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domingo, 23 de junho de 2013

Chico Xavier responde sobre questões sociai."...O desespero é uma doença. E um povo desesperado, lesado por dificuldades enormes, pode enlouquecer, como qualquer indivíduo. ..."

QUESTÕES SOCIAIS
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O povo está muito nervoso. Se você for passando na rua e alguém lhe jogar uma pedra dizendo "é aquele ali", o povo lincha. Em síntese, todos estão sofrendo muito. Como o senhor acha que ficará o país?

O desespero é uma doença. E um povo desesperado, lesado por dificuldades enormes, pode enlouquecer, como qualquer indivíduo. Ele pode perder seu próprio discernimento. Isso é lamentável, mas pode-se dizer que tudo decorre da ausência de educação, principalmente de formação religiosa.

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O clima no Brasil é de desesperança. Nós somos lesados num lugar e desistimos de brigar, "porque todo mundo está roubando mesmo". Ou então, nos mergulhamos na letargia e justificamos: "A minha vida está boa, porque arrumar confusão para ajudar os outros?" Eu pergunto: como se pode conciliar o
espírito cristão de solidariedade com o pacifismo que Cristo pregou, mandando oferecer a outra face?


Eu dou assistência a todos os companheiros de periferia que sofrem grandes dificuldades. Sei que Uberaba
é muito rica, mas nunca fui à casa de ninguém pedir nada. Levo o que tenho, ou aquilo que me colocam nas mãos.
Então, conversando com irmãos em penúria, procuro amenizar a revolta deles e não aumentá-las. Se a criança
está doente e eu posso dar remédio que não dependa de uma autoridade médica, faço o possível. Se o indigente morre
e seus parentes não querem que vá para uma sala de anatomia, providencio o enterro. Agora, se os governantes
tivessem amor e espírito de compreensão
por seus governados, tudo seria modificado. Mas isso teria de começar de cima. Alguém me perguntou:
"Chico, a assistência é serviço do governo. Por que você dá assistência?" Respondi: "Dou assistência
como a pessoa que vê a casa do vizinho incendiada e, até que o corpo de bombeiros apareça, a casa já se foi. Então,
pelo menos um balde d´água eu tenho que carregar, não é?"

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Hoje está difícil falar em Pátria do Evangelho diante de tantos problemas que o Brasil enfrenta, a corrupção,
a imoralidade. É difícil falar em esperança...


O nosso Humberto de Campos escreveu o livro "Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho"
baseado em livros e arquivos do Mundo Espiritual. Mas ele disse que é preciso compreender
que o dono disso tudo, da Pátria do Evangelho, morreu crucificado. Nós não devemos pensar
que a Pátria do Evangelho é uma vantagem para nós. É trabalho. E numa hora de guerra vamos
sofrer muito. Nós deixamos de ser um país essencialmente agrícola, como se dizia antigamente. Hoje somos o
terceiro país do mundo em fabricação de armas.

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Como resolver essa situação de inflação, esse clima onde todos acreditam que o Brasil esteja
no caos?


O problema só vai ser resolvido quando a nação for administrada por homens respeitáveis. O Brasil está sem líder.

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E como os espíritas podem ajudar o Brasil?

Fazendo esforço para cumprir os nossos deveres e deixarmos um exemplo de honestidade.

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Nós falamos que o Brasil é o terceiro país em fabricação de armas. E os armamentos a nível
mundial? A possibilidade de uma guerra é remota?


Não é remota, não. Os armamentos continuam sendo fabricados.
O Gorbachev disse ao presidente dos Estados Unidos, nessa Conferência de Genebra, que
"se nós autorizarmos e incentivarmos uma guerra à base de mísseis, não vai haver vencedores".

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O Sr. não acha que lutar pela implantação definitiva da justiça social entre todos os homens
, pugnar, intransigentemente, em defesa dos direitos humanos em todos os quadrantes da
Terra não seria muito mais importante do que a simples dádiva de esmolas, que muitas vezes
não passam de migalhas que caem das mesas fartas dos comensais da vida?


Estimaria mais se você dissesse, com o seu nobre discernimento: "trabalhar pela implantação definitiva
da justiça social entre todos os homens", porque o verbo lutar, em muitos casos, significaria agitar ou
"conflitar". Creio que todos os cristãos sinceros, estejam vinculados à interpretação espírita do evangelho 

de Jesusou não, permanecem construindo em paz o reinado da justiça no mundo, sem a precipitação dos que
se inclinam para transformaçõesviolentas e sem a inércia dos apáticos. Relativamente à chamada "esmola", não
vejo na migalha de recursos materiais que se dá ou que se recebe um gesto tedioso de quem
usufrui mesa farta, e, sim, um elo de simpatia e de amor entre as criaturas que se propõem a
encontrar um processo de ligação espiritual entre si, preparando-se instintivamente para mais alta
compreensão da fraternidade. Sem qualquer idéia de esnobar esse ou aquele lance
autobiográfico, peço permissão para dizer a você que, quando fiquei órfão de mãe, aos cinco janeiros
de idade, à distância de meu pai enquanto permaneceu viúvo, aprendi a agradecer às pessoas de coração
generoso que me davam um pão ou um prato de alimento, no transcurso do dia, porque, quantos me
prestaram esse benefício se fizeram para mim benfeitores que me livraram da tentação do furto e, assim
como me sentia feliz em receber essas dádivas para a minha própria sobrevivência, creio que as pessoas
que me amparavam também se sentiam satisfeitas com a minha alegria. Reconheço que virá um tempo em
que a assistência social velará por nós todos; mas até que isso aconteça, em plano maior
(e admito que semelhante realização deverá vir para nós e por nós sem conflitos sangrentos), até que isso aconteça,
repitamos, você aprovaria alguém que vê os seus irmãos em penúria,
sem se mover, de modo algum, para auxiliá-los, pelo menos, em pequenina parcela de apoio?
Será justo que eu deixe o meu vizinho desfalecendo em necessidade, sem dividir com ele os centavos
que posso administrar, a pretexto de aguardar o tempo em que me seria permitido administrar aquilo
que não pertence, esquecendo-me de que posso e devo repartir a parcela de recursos que a
Divina Providência me emprestou para meu usufruto?

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Atualmente vemos no Brasil problemas sociais muito graves: milhões de crianças desabrigadas, passando fome;
pessoas que moram em favelas, mocambos e lugarejos da pior espécie. Há também, uma distribuição de renda muito falha,
enfim, estamos vivendo dias de completa escuridão para o nosso povo. Como o Sr. se explica à opinião pública diante do
livro que o Sr. psicografou, livro este intitulado "Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho"?


O fundador do Evangelho foi crucificado. Eu acredito que diante desta verdade, o Brasil não pode ter privilégios.
Então, devemos esperar acontecimentos muito sérios...
Agora, o problema no Brasil, pessoalmente, opinião minha, o que deveria ser faceado pela comunidade brasileira
como um dos problemas mais sérios é o problema do trabalho. O amor ao trabalho e a fidelidade ao cumprimento
do dever. Se nós todos trabalharmos, se carpirmos a terra, se construirmos, se lidarmos com a pedra, com o barro,
com a sementeira, com os fios; se tecermos; se todos nós nos unirmos para criar valores em nosso benefício,
a pobreza deixará de existir.
Mas, enquanto alguns trabalharem e muitos outros não quiserem trabalhar, o problema não será resolvido.
Este problema não é de fortuna. Todos somos ricos... Todos nós nascemos, pelo menos nos casos normais,
com um corpo, que pode trabalhar, que pode servir, que pode ser manejado para o bem; esta é a verdadeira riqueza.
Um homem pode possuir milhões, mas, se está atacado pelo câncer, por exemplo, ele sente que a riqueza dele é o corpo...

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Fontes:
Questões 1, 2, 3, 4, 5, 6 e 7, da Revista Espírita "Informação" - n 141.
Questão 8, da Revista Espírita "Informação" - n 115.
Link da Página: http://www.grupoandreluiz.org.br/chico_ler_perguntas.php?id=16
(Publicado em 09/01/2007)

Chico responde sobre o Brasil

BRASIL (I)

Emmanuel/Francisco Cândido Xavier

 
Pergunta: Com relação à situação do Brasil, em termos gerais, em que a Espiritualidade Maior pode instruir-nos a respeito?
 
Resposta: Estamos, hoje, em meio a uma crise moral de grandes proporções, o que de modo geral ampliaria os problemas cotidianos de uma nação qualquer, assim como se faz conosco. A conscientização de nossa condição de co-responsáveis por tudo que se passa ao nosso redor é o que deve prevalecer. Passamos por um momento de revisão de conceitos morais e éticos e, nesse momento, o esforço de cada membro da nossa sociedade deve estar orientado no sentido de melhor cumprir os deveres e obrigações de cidadão, com muita disciplina, vontade de melhora geral, trabalho e muita, mas muita, oração. O pensamento cristão deve prevalecer sempre.
 
BRASIL (II)

Emmanuel/Francisco Cândido Xavier

 
Pergunta: Se os Poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário fossem dirigidos por pessoas espíritas e evoluídas, teríamos um país melhor?
 
Resposta: Não se trata de somente termos dirigentes espíritas, se tivéssemos dirigentes mais evoluídos certamente já teríamos hoje um país melhor. Entretanto, não se pode esquecer que uma nação não é formada apenas de dirigentes, existe em número maior o povo. E nosso povo, como um todo, precisa realmente buscar sua evolução moral e intelectual a fim de construir uma nação mais fraterna e cristã por excelência.
 
BRASIL (III)

Emmanuel/Francisco Cândido Xavier

 
Pergunta: O Brasil continua sendo o “Coração do mundo e Pátria do Evangelho?” E atualmente, no Brasil, existe algum espírito superior que possa levar o país ao desenvolvimento global?
 
Resposta: Essa denominação foi dada ao Brasil por Jesus e não lhe será tirada. Espíritos de escol têm reencarnado em todas as partes, no seio de todos os povos, para o progresso geral.
                   O Brasil não está desprovido dessas almas. Cabe a cada um de nós o aperfeiçoamento íntimo, que é a obrigação primeira de todo espírito encarnado e, juntos, fazendo de nossos corações e lares recantos de paz, terão um país de grandes realizações.
 

Da Obra “Plantão De Respostas “ – Emmanuel E Francisco Cândido Xavier.

Promotor Do Evento: Pinga Fogo (Ii)
Digitado Por: Lúcia Aydir.
        
