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sábado, 8 de setembro de 2012

O amor cobre a multidão de pecados


Antônio Carmo Rubatino-Reformador/Outubro 2005
Uma torrente infindável de mágoas e sentimentos contraditórios leva contingentes de seres humanos exaustos a formar um séqüito de sofredores à procura de socorro psiquiátrico ou psicológico, multiplicando o volume das análises e divãs em consultórios e clínicas.
Quantitativo crescente de casosaporta aos templos religiosos, num desesperado apelo para a fé como
última saída para uma coletânea de ressentimentos, num intricado labirinto de angústias e depressões.
Em grande parte, é a dificuldade nossa de cada dia de desculpar, de desculpar-se, de começar de novo.
Dificuldade que emerge dos relacionamentos diários, tornando a vida uma administração de conflitos
– na família, na escola, no trabalho, no trânsito, no lazer. Até na Casa Espírita.
A Ciência vem fazendo importantes constatações na área do comportamento humano, levando pesquisadores a formular conceitos de extrema relevância, capazes de alterar substanciosamente a qualidade
de vida de indivíduos, famílias e grupos sociais. Revolucionando diagnósticos e substituindo terapias
convencionais, conduzindo pacientes a trocar prolongados tratamentos alopáticos por terapias inovadoras,
os níveis do conhecimento indicam a mudança de hábitos comopré-requisito terapêutico à erradicação
de males de etiologia complexa. Sem externar crenças, a maioria dos pesquisadores evita revelar
convicções religiosas de modo a dar às conclusões caráter de cunho estritamente científico, mas
acabam por fornecer subsídios valiosos ao argumento da religiosidade corrente.
Estudiosos de Stanford relataram valiosas observações, levando o cientista Fred Luskin a tratar do assunto
com admirável propriedade quando torna pública parte desse importante acervo(1):
“Estudos científicos mostram com clareza que o aprendizado do perdão é bom para a saúde e bem-
-estar – bom para a saúde mental e, de acordo com dados recentes, bom para a saúde física.
“(...) Definitivamente, o passado é passado.
“(...) A doença cardíaca é a causa mortis principal tanto para homens quanto para mulheres.
“(...) a raiva provoca a liberação de substâncias químicas associadas ao estresse, que alteram o funcionamento do coração e causam o estreitamento das artérias coronárias e periféricas.
“(...) O perdão é uma experiência complexa, que modifica o nível da autoconfiança, de ações,
pensamentos, emoções e sentimentos espirituais de pessoa vítima de afronta. Acredito que aprender a
perdoar os sofrimentos e ressentimentos da vida seja um passo importante para nos sentirmos mais
esperançosos e conectados espiritualmente, e menos deprimidos.”
Pasma o relato circunstanciado do Dr. Fred Luskin sobre algo que não é estranho ao meio espírita(2):
“Imagine que o que você vê em sua mente está sendo visto numa tela de tevê.
(...) Pelo seu controle remoto você determina o que se apresenta na sua televisão. Imagine agora que
cada um tenha um controle remoto para mudar o canal que está vendo na mente.
(...) desse ponto de vista, a mágoa pode ser vista como um controle remoto travado no canal da
mágoa.”
O raciocínio do cientista faz-nos rememorar a rica literatura advinda através de Chico Xavier, da
valiosa colaboração de André Luiz(3):


