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terça-feira, 9 de julho de 2013

Entrevista com Herminio Miranda - Parte 1

Entrevista com Herminio Miranda - Parte 1 PDF Imprimir E-mail
O conhecimento de um gigante

Nesta primeira parte da entrevista com o escritor Herminio C. Miranda ele fala sobre as experiências que teve em seu grupo mediúnico, histórias de amor, ódio, e obsessão

Falar sobre Herminio C. Miranda é fácil, o difícil foi encará-lo numa entrevista. Posso explicar. Herminio é um espírito antigo. Já está na Terra há mais de 10 mil anos, como você pode checar na biografia publicada no Universo Literário número 2. Imagine conversar com alguém que juntou conhecimentos por esses milênios todos... Foi tarefa árdua. A começar pela elaboração das perguntas. Que pontos eu iria abordar? Decidi ir pela trilha de suas próprias palavras, seu livros. Afinal são eles que contêm suas histórias, que condensam seus conhecimentos, que apontam, mesmo que sutilmente, suas vidas... Herminio já escreveu mais de 30 livros que juntos já ultrapassaram a barreira de 1 milhão de exemplares vendidos. Os assuntos foram os mais diversos, obsessão, cristianismo primitivo, heresias católicas, regressão, o tempo, a mente, histórias de Espíritos, autismo, realidade espiritual, reencarnação, Egito, morte, mediunidade, e por r aí vai. Então peguei esse caminho. Foram mais de 4 horas de entrevista, pessoalmente! Herminio é um senhor já. São 85 anos nesta vida. Começou a escrever tarde, tinha 38 quando ousou enviar um artigo para O Reformador, a revista da Federação Espírita Brasileira. O texto foi publicado e a partir dali colaborou assiduamente com o periódico. Seu primeiro livro, Diálogo com as Sobras surgiu em 1975, de lá para cá são dezenas... Herminio é um escritor espírita temporão. Ele conta que só quando se aposentou, pela Companhia Siderúrgica Nacional, pode realmente se dedicar à escrita e à leitura, verdadeira paixão em sua vida. Herminio lê e escreve em muitas línguas; essa capacidade deu-lhe a chave de muitas portas. “Cada língua que você aprende abre-se, para si, um novo mundo. Você começa a pesquisar uma obra e ela vem com uma bibliografia. Vai numa delas e é outro mundo que se abre”, afirma. A produção literária de Herminio é ativa ainda. Ele não esgotou sua curiosidade, muito menos deixou secar a fonte na qual transmite o que descobriu a nós, leitores. Herminio está produzindo de dois livros. Mas é segredo... Herminio sempre foi reservado. Deu poucas entrevistas, não participou de polêmicas espíritas, não foi ativo no movimento. Para você ter uma ideia, foi quase um ano de negociação para conseguirmos a entrevista com ele. Quando, finalmente, aceitou, foi quase um mês de pesquisa, e, confesso, de medo – claro – para eu fazer as perguntas. Mas consegui. Com coragem, conversei com esse espírito milenar. É... Ele transmite isso, não tenha nenhuma dúvida, o homem é um gigante. Abaixo você vai ler a primeira parte de nosso diálogo na qual Herminio vai fala sobre desobsessão. Decidi separar por temas, assim você não vai perder nada da fonte onde só brota uma coisa: sabedoria.

Como o Senhor conheceu o Espiritismo?