 

sábado, 15 de junho de 2013

CONQUISTA REAL

CONQUISTA REAL

Por mais os panoramas do mundo se te afigurem belos e fecundos, se te dispões a seguir em paz no rumo do Infinito, pela estrada da Imortalidade que herdaste de Deus, não te fixes demasiadamente nessas paisagens transitórias, para que não te escravizes a situações que não representam o fim de tua evolução.
Afetos permutados são como primaveras que se repetem no tempo;
Habilidades profissionais são estágios de plantação;
Bens e valores se afiguram a nascentes que brotam para irrigar tarefas específicas;
Saúde é clima que se altera de trecho a trecho do caminho...
Recorda, onde e com quem te encontras, que a felicidade não é terreno movediço e incerto, mas tão-somente a resultante de teu aproveitamento em todas as coisas...
O rio fecunda as margens que o acrisolam em seu curso, mas segue no rumo dos oceanos;
A flor perfuma o ambiente, como suprema riqueza na haste da planta; todavia, murcha e morre para que a semente lhe perpetue o fulgor;
A chuva que te garante o pão é transformada em vapor pelo calor do Sol...
Segue sem apego e realiza o melhor à frente de pessoas e circunstâncias.
Somos caminheiros da evolução e na Casa do Pai existem infinitas moradas, atendendo aos anseios do Espírito que, de corpo em corpo, de lição em lição, em regime de permuta com tudo e com todos, avança para a Fonte da Vida, na justa compreensão do Amor do Pai!
Abençoa e passa, porque neste Planeta em que vives tudo se altera, em sublime expansão de potenciais.
É por isso que Jesus, o guia e o modelo de virtudes para toda a Humanidade, assinalou, sereno: “o meu Reino não é deste mundo”, apontando, com seus exemplos, o fulgor das estrelas que retratam o poder eterno de Deus!

EMMANUEL

(Mensagem psicografada pelo médium Wagner G. Paixão durante reunião pública do Grupo Espírita da Bênção, em Mário Campos, MG, na noite de 1º de junho de 2013, dia em a Casa completou 21 anos de fundação)

Fidelidade a Kardec

Fidelidade a Kardec

Autor: Deolindo Amorin

Uma observação muito criteriosa de Allan Kardec, feita na Introdução de "O Livro dos Espíritos", portanto, vamos dizer assim, no frontispício da própria Doutrina, diz bem da seriedade com que devem os estudos espíritas ser realizados; refiro-me à assertiva de que, se para adquirir, um sábio, o conhecimento de uma ciência particular, precisa ele de, pelo menos, três quartos da vida, quanto não mais se carecerá para que se aprenda o Espiritismo, que diz respeito ao conhecimento da ciência da vida. Outra declaração de Kardec que não deve ser esquecida diz respeito à importância da revelação do mundo espiritual, cujas conseqüências são por si mesmas maiores e mais revolucionárias do que a descoberta dos microrganismos. Evidentemente, não se pode abeirar da Doutrina e procurar compreendê-la, num abrir e fechar de olhos, como se tratasse de um magazine, de história em quadrinhos, ou se se pudesse aprender seus princípios e deduzir suas conseqüências através de leitura dinâmica. Não pode ser assim. O universo que o Espiritismo toca, o conjunto de interesses que ele desperta, as dificuldades naturais provenientes da extensão dos conhecimentos e as relações que mantém com as ciências, tudo isto demonstra o vasto campo de observações que ele oferece ao estudioso, devendo, assim, despertar o interesse mesmo daqueles que não são espíritas, ou porque adotam outros princípios filosóficos e religiosos, ou porque ainda não se inclinaram definitivamente por nenhum deles.

Afinal de contas, a revelação espírita é bem uma revolução no campo das idéias, porque representa uma total mudança de perspectiva da própria vida, a descoberta de um mundo mais invisível do que o dos microrganismos, a afetar diretamente não só a compreensão do humano, que agora se torna também o espiritual, mas as próprias relações humanas que se revelam influenciadas, de um modo concreto, por um mundo novo até então considerado abstrato. Não há como negar. Sem dúvida a descoberta do Mundo Invisível impõe uma revolução integral das idéias, o que permite compreender a resistência que certos cientistas demonstraram na aceitação dos fenômenos espíritas, pois esta lhes custaria a derrubada do edifício materialista em que se acomodam: a história nos revela que se chegou ao cúmulo de sugerir-se a formação de um complô para negar a verdade, ainda que os fenômenos pesquisados viessem a mostrar-se autênticos durante as investigações.

Realmente, temos aí um mundo muito mais importante, mais revelador, mais revolucionário do que a descoberta das Américas em seu tempo ou as conquistas espaciais de hoje. Afinal, as viagens interplanetárias revelar-nos-ão outros mundos de matéria idêntica à nossa, ainda que de constituições diversas, enquanto o chamado Mundo Invisível leva-nos o pensamento e as pesquisas para dimensões insuspeitadas, abrindo um leque infinito, à nossa frente, de possibilidades de vida, das quais só paulatinamente o homem poderá ir tomando conhecimento.

É ou não é verdade que as conseqüências são muito maiores do que a descoberta dos microrganismos, apesar da importância que representou esta para a compreensão da vida e dos processos patológicos que se desenvolvem nos corpos físicos? Em face disto, somos levados evidentemente a admirar-nos de certo dogmatismo que, vez por outra, corre nas veias do movimento espírita como sangue estranho a envenenar-lhe a vida. Neófitos e mesmo companheiros que há muito tempo perlustram as avenidas da Doutrina, recolhem-se e encolhem-se em posições fechadas como se já se tivessem tornado senhores de todo o saber espírita e pudessem dizer a última palavra. À força de defenderem Kardec, acabam por ir de encontro à sua obra, porque se constitui em uma verdade indiscutível, que não pode ser negada, o horror do mestre lionês a todas as formas de dogmatismo. Ele não só colocava seu trabalho ao julgamento da crítica, ao lado de outros sistemas existentes ou que pudessem advir, mas destacava que a ortodoxia espírita jamais poderia formar-se em torno de um nome, e muito menos do seu que rejeitava o papel de fundador do Espiritismo, indicando o caminho certo da universalidade do ensino, sempre submetido ao controle da razão, e a possível modificação da Doutrina todas as vezes que a ciência demonstrasse o erro de quaisquer dos seus pontos. Deseja-se algo mais livre, mais aberto, mais isento de dogmatismo e de fanatismo?

Infelizmente, em muitas oportunidades, vemos adeptos da Doutrina, à custa de forcejarem na criação de uma ortodoxia, violentarem o próprio ensino do mestre, apesar de se apresentarem como seus defensores. Ora, nisto separam-se, em realidade, até das perspectivas do próprio movimento espírita que é coletivo desde sua origem; ou seja, Kardec não aceitou a mensagem de um só Espírito, por mais alta fosse sua gradação, para constituir a base doutrinária; preferiu um caminho mais difícil, porém mais seguro, interrogando Espíritos de variadas categorias, fazendo um trabalho de campo digno de um sociólogo. Não se limitou ele a saber o que pensavam os Espíritos mais esclarecidos, nem o que sentiam ou percebiam; investigou também junto, vamos dizer assim, às classes mais baixas da sociedade espiritual, para que pudesse obter um conhecimento de primeira mão acerca de particularidades a elas atinentes. Espíritos já bastante desmaterializados, que, pela sua elevação espiritual, não tinham contato diário com a Terra ou, para melhor dizer, com estas esferas mais próximas da Terra, não poderiam fornecer as informações por não sofrerem na pele, como se costuma dizer, as dificuldades; falariam de algo, de uma situação que não mais viviam, e, por isso, Kardec optou pelo conhecimento direto. Tal procedimento constitui-se em um fato muito importante, embora desconhecido ou ao menos descuidado da maioria dos espíritas, que o olvidam no estudo da Doutrina, embora Kardec o tivesse levado em conta na própria formulação de "O Livro dos Espíritos" que registra respostas das mais diversas procedências. Kardec não era pois um dogmático, e não podemos, em seu nome, ou em defesa do patrimônio espiritual que nos legou, tornarmo-nos dogmáticos, qualquer que seja a esfera de atuação em que estejamos, enfaixados ou desenfaixados do corpo físico.

Um ponto muito esquecido é o da relatividade dos Espíritos que geralmente se comunicam e o fato de possuírem muitas vezes opiniões contrárias umas ás outras; são opiniões pessoais que não desdoiram o Espiritismo, pois isto nos mostra que eles continuam pensando livremente e que, do lado de cá, também se respeitam as idéias ainda quando se mostrem errôneas - é o direito de livre opinião e de livre investigação. Não registrou Kardec divergências entre os espíritos que afirmavam a ligação da alma ao corpo no momento do nascimento e no momento da concepção, daqueles que defendiam as idéias fixistas ao contrário de outros francamente evoluvionistas, e também não registrou a existência de Espíritos que defendiam a teoria da incrustação planetária na formação da terra e a teoria da lua ovóide, etc., mostrando as diferenças existentes no mundo dos Espíritos? Não se mostrou ele contrário às teorias aceitas por Roustaing, resistindo mesmo às críticas acerbas que este lhe fez? Aí está como agiu realmente o mestre. Mas, apesar de tudo, não colocava a sua opinião acima das dos demais. Como esquecer estas coisas e criar uma ortodoxia que, a despeito de utilizar o nome de Kardec, é feita em torno do pensamento de um indivíduo ou de um grupo? Estarão estas pessoas recebendo as únicas comunicações realmente aceitáveis?

Há um outro ponto também muito esquecido. A Doutrina Espírita resultou dos estudos de Kardec, mas os ensinos coletados por ele sofreram inicialmente a verificação com o auxílio de mais de dez médiuns, em núcleos diferentes, foi ele quem o disse. Este cuidado do mestre visou evitar influências a que os médiuns estão submetidos pelo contato com os Espíritos que os dirigem - são as "colunas espirituais" de que nos falou ele em "O Livro dos Médiuns", capazes de, com sua influência, alterar, uma resposta dada, por um Espírito alheio à mesma; é que, como ensina André Luiz, a capacidade conceptual do médium resulta, também, do contato mais ou menos íntimo que possa ter com o seu mentor ou responsável pela tarefa mediúnica. Mas, como dizia, Kardec teve esse cuidado, e depois, no desenvolvimento da Doutrina, esteve em contato com um milhar de médiuns espalhados por todo o globo, recolhendo notícias do mundo espiritual provenientes das mais diversas partes, como nos dá ampla notícia nas páginas da Revista Espírita. São fatos que fazem parte da história do Espiritismo, mas cujo ensinamento não está ultrapassado, mesmo porque Kardec erigiu este controle através da universalidade do ensino como um dos métodos de investigação da ciência espírita. Apesar disto, no entanto, muitos companheiros atêm-se simplesmente ao que é produzido em seus centros, ou através de determinados médiuns, ou com aval de certas instituições, e geralmente só ao que se produz no território brasileiro. Tudo isto não contraria na prática o discurso teórico da universalidade que geralmente se ouve, bem como as lições de Kardec? Não é dele a advertência de que o Espiritismo subsistiria a todas as perseguições, porque não se poderia obstar a marcha do ensino dos Espíritos, que se manifestariam em outros pontos da face da Terra? Assim sendo, não é possível colocar de lado as comunicações mediúnicas que se obtém em diversas regiões do globo - nos Estados Unidos, na França, na Alemanha, na Itália, etc., sem que devamos esquecer o nosso vizinho, a Argentina, que sempre deu mostras de alta visão espiritual com pensadores de escol. O caráter universalista da Doutrina exige que ela se conserve universalista em seus fundamentos, pois, como assinalava Kardec, a formação de uma ortodoxia espírita só poderá provir da universalidade do ensino dos espíritos, e este critério foi erigido, na Introdução de "O Evangelho segundo o Espiritismo", em uma das garantias da própria Doutrina.

