Um encontro real entre nós dois |
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De
repente você se dá conta, como eu, de que acaba de ingressar no clube
dos macróbios. No meu caso, 90 anos. E aí começa a perceber que o mundo
não é mais aquele que você conheceu, especialmente não mais estão ali as
pessoas que conheceu e amou. Quase todas desapareceram na
invisibilidade. Bem sei que é uma ausência temporária, pois lá estão na
dimensão espiritual à nossa espera para as emoções do reencontro. Mas
que umas tantas delas deixam aberto em nós um espaço maior, isso também é
verdade.
Para mim a ausência mais doída é a da querida dona Helena, minha mãe.
Talvez você se lembre que eu abri para ela um capítulo especial no livro Nossos filhos são espíritos.
Ela partiu para o outro lado da vida em 1960, aos 66 anos. Eu tinha 40.
Portanto,
já se passaram cinquenta anos. Ao longo desse tempo, muita coisa
aconteceu, claro. Cerca de trinta deles, participando de trabalhos
mediúnicos. Duas vezes ela me enviou mensagens psicografadas e uma vez
falei com ela através de médium de minha confiança. Ela me proporcionou
evidências indiscutíveis, citando fatos dos quais só ela e eu sabíamos.
Recentemente
– cerca de um ano ou dois – tive com ela um sonho do qual só me ficou
na memória de vigília um episódio marcante. No sonho, ela veio ao meu
encontro e ajoelhou-se a meus pés. Recuperado da impactante
perplexidade que a cena me suscitou, ajoelhei-me também diante dela e o
trocamos um beijo saudoso, aqueles que somente ocorrem entre mãe e
filho.
Bem, a
historinha ainda não ficou aí concluída. Uma semana depois, recebi um
e-mail de outra amiga, médium com a qual trabalhei num grupinho
doméstico, do qual, entre outros queridos amigos e amigas, Deolindo
Amorim sentava-se à minha esquerda e ela, à direita.
A amiga frequentava uma instituição espírita no Rio.
Dizia-me
naquela carta inesperada que ao encerrarem-se os trabalhos mediúnicos da
casa, aproximara-se dela uma entidade – que ela descreveu sumariamente,
mas não da
qual não guardara o nome. “Diga ao Herminio – pediu ela – que não foi
somente um sonho. Houve um encontro real entre nós dois.”
A amiga
médium, em conversa posterior comigo, ao telefone, acrescentou um
detalhe que não mencionara no e-mail: o gesto dela se reportava à remota
existência minha, aí pela Idade Média, quando eu lhe proporcionara a
grande alegria, tornando-me sacerdote católico, sonho dela não realizado
nesta vida.
Pois é, leitor/leitora.
Acho que não preciso falar de minha emoção ante esse recado.
Falo agora, porém, para encerrar esta narrativa, repetindo uma frase que usei certa vez e que assim diz:
“Se você perceber neste papel que está lendo, a marca de uma lágrima, não se preocupe. É minha.”
Artigo de Hermínio de Miranda
Site: Correio Fraterno
Artigo de Hermínio de Miranda
Site: Correio Fraterno
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