Minha formação foi católica. Minha mãe foi educada em colégio de freiras – era uma pessoa muito inteligente, escrevia muito bem, tinha uma cultura bastante razoável – éramos em 10 irmãos, eu fui o primeiro, e ela nos criou no catolicismo. A rigor eu seria um católico genético (rs). Ela, que vivia dentro do contexto dos dogmas, dizia que enquanto estivéssemos sob a responsabilidade dela seríamos católicos, depois cada um seguiria o seu rumo. Fui muito bem até determinado ponto, mas observando as coisas comecei a questionar, e minha mãe dava as explicações dela – era uma pessoa muito sensata; não era carola, mas era uma mulher convictamente religiosa. A principal mensagem dela foi o respeito e a admiração pelo Cristo, pelo Evangelho, e isso era o que mais me interessava. Lá pelos 16, 17 anos, comecei a ler; aí, não deu mais. Passei um tempo meio perdido porque comecei a ler filosofia, Shakespeare, Schopenhauer – que gostava muito apesar de ser pessimista e machista, mas era sujeito genial, tinha ideias incríveis, noções sobre reencarnação; por exemplo, se perguntassem a ele a diferença entre o ocidente e o oriente ele dizia: “É que no ocidente as pessoas dizem que se vive uma vez só”. Li mais coisas e comecei a distinguir Jesus do Cristo. Esse Cristo teológico não bate com o Jesus; é como diz o historiador inglês H.G. Wells: “A presença do homem na história é inegável. Ele realmente existiu, ensinou aquelas coisas, ainda que tenha havido deformações; mas o pensamento dele está no que ele disse e no que ele exemplificou” – isso mesmo com a biografia dele muito limitada dos textos evangélicos. Só depois de muitos anos passados, antes de escrever Cristianismo, A Mensagem Esquecida descobri que um historiador francês, especializado em religião, fez essa distinção. Escreveu um livro sobre Jesus e outro sobre o Cristo. E eu já tinha dessa distinção não sei por quê. Uma vez uma pessoa da família entrou em transe – não era minha intenção fazer regressão, era apenas dar uns passes – e me disse assim sobre o Cristianismo: “Muita coisa que você não aceita é por que você sabe que não é daquela maneira. Você sabe a maneira correta de ser”. Mas não comecei a ser espírita cedo, não. Costumo dizer que os que começam cedo são espíritos madrugadores. Eu não madruguei. Primeiro formei a base da carreira profissional. Formei-me em Ciências Contábeis, fui para os Estados Unidos, ficando lá por quase cinco anos, e só quando voltei, fim de 54, e em 55 eu já estava com algumas ideias, já estava procurando as coisas, e comecei a ler mais e questionar mais. Aí procurei uma pessoa que era reconhecidamente espírita, um homem muito culto, coronel, engenheiro, chefe da Companhia Siderúrgica em Paris, era de uma cultura enorme, eu sabia que ele era espírita e perguntei-lhe: “Por onde que eu começo?”. Ele me deu até um papelzinho com o nome dos livros, parecia prescrição médica (rs). Então li O Livro dos Espíritos em 1956, foi aí que comecei a estudar. No final daquele ano, escrevi um trabalhinho para O Reformador e, para minha surpresa, ele foi publicado. E eu acho que se não tivesse publicado, talvez eu teria perdido o interesse... Naquela prescrição tinha Kardec, Gabriel Delanne, Léon Denis, e Gustav Geley.
O Senhor já gostava de escrever?
Sempre gostei, desde pequeno. Tive sorte, pois minha mãe e meu pai escreviam muito bem. Tive excelentes professores de português. Então, se é que tenho uma herança do passado, ela foi bem aproveitada, pois tive muitas pessoas que me ensinaram a me expressar em português. Não sei se deu certo, mas acho que sim (rs).
Como foi o seu contato com o Carlos Imbassahy, Deolindo Amorim e Hernani Guimarães Andrade?
O Hernani trabalhava também na Siderúrgica Nacional, em Volta Redonda. E nós fizemos uma amizade... Eu não sei o que ele via em mim, pois ele já era uma figura de relevo na siderúrgica – eu sabia do gênio que estava ali atrás, pois só de conversar com uma pessoa, você sabe. Foi uma amizade de mais de 50 anos, uma beleza. Poucos dias antes de morrer, ele me ligou e contou uma porção de histórias; parecia que ele sabia. Falou sobre o livro do Dr. Stevenson, Biologia e Reencarnação: “Herminio, não tenho mais dúvidas, a reencarnação está provada!”. Hernani foi uma figura sensacional e Deolindo também, muito amigo meu. Trabalhamos juntos em grupos mediúnicos, grupos pequenos, pois eu nunca frequentei centro espírita e nem sei dizer como é o trabalho nos centros. Então, nosso grupo era formado de poucas pessoas, no máximo seis.