“(...) Estupefato, comecei a divisar formas movimentadas no âmbito da pequena tela sombria. Surgiu
uma casa modesta de cidade humilde. Tive a impressão de transpor- lhe a porta. Lá dentro, um quadro
horrível e angustioso. Uma senhora de idade madura, demonstrando crueldade impassível no rosto,
lutava com um homem embriagado.
– ‘Ana! Ana! pelo amor de
Deus! não me mates! – dizia ele, súplice,
incapaz de defender-se. –
‘Nunca! Nunca te perdoarei! (...)’.”
Com toda a sua dinâmica de desvendar o conhecimento a partir de observação repetida e sistemática,
a ciência experimental vem galgando passos importantes na disseminação do saber, dando saltos
quantitativos gigantescos, ora muito objetiva e rapidamente, ora muito lenta e gradualmente. E a variante
dos novos passos que são dados tem a vontade como mola propulsora.
Quando deseja, o homem caminha rápido, muito rápido; quando não, demora-se nas enseadas da
vida, às vezes evitando tratar abordagens incômodas ou de futuro incerto, postergando o transcendente
para outra instância, receoso de chegar a conclusões embaraçosas, que possam implicar em mudanças
importantes nos valores cultuados.
A ciência e a religião tocam-se nas linhas infinitas do tempo.
O Meigo Nazareno já havia recomendado o perdão na sua mensagem consoladora ao colégio apostólico,
aos discípulos, e, em todos os conflitos, externava generosidade e compreensão, procurando substituir a ofensa pela desculpa, a intransigência pela tolerância, a mágoa pelo amor. Recomendara a um
dileto amigo que desculpasse ilimitadas vezes, como que procurando dizer a ele que o perdão age como
medicamento profilático, vacinal, capaz de substituir vincos na fronte cerrada e ameaçadora pela amena
descontração de um riso relaxante e confortador (4). Acostumado a observar a infantilidade de conflituosos
contemporâneos, desaconselhava o litígio, endereçando as querelas a soluções que esvaziam as disputas (5).
Como quem quisesse nos dizer que a maioria dos aborrecimentos do dia-a-dia passariam despercebidos,
se pudéssemos as mais das vezes dizer ao semelhante que nos desafia:
– Estou errado, enganei-me.
Não faria de novo.
Habituados a não reconhecer o próprio erro, sempre empenhamos recursos verbalísticos persuasivos,
no afã de evitar o mea culpa que deixaria o assunto exaurir-se de per si. Opta-se por tentar identificar
o erro no semelhante ou descobrir nele a contribuição para a contenda, crendo na sua dissimulação,
capaz de aviltar a verdade para esquivar-se de qualquer transgressão.
De Pedro vem observação interessante, que não cogita da contenda, dotada de senso de oportunidade,
atualíssima na sociedade em que estamos inseridos, onde o conflito ainda é a via primeira para solucionar
questões do dia-a-dia (6):
(...) tende amor intenso uns para com os outros, porque o amor cobre a multidão de pecados.
Sede, mutuamente, hospitaleiros, sem reclamar. Servi uns aos outros, cada um conforme o dom que
recebeu, como bons despenseiros da multiforme graça de Deus. Se alguém fala, fale de acordo com os
oráculos de Deus; se alguém serve, faça-o na força que Deus supre...
Desculpar não é aceitar o erro que alguém pratica. Mas reconhecer o erro, nosso ou do nosso semelhante,
sem se ofender. Sem se magoar.
Sem ter que sentir de novo, no dia seguinte, a contrariedade da véspera: portanto, sem se ressentir.
É aceitar as pessoas, e a nós mesmos, sem ficarmos presos aos acontecimentos indesejados da vida em
sociedade. É admitir que “o passado é passado”, como afirma FredLuskin. Ou o próprio Emmanuel
quando escreveu: “Agora, eis o momento
da melhora que procuras. (...)
Ontem não mais existe (...).” (7)
AGORA
Agora, eis o momento
Da melhora que buscas.
De nada te lastimes.
Ontem não mais existe.
De tudo o que se foi,
Só a lição perdura.
Renova-te e caminha
Sobre o eterno presente.
Olha o tronco podado
Lançando ramos novos.
Não pares, segue e serve.
Deus cuidará de ti.
Emmanuel

1O Poder do Perdão, Fred Luskin. Editora Novo
Paradigma, cap. 7.
2Idem, ibidem, cap. 9
3Os Mensageiros – Francisco C. Xavier, pelo
Espírito André Luiz, cap. 23, p. 147, Ed. FEB.
4Mateus, 18:21-22.
5Mateus, 5:23-24.
6I Pedro, 4:8-11.
7Espera Servindo, pelo Espírito Emmanuel,
GEEM.

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