Livro: Espiritismo em Movimento, cap. XVII, psicografia de Elzio Ferreira de Souza

Justiça Humana e Justiça Divina

Justiça Humana e Justiça Divina

Autor: Rodolfo Calligares

O capítulo II da Constituição Brasileira, que trata “dos direitos e das garantias individuais”, em seu art. 141, § 30 e 31, consagra dois princípios altamente humanitários, que vale a pena analisar e comparar com dois dogmas fundamentais das igrejas ditas cristãs.

Reza o citado § 30: “Nenhuma pena passará da pessoa do delinquente.”

Isto quer dizer que no Brasil, como de resto em todos os países civilizados do mundo, qualquer pena (punição que o Estado impõe ao delinquente ou contraventor, por motivo de cri­me ou contravenção que tenha cometido, com a finalidade de exemplá-lo e evitar a prática de novas infrações) só poderá recair sobre o culpado, não podendo, em hipótese alguma, alcançar outra(s) pessoa(s).

Exemplifiquemos: se um indivíduo cometer um crime, pelo qual seja sentenciado a uns tantos anos de prisão celular, mas venha a escapulir, sem que as autoridades policiais consigam apanhá-lo, ou faleça antes de haver cumprido toda a pena, não pode o Estado trancafiar um seu parente (filho, neto, etc.) para que cumpra ou resgate o final do castigo imposto a ele, criminoso.

Aliás, se o fizesse, passaria a si mesmo um atestado de despotismo e provocaria os mais veementes protestos, pois repugna às consciências esclarecidas admitir que “o inocente pague pelo pecador”.

Essa noção de intransferibilidade de méritos e deméritos, já a tinham os profetas do Velho Testamento. O cap. 18 de Ezequiel, v. g., versa exclusivamente esse ponto. Ali se diz que se um homem for bom e obrar conforme a equidade e a justiça, mas venha a ter algum filho ladrão, que derrame sangue ou cometa outras faltas abomináveis, este terá que arcar com as conse­quências de seus delitos, de nada lhe valendo as boas qualidades paternas.

Da mesma sorte, se um homem não guardar os preceitos divinos, se for um grande pecador, mas o filho “não fizer coisas semelhantes às que ele obrou”, não responderá pelos desacertos do pai. E conclui (v. 20):

“A alma que pecar, essa morrerá: o filho não carregará com a iniquidade do pai, e o pai não carregará com a iniquidade do filho; a justiça do justo será sobre ele, e a impiedade do ímpio será sobre ele.”

Claríssimo, pois não?

No entanto, tomando por base uma alegoria do Gênesis (cap. 3), cuja interpretação foge ao objetivo deste trabalho, — a Teologia engendrou e vem sustentando, através dos séculos, o dogma do “pecado original”, segundo o qual to­dos os homens, gerações pós gerações, inclusive aqueles que virão a nascer daqui a séculos ou milênios, são atingidos inexoravelmente por uma falta que não é sua!

Ora, mesmo que a referida alegoria bíblica (tentação de Eva e queda do homem) fosse um fato histórico, real, que culpa teríamos nós outros, da desobediência praticada por “nossos primeiros pais” num passado cuja ancianidade remonta à noite dos tempos?

Se a responsabilidade pessoal é princípio aceito universalmente; se nenhum Código Penal do mundo admite que se puna alguém por um crime praticado por seus ancestrais; como poderia Deus castigar-nos por algo de que não fomos participantes, ou melhor, que teria ocorri­do quando nem sequer existíamos?

Não é possível!

Se Deus nos criasse, mesmo, com esse estigma, expondo-nos, consequentemente, às mui­tas misérias da alma e do corpo, por causa do erro de outrem, então a Justiça Divina seria menos perfeita que a justiça humana, posto que esta, como vimos, não permite tal aberração.

Como é óbvio, o Criador hão pode deixar de ser soberanamente justo e bom, pois sem esses atributos não seria Deus. E como o dogma do “pecado original” não se coaduna com a Bondade e a Justiça Divinas, não há como fugir à conclusão, de que é falso e insustentável, sendo cada um responsável apenas pelos seus próprios atos, e não pelos deslizes de seus avoengos, ainda que eles se chamem Adão e Eva...

Médiuns Irresponsáveis

Médiuns Irresponsáveis

Autor: Manoel Philomeno de Miranda (espírito) / psicografia de Divaldo Franco

Associou-se indevidamente à pessoa portadora de mediunidade ostensiva a qualidade de Espírito elevado.



O desconhecimento do Espiritismo ou a informação superficial sobre a sua estrutura deu lugar a pessoas insensatas considerarem que, o fato de alguém ser possuidor de amplas faculdades medianímicas, caracteriza-se como um ser privilegiado, digno de encômios e projeção, ao mesmo tempo possuidor de um caráter diamantino, merecendo relevante consideração e destaque social.



Enganam-se aqueles que assim procedem, e agem perigosamente, porquanto, a mediunidade é faculdade orgânica, de que quase todos os indivíduos são portadores, variando de intensidade e de recursos que facultem o intercâmbio com os Espíritos, encarnados ou não.



Neutra, do ponto de vista moral, em si mesma, a mediunidade apresenta-se como oportunidade de serviço edificante, que enseja ao seu portador os meios de auto-iluminar-se, de crescer moral e intelectualmente, de ampliar os dons espirituais, sobretudo, preparando-se para enfrentar a consciência após a desencarnação.



Às vezes, Espíritos broncos e rudes apresentam admiráveis possibilidades mediúnicas, que não sabem ou não querem aproveitar devidamente, enquanto outros que se dedicam ao Bem, que estudam as técnicas da educação das faculdades psíquicas, não conseguem mais do que simples manifestações, fragmentárias, irregulares, quase decepcionantes.



Não se devem entristecer aqueles que gostariam de cooperar com a mediunidade ostensiva, porquanto a seara do amor possui campo livre para todos os tipos de serviço que se possa imaginar.



Ser médium da vida, ajudando, no lar e fora dele, exercitando as virtudes conhecidas, constitui forma elevada de contribuir para o progresso e desenvolvimento da Humanidade.



Através da palavra, oral e escrita, quantos socorros podem ser dispensados, educando-se as criaturas, orientando-as, levando-as à edificação pessoal, na condição de médium do esclarecimento?!



Contribuindo, nas atividades espirituais da Casa Espírita, pela oração e concentração durante as reuniões especializadas de doutrinação, qualquer um se torna médium de apoio.



Da mesma forma, através da aplicação dos passes, da fluidificação da água, brindando a bioenérgia, logra-se a posição de médium da saúde.



Na visita aos enfermos, mantendo diálogos confortadores, ouvindo-os com paciência e interesse, amplia-se o campo da mediunidade de esperança.



Mediante o dialogo com os aturdidos e perversos, de um ou do outro plano da vida, exerce-se a mediunidade fraternal da iluminação de consciência.



Neste mister, aguça-se a percepção espiritual e desenvolvem-se os pródromos das faculdades adormecidas, que se irão tornando mais lúcidas, a fim de serem usadas dignamente em futuros cometimentos das próximas reencarnações.



Ser médium é tornar-se instrumento; e, de alguma forma, como todos nos encontramos entre dois pontos distantes, eis-nos incursos na posição de intermediários.



Ter facilidade, porém, para sentir os Espíritos é compromisso que vai além da simples aptidão de contatá-los.



Desse modo, à semelhança da inteligência que se pode apresentar em indivíduos de péssimo caráter, que a usam egoística, perversamente, ou como a memória, que brota em criaturas desprovidas de lucidez intelectual, e perde-se, pela falta de uso, também a mediunidade não é sintoma de evolução espiritual.



Allan Kardec, que veio em nobre missão, Espírito evoluído que é, viveu sem apresentar qualquer faculdade mediúnica ostensiva, enquanto outros indivíduos do seu tempo, que exerceram a faculdade medianímica, por inferioridade moral, venderam os seus serviços, enxovalharam-na, criaram graves empecilhos à divulgação da Doutrina Espírita que, indevidamente, foi confundida com os maus exemplos desses médiuns inescrupulosos e irresponsáveis.



Certamente, o médium ostensivo, aquele que facilmente se comunica com os Espíritos, quando é dotado de sentimentos nobres e possui elevação, torna-se missionário do Bem nas tarefas a que vai convocado, ampliando os horizontes do pensamento para a imortalidade, para a vitória do ser libertado de todas as paixões primitivas.



Normalmente, e as exceções são subentendidas, os portadores de mediunidade ostensivas, porque se encontram em provações reparadoras, falham no desiderato, após o deslumbramento que provocam e a auto-fascinação a que se entregam por invigilância e presunção.



Toda e qualquer expressão de mediunidade exige disciplina, educação, correspondente conduta moral e social do seu portador, a fim de facultar-lhe a sintonia com Espíritos Superiores, embora o convívio com os infelizes, que lhe cumpre socorrer.



O médium irresponsável, porém, não é apenas aquele que, ignorando os recursos de que se encontra investido, gera embaraços e perturbações, tombando nas malhas da própria pusilanimidade, mas também, aqueloutros que, esclarecidos da gravidade do compromisso, se permitem deslizes morais, veleidades típicas do caráter doentio, terminando vitimados pelas obsessões cruéis.



Todo aquele, portanto, que deseje entregar-se ao Bem, na seara dos médiuns, conscientize-se da responsabilidade que lhe diz respeito, e, educando a faculdade, torne-se apto para o ministério, servindo sempre e crescendo intimamente com os olhos postos no próprio e no futuro feliz da sociedade.

Reflexões sobre o Centro Espírita

Reflexões sobre o Centro Espírita

Autor: J. Herculano Pires

Se os espíritas soubessem o que é o Centro Espírita, quais são realmente a sua função e a sua significação, o Espiritismo seria hoje o mais importante movimento cultural e espiritual da Terra.

Temos no Brasil – e isso é um consenso universal – o maior, mais ativo e produtivo movimento espírita do planeta. A expansão do Espiritismo em nossa terra é incessante e prossegue em ritmo acelerado. Mas o que fazemos, em todo este vasto continente espírita, é um imenso esforço de igrejificar o Espiritismo, de emparelhá-lo com as religiões decadentes e ultrapassadas, formando por toda parte núcleos místicos e, portanto fanáticos, desligados da realidade imediata. Dizia o Dr. Souza Ribeiro, de Campinas, nos últimos tempos de sua vida de lutas espíritas: "Não compareço a reuniões de espíritas rezadores! "E tinha razão, porque nessas reuniões ele só encontrava turba dos pedintes, suplicando ao Céu ajuda.