Como eram os trabalhos nesses grupos?
Geralmente líamos Emmanuel, fazíamos uma pequena observação sobre, e íamos ao trabalho. Foi desse trabalho que saiu Diálogo com as Sombras, As Histórias que os Espíritos Contaram, enfim, aprendi muito, meu Deus...
Esses livros falam sobretudo de obsessão...
A palavra obsessor não é uma palavra simpática, não é positiva. São criaturas muito interessantes... Apredi tanto com eles. Falamos sobre teoria e eles estão falam sobre a vida. Eles trazem os casos recortados, como tecido vivo. Foi um trabalho muito, mas muito, instrutivo.
Como o sr. chegou a ser doutrinador em reuniões de desobsessão?
Eu frequentava um grupo particular, doméstico, do qual fazia parte, inclusive, Deolindo Amorim. Primeiro começamos aquelas sessões informais, recebíamos uma entidade ou outra. Eu era apenas um dos participantes – estava numa espécie de vestibularzinho. Um dia, ao começar a reunião, disseram: “Olha vamos começar a botar ordem na casa, fulano vai receber o Espírito, fulano vai, tal e tal, e você, Herminio, vai fazer a doutrinação”. Eu disse: “Meu Deus, eu? (rs) Mas o que vou dizer?” (rs). Eu via como a coisa era complexa, e eu sem experiência nenhuma... Mas comecei. E fui indo. E foram 28 anos.
Nesse período houve alguma doutrinação que lhe marcou mais que as outras?
Todas elas. Olha, era uma choradeira... Rara era a reunião que não tinha choradeira. Foram casos muito comoventes. Você vê isso no livro As Histórias que os Espíritos Contaram. Mais na fase inicial de nosso trabalho, apareciam mais aquelas entidades da época do Cristianismo primitivo. Eram entidades romanas que perseguiram o Cristo, ou que se aborreceram com ele porque ele havia convertido a mulher ou a filha; enfim, esses casos pessoais. Tinha um que dizia: “Enquanto eu sentir na areia a pisada de um pé cristão, eu vou matar”. Era gente decidida, pois aquela mágoa ficou durante muitos anos. Aí começaram a acontecer outros casos. Não tratávamos só de obsessão; parece que o mundo espiritual dirigiu mais nosso trabalho para organizações espirituais que estavam do lado de lá e precisavam ser atendidas, digamos assim. Foram muitas histórias. Entidades que mexeram muito com minhas emoções. Gente que foi meu adversário no passado, gente que gostou de mim. Posso citar um caso. Foi a primeira vez manifestou-se um Espírito de origem árabe. Veio muito cauteloso, desejando que eu falasse mais do que o ouvisse. Então conversamos longamente, o recebi com grande respeito. Mas aquilo foi apenas um preparo. Ele vinha estudar o nosso grupo para saber como éramos, pois já estava prevendo algum contato conosco. Até que chegou a história As Três Dracmas, que está no livro Histórias que os Espíritos Contaram; foi muito emocionante.
Foi um caso diretamente relacionado ao sr.?
Sim. Mas não posso dizer-lhe, onde, nem por que, nem como, nem quem foi. Pois é uma história que mexe com muita coisa, inclusive com que está acontecendo hoje no mundo. Era uma entidade de grande capacidade intelectual, companheiro fantástico que tinha-se desviado na época do Cristo.
É um personagem que se destacou na história da humanidade?
Sim. Você me desculpa ser reticente; mas são histórias que se relacionam diretamente comigo, com pessoas que me conheceram...
O sr. é médium?
