ou remoto. A alma humana tem sempre a oportuunidade
de reencetar a marcha rumo à sublimação.
Por
isso disse Jesus: Eu não vim chamar os justos,
mas os pecadores.
Paulo
A. Godoy
Livro: O Evangelho Pedi Licença
Livro: O Evangelho Pedi Licença
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