Ninguém estava ali para aprender a Doutrina, para romper a malha de teia de aranha do igrejismo piedoso e choramingas. A domesticação católica e protestante criara em nossa gente uma mentalidade de rebanho. O Centro Espírita tornou-se uma espécie de sacristia leiga em que padres e madres ignorantes indicavam aos pedintes o caminho do Céu. A caridade esmoler, fácil e barata, substituiu as gordas e faustosas doações à Igreja. Deus barateara a entrada a entrada do Céu, e até mesmo os intelectuais que se aproximam do Espiritismo e que tem o senso crítico, se transformam em penitentes. Associações espíritas, promissoramente organizadas, logo se transformam em grupos de rezadores pedinchões. O carimbo da igreja marcou fundo a nossa mentalidade em penúria. Mais do que subnutrição do povo, com seu cortejo trágico de endemias devastadoras, o igrejismo salvacionista depauperou a inteligência popular, com seu cortejo de carreirismo político – religioso, idolatria mediúnica, misticismo larvar, o que é pior, aparecimento de uma classe dirigente de supostos missionários e mestres farisaicos, estufados de vaidade e arrogância. São os guardiães dos apriscos do templo, instruídos para rejeitar os animais sacrificiais impuros, exigindo dos beatos a compra de oferendas puras nos apriscos sacerdotais. Essa tendência mística popular, carregada de superstições seculares, favorece a proliferação de pregadores santificados, padres vieiras sem estalo, tribunos de voz empostada e gesticulação ensaiada. Toda essa carga morta esmaga o nosso movimento doutrinário e abre as suas portas para a infestação do sincretismo religioso afro-brasileiro, em que os deuses ingênuos da selva africana e das nossas selvas superam e absorvem o antigo e cansado deus cristão.

Não há clima para o desenvolvimento da Cultura Espírita. As grandes instituições Espíritas Brasileiras e as Federações Estaduais investem-se por vontade própria de autoridade que não possuem nem podem possuir, marcadas que estão por desvios doutrinários graves, como no caso do roustainguismo da FEB e das pretensões retrógradas de grupelhos ignorantes de adulterados. Teve razões de sobra André Dumas, do Espiritismo Francês, em denunciar recentemente, em entrevista à revista Manchete, a situação católica e na verdade de anti-espírita do Movimento Espírita brasileiro. A domesticação clerical dos espíritas ameaça desfibrar todo o nosso povo, que por sua formação igrejeira tende a um tipo de alienação esquizofrênica que o Espiritismo sempre combateu, desde a proclamação de fé racional contra a fé cega e incoerente, submissa e farisaica das pregações igrejeiras.

Jesus ensinou a orar e vigiar, recomendou o amor e a bondade, pregou a humanidade, mas jamais aconselhou a viver de orações e lamúrias, santidade fingida, disfarçada em vãs aparências de humildade, que são sempre desmentidas pelas ambições e a arrogância incontroláveis do homem terreno.

Para restabelecermos a verdade espírita entre nós e reconduzirmos o nosso movimento a uma posição doutrinária digna e coerente, é preciso compreender que a Doutrina Espírita é um chamado viril à dignidade humana, à consciência do homem para deveres e compromissos no plano social e no plano espiritual, ambos conjugados em face das exigências da lei superior da Evolução Humana. Só nos aproximaremos da angelitude, o plano superior da Espiritualidade, depois de nos havermos tornado Homens.

Os espíritas atuais, na sua maioria, tanto no Brasil como no mundo, não compreenderam ainda que estão num ponto intermediário da filogênese da divindade. Superando os reinos inferiores da Natureza, segundo o esquema poético de Léon Denis, na seqüência divinamente fatal de Kardec: mineral, vegetal, animal e homem, temos o ponto neutro de gravidade entre duas esferas celestes, e esse ponto é o que chamamos ESPÍRITA. As visões fragmentárias da Realidade se fundem dialeticamente na concepção monista preparada pelo monoteísmo. Liberto, no ponto neutro, da poderosa reação da Terra, o espírita está em condições de se elevar ao plano angélico. Mas estar em condições é uma coisa, e dar esse passo para a divindade é outra coisa. Isso depende do grau de sua compreensão doutrinária e da sua vontade real e profunda, que afeta toda a sua estrutura individual. Por isso mesmo, surge então o perigo da estagnação no misticismo, plano ilusório da falsa divindade, que produz as almas viajoras de Plotino, que nada mais são do que os espíritos errantes de Kardec. Essas almas se projetam no plano da Angelitude, mas não conseguem permanecer nele, cedendo de novo a atração terrena da encarnação.

Muitas vezes repetem a tentativa, permanecendo errantes entre as hipóstases do Céu e da Terra. Plotino viu essa realidade na intuição filosófica e na vidência platônica. Mas Kardec a verificou em suas pesquisas espíritas, escudadas na observação racional dos fatos. Apoiado na Razão, essa bússola do Real, ele nos livrava dos psicotrópicos do misticismo, oferendo-nos a verdade exata da Doutrina Espírita. Nela temos a orientação precisa e segura dos planos ou hipóstases superiores, sem o perigo dos ciclos muitas vezes repetidos do chamado Círculo Vicioso das Reencarnações, que os ignorantes pretendem opor à realidade incontestável da reencarnação. Pois se existe esse círculo vicioso, é isso bastante para provar o processo reencarnatório. O vício não está no processo, mas na precipitação dos homens e dos espíritos não devidamente amadurecidos, que tentam forçar a Porta do Céu.

Se no Brasil sofremos os prejuízos do religiosismo ingênuo de nossa formação cultural, na França e nos demais países europeus -segundo as próprias declarações de André Dumas – o prejuízo provém de um cientificismo pretensioso, que despreza a tradição francesa da pesquisa científica espírita, procurando substituí-la pelas pesquisas e interpretações parapsicológicas. Esse menosprezo pedante pelo trabalho modelar de Kardec levou o próprio Dumas a desrespeitar a tradição secular da Revue Spirite, transformando-a num simulacro da revista científica do Ano 2.000. As pesquisas da parapsicologia seguiram o esquema de Kardec e foram cobrindo no tempo, sucessivamente, todas as conquistas do sábio francês. Pegada por pegada, Rhine e seus companheiros cobriram o rastro científico de Kardec. O mesmo já acontecera com Richet na metapsíquica, com Crookes e Zollner e todos os demais. Toda a pesquisa psíquica honesta é válida, nesse campo, até mesmo a dos materialistas russos atuais ficaram presas ao esquema de Kardec, o que prova a validade irrevogável desta. Começando pela observação dos fenômenos físicos, todas as Ciências Psíquicas, nascidas do Espiritismo fizeram a trajetória fatal traçada pelo gênio de Kardec e chegaram as suas mesmas conclusões.

As discordâncias interpretativas foram sempre marcadas indelevelmente pelos preconceitos e as precipitações da advertência de Descartes no Discurso do Método e pela sujeição aos interesses das Igrejas, como Kardec já assinalara em seu tempo. A questão da terminologia é puramente supérflua, e como dissera Kardec, serve apenas para provar a leviandade do espírito humano, mesmo dos sábios, sempre mais apegado à forma que ao fundo do problema. No Espiritismo o quadro fenomênico foi dividido por Kardec em duas seções: Fenômenos Físicos e Fenômenos Inteligentes. Na Metapsíquica, Richet apresentou o esquema de Metapsíquica objetiva e Metapsíquica subjetiva. Na Parapsicologia os fenômenos espíritas passaram a chamar-se Fenômeno Psi, com divisão de Psicapa ( objetivos ) e Psigama ( subjetivos ). Quanto aos métodos de pesquisa, Crookes e Richet ativeram-se à metodologia científica da época, e Rhine limitou-se a passar dos métodos qualitativos para os quantitativos, inventando aparelhagens apropriadas aos processos tecnológicos atuais, apelando à estatística como forma de controle e comprovação dos resultados, o que simplesmente corresponde às exigências atuais nas Ciências.

Kardec teve a vantagem de haver acentuado enfaticamente a necessidade de adequação do método ao objeto específico da pesquisa. O próprio método hipnótico de regressão da memória, para as pesquisas da reencarnação aplicado por Albert De Rochas do século passado, foi aproveitado pelo Prof. Vladimir Raikov. Na Romênia, o preconceito quanto ao Espiritismo gerou uma nova denominação para Parapsicologia: Psicotrônica. Com esse nome rebarbativo, os materialistas romenos pretendem exorcizar os perigos de renascimento espírita em seu país.

Todos esses fatos nos mostram que a Doutrina Espírita não chegou ainda a ser conhecida pelos seus próprios adeptos em todo o mundo. Integrado no processo doutrinário de trabalho e desenvolvimento, o Centro Espírita carecia até agora de um estudo sobre as suas origens, o seu sentido e a sua significação no panorama cultural do nosso tempo. É o que procuramos fazer neste volume, com as nossas deficiências, mas na esperança de que outros estudiosos procurem completar o nosso esforço. Lembrando o Apóstolo Paulo, podemos dizer que os espíritas estão no momento exato em que precisam desmamar das cabras celestes para se alimentarem de alimentos sólidos. Os que desejam atualizar a Doutrina, devem antes cuidar de se atualizarem nela.

Livro: O Centro Espírita

EADE- Estudo aprofundado da Doutrina Espírita- Livro 1-Módulo 2- Roteiro 14 As epístolas de Paulo.