Hiii... (rs). Nada. Se dependesse de mim, Espírito não existiria (rs). Pois nunca vi um... Nunca frequentei sessão de materialização. Eu não sei... Parece que o meu trabalho foi muito dirigido para a escrita, então, tive que fazer a opção; se fosse fazer tudo não ia dar.
O sr. foi pioneiro em fazer regressão em Espíritos...
Comecei com a regressão na década de 60, era uma experiência sem o menor propósito psicológico. Eu só queria saber o que era memória; como é que funciona essa coisa chamada memória. Começamos a fazer regressões no grupo mediúnico, pois descobri que as pessoas que trabalham com mediunidade são mais fáceis de passar pelo transe anímico, que é a regressão. Então como eu já sabia fazer regressão com seres encarnados – toda essa experiência está em A Memória e o Tempo – um dia pensei que se podemos fazer num encarnado, talvez seja possível num Espírito incorporado em um médium. E comecei a tratar com passes. Ficava atrás do médium, que estava sentado, e dava uns passes, e a coisa começou acontecer. Tivemos muitas regressões no grupo, mas eu só recorria a esse recurso quando ficava muito difícil chegar às causas profundas. Teve até um caso que me deixou muito emocionado. Foi o de um cidadão que estava muito ligado a uma jovem encarnada. Ele tinha um ódio dela e ficava vigiando-a dia e noite. A moça nos escreveu pedindo ajuda. Eu lhe disse que não poderia garantir, mas que iria colocar o nome dela em nosso caderno e, quem sabe, ela seria atendida. Aí apareceu essa entidade; muito raivosa. Estava muito revoltado com a moça. O Espírito dizia: “Você não sabe. Aquilo é uma peste”. Falava numa linguagem áspera, muito rancorosa. Falava que ia continuar perseguindo-a e que nós não iríamos nos meter nisso, pois ele tinha os seus compromissos com ela. Ele foi muito severo. E, sabe aquelas coisas que estalam na cabeça? Estalou na minha, e eu disse: “Então quer dizer que você continua amando essa mulher, né?”. Ele parou, ficou um pouco meditativo, e teve a honestidade de confessar que realmente gostava dela. Emmanuel tem uma expressão que diz que o ódio é o amor que enlouqueceu. Na verdade ele era emocionalmente tão preso a ela que a perseguia tentando se vingar. E nós tentávamos explicar-lhe que o perdão liberta e a vingança não. A vingança confirma a ligação; amarra e faz sofrer os dois. Aquele Espírito foi de uma dignidade incrível, disse que sim, que a amava, e mudou o comportamento.
O sr. chegou a fazer regressão com esse Espírito?
Não cheguei. Esse foi um caso no qual conseguimos encontrar o caminho para chegar no coração da pessoa. Mas às vezes pegávamos Espíritos muito difíceis. Especialmente os de formação religiosa, pois tinham aqueles dogmas, aquelas crenças muito acirradas na mente e no coração. Houve um sacerdote interessante. Era um padre que chegava, benzia a gente, lia um livro de textos sobre exorcismos, e dizia que nós éramos coisas do demônio. Que eu era um transviado, pois tinha abandonado a igreja... [Herminio já foi clérigo em outras vidas]. Dizia que aquilo não podia continuar. Vinha muita gente da Igreja, do protestantismo, e de outras religiões que estavam completamente bloqueadas quanto às causa que provocaram aquele processo nelas. Então precisávamos ter paciência, recebê-los com muito carinho, ouvi-los. Pois quem faz esse tipo de trabalho com as entidades precisa ter muita paciência e muito carinho. Precisa entender que a pessoa que está ali está sofrendo porque tem algum problema, ela precisa de ajuda para resolver, pois não consegue sozinha. Então, em muitos casos foi feita a regressão, pois assim o Espírito ia recuperar no passado onde é que começou o conflito e via por que estava naquela situação e aí não tinha mais argumento. A regressão facilitou muito nosso trabalho.
O sr. tem uma estimativa de quantos espíritos foram atendidos?
Acho que milhares... Imagine, 28 anos, toda a semana...
Como o sr. se preparava para essas reuniões?
O preparo era comum. Nunca fui de beber, de fumar, não tinha nenhum problema dessa natureza. Era um dia no qual que eu procurava passar com mais calma; antes de ir para o grupo eu repousava. O trabalho começava, irremediavelmente, com uma prece. Num grupo pequeno também é mais fácil de haver harmonia. Para você ter uma ideia, éramos em quatro nos último 20 anos. Era um trabalho feito com muito amor, dedicação, e com muita entrega. Os Espíritos, às vezes, diziam coisas horríveis para nós, ameaçavam...
O sr. teve medo?
Eu não tinha medo, não sei por quê. Eu só dizia o seguinte: “Olha, tudo bem. Você só vai poder fazer comigo o que a lei te permitir, o que ela não permitir você não vai fazer, e não se esqueça que a responsabilidade é sua”. Como que uma pessoa iria, por exemplo, tornar-se obsessor do Dr. Bezerra de Menezes? Ele teve sofrimentos espirituais, e muito grandes, mas perseguir o Dr. Bezerra espiritualmente... Com o quê? A entidade não tinha onde pegá-lo; um espírito daquele porte... Eu não era o caso; pois sempre achei que a gente aprende mais com os erros do que com os acertos. Então sou muito consciente das minhas falhas. E dizia: “Bom, naquilo em que eu falhar você pode realmente me prejudicar, mas naquilo que for decorrência do nosso trabalho aqui, você não pode. Não vai conseguir”. Então precisa ter disposição para enfrentar com muito amor, mas também com energia quando for preciso.
O que é obsessão?
É o amor que enlouqueceu, de um modo geral. Ou então é, às vezes, uma disputa de poder. Vi muito isso em entidades que lidaram com política, com religiões. Religião e política são paixões muito complexas e muito marcantes. Poder é uma coisa terrível. Poder religioso, político, financeiro, de beleza, de inteligência; tudo isso é ônus se o espírito não souber administrar.
Qual o segredo para um trabalho eficiente de desobsessão?
Procurar, primeiro, ouvir muito – raramente eu começava contestando; eu ouvia, pacientemente, às vezes 20, 30 minutos. Deixa falar, deixa colocar tudo para fora, inclusive para se obter também informações do caso em si. Para saber como entrar no coração desse Espírito. Teve uma vez que o Espírito perguntou: “O que o sr. está querendo com isso?”. Respondi: “Muito simples, estou procurando o caminho para chegar ao seu coração”. O homem desarmou na hora. Dali em diante a conversa foi muito mais fácil. O segredo é esse, não tem outro.
Qual é a parte do tríplice aspecto da Doutrina que o sr. gosta mais: ciência, filosofia ou religião?
O religioso, sem dúvida. Agora, com importantes qualificações. O Espiritismo é um bloco de dez, com conceitos e sabedoria. É uma doutrina profundamente inteligente e competente. Então não se pode dizer que só se aceita a reencarnação ou só a comunicabilidade dos Espíritos; é aquele bloco inteiro. Eu acho até que a reencarnação é o cimento que mantém esses diversos aspectos ligados; pois uma vez que você demonstra a reencarnação você já prova a pré-existência do espírito; a sobrevivência; prova que há vida no além; que tem vida antes da vida, vida durante a vida, vida entre as vidas, e vida depois da vida. Tudo é vida. Precisa-se entender as entidades, precisa-se ouvi-las com bastante paciência, com carinho e com amor e depois então começar a contra-argumentar. Se existe muita resistência, então, parte-se para regressão.
Como o sr. aprendeu a técnica da regressão?
Com o Coronel Albert de Rochas, no livro As Vidas Sucessivas. Esse livro foi importantíssimo para mim.
O sr. acha que é possível evitar a obsessão?