MÓDULO II - O CRISTIANISMO
• As epístolas que Paulo [...] não são tratados de teologia, mas respostas a situações
concretas. Verdadeiras cartas que se inspiram no formulário então em uso [...],
não são nem “cartas” meramente particulares, nem “epístolas” puramente
literárias, mas explanações que Paulo destina a leitores concretos e, para além
deles, a todos os fiéis de Cristo. Bíblia de Jerusalém. Item: Introdução às epístolas
de São Paulo, p.1956.
• Paulo iniciou o movimento das [...] cartas imortais, cuja essência espiritual
provinha da esfera do Cristo, através da contribuição [espiritual] amorosa de
Estêvão [...].Emmanuel: Paulo e Estevão. Segunda parte, cap. 7.
• Na epístola aos Romanos Paulo analisa as divergências existentes entre os
judeus e gentílicos convertidos ao Cristianismo. Representa, porém, [...] uma
das mais belas sínteses da doutrina paulina. Bíblia de Jerusalém. Item: Introdução
às epístolas de São Paulo, p.1959-1960.
• Nas duas epístolas aos coríntios Paulo faz uma reflexão do Cristo como sendo
a sabedoria de Deus. Bíblia de Jerusalém. Item: Introdução às epístolas de São
Paulo, p.1959.
• Na epístola aos gálatas, assim como na que foi dirigida aos romanos, Paulo
revela o Cristo como a justiça de Deus. Bíblia de Jerusalém. Item: Introdução
às epístolas de São Paulo, p.1959.
AS EPÍSTOLAS DE PAULO (1)
Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
1. As epístolas de Paulo
Através de suas epístolas, Paulo transmitiu aos seus discípulos uma fervorosa
fé em Jesus Cristo e na sua ressurreição. As cartas ou epístolas de Paulo
são denominadas pastorais porque estão dirigidas a um destinatário específico.
Trata-se de instruções, conselhos, repreensões ou exortações do apóstolo aos
seus discípulos. As demais epístolas existentes no Evangelho (Pedro, João,
Judas Tadeu), ao contrário, são de caráter universal porque destinadas aos
cristãos, em geral.
Quem pretenda conhecer Paulo deve estudar as suas epístolas e os Atos dos
Apóstolos «[...] duas fontes independentes que se confirmam e se completam,
não obstante algumas divergências em pormenores.» 1
As epístolas e os Atos [dos Apóstolos] nos traçam também um retrato surpreendente
da personalidade do Apóstolo. Paulo é apaixonado, alma de fogo que se consagra sem
limites a um ideal. E esse ideal é essencialmente religioso. Para ele, Deus é tudo e ele o
serve com uma lealdade absoluta, primeiro perseguindo aqueles que ele tem na conta
de hereges (Gl 1:13; At 24: 5, 14), depois pregando o Cristo, após haver entendido por
revelação que só nele está a salvação. Esse zelo incondicional traduz-se pela abnegação
total ao serviço daquele que ama. Trabalhos, fadigas, sofrimentos, privações, perigos
de morte (1Cor 4:8-13; 2 Cor 4:8; 6:4-10; 11:23-27), nada lhe importa, contando que
cumpra a missão pela qual sente responsável (1Cor 9:16). [...] O ardor do seu coração
sensível se traduz bem nos sentimentos que demonstra por seus fiéis. 2
Há historiadores que enxergam aspectos místicos no caráter de Paulo,
outros o consideram, sob certas circunstâncias, exaltado e doentio.
SUBSÍDIOS

Nada é menos fundamentado. [...] Ele nada tem do imaginativo, se julgarmos pelas
imagens pouco numerosas e corriqueiras que emprega [...]. Paulo é, antes, cerebral. Nele
se une a um coração ardente inteligência lúcida, lógica, exigente, preocupada em expor
a fé segundo as necessidades dos ouvintes. [...] Paulo argumenta muitas vezes como
rabino, segundo métodos exegéticos que recebeu do seu meio e da sua educação (por
exemplo, Gl 3:16; 4:21-31). [...] Além disso, esse semita tem boa cultura grega, recebida
talvez desde a infância em Tarso, enriquecida por repetidos contatos com o mundo
greco-romano, e esta influência se reflete na sua maneira de pensar, bem como em sua
linguagem e no estilo. 3
É possível que Paulo tenha escrito muitas outras cartas, mas somente
catorze chegaram até nós. As epístolas paulinas são as seguintes, segundo a
ordem existente no Novo Testamento:
1. Romanos
2. Coríntios (primeira e segunda)
3. Gálatas
4. Efésios
5. Filipenses
6. Colossenses
7. Tessalonicenses (primeira e segunda)
8. Timóteo (primeira e segunda)
9. Tito
10. Filemon
11. Hebreus
As epístolas paulinas [...] não são tratados de teologia, mas respostas a situações
concretas. Verdadeiras cartas que se inspiram no formulário então em uso [...], não
são nem “cartas” meramente particulares, nem “epístolas” puramente literárias, mas
explanações que Paulo destina a leitores concretos e, para além deles, a todos os fiéis de
Cristo. Não se deve, pois, buscar aí exposição sistemática e completa do pensamento do
Apóstolo; sempre se deve supor, por detrás delas, a palavra viva, de que são o comentário
em pontos particulares.[...] Embora dirigidas em ocasiões e a auditórios diferentes,
descobre-se nelas uma mesma doutrina fundamental, centrada em torno de Cristo morto
e ressuscitado, mas que se adapta, se desenvolve e se enriquece no decurso desta vida
consagrada totalmente a todos. 4 (1 Cor 9:19-22).