Acho que, na obsessão, o tratamento é mais preventivo do que curativo. Se não errássemos, não teríamos essa consequência. Quando erramos, assinamos uma promissória em branco, e um dia vai chegar alguém cobrando: “Tá aqui e você vai ter que pagar”. Não é que a lei de Deus seja punitiva – sempre repito isso – a lei de Deus é educativa. Agora, obsessão é um problema delicado porque você lida com as emoções do obsediado e do obsessor. Não se pode deixar de reconhecer que o obsessor tem suas razões – não que ele esteja certo, mas ele tem suas razões. Então é necessário convencê-lo de que não é inteligente perseguir outra pessoa, que não é inteligente não perdoar. Isso é o núcleo principal. E depois de instaurado o processo da obsessão, existem alguns casos tão difíceis que podem durar séculos e até milênios. Ele dá aquele contexto e só sai dali ajudado. Sozinho ele não tem condições. Por isso tivemos muitas entidades em nosso grupo que chegavam com aquela fúria, dizendo que estávamos nos metendo em assunto particular, que não tínhamos nada com isso... Mas tínhamos que fazer algo para ajudá-los e não era explodindo com eles não, era procurando entender. Tive, então, a sorte e a felicidade de contribuir para muita gente se libertar; graças a Deus.
Quando os Espíritos compreendiam e se libertavam qual era a reação deles?
Ah! Coisa emocionantes aconteciam. Lindas! Porque aí a criatura cai no seu verdadeiro ser. Ela percebe que você não é inimigo e sim um amigo que está ali ajudando para que ela saia daquela dificuldade. Quantos deles foram gratos... Lembro-me de um caso que me deixou muito comovido. O Espírito era dirigente de uma instituição lá no mundo espiritual, era uma pessoa de bastante relevo – porque eles são inteligentes, são muito cultos, muito hábeis, e conhecem os mecanismos da lei; eles mexem com a lei divina – então ele veio com ameaças terríveis. Disse que ia acabar com aquele grupo e veio disposto a fazer qualquer negócio para efetuar seu intento. Então, aquela entidade chegou muito ameaçadora porque estava em perigo toda a estrutura dela, todo o seu poder, as coisas que ele montou lá – instituições, às vezes, milenares. O espírito estava muito indignado e compareceu cercado de várias pessoas – eu não via nada, mas ele dizia: “Me dá essa pasta aí” –, assistentes, e chegou um ponto em que ele saiu, desligou-se do médium ainda bastante indignado. Passado alguns dias, uma moça de nosso grupo disse que alguém muito aflito tocou sua campainha perguntando se tinha um serviço para dar a ele. Ela respondeu que tinha sim e pediu-lhe que desse uma olhada no chuveiro, era um rapaz, muito jovem ainda. Ela deu-lhe uma gratificação ultragenerosa para ele, que perguntou de onde tinha um supermercado perto; ela explicou-lhe e ele foi embora. Bom, passaram-se duas semanas e manifestou-se aquela entidade furiosa. Chorava sem parar. Ele dizia: “Aquele menino é a minha vida. Ele foi meu filho. Sofro de vê-lo nessas dificuldades todas. E ele foi lá, sem mais nem menos e vocês ajudaram”. E continuou: “Está aí o meu coração em cima da mesa. Façam dele o que vocês quiserem”.
Durante esses 28 realizando o trabalho desobsessão qual a maior lição que aprendeu?
A lição de que os Espíritos são pessoas iguais a nós; e que não há força maior que a do amor. São duas lições que me marcarão para sempre! O amor liberta você. Lá, às vezes chegavam entidades que traziam um rancor... E dávamos razão a elas em muitos aspectos. Pois a pessoa que passou por um conflito muito grande com uma outra, ou com uma instituição, enfim, qualquer problema mais grave, tem suas razões para estar magoada, não podemos deixar de reconhecer. Tem entidades que manipulam os outros quando estão encarnadas, e você acha que aquelas não tem razão? Tem sim. O problema está em você mudar a atitude: “Você tem razão, mas tem isso, isso, aquilo ...”. O Espírito acabava se convencendo que era pelo perdão que se chegava à libertação.


FONTE: Revista Universo Espírita nº 34

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