Emmanuel esclarece como e por que Paulo teve a idéia de escrever as suas
cartas. Onde quer que o apóstolo estivesse sempre chegavam emissários das
igrejas por ele fundadas, portadores de assuntos urgentes, que solicitavam a
presença de Paulo, na localidade, para resolver conflitos ali existentes. Evidentemente,
ele não podia atender a todos, pois os deslocamentos, de uma cidade
para outra, eram demorados e nem sempre os dedicados discípulos, Silas e
Timóteo, estavam disponíveis para substituí-lo. Preocupado com a situação
e sem saber como atender às rogativas dos fiéis, Paulo orou fervorosamente a
Jesus, pedindo-lhe solução para o problema. 10 Após a prece, ouviu, sob inspiração,
Jesus dizer-lhe:
Não te atormentes com as necessidades de serviço. É natural que não possas assistir
pessoalmente a todos, ao mesmo tempo. Mas é possível a todos satisfazeres, simultaneamente,
pelos poderes do espírito. [...] Poderás resolver o problema escrevendo a todos os
irmãos em meu nome; os de boa vontade saberão compreender, porque o valor da tarefa
não está na presença pessoal do missionário, mas do conteúdo espiritual do seu verbo,
da sua exemplificação e da sua vida. Doravante, Estevão permanecerá mais conchegado
a ti, transmitindo-te meus pensamentos, e o trabalho de evangelização poderá ampliar se
em benefício dos sofrimentos e das necessidades do mundo. [...] Assim começou o
movimento dessas cartas imortais, cuja essência espiritual provinha da esfera do Cristo,
através da contribuição amorosa de Estevão — companheiro abnegado e fiel daquele que
se havia arvorado, na mocidade, em primeiro perseguidor do Cristianismo. 11
Há escritores que contestam a genuinidade de algumas epístolas de Paulo,
tendo como base razões teológicas, de estilo e literárias. É possível que algumas
epístolas, por exemplo, aos dirigidas aos efésios, aos colossenses e aos tessalonicenses,
tenham sido escritas por um discípulo que teria servido de secretário
ao apóstolo dos gentios. Entretanto, nada disso diminui o trabalho missionário
de Paulo nem ofusca a sua fenomenal missão. 7
2. Epístola aos romanos
Nessa epístola, encontramos os seguintes assuntos: a) desejo de Paulo
de viajar a Roma para encontrar com os membros desta a igreja cristã;
b) o homem justificado pela fé está a caminho da salvação;
c) combate a idolatria e vida dissoluta dos gentios e impenitência dos judeus.
Paulo se encontrava em Corinto, em vias de partir para Jerusalém, quando
escreveu a sua epístola aos romanos (no inverno de 55-56 d.C.) 5 Por essa
carta se percebe que Paulo não esteve presente, nem fundou a igreja cristã de
Roma, como já se pensou no passado. Na verdade, parece que ele tinha escassas
informações a respeito dessa comunidade.
As [...] raras alusões de sua epístola deixam apenas vislumbrar uma comunidade em
que os convertidos do judaísmo e do paganismo correm o perigo de se desentenderem.
Assim, para preparar sua chegada acha útil enviar por sua patrona Febe (Rm 16:1) uma
carta em que expõe sua solução do problema judaísmo-cristianismo, tal como acaba de
amadurecer devido à crise gálata. 5
Romanos «[...] oferece explanação continuada, em que algumas grandes
seções se concatenam harmoniosamente com o auxílio de temas que primeiro
anunciam e depois são retomados.» 5 Não existem dúvidas relacionadas à autenticidade
da epístola aos romanos. Apenas se tem perguntado se os capítulos
15 e 16 não teriam sido acrescentados posteriormente. Supõe-se que o capítulo
16, repleto de saudações, teria sido, originalmente, um bilhete que o apóstolo
enviou à igreja cristã de Éfeso. 5
O desenvolvimento das idéias sobre a fé é, nessa carta, mais elaborado
e mais completo do que em qualquer outra, escrita por Paulo. Neste sentido,
começa por afirmar que não se envergonha do Evangelho, porque ele é força
de Deus para a salvação de todos os que crêem, independentemente se é judeu
ou grego. “O justo viverá pela fé”, afirma. (Romanos, 1: 1617) Em seguida,
apresenta uma tese e ardorosa defesa sobre a salvação do homem pela fé. (Romanos,
capítulos 1 a 5)
Os membros da igreja cristã romana, formada de judeus e gentílicos convertidos
ao Cristianismo, se desentendiam continuamente. O motivo básico,
que produzia intranqüilidade a Paulo, era o culto, idolatria e costumes que os
romanos e demais gentios tinham dificuldades de abandonar: “E, como eles
se não importaram de ter conhecimento de Deus, assim Deus os entregou a
um sentimento perverso, para fazerem coisas que não convém; estando cheios
de toda iniqüidade, prostituição, malícia, avareza, maldade; cheios de inveja,
homicídio, contenda, engano, malignidade; sendo murmuradores, detratores,
aborrecedores de Deus, injuriadores, soberbos, presunçosos, inventores de
males, desobedientes ao pai e à mãe; néscios, infiéis nos contratos, sem afeição
natural, irreconciliáveis, sem misericórdia. [...] E bem sabemos que o juízo de
Deus é segundo a verdade sobre os que tais coisas fazem. E tu, ó homem, que
julgas os que fazem tais coisas, cuidas que, fazendo-as tu, escaparás ao juízo
de Deus? (Rm 1:28-31; 2:2-3)
2.1 - Síntese dos principais ensinamentos da epístola aos romanos
• A Justiça de Deus
Para que ocorra a salvação, Paulo esclarece que todos os seres humanos
devem estar cientes de que, sendo julgados por Deus, devem agir de acordo
com os princípios da Sua justiça. (Rm 2: 1-16) Os homens que se afastaram de
Deus, ou que o desconhecem, que trazem o coração impenitente, que pecam
contra a Lei, serão submetidos à justiça divina “a qual recompensará cada um
segundo as suas obras.” (Rm 2:7). A justiça de Deus se fundamenta naquilo
que o homem faz ou deixa de fazer: “Porque todos os que sem lei pecaram sem
lei também perecerão; e todos os que sob a lei pecaram pela lei serão julgados.
Porque os que ouvem a lei não são justos diante de Deus, mas os que praticam
a lei hão de ser justificados.” (Rm 2:12-13) Os que têm conhecimento espiritual
e não o colocam em prática, serão julgados com mais rigor.
Eis que tu, que tens por sobrenome judeu, e repousas na lei, e te glorias
em Deus; e sabes a sua vontade, e aprovas as coisas excelentes, sendo instruído
por lei; e confias que és guia dos cegos, luz dos que estão em trevas, instruidor
dos néscios, mestre de crianças, que tens a forma da ciência e da verdade na
lei; tu, pois, que ensinas a outro, não te ensinas a ti mesmo? Tu, que pregas que
não se deve furtar, furtas? Tu, que dizes que não se deve adulterar, adulteras?
Tu, que abominas os ídolos, cometes sacrilégio? Tu, que te glorias na lei, desonras
a Deus pela transgressão da lei? Porque, como está escrito, o nome de
Deus é blasfemado entre os gentios por causa de vós. Porque a circuncisão é,
na verdade, proveitosa, se tu guardares a lei; mas, se tu és transgressor da lei, a
tua circuncisão se torna em incircuncisão. Se, pois, a incircuncisão guardar os
preceitos da lei, porventura, a incircuncisão não será reputada como circuncisão?
E a incircuncisão que por natureza o é, se cumpre a lei, não te julgará,
porventura, a ti, que pela letra e circuncisão és transgressor da lei? Porque não
é judeu o que o é exteriormente, nem é circuncisão a que o é exteriormente
na carne. Mas é judeu o que o é no interior, e circuncisão, a que é do coração,
no espírito, não na letra, cujo louvor não provém dos homens, mas de Deus.
(Romanos, 2:17-29)
• A fé em Jesus como medida de salvação
Paulo reconhece que no atual estágio evolutivo da Humanidade, todos
somos pecadores, “como está escrito: não há um justo, nenhum sequer.” (Rm
3:10) Entretanto, analisa que podemos nos salvar pela fé em Jesus: “Mas, agora,
se manifestou, sem a lei, a justiça de Deus, tendo o testemunho da Lei e dos
Profetas, isto é, a justiça de Deus pela fé em Jesus Cristo para todos e sobre
todos os que crêem; porque não há diferença.” (Rm 3:21-22)
• A fé em Jesus e a paz com Deus
“Sendo, pois, justificados pela fé, temos paz com Deus por nosso Senhor
Jesus Cristo; pelo qual também temos entrada pela fé a esta graça, na qual estamos
firmes; e nos gloriamos na esperança da glória de Deus. E não somente
isto, mas também nos gloriamos nas tribulações, sabendo que a tribulação
produz a paciência; e a paciência, a experiência; e a experiência, a esperança.”
(Rm 5: 1-4)
• O homem sem o Cristo vivem em pecado
“Portanto, agora, nenhuma condenação há para os que estão em Cristo
Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo o espírito. Porque a lei
do Espírito de vida, em Cristo Jesus, me livrou da lei do pecado e da morte.
Porquanto, o que era impossível à lei, visto como estava enferma pela carne,
Deus, enviando o seu Filho em semelhança da carne do pecado, pelo pecado
condenou o pecado na carne, para que a justiça da lei se cumprisse em nós,
que não andamos segundo a carne, mas segundo o Espírito. Porque os que são
segundo a carne inclinam-se para as coisas da carne; mas os que são segundo
o Espírito, para as coisas do Espírito.Porque a inclinação da carne é morte;
mas a inclinação do Espírito é vida e paz. [...] E, se Cristo está em vós, o corpo,
na verdade, está morto por causa do pecado, mas o espírito vive por causa da
justiça.” (Rm 8: 1-6; 10)
3. Epístolas aos conríntios
Paulo escreveu duas epístolas aos coríntios, destacando, em ambas, Jesus
como a sabedoria de Deus.
Corinto, capital da província de romana de Acaia, foi importante cidade
fundada pelos gregos. Situada no istmo que separa as duas cidades portuárias
de Lecaion, no golfo de Corinto, de Cencréia, no golfo Sarônico, foi centro de
grande trânsito de viajantes e imenso posto comercial da Antigüidade. As duas
epístolas aos coríntios compõem-se, provavelmente, de várias pequenas cartas
ou bilhetes escritos por Paulo à igreja cristã de Corinto, no início da quinta
década d.C. Por causa do seu conteúdo, e extensão, essas epístolas se situam
entre as mais importantes. 6
Revela preocupação com as idéias e os costumes gregos, amplamente
difundidos em Corinto. 6 Um dos problemas, era a imoralidade sexual, como
o incesto, mantida pelos convertidos ao Cristianismo. Outro problema era a
prática, herdada dos costumes romanos, de cobrir a cabeça quando se orava
ou profetizava, como sinal de culto e devoção. Uma terceira dificuldade era o
hábito que existia em certos cristãos de fazer refeições, na forma de banquetes,
no templo de algum deus. Por último, havia o uso e abuso dos poderes
mediúnicos. 6
Existia, pois, na igreja de Corinto, fortes disputas entre os cristãos: os de
origem judaica abominavam as práticas politeístas gentílicas, consideradas
bárbaras e imorais. Foi uma comunidade continuamente sacudida por escândalos,
mas que recebeu muita atenção e cuidados por parte do apóstolo dos
gentios.
O [...] ex-doutor da Lei procurou enriquecer a igreja de Corinto de todas as experiências
que trazia da instituição antioquense. Os cristãos da cidade viviam num oceano de júbilos
indefiníveis. A igreja possuía seu departamento de assistência aos que necessitavam de
pão, de vestuário, de remedios. Venerandas velhinhas revezavam-se na tarefa santa de
atender os mais desfavorecidos. Diariamente, à noite, havia reuniões para comentar a
passagem da vida do Cristo; em seguida à pregação central e ao movimento das manifestações
de cada um, todos entravam em silêncio, a fim de ponderar o que recebiam
do Céu através do profetismo. Os não habituados ao dom das profecias possuíam faculdades
curadoras, que eram aproveitadas a favor dos enfermos, em uma sala próxima.
O mediunismo evangelizado, dos tempos modernos, é o mesmo profetismo das igrejas
apostólicas. 12
A igreja cristã de Corinto, à época de Paulo, foi muito protegida pela
presença de certos romanos ricos, como Tito Justo. «Os israelitas pobres
encontravam na igreja um lar generoso, onde Deus se manifestava em demonstrações
de bondade, ao contrário das sinagogas, em cujo recinto, [...]
encontravam apenas a rispidez de preceitos tirânicos, nos lábios de sacerdotes
sem piedade.» 13
3.1 - Síntese dos principais ensinamentos da primeira epístola aos
coríntios
• Necessidade da concórdia e união no Cristo
Paulo suplica aos cristãos “Eu rogo-vos, porém, irmãos, pelo nome de nosso
Senhor Jesus Cristo, que digais todos uma mesma coisa e que não haja entre
vós dissensões; antes, sejais unidos, em um mesmo sentido e em um mesmo
parecer. [...] Porque Cristo enviou-me não para batizar, mas para evangelizar;
não em sabedoria de palavras, para que a cruz de Cristo se não faça vã. Porque
a palavra da cruz é loucura para os que perecem; mas para nós, que somos salvos,
é o poder de Deus. [...]Porque os judeus pedem sinal, e os gregos buscam
sabedoria; mas nós pregamos a Cristo crucificado, que é escândalo para os
judeus e loucura para os gregos. Mas, para os que são chamados, tanto judeus
como gregos, lhes pregamos a Cristo, poder de Deus e sabedoria de Deus.” (1
Cor 1: 10-11;17-18; 22-24)
• A missão dos pregadores
“Pois quem é Paulo e quem é Apolo, senão ministros pelos quais crestes,
e conforme o que o Senhor deu a cada um? Eu plantei, Apolo regou; mas Deus
deu o crescimento. Pelo que nem o que planta é alguma coisa, nem o que rega,
mas Deus, que dá o crescimento. Ora, o que planta e o que rega são um; mas
cada um receberá o seu galardão, segundo o seu trabalho. Porque nós somos
cooperadores de Deus; vós sois lavoura de Deus e edifício de Deus. Segundo a
graça de Deus que me foi dada, pus eu, como sábio arquiteto, o fundamento,
e outro edifica sobre ele; mas veja cada um como edifica sobre ele. Porque
ninguém pode pôr outro fundamento, além do que já está posto, o qual é Jesus
Cristo.” (1Cor 3:5-11)
• Necessidade de vida moral reta
“Geralmente, se ouve que há entre vós fornicação e fornicação tal, qual nem
ainda entre os gentios, como é haver quem abuse da mulher de seu pai. Estais
inchados e nem ao menos vos entristecestes, por não ter sido dentre vós tirado
quem cometeu tal ação. [...] Alimpai-vos, pois, do fermento velho, para que
sejais uma nova massa, assim como estais sem fermento. Porque Cristo, nossa
páscoa, foi sacrificado por nós. Pelo que façamos festa, não com o fermento
velho, nem com o fermento da maldade e da malícia, mas com os asmos da
sinceridade e da verdade. Já por carta vos tenho escrito que não vos associeis
com os que se prostituem.” (1Cor 5:1-2; 7-9)
“Ora, quanto às coisas que me escrevestes, bom seria que o homem não
tocasse em mulher; mas, por causa da prostituição, cada um tenha a sua própria
mulher, e cada uma tenha o seu próprio marido. O marido pague à mulher a
devida benevolência, e da mesma sorte a mulher, ao marido. [...] Digo, porém,
aos solteiros e às viúvas, que lhes é bom se ficarem como eu. Mas, se não
podem conter-se, casem-se. Porque é melhor casar do que abrasar-se. (1 Cor
7:1-3; 8-9)
• O cristão não é idólatra, nem faz sacrifícios aos ídolos
“Ora, no tocante às coisas sacrificadas aos ídolos, sabemos que todos
temos ciência. A ciência incha, mas o amor edifica. E, se alguém cuida saber
alguma coisa, ainda não sabe como convém saber. Mas, se alguém ama a Deus,
esse é conhecido dele. Assim que, quanto ao comer das coisas sacrificadas aos
ídolos, sabemos que o ídolo nada é no mundo e que não há outro Deus, senão
um só. Porque, ainda que haja também alguns que se chamem deuses, quer no
céu quer na terra (como há muitos deuses e muitos senhores), todavia, para
nós há um só Deus, o Pai, de quem é tudo e para quem nós vivemos; e um só
Senhor, Jesus Cristo, pelo qual são todas as coisas, e nós por ele. [...] Portanto,
meus amados, fugi da idolatria”. (1 Cor 8: 1-6; 10:14)
• Os dons do espírito ou carismas
“Acerca dos dons espirituais, não quero, irmãos, que sejais ignorantes. Vós
bem sabeis que éreis gentios, levados aos ídolos mudos, conforme éreis guiados.
Portanto, vos quero fazer compreender que ninguém que fala pelo Espírito de
Deus diz: Jesus é anátema! E ninguém pode dizer que Jesus é o Senhor, senão
pelo Espírito Santo. Ora, há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo. E
há diversidade de ministérios, mas o Senhor é o mesmo. E há diversidade de
operações, mas é o mesmo Deus que opera tudo em todos. Mas a manifestação
do Espírito é dada a cada um para o que for útil. Porque a um, pelo Espírito,
é dada a palavra da sabedoria; e a outro, pelo mesmo Espírito, a palavra da
ciência; e a outro, pelo mesmo Espírito, a fé; e a outro, pelo mesmo Espírito,
os dons de curar;e a outro, a operação de maravilhas; e a outro, a profecia; e a
outro, o de discernir os espíritos; e a outro, a variedade de línguas; e a outro,
a interpretação das línguas. Mas um só e o mesmo Espírito opera todas essas
coisas, repartindo particularmente a cada um como quer.” (1Cor 12: 1-11)
• A necessidade da caridade
“Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos e não tivesse
caridade, seria como o metal que soa ou como o sino que tine. E ainda que
tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e
ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não
tivesse caridade, nada seria. E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para
sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado,
e não tivesse caridade, nada disso me aproveitaria. A caridade é sofredora, é
benigna; a caridade não é invejosa; a caridade não trata com leviandade, não
se ensoberbece, não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não
se irrita, não suspeita mal; não folga com a injustiça, mas folga com a verdade;
tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. A caridade nunca falha; mas,
havendo profecias, serão aniquiladas; havendo línguas, cessarão; havendo
ciência, desaparecerá; porque, em parte, conhecemos e, em parte, profetizamos.
Mas, quando vier o que é perfeito, então, o que o é em parte será aniquilado.
Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, discorria
como menino, mas, logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de
menino. Porque, agora, vemos por espelho em enigma; mas, então, veremos
face a face; agora, conheço em parte, mas, então, conhecerei como também sou
conhecido. Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e a caridade, estas três;
mas a maior destas é a caridade.” (1Cor 13: 1-13)
3.2 - Síntese dos principais ensinamentos da segunda epístola aos
coríntios
• O caráter do ministério cristão
“E graças a Deus, que sempre nos faz triunfar em Cristo e, por meio de
nós, manifesta em todo lugar o cheiro do seu conhecimento. Porque para Deus
somos o bom cheiro de Cristo, nos que se salvam e nos que se perdem. Para
estes, certamente, cheiro de morte para morte; mas, para aqueles, cheiro de
vida para vida. E, para essas coisas, quem é idôneo? Porque nós não somos,
como muitos, falsificadores da palavra de Deus; antes, falamos de Cristo com
sinceridade, como de Deus na presença de Deus. [...] E é por Cristo que temos
tal confiança em Deus; não que sejamos capazes, por nós, de pensar alguma
coisa, como de nós mesmos; mas a nossa capacidade vem de Deus, o qual nos
fez também capazes de ser ministros dum Novo Testamento, não da letra,
mas do Espírito; porque a letra mata, e o Espírito vivifica.[...] Como não será
de maior glória o ministério do Espírito? [...] Ora, o Senhor é Espírito; e onde
está o Espírito do Senhor, aí há liberdade.” (2 Cor 2:14-17; 3: 4-6, 8 e 17 )
• As tribulações decorrentes da divulgação do Cristianismo
“Pelo que, tendo este ministério, segundo a misericórdia que nos foi feita,
não desfalecemos; antes, rejeitamos as coisas que, por vergonha, se ocultam,
não andando com astúcia nem falsificando a palavra de Deus; e assim nos
recomendamos à consciência de todo homem, na presença de Deus, pela
manifestação da verdade. [...] Porque não nos pregamos a nós mesmos, mas a
Cristo Jesus, o Senhor; e nós mesmos somos vossos servos, por amor de Jesus.
Porque Deus, que disse que das trevas resplandecesse a luz, é quem resplandeceu
em nossos corações, para iluminação do conhecimento da glória de Deus,
na face de Jesus Cristo. Temos, porém, esse tesouro em vasos de barro, para
que a excelência do poder seja de Deus e não de nós. Em tudo somos atribulados,
mas não angustiados; perplexos, mas não desanimados; perseguidos,
mas não desamparados; abatidos, mas não destruídos; trazendo sempre por
toda parte a mortificação do Senhor Jesus no nosso corpo, para que a vida de
Jesus se manifeste também em nossos corpos. E assim nós, que vivemos, estamos
sempre entregues à morte por amor de Jesus, para que a vida de Jesus se
manifeste também em nossa carne mortal.” (2Cor 4:1-2, 5-11)
• Necessidade do bom ânimo; deter nas coisas espirituais
“Por isso, não desfalecemos; mas, ainda que o nosso homem exterior se
corrompa, o interior, contudo, se renova de dia em dia. Porque a nossa leve e
momentânea tribulação produz para nós um peso eterno de glória mui excelente,
não atentando nós nas coisas que se vêem, mas nas que se não vêem; porque
as que se vêem são temporais, e as que se não vêem são eternas. [...]Porque
sabemos que, se a nossa casa terrestre deste tabernáculo se desfizer, temos de
Deus um edifício, uma casa não feita por mãos, eterna, nos céus. E, por isso,
também gememos, desejando ser revestidos da nossa habitação, que é do céu;
se, todavia, estando vestidos, não formos achados nus. Porque também nós,
os que estamos neste tabernáculo, gememos carregados, não porque queremos
ser despidos, mas revestidos, para que o mortal seja absorvido pela vida. Ora,
quem para isso mesmo nos preparou foi Deus, o qual nos deu também o penhor
do Espírito.Pelo que estamos sempre de bom ânimo, sabendo que, enquanto
estamos no corpo, vivemos ausentes do Senhor. (2 Cor 4:16-18; 5: 1-6)
• Cuidados com os falsos profetas
“Mas temo que, assim como a serpente enganou Eva com a sua astúcia,
assim também sejam de alguma sorte corrompidos os vossos sentidos e se
apartem da simplicidade que há em Cristo. Porque, se alguém for pregar-vos
outro Jesus que nós não temos pregado, ou se recebeis outro espírito que não
recebestes, ou outro evangelho que não abraçastes, com razão o sofrereis. Porque
penso que em nada fui inferior aos mais excelentes apóstolos. E, se sou rude na
palavra, não o sou, contudo, na ciência; mas já em tudo nos temos feito conhecer
totalmente entre vós. Pequei, porventura, humilhando-me a mim mesmo, para
que vós fôsseis exaltados, porque de graça vos anunciei o evangelho de Deus?[...]
Mas o que eu faço o farei para cortar ocasião aos que buscam ocasião, a fim de
que, naquilo em que se gloriam, sejam achados assim como nós. Porque tais
falsos apóstolos são obreiros fraudulentos, transfigurando-se em apóstolos de
Cristo. E não é maravilha, porque o próprio Satanás se transfigura em anjo de
luz. Não é muito, pois, que os seus ministros se transfigurem em ministros da
justiça; o fim dos quais será conforme as suas obras.” (2 Cor 11: 3-7, 12-15)
A epístola aos romanos é uma maravilhosa apologia à fé, defendida por
Paulo, que afirma que o justo viverá pela fé.
Não poucos aprendizes interpretaram erradamente a assertiva. Supuseram que viver pela
fé seria executar rigorosamente as cerimônias exteriores dos cultos religiosos. Freqüentar
os templos, harmonizar-se com os sacerdotes, respeitar a simbologia sectária, indicariam
a presença do homem justo. Mas nem sempre vemos o bom ritualista aliado ao bom
homem. E, antes de tudo, é necessário ser criatura de Deus, em todas as circunstâncias
da existência. Paulo de Tarso queria dizer que o justo será sempre fiel, viverá de modo
invariável, na verdadeira fidelidade ao Pai que está nos céus. Os dias são ridentes e tranqüilos?
tenhamos boa memória e não desdenhemos a moderação. São escuros e tristes?
Confiemos em Deus, sem cuja permissão a tempestade não desabaria. Veio o abandono
do mundo? O Pai jamais nos abandona. Chegaram as enfermidades, os desenganos, a
ingratidão e a morte? Eles são todos bons amigos, por trazerem até nós a oportunidade de
sermos justos, de vivermos pela fé, segundo as disposições sagradas do Cristianismo. 8
As epístolas aos coríntios reflete o compromisso de Paulo de sempre
confiar e esperar no Cristo, como também nos aconselha Emmanuel.
É natural confiar no Cristo e aguardar nEle, mas que dizer da angústia da alma atormentada
no círculo de cuidados terrestres, esperando egoisticamente que Jesus lhe venha
satisfazer os caprichos imediatos? [...] É imprescindível, portanto, esperar em Cristo com
a noção real da eternidade. A filosofia do imediatismo, na Terra, transforma os homens
em crianças. Não vos prendais à idade do corpo físico, às circunstâncias e condições
transitórias. Indagai da própria consciência se permaneceis com Jesus. E aguardai o
futuro, amando e realizando com o bem, convicto de que a esperança legítima não é
repouso e, sim, confiança no trabalho incessante. 9
Referências:
1. BÍBLIA DE JERUSALÉM. Nova edição, revista e ampliada. São Paulo:
Paulus, 2002. Item: Introdução às epístolas de São Paulo, p. 1954.
2. ______. p. 1954-1955.
3. ______. p. 1955-1956.
4. ______. p. 1956.
5. ______. p. 1959.
6. DICIONÁRIO DA BÍBLIA. Vol. 1: As pessoas e os lugares. Organizado por
Bruce M. Metzger, Michael D. Coogan. Traduzido por Maria Luiza X. de
A. Borges. Rio de Janeiro: Zahar, 2002, Item: Corinto, p. 44.
7. ______. Item: Paulo. Epístolas, p. 248.
8. XAVIER, Francisco Cândido. Caminho, verdade e vida. 27. ed. Rio de Janeiro:
FEB, 2006. Cap. 23 (Viver pela fé), p. 61-62.
9. ______. Cap. 123 (Esperar em Cristo), p. 261-262.
10. ______. Paulo e Estêvão: episódios históricos do Cristianismo primitivo. Pelo
Espírito Emmanuel. 43. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Segunda parte, cap.
7 (As epístolas), p. 525-528.
11. ______. p. 529-530.
12. ______. p.531.
13. ______. p. 531.

quinta-feira, 13 de junho de 2013

S. O. S. ( Silêncio-Oração-Serviço)

S. O. S.

André Luiz

A existência terrestre é comparada ao firmamento que nem sempre surge perfeitamente anilado.
Dias sobrevêm nos quais as nuvens da prova se entrechocam de improviso, estabelecendo o aguaceiro das lágrimas.
Raios de angústia varrem o céu da esperança..
Granizos de sofrimento apedrejam os sonhos...
Rajadas de calúnia açoitam a alma...
Enxurrada carreando maledicência invade o caminho anunciando subversão...
Multiplicam-se os problemas, traçando os testes do destino em que se nos verificará o aproveitamento dos valores que o mundo nos oferece.
Entretanto, a facilitação de cada problema solicita três atitudes essencialmente distintas, tendendo ao mesmo fim.
Silêncio diante do caos.
Oração à frente do desafio.
Serviço perante o mal.
Se a tentação aparece entenebrecendo a estrada, recorramos à oração.
Se a ofensa nos injuria, refugiemos no serviço.
Toda perturbação pode ser limitada pelo silêncio até que se lhe extinga o núcleo de sombra.
Toda impropriedade mental desaparece se lhe antepomos a luz da oração.
Todo desequilíbrio engenhado pelas forças das trevas é suscetível de se regenerar pela energia benéfica do serviço.
O trânsito da vida possui também sinalização peculiar.
Silêncio - previne contra o perigo.
Oração - prepara a passagem livre.
Serviço - garante a marcha correta.
Em qualquer obstáculo, valer-se desse trio de paz, discernimento e realização é assegurar a própria felicidade.
S.O.S. é hoje o sinal de todas as nações para configurar as súplicas de socorro e, na esfera de todas as criaturas existe outro S.O.S., irmanando silêncio, oração e serviço, como sendo a síntese de todas as respostas.
(Do livro "Sol na Alma",  F.C.X., CEC)

CASA DE EURÍPEDES NO MUNDO MAIOR

CASA DE EURÍPEDES NO MUNDO MAIOR
 
Quando o sr. Edem recebeu em Uberaba, pelo lápis mediúnico de Chico Xavier, a 16 de junho de 1984, afetuosa carta de sua progenitora, D. Noêmia Natal Borges, prima de Eurípedes Barsanulfo, não esperava que, juntamente com notícias mais ligadas ao seu reduto familiar, ela trouxesse amplo noticiário da grande família “euripidiana” já domiciliada no Plano Espiritual.
De fato, além dos consangüíneos, existe imensa família de corações, encarnada e desencarnada, gravitando em torno do missionário sacramentano que se doou à Humanidade, num apostolado de amor dos mais expressivos. Pois, em suas múltiplas funções: de destacado homem público, como jornalista e vereador; de emérito professor, com inovações pedagógicas avançadas para a época, aplicadas no Colégio Allan Kardec, que ele fundou em 1907; e de dedicadíssimo espírita, atuante em várias áreas, como orador, doutrinador e especialmente médium, dotado de várias faculdades, destacadamente a de cura ¾ ele soube exemplificar a fé viva, o trabalho perseverante e a caridade sem limitações.
E bem sabemos, suas atividades no Mais Além continuam, invariáveis, desde a sua desencarnação, em 1918.
Não é de estranhar, portanto, que a “Casa de Eurípedes”, localizada no Mundo Maior, conforme descrição da mensagem que transcreveremos a seguir, seja uma imensa instituição, “de extensão difícil de ser mostrada com frases terrestres”, refletindo, naturalmente, a extensão de recursos espirituais que irradiam desse tão querido servidor de cristo:

Meu querido Edem,
Deus nos abençoe.
Agradeço a sua bondade filial, tendo a obtenção de notícias minhas.
Continuo melhorando, com calma e fé viva em Deus. A morte ou a separação do corpo pesado, quando se tem a consciência tranqüila é semelhante ao entardecer, sem nuvens.
Sabia, de antemão, que não precisava temer visões terrificantes e nem dificuldades sem recursos para transpô-las. A prece foi para mim uma luz e uma bênção.
De certo, o coração materno parecia rebentado pelas saudades, que começavam a invadir as minhas forcas. Ainda assim, as saudades não conseguiram destruir a minha paz e consegui dormir no grande sono, agradecendo a Deus sem lamentações a vida simples de mãe que eu tivera.
Os filhos eram a minha riqueza, o tesouro íntimo que eu transportaria comigo para a existência nova. Os braços vigorosos de parentes e amigos me sustentaram, para que o magnetismo do corpo inerme não me influenciasse com apelos inúteis e pude repousar realmente, procurando embora identificar aqueles rostos amigos que me sorriam.
Notei instintivamente que não me cabia esforçar-me em demasia e deixei-me conduzir pelas afeições queridas que me acolhiam com tanto amor. Creio que se não fosse a bênção do sono reparador de que me vi beneficiada, não teria forças para me afastar da família que morava e continua morando em meu coração.
Gastei alguns dias, segundo imagino, para acordar, de todo, com bastante lucidez e fui informada de que estava admitida à Casa de Eurípedes, onde cada coração dispõe de espaço suficiente para aprender e renovar-se. Ali reencontrei a querida vovó Meca, o pai Manoel, a Eulice, a Mariquinhas, o Homilton, e quanta gente, meu Deus, que me lembrava o tempo em que perguntava pelos desencarnados queridos sem resposta.
Não sei como descrever a moradia de nosso querido Eurípedes, porque numa extensão difícil de ser mostrada com frases terrestres, ali se dividem o Lar, a Escola, o Hospital, o Recinto da Oração e os Parlatórios para diálogos entre os residentes e os visitantes à procura de orientações, incluindo os amigos ainda encarnados que chegam até nós em transitório desdobramento para receberem instruções que conseguem guardar de memória, quando despertam no mundo, como intuições e lembranças que muitos consideram fantasia.
Ali, numa união fraterna em que se entrelaçam os nossos melhores sentimentos, estavam Amália Ferreira, Maria da Cruz, Maria Duarte, Sinhazinha Cunha, e outras muitas companheiras de ideal e trabalho, cuja companhia nos facilita o aprendizado do amor verdadeiro.
Dentre os mais novos companheiros recém-chegados, destaco a Corina, em preparativos para novas atividades na benemerência do ensino; o Ismael, do Alcides, comprazendo-se em acompanhar a mãezinha e a esposa, os filhos e descendentes com o amor que lhe conhecemos; o Jerônimo, sempre atraído para as boas obras de Palmelo; a Edalides, ainda presa a São Carlos: e muitos outros amigos do bem que, unidos, nos inspiram a felicidade de crer no amor fraterno e no trabalho sem qualquer idéia de recompensa.
Como observa, estou a me renovar, porquanto, não mais confinada ao círculo doméstico, posso retornar aos meus ideais de natureza superior, na procura de conhecimentos novos. Isso não me faz esquecida do afeto e do carinho familiar. A nossa querida Sílvia Regina e os netos Fabiano, Fabíola e Edem Junior, para eu referir unicamente ao seu lado, estão em meu íntimo como sempre.
Meu filho, continue acreditando na eficácia do bem e não admita o mal em suas cogitações de homem correto.
Não devo alongar-me. Por isso mesmo, por seu intermédio, deixo a todos os que nos fazem familiares e amigos as minhas muitas lembranças, pedindo ao seu carinho receber o carinho imenso da sua mamãe
Noêmia.
Noêmia Natal Borges.
 

Identificações

 
1-     Edem ¾ Edem Araújo Borges, farmacêutico, residente na Praça Comendador Quintino, 31, em Uberaba, Minas.
2-     Vovó Meca ¾ Meca era o apelido familiar de Jerônima Pereira de Almeida (Sacramento, MG, 11/10/1859 – 29/1/1952), mãe de Eurípedes Barsanulfo. Na verdade, tia de Noêmia, mas nos últimos tempos de sua vida física era chamada por quase todos, carinhosamente, de vovó Meda.
3-     Pai Manoel ¾ Trata-se, provavelmente, do Dr. Manoel Soares, grande colaborador do Grupo Espírita Esperança e Caridade, de Sacramento, como médium receitista e psicofônico. Sete meses após sua desencarnação ocorrida em Sacramento, a 19/11/1937, enviou bela carta ao seu filho Labieno, pelo médium Xavier, em Pedro Leopoldo, MG, a qual integra o livro enxugando Lágrimas (F.C.Xavier, Espíritos Diversos, Elias Barbosa, IDE,Cap.9.)
4-     Eulice ¾ Eulice Dillan, irmã de Eurípedes, desencarnada em 1928.
5-     Mariquinhas ¾ irmã de Eurípedes, desencarnada em 1971. 
6-     Homilton ¾ Jornalista, poeta, professor e orador, Homilton Wilson foi um dos mais destacados irmãos de Eurípedes. Espírita dinâmico, muito colaborou com o Grupo Espírita Esperança e Caridade e com o Colégio Allan Kardec, do qual foi diretor e professor. Desencarnou no Rio de Janeiro, em 1971.
7-     Amália Ferreira ¾ Amália Ferreira de Mello (Sacramento, MG, 1888-1963) foi devotada secretária de Barsanulfo por muitos anos e co-fundadora do Lar de Eurípedes. É um dos autores espirituais do livro Reencontros (F.C.Xavier, Espíritos Diversos, H.M.C. Arantes, IDE, Cap. 13 e 14).
8-     Maria da Cruz ¾ Dedicada seareira, foi pioneira da Campanha do Quilo em Sacramento e co-fundadora do Lar de Eurípedes. Desencarnada em 1965. biografada no Anuário Espírita 1975, p.109.
9-     Maria Duarte ¾ Mais conhecida por D. Cota, foi contemporânea de Barsanulfo.
10- Sinhazinha Cunha ¾ Eurídice Cunha, mais conhecida por Sinhazinha, irmã de Eurípedes, desencarnada em 1963.
11- Corina ¾ Professora, jornalista e escritora, Corina Novelino (1912-1980) sempre revelou grandes virtudes que caracterizam um espírito missionário. Co-fundadora e diretora do Lar de Eurípedes, também dirigiu, por longos anos, o Colégio Allan Kardec, de Sacramento. Em 1957, psicografou o livro Escuta, Meu filho, de Aura Celeste, e, em 1978, terminou o seu grande trabalho de pesquisa: Eurípedes ¾ o Homem e a Missão (Ed. IDE), obra fartamente documentada e ilustrada. Foi biografada no Anuário Espírita 1981 e em Grandes Vultos do Espiritismo (Paulo A. Godoy, FEESP, S.Paulo, SP).
12- Ismael, do Alcides ¾ Ismael Vilela, filho do casal Elith Irani Vilela (irmã de Barsanulfo) e Alcides Vilela.
13- Jerônimo ¾ Jerônimo Cândido Gomide, mais conhecido por Jerônimo Candinho (1888-1981), foi aluno e discípulo de Eurípedes. Fundou em Goiás, a cidade espírita de Palmelo, que concentra suas atividades em torno de várias obras assistenciais e culturais, especialmente os trabalhos de cura do Centro Espírita Luz da Verdade (Anuário Espírita 1983, p. 189.)
14- Edalides, ainda presa a São Carlos ¾ Edalides Milan de Rezende, virtuosa irmã de Barsanulfo, desencarnou em São Carlos, SP, a 03/3/1984, três meses antes do recebimento dessa carta. (Anuário Espírita 1985, p. 143.)
15- Silvia Regina ¾ Esposa de Edem Araújo Borges. Fabiano, Fabíola e Edem Junior são os filhos do casal.
16- Noêmia Natal Borges ¾ (03-11-1907/18-9-1982). Filha de Olímpio Cassimiro de Araújo (irmão de Hermógenes Ernesto de Araújo, “Vô Mogico”, progenitor de Barsanulfo) e Cassimira Maria de Jesus. Desencarnada, aos 74 anos, deixou viúvo Manoel Borges de Oliveira. Seu filho Edem prestou-nos o seguinte depoimento, em carta de 21/6/86: “No momento em que recebi a carta mediúnica de Mamãe Noêmia, me senti bastante sensibilizado. Ela foi uma pessoa muito compreensiva, conformada e humilde, dedicando toda sua existência ao próximo, principalmente aos familiares, fazendo jus ao lugar que ocupa na Espiritualidade. Dentro dos recursos de que era possuidora, sempre se dedicou profundamente ao Espiritismo.”
 
Livro “Vozes da Outra Margem” - Psicografia Francisco C. Xavier - Espíritos